quinta-feira, maio 25, 2006

Cruz e Souza (1861-1898)

Condenação fatal

Ó mundo que és o exílio dos exílios,
um monturo de fezes putrefato,
onde o ser mais gentil, mais timorato
dos seres vis circula nos concílios;

Onde de almas em pálidos idílios
o lânguido perfume mais ingrato
magoa tudo e é triste, como o tato
de um cego embalde levantando os cílios;

Mundo de peste, de sangrenta fúria
E de flores leprosas da luxúria
De flores negras, infernais, medonhas;

Oh! Como são sinistramente feios
Teus aspectos de fera, os teus meneios
Pantéricos, ó Mundo, que não sonhas!