quarta-feira, janeiro 31, 2007

Cruz e Sousa



Para encantar os círculos da Vida
E ser tranqüilo, sonhador, confiante,
Sempre trazer o coração radiante
Como um rio e rosais junto de ermida.

Beber na vinha celestial, garrida
Das estrelas o vinho flamejante
E caminhar vitorioso e ovante
Como um deus, com a cabeça enflorescida.

Sorrir, amar para alargar os mundos
Do Sentimento e para ter profundos
Momentos e momentos soberanos.

Para sentir em torno à terra ondeando
Um sonho, sempre um sonho além rolando
Vagas e vagas de imortais oceanos.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

O ProFessOr está sempre ErradO


Quando...

É jovem, não tem experiência;
velho, está superado;

Não tem automóvel, é um coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia";

Fala em voz alta, vive gritando;
Fala em tom normal, ninguém escuta.

Brinca com a turma, é metido a engraçado;
Não brinca com a turma, é um chato;

Chama à atenção, é um grosso;
Não chama à atenção, não sabe se impor;

A prova é longa, não dá tempo;
A prova é curta, tira as chances do aluno.

Não falta ao colégio, é um "Caxias";
Precisa faltar, é um "Turista";

Conversa com os professores, está "malhando" os alunos;
Não conversa, é desligado;

Dá muita matéria, não tem dó dos alunos;
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.

Escreve muito, não explica;
Explica muito, o caderno não tem nada;

Fala corretamente, ninguém entende;
Fala a "língua" do aluno, não tem vocabulário;

Exige, é rude...
Elogia, é debochado.

O aluno é reprovado, é perseguição;
O aluno é aprovado, "deu mole";

É, o professor está sempre errado, mas...
Se você conseguiu ler até aqui, agradeça a ele ! (texto anônimo)

Crash & Filosofia do Tédio

Professor norueguês mescla cultura pop e filosofia para explicar o tédio e como lidar com ele

Elias Koteas e Deborah Kara Unger em "Crash", filme de David Cronenberg em que personagens preenchem seu tempo com fantasias automobilístico-sensuais

ERNANE GUIMARÃES NETO

Do caderno MAIS!
Se a filosofia nasce do ócio criativo, então um livro sobre o tédio escrito por um professor de filosofia deve ser uma contribuição à epistemologia contemporânea... ou pode ser um livro sobre cinema hollywoodiano e variedades.
O norueguês Lars Svendsen, professor da Universidade de Bergen, cuja "Filosofia do Tédio" tornou-se best-seller em seu país, é um dos autores que apresentam a filosofia ao grande público em estilo pop.
"Escrevi um ensaio, à maneira de Montaigne", define o autor, apartando sua obra de sucessos da auto-ajuda filosófica como "As Consolações da Filosofia", de Alain de Botton, ou "Mais Platão, Menos Prozac", de Lou Marinoff.
Para Svendsen o tédio é um fenômeno moderno, apesar da ligação com conceitos tradicionais da história da filosofia como a acídia (ou, simplesmente, "preguiça") e a melancolia. Autor de outros ensaios temáticos (sobre o amor, o mal e a moda), Svendsen argumenta que o tédio não é evitável, mas que sua compreensão pode ajudar o indivíduo moderno a lidar com esse estado. Leia a entrevista concedida à Folha:

