sábado, maio 29, 2010

De amantes a casados

Só os amantes sabem aproveitar o tempo, só eles sabem o valor ímpar de um breve instante.

E se, nesse breve momento, alegram-se, é porque o tempo dos amantes é "às vezes".

É esse "nem sempre" que extrai deles o cansaço das horas contínuas, a monotonia do previsível.

"Quando?"
"Não sei, talvez amanhã, quem sabe".

Entre eles, sempre a lacuna, sempre o espaço sem as horas contínuas. Assim, sem saberem quando será o próximo encontro, o próximo instante, eles sentem a presença intensa da ausência do outro.

Na falta, sente-se no peito a dor, a saudade, é como se a morte espreitasse os amantes. Nessa ausência, momento de solidão, (des)cobre-se então que o breve tempo vivido com o ser amado não pode ser desperdiçado, por exemplo, com brigas.

Só os casados perdem tempo com discussões, com desencontros, não os amantes. De tanto viverem a monotonia dos dias, de tanto o tempo ser saturado pela rotina, os casados não mais se surpreendem nas horas. No casamento, a saudade não pulsa.

É preciso que um morra para que o outro sinta falta. É preciso que um vá embora para que o outro sinta falta. Mas aí pode ser tarde demais.

quinta-feira, maio 27, 2010

O Estúpido

Nesta semana, entre restos de alienação e migalhas de destino, conversei com um cara estranho. Seu nome, Estúpido de Nascimento. Sua miséria mental não me comoveu.

Disse-me que a paralisação dos professores da rede estadual foi um sucesso. Sugeri a ele procurar um psiquiatra, porque sua mente confunde realidade com fantasia, mas Estúpido, sempre alegre com sua ideologia sindical, não entendeu.

Contente como um inocente inútil, disse-me que votará para eleger o novo presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Acre, o Sinteac. Por falar nisso, o atual presidente poderá deixar o cargo sem antes submeter sua direção a uma auditoria fiscal.

Estúpido não entende isso, não assimila a ideia de que dinheiro alheio deve ser administrado com clareza, com imparcialidade, com ética, por isso nada mais justo do que uma auditoria fiscal.

Estúpido riu e virou as costas.

sábado, maio 22, 2010

Um pouquinho de Macunaíma

Na foto, ator Grande Otelo representa o personagem Macunaíma. A locadora Tenny Vídeo tem o filme.



De Aldo Nascimento

No Acre, depois que o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Comunista do Brasil (PC do B) ocuparam o Executivo e o Legislativo, entronizou-se a imagem de Plácido de Castro como herói do povo acriano.

Entretanto, quando percebemos a realidade sociocultural desta terra, não vemos uma gente pisando o chão com os ideais militarizados desse mito, ou seja, entre o herói forjado por burocratas do Estado e o imaginário popular, desalinha-se o laço.

A cultura popular, sabemos, não se encontra em quartel, não usa farda, não tem patente, isto é, a força da imaginação popular não é obediente à hierarquia inventada pela classe dominante. Da marginalidade do negro, a ginga do samba germina para se opor à elite nacional, que dança minueto com indumentária à francesa em 1920.

Por meio do marginal Macunaíma, o homossexual Mário de Andrade materializou a força invisível de nossa brasilidade. Se Plácido de Castro é sério, Macunaíma quer rir; se o herói do Estado é “revolucionário”, Macunaíma quer brincar, desorganizar, carnavalizar.

O estrangeiro

Mas de quem Macunaíma ri? Ora, como encarnação da cultura popular, nosso anti-herói ri do colonizador, representado pelo gigante Venceslau Pietro-Pietra, industrial estrangeiro que explora a terra brasileira.

O gigante tem espírito prático, segundo Jorge de Lima. Começou como mascate, regatão nas águas amazônicas, e termina ricaço, com palacete na rua Maranhão e com influência política. Casado com uma Caapora nacional, esse estrangeiro tem duas filhas brasileiras.

Por isso, quando o mandavam trabalhar, Macunaíma, índio da tribo tapanhuma, que significa negro, exclamava: - “Ah! que preguiça!”. Negro-índio, cafuzo, Macunaíma, porque não se submete ao capital estrangeiro, desmascara, por meio de seu riso sarcástico, quem domina.

Por isso, esse herói do avesso quer de volta a muiraquitã, pedra roubada pelo gigante Venceslau. Uma vez com esse objeto sagrado, ela tem o poder de tornar respeitado quem a traz consigo.

São Paulo

Na narrativa de Mário de Andrade, Macunaíma, para chegar a São Paulo, cidade de padre José de Anchieta, do racionalismo cristão, transforma-se em homem branco com olhos azuis.

