sábado, abril 26, 2008

Homofobia. E a homoprofanação?

De Aldo Nascimento

Em 2006, em Jerusalém, a parada gay desejou passar por onde Jesus Cristo suportou a cruz. O Estado de Israel castrou esse desejo. Ainda em 2006, no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, uma exposição artística de homossexuais apresentou um crucifixo na forma de um pênis. A Igreja pronunciou-se contra. Neste ano, em Brasília, atores homossexuais se masturbaram sobre uma Bíblia aberta no palco. Cristãos indignaram-se.

Esses exemplos evidenciam que está em curso uma intolerância homossexual contra o sagrado. Se eles falam de homofobia, riem quando maculam o que não pode ser violado; troçam quando o excesso de seus gestos profana os limites do que é sacro. Nesse sentido, homossexuais também são violentos, porque, uma vez entregues ao excesso dos trejeitos, do corpo, da palavra, exibem a homoprofanação em espaços públicos.

Em Êxodo (3:5), diz o Senhor a Moisés: “Não te aproximes daqui, tira as sandálias de teus pés, porque o lugar onde te encontras é uma terra santa.” Sagrada. A origem da palavra vem do verbo separar, por isso Moisés deve deixar suas sandálias lá fora, elas estão impregnadas da sujeira do mundo exterior, não podem se misturar com a terra do Pai. Dessa forma, o sagrado fundamenta, por meio de um significado-lugar bem definido, um ponto fixo que orienta os mortais. Não há rumo quando impera a confusão. O sagrado se opõe, portanto, ao caos.

Em sua etimologia, a palavra profano significa “que está em frente ao templo sagrado”. Colocando outras palavras, profano é proferir fora o que o sagrado não diz dentro. Se além dos limites das quatro paredes de um templo, isto é, fora, a voz profana não se inibe, não se censura, dentro de um templo sagrado, entre suas quatro paredes, a voz sacerdotal fundamenta uma só direção. Fora do sagrado, como não há limites, valores relativizam-se; dentro do sagrado, fundamenta-se a ordem, a organização

Assim, por ruas de Jerusalém, no lugar da procissão, da dor, gays desejam se exibir, desfilar seus excessos. Em um centro cultural carioca, um pênis-crucifixo se ergue. Em uma peça de teatro em Brasília, masturbam-se sobre Abraão, Moisés, sobre os apóstolos. O que homossexuais desejam, afinal, profanar? Com esses exemplos, desejam profanar o corpo; sujá-lo com as impurezas da desmedida, da hýbris.

Ora, à medida que a pornografia sai das ruelas escuras, das esquinas sombrias, a dessacralização do corpo é gerenciada por quem cultua uma nova Sodoma e uma nova Gomorra. Nessas duas cidades bíblicas, como sabemos, reina o ato fisiológico do sexo, não sua transcendência.
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Ronda Gramatical

Homo, macro, mega, micro, mini, moto, para, retro, socio, tele. O correto é “megassena”. O correto é “socioeconômico”. O correto é “telerrepórter”. O correto é “microcrédito”.