FOLHA - A abordagem pop é responsável pelo sucesso do livro?
LARS SVENDSEN - É grande parte desse sucesso. O livro é de certo modo uma análise da cultura contemporânea, portanto faz sentido usar fontes da cultura contemporânea. Usar esse tipo de material pareceu mais relevante do que me prender à bibliografia acadêmica. Mas não usei essas fontes com intenção de obter sucesso. É que, durante meu doutoramento, me sentia vestindo uma camisa-de-força, pouco podia trazer dos meus interesses à pesquisa. Quis fazer o oposto da tese acadêmica neste livro.
FOLHA - Portanto o sr. já deve estar acostumado a comparações com Alain de Botton ou Lou Marinoff. Como compara sua obra à deles?
SVENDSEN - Meu livro é muito mais acadêmico que os deles, por exemplo toda a parte do livro sobre a fenomenologia do tédio. Uma coisa comum entre eles é a intenção de abordar o público geral. Quando escrevi o livro, não pensei muito nisso. Escrevi um ensaio, à maneira de Montaigne em seus "Ensaios" -escrever de um ponto de vista mais subjetivo, usando muitas fontes diferentes, criando um tipo de "colagem".
FOLHA - Por que se demorou tanto em "Crash" [filme de David Cronenberg baseado em livro de J.G. Ballard] e Heidegger no ensaio?
SVENDSEN - Heidegger é simplesmente o filósofo que escreveu a mais detalhada análise do fenômeno do tédio. Acabo por dispensar sua análise como não-funcional. Acho que ele procura por algo no tédio que na verdade não se encontrará. Quanto a "Crash", é o ponto de partida do livro. Vi o filme e ele me tocou profundamente. Quis saber por que esse filme me atingiu, um filme que tanta gente acha tedioso ou desagradável. Escrevi primeiro uma análise de "Crash". Depois veio a análise de "Psicopata Americano" [filme baseado no romance de Bret Easton Ellis].
FOLHA - Seus pontos de partida são representações de comportamento anormal. Sua intenção era afastar as pessoas de comportamentos anormais advindos do tédio?
SVENDSEN - Uma coisa sobre o tédio é que é influente em levar pessoas a fazer coisas que realmente não deveriam fazer. É uma das razões por que os velhos padres, como São Tomás de Aquino, viam a acídia, o tédio pré-moderno, como o pior dos pecados capitais. Eu uso esses exemplos como versões extremas de nós, para descobrir por que pensamos como pensamos. Grande parte da cultura contemporânea tem um fascínio pela violência. Já que você é brasileiro, posso falar: o jiu-jitsu brasileiro, o vale-tudo são um dos meus interesses mais "não-filosóficos".
FOLHA - Não quis tratar das respostas "zen" ao problema do tédio?
SVENDSEN - Ou sentar e ouvir uma peça de John Cage? Não estou certo de que essa opção esteja disponível para todo mundo. Falei também da estética como resposta. A felicidade estética é como as drogas: pode ser ótima, mas não dura. A modernidade tem sido isto: romper com velhas tradições. Isso tem lados bons e ruins. Um lado ruim é ter criado o "problema do sentido". Levou a um individualismo tão forte que fica difícil pensar em algo mais comum que o individualismo. Como na "Vida de Brian" [filme do grupo cômico britânico Monty Python]. Brian não quer ser profeta: "Vocês são todos indivíduos". "Somos todos indivíduos", respondem em coro. O indivíduo é aquele sujeito posto no mundo para realizar a si mesmo, esse é o grande projeto do sentido da vida para eles. E muitos de nós falhamos miseravelmente. O tédio pode ser visto como uma voz da consciência, que diz que sua vida não é nada, que sua carência de sentido precisa ser suprida. A conclusão é que o tédio pode ser uma fonte de autoconhecimento.
FOLHA - É por isso que não traz uma resposta pronta.
SVENDSEN - Isso é relacionado ao meu conceito de filosofia. No fim das contas, trata-se de auto-exame, de reflexão. Ler filosofia deve ser algo trabalhoso. É provavelmente mais uma diferença entre meu livro e outros, como o de De Botton: ele não deixa espaço para o leitor trabalhar por si.
FOLHA - Seu texto atinge alguma conclusão ética ou moral?
SVENDSEN - Acho que há uma conclusão moral -em sentido existencial. Acabo dizendo: "Não gaste sua vida tentando escapar do tédio. Apenas o aceite como parte da vida". Ao aceitar-se o tédio, ele deixa de ser aquele fenômeno grande e assustador do qual precisamos fugir. Aceitar o tédio faz com que ele se torne menor. O problema de Heidegger é que ele acha que, se você pensar profundamente o bastante sobre o tédio, então o sentido da vida vai se desvelar para você. Acho isso simplesmente errado, pois não acredito que exista algo como o grande sentido da vida. Há muitos sentidos na vida, muitas fontes de sentido: família, trabalho, hobbies... podem ser suficientes. O problema com a busca do grande sentido é tender a desprezar todas essas fontes de significado. Fernando Pessoa, que tanto cito, fala do tédio das grandes cargas de tarefas. O problema do tédio é o de encontrar um sentido pessoal nas coisas.
FOLHA - E por que diferencia tédio de melancolia, nesse caso?
SVENDSEN - É difícil fazer uma distinção. Como filósofo, o tédio é mais tentador. "Melancolia" já foi roubado pela estética; "depressão", pela psiquiatria. "Tédio" estava disponível.Mas é interessante: quando alguém pergunta às pessoas, muito mais homens que mulheres reclamam de tédio. E muito mais mulheres do que homens reclamam de depressão. Será que um gênero chama de "tédio" o que o outro chama de "depressão"?