Assim, se as caravelas europeias aportaram em terras primitivas, agora o primitivo chega à civilização quatro séculos depois. Na cidade, longe da natureza, o negro-índio fica enfermo. A civilização adoece. Modelada pela esperança messiânica e pelo aparelhamento colonial político-religioso, a cidade de Anchieta é doente.

Macunaíma é personagem-mito contra a cristandade, “contra Anchieta cantando as onze mil virgens do céu, na terra de Iracema”, porque esse anti-herói sabe que, “antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade”, escreveu Oswald de Andrade em seu Manifesto Antropofágico.

domingo, maio 16, 2010

Os Amantes. Diamantes













Em sua insana consciência, o Amante jamais pensa como beijará o ser Amado porque o que é vital no beijo é o não pensar. Uma vez nele, uma vez entre lábios e língua, entre a saliva e o céu da boca, já não queremos ver mais nada, por isso fechamos os olhos.

Desejamos tão somente sentir o movimento incerto da carne para partir... e, fechados os olhos, a Alma se sente cair no abismo de uma breve viagem. Deixar ir.

Nada no beijo é exato, preciso ou calculado. Quanto mais errado, quanto mais a língua escapa, foge, escorre, quanto mais os lábios se jogam, a boca só deseja se perder, mais ainda, na boca Amada.

Mas quem disse que o beijo são só os movimentos da carne? Antes de eu ter minha boca de volta, antes de eu ir embora, pouco antes de minha partida, deixei na tua não só o pecado molhado da saliva, mas meu sopro...

meu sopro de vida.

sexta-feira, maio 14, 2010

Alvorada do Amor

Homem que é homem recita poesia à mulher amada. Na cama, diante de sua bela nudez, li os desobedientes versos de Olavo Bilac.

Aprisionaram Bilac como poeta parnasiano, mas o que não importa é classificar poesia.

Ninguém lê poesia para a mulher amada para depois classificar versos. "Meu amor, essa poesia é romântica porque", que coisa horrível. Poesia se sente, não se classifica. E foi pensando assim que abracei com minha língua os versos de Alvorada do Amor.

Na poesia, o Amor, esse signo profano, rebela-se contra Deus, mito inventado pelos homens ocidentais, para edificar um novo sagrado, um outro gesto divino que se ergue entre a carne e a alma.

Delicie-se!

Um horror grande e mudo, um silêncio profundo
No dia do Pecado amortalhava o mundo.
E Adão, vendo fechar-se a porta do Éden, vendo
Que Eva olhava o deserto e hesitava tremendo,
Disse:

"Chega-te a mim! entra no meu amor,
E à minha carne entrega a tua carne em flor!
Preme contra o meu peito o teu seio agitado,
E aprende a amar o Amor, renovando o pecado!
Abençôo o teu crime, acolho o teu desgosto,
Bebo-te, de uma em uma, as lágrimas do rosto!

Vê! tudo nos repele! a toda a criação
Sacode o mesmo horror e a mesma indignação...
A cólera de Deus torce as árvores, cresta
Como um tufão de fogo o seio da floresta,
Abre a terra em vulcões, encrespa a água dos rios;
As estrelas estão cheias de calefrios;
Ruge soturno o mar; turva-se hediondo o céu...

Vamos! que importa Deus? Desata, como um véu,
Sobre a tua nudez a cabeleira! Vamos!
Arda em chamas o chão; rasguem-te a pele os ramos;
Morda-te o corpo o sol; injuriem-te os ninhos;
Surjam feras a uivar de todos os caminhos;
E, vendo-te a sangrar das urzes através,
Se emaranhem no chão as serpes aos teus pés...
Que importa? o Amor, botão apenas entreaberto,
Ilumina o degredo e perfuma o deserto!
Amo-te! sou feliz! porque, do Éden perdido,
Levo tudo, levando o teu corpo querido!

Pode, em redor de ti, tudo se aniquilar:
- Tudo renascerá cantando ao teu olhar,
Tudo, mares e céus, árvores e montanhas,
Porque a Vida perpétua arde em tuas entranhas!
Rosas te brotarão da boca, se cantares!
Rios te correrão dos olhos, se chorares!
E se, em torno ao teu corpo encantador e nu,
Tudo morrer, que importa? A Natureza és tu,
Agora que és mulher, agora que pecaste!

Ah! bendito o momento em que me revelaste
O amor com o teu pecado, e a vida com o teu crime!
Porque, livre de Deus, redimido e sublime,
Homem fico, na terra, à luz dos olhos teus,
- Terra, melhor que o céu! homem, maior que Deus!".

Cara malvado

Quando deixei as férias de 2009-2010 atrás de meu destino, fotografei meu pai com o temor de nunca mais revê-lo.

"Olha só para a minha cara de malvado", disse seu Aldo.

Quando acabou de dizer isso, lembrei-me de nós em um passado sem afeto, sem diálogo, sem compreensão.

Se o Brasil era marcado pela intolerância da ditadura militar, eu, em minha própria casa, conhecia a opressão na figura "malvada" de meu pai.


Se tanques de guerra, fuzis, soldados e generais ocupavam as ruas desta Pátria, eu, por duas horas, permanecia de joelhos no canto da parede depois de receber dez palmatórias em cada mão. Lá fora, os militares; em minha casa, armas da incompreensão.

Minha mãe e minha avó mostraram a meu corpo o que a masculinidade de meu pai se recusou a questionar, no caso, que o macho domina, fere, centraliza, submete o outro a. Com Dilma e Esther, aprendi feminilizar minha carne e minha alma. Sem elas, eu teria morrido por dentro.

Mas o tempo é absoluto. Ele ensinou a meu pai brincar, por isso ele disse "cara de malvado". O tempo me ensinou a amá-lo por causa de sua condição humana, que é também a minha. Com quase 80 anos, sua idade me comove porque seu corpo revela a mais profunda despedida em forma de rugas.

Eu o amo por sua condição humana e, por causa dessa condição, olho para o passado como aprendizado. Meu pai teve outro derrame. Sua fala não é mais a mesma. Penso em voltar para casa para abraçá-lo, conversar sobre o que a incompreensão não permitiu.

Se for possível, se tenho de ir, darei a esse "cara malvado" o meu mais tenro Amor de filho, sua vida está muito acima do que houve no passado.

Quando amamos, compreendemos a hora de uma separação e a hora de recomeçar o que ainda existe para ser recomeçado.

A paralisação parou

Na segunda-feira, dia 17, os professores estaduais do Acre retornarão às salas de aula com mais 10% no salário após um mês de paralisação. No lugar do autoritarismo, o governo não se cansou de buscar o diálogo ou, como disse Carioca, "a força da argumentação".

Mais: a proposta partiu do governo. Sem comprometer a Lei de Responsabilidade Fiscal, os professores mudarão de letra para receber o aumento. Em época de eleições, o governo da Frente Popular se saiu muito bem. Muito bem.

O sindicato, por sua vez, reforça a ideia de que o atual modelo sindical pressiona o poder, ou seja, o sindicato permanece o mesmo, quem sabe, até a eternidade.

Ironia
Com 10% no bolso, o professor retornará à sala motivado para qualificar o ensino público. Seremos agora melhores no Enem do que as escolas particulares.

Nossas reuniões serão sempre a favor da qualidade de ensino. Não nos reuniremos para prolongar feriados, mas para apresentar propostas pedagógicas que exigem do aluno o melhor.

quinta-feira, maio 06, 2010

Retornaremos às aulas com...

Paulo Leminski (1944-1989)
O governo, por meio do assessor Carioca, não vê mais sentido se sentar à mesa para negociar com o Sindicato dos Professores Licenciados do Acre (Sinplac).

Como o sindicato rejeitou a proposta de 3% do patrão e estendeu a paralisação até 5 de julho, isso significa que os professores estaduais retornarão às aulas com nada no bolso e com uma reposição de aula para, no mínimo, fevereiro.

Pela tevê, a secretária de Educação, Maria Correa, afirmou que, se o professor tiver de repor em janeiro ou em fevereiro as aulas, ele irá repor sem aulas no sábado, no feriado e no contraturno.

HMM

Professores que votaram a favor da "greve" (reposição de aula) terão de sustentar essa paralisação até 5 de julho. Não podem recuar! Deverão sustentar suas palavras até as últimas (in)consequências.

Se acreditam nesse modelo de sindicato, se acreditam que "reposição de aula" pressiona o governo, deverão provar, agora, na prática.

Por causa disso, dedico este hai-cai a colegas de profissão do HMM que votaram a favor da reposição de aula, mas chamam de "greve", tão inocentes. Os versos são de Paulo Leminski.

não discuto
com o destino

o que pintar
eu assino

E o que pintou foi o fracasso de uma reposição de aula. Assinem.

Vaia
Comenta-se que alunos se articulam por meio da internete uma orquestra de vaia aos professores da escola Heloísa Mourão Marques. Se isso acontecer, professores retornarão sem reposição salarial, com bolso vazio, com vaias nos ouvidos, derrotados, acreditando no atual modelo sindical e ainda confundindo greve com reposição de aula.

A essa monotonia sindical, a essa luta vã, a esses sindicalistas infecundos, eu repito aqui os versos de Leminski:

vazio agudo

ando meio

cheio de tudo

desse sindicalismo

feio

e

burro.

quarta-feira, maio 05, 2010

Minoria vota na continuidade do erro

Depois de não comparecer a três assembleias, sentei-me em um banco de praça para ouvir sindicalistas e professores ao microfone.