sábado, janeiro 27, 2007

Ele & Ele



São os escravos e os vencidos da vida que inventaram o além para compensar a miséria; inventaram falsos valores para se consolar da impossibilidade de participação nos valores dos senhores e dos fortes; forjaram o mito da salvação da alma porque não possuíam o corpo; criaram a ficção do pecado porque não podiam participar da alegria terrestre e da plena satisfação dos instintos da vida.

Pré-Vestibular Ideal

Hoje, houve uma reunião com os professores de Literatura e de Redação, do Ideal. Ficou decidido que Literatura terá um tempo, porque sua importância é menor para o vestibular da Universidade Federal do Acre.
Por causa de alguns "intelectuais" do departamento de Letras, a Literatura no ensino médio e no pré-vestibular se empobreceu. A mim, resta o Riso. Estou para escrever um texto bem sarcástico para o jornal A TRIBUNA sobre a morte da Literatura, a disciplina.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Erich Fromm



Iniciei a leitura de A Arte de Amar, de Erich Fromm (1900-1980), porque meus alunos do ensino médio lerão essa obra dissertativa comigo em sala de aula, neste ano letivo.
Para mim, eles precisam ler um texto maduro sobre o amor para que alguns deixem de ser infantis e vulgares sobre esse elaborado sentimento.
Havendo essa leitura como base, eles assistirão aos filmes relacionados ao mesmo tema. Penso em três: Tristão e Isolda, Lavoura Arcaica & Fale com Ela. Eles relacionarão a leitura com os filmes.
Filme com narrativa simples (Tristão e Isolda) e filmes mais complexos (Lavoura Arcaica e Fale com Ela). Pretendo que, no final do curso, saibam relacionar conceitos às imagens.

quarta-feira, janeiro 24, 2007

- fizeram a retiradas das famílias -

"fizeram a retiradas das famílias."
    1. Bastava "retiraram as famílias".

- homens do Corpo de Bombeiros -

"(...) homens do Corpo de Bombeiros (...)."
    1. O mesmo repórter ainda escreve "homens do Corpo de Bombeiros". Bastava "bombeiros".

- de água que recebeu em decorrência das chuvas -

"(...) por causa do grande volume de água que recebeu em decorrência das chuvas."
    1. O que passa na cabeça de um repórter para escrever assim? Coisa muito ruim. Bastava "por causa do grande volume de chuva".

- para ser utilizados na remoção de -

"(...) estão prontos para ser utilizados na remoção de famílias."
    1. Hoje, em um jornal, o repórter escreveu demais. Bastava "estão prontos para remover as famílias".

segunda-feira, janeiro 22, 2007

A esquerda em seu labirinto

Texto do caderno MAIS!, da Folha de São Paulo
Presidente do Equador decreta fim do sistema neoliberal, Chávez promove o socialismo do século 21 e Morales diz que vai refundar seu país; o que propõem os novos líderes da esquerda da América Latina?

RAUL JUSTE LORES
Fotos de Jesus Cristo, Che Guevara, Simón Bolívar e Hugo Chávez estão na página "Fontes de Inspiração" da apresentação em PowerPoint que o vice-chanceler venezuelano, William Izarra, usa para explicar "O Socialismo do Século 21".

Há três anos o Centro de Formação Ideológica da Venezuela divulga o "socialismo bolivariano", anunciado como a principal meta do terceiro mandato do presidente venezuelano Hugo Chávez.
Mas o que têm em comum o ícone cristão, o guerrilheiro ateu, o aristocrata liberal que comandou a independência na América hispânica e o populista presidente venezuelano?O socialismo do século 21 tem alta elasticidade ideológica.
Chávez e seus discípulos, os presidentes da Bolívia, Evo Morales, do Equador, Rafael Correa, e da Nicarágua, Daniel Ortega, receberam com admiração e afeto o ultraconservador presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad -aquele que defende que o Holocausto jamais aconteceu.