A presidente do Sindicato dos Professores Licenciados do Acre (Sinplac), professora Alcilene, informou que o governo ofereceu 3% de reposição salarial, porcentagem referente à inflação de janeiro a maio.

Depois disso, governo e Sinplac não se sentarão mais à mesa de negociação. Chegou-se ao limite. Na assembleia de hoje, professores (minoria) votaram a favor da paralisação até 5 de junho (ou será 5 de julho?). Digo minoria porque, em relação ao número de filiados, não havia 20% de professores na assembleia.

Clichês

O sindicato permanece com suas falas tão previsíveis, linguagem fechada em si mesma. A representante da CUT acriana ainda concebe "movimento de massa". Em seu discurso, ela reproduz as palavras "luta", "enfrentamento".

Trata-se de um sindicalismo que, por meio de discursos padronizados e dramáticos, ainda defende o confronto e a força para que se mantenha a unidade da luta. O mais triste é que mulheres usam palavras que reforçam o gênero masculino no sindicato.

Escolas retornam

Aos poucos, professores retornam às aulas. Na escola Armando Nogueira, por exemplo, alunos estão em sala. Outra, Rodrigues Leite. O governo conta com o tempo como seu aliado, o desgaste agora é gradual.

Greve ou férias antecipadas?

Como as férias foram antecipadas, preparei minhas malas, estou com viagem marcada para a Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro. Antes de as aulas começarem, passarei meus dias lendo sobre os anarquistas e sobre a falência do atual modelo sindical.

domingo, maio 02, 2010

Onde Deus não se encontra


O caderno Mais!, da Folha de São Paulo, está ótimo neste domingo. Aqui, deixo uma pequena parte sobre a Igreja Universal do Reino de Deus. Na foto, o bispo Edir Macedo em Portugal.

O pastor que não leu a Bíblia
De Genebra

Deus levou Antonio, 26, do arquipélago africano de Cabo Verde à suíça Genebra, no meio da Europa. Ou ao menos é o que ele diz. Pastor recém-chegado, prega altivo no altar sem se importar que nos bancos da igreja sentem-se somente quatro fiéis nesta quinta-feira à noite.

"Sempre tem gente nova", comentara antes da chegada de seu rebanho. "Muitos vêm e não ficam, mas os que ficam acabam voltando e trazendo mais. É o Espírito Santo se manifestando na pessoa."

Esguio, de um olhar direto que encara o interlocutor sem fugir nem piscar, o pastor Antonio Tony -ele jura que é sobrenome e não apelido- ainda está se adaptando.

Chamado
Conta que recebeu um chamado da igreja ordenando que viesse à Suíça pregar. Antonio não confirmou à reportagem durante a conversa no fim do ano passado, mas uma das fiéis disse que ele acabara de chegar.

Está aprendendo francês. Já era pastor em Cabo Verde, mas está reaprendendo a pregar na Suíça. Seu exemplo é o pastor Felipe, o número um do centro, de quem tenta mimetizar a retórica. Antonio é diferente, domina menos as palavras, mas se conecta rapidamente com sua audiência de mulheres de meia-idade, à qual narra pedaços de sua história e faz pequenas encenações numa espécie de terapia de grupo.

Como foi parar na Universal? "Foi coisa de ainda muito jovem", diz, sem explicar, justificando que, se começar a falar sobre a manifestação do Espírito Santo em sua vida, nem a repórter nem ninguém será capaz de compreendê-lo. Passou por outras religiões, mas sentiu-se bem só ao achar a atual.

Dali a virar pastor ele não revela quanto tempo levou. Conta só que largou o emprego num hospital para assumir o posto, pelo qual recebe, afirma, uma "ajuda para viver". Mas que pode, arregala os olhos, levá-lo ainda a qualquer outro lugar do mundo.

Na sua África mesmo, a presença da igreja avança voraz, o que ele descreve com alegria no sotaque nativo. "Estão muito, muito grandes já lá. Aqui na Europa também."
Aprendizado para o púlpito não houve, admite, apenas uma vontade de "entender melhor as coisas".

"Nunca li a Bíblia toda. É porque, se você sabe algumas coisas, já dá para entender tudo", conclui para si. Ele minimiza a falta de estudo e treino para exercer sua atividade e diz compensá-la com devoção. "É como na escola. A maioria das pessoas decora tudo e não entende nada. Estudar assim não serve, sim ou não?" (LC)

sábado, maio 01, 2010

Outra assembleia do Sinplac

Na segunda-feira, dia 3, os professores estaduais se reunirão em assembleia, às 8 horas, no Colégio Barão do Rio Branco, para aprovar ou não a proposta do governo petista. Segundo informações, essa proposta de reposição das perdas limita-se a menos de 2% porque se refere à inflação dos últimos três meses.

Se realmente for isso, estamos muito longe dos 10.96%, ou seja, a paralisação continua.