Os quatro países que querem adotar o socialismo do século 21 têm em comum décadas de partidos corruptos, instabilidade e relações próximas com os EUA.
Desde que anunciou a nova versão do socialismo, Chávez não parou em Caracas e, entre viagem e viagem, não pôde dar mais detalhes sobre o que é a nova ideologia.Mas, além do antiamericanismo que une os cinco, e da vontade de combinar um aumento no preço do petróleo, que aproxima o venezuelano do iraniano, há comportamentos que podem explicar o que será essa nova esquerda. Há oito anos no poder, Chávez é o presidente mais longevo no cargo depois do cubano Fidel Castro.
Virou inimigo número um de George W. Bush nas Américas e ameaçou desapropriar terras e expulsar investidores estrangeiros.Mas, discretamente, até dezembro último, era um ótimo pagador e seguidor das metas do FMI e fornecia comportadamente todo o petróleo que os EUA queriam importar, responsável por 80% da balança comercial venezuelana.
"Comparado ao marxismo do século 20, Chávez era uma versão bem light, muito mais parecida ao velho populismo latino-americano, que faz negócios com grandes empresas e daí sustenta seu poder", descreve o professor de ciência política do Amherst College Javier Corrales, que estudou o governo chavista com uma bolsa da Fundação Fulbright.
As novidades do recém-iniciado terceiro mandato de Chávez são muitas. Ele anunciou que estatizará a maior telefônica do país e a maior empresa de energia elétrica. Vai cassar a concessão da rede de televisão privada mais antiga do país, que lhe faz oposição.
Governará por decreto nos próximos 18 meses, sem precisar passar leis pelo Congresso (onde 100% dos deputados são chavistas). Poderá assinar leis que mudem áreas como economia, transportes, energia, segurança jurídica, defesa e funcionalismo público. Aprovará a reeleição sem limite.E pretende, no futuro, substituir governos municipais por conselhos comunais, assembléias de bairro que receberão recursos do governo.
Com uma renda de US$ 55 bilhões em exportações de petróleo só em 2006 e um mandato até 2013, Chávez tem condições para exportar seu socialismo.Com (muito) menos dinheiro em caixa e um país em crise permanente, Evo Morales já tentou seguir algumas das receitas.
Convocou uma Assembléia Constituinte para criar uma nova Carta Magna e aprovar sua maioria parlamentar. E colocou seus movimentos sociais mais fiéis na rua para exigir a renúncia de governadores opositores que clamam por mais autonomia.Há sete dias no cargo, Rafael Correa, do Equador, já anunciou que quer uma nova Constituição, renegociar a dívida externa e contratos externos.
Neoliberalismo em baixa
Os quatro países que querem adotar o socialismo do século 21 têm em comum décadas de partidos corruptos no poder, instabilidade política ou econômica e, por muito tempo, relações muito próximas com os EUA que não renderam muitos dividendos.Os quatro também adotaram, nos anos 90, reformas de abertura econômica, que não levaram melhora significativa à maioria de suas populações.
"O neoliberalismo é reprovado por 80% dos latino-americanos", calcula o deputado chavista Juan Carlos Dugarte, idealizador do projeto que cria os conselhos comunais. "A Argentina esteve à beira da ruína, depois de uma privatização desenfreada, e só se salvou pelo nacionalismo do presidente Kirchner. "Mas vários dos países que elegeram a esquerda nos últimos anos não vivem as transformações radicais do socialismo bolivariano.
"Apesar dos ataques às privatizações e ao neoliberalismo, os governos de esquerda do Brasil, da Argentina e do Uruguai mantêm vários dos princípios da década do Consenso de Washington. No Chile, de governo de centro-esquerda, o liberalismo é até consenso", diz o venezuelano Moisés Naím, editor da revista "Foreign Policy", de Washington.No caso argentino, Kirchner é bem mais prudente com as contas públicas que o campeão do neoliberalismo dos anos 90, Carlos Menem, um gastador convicto.
"Para se eleger, você não pode defender privatizações ou abertura. Esses conceitos ficaram gastos porque foram usados por conservadores que jamais pensaram no povo", diz a economista chilena Marta Lagos, diretora da Fundação Latinobarómetro, que pesquisa opinião pública na região.
"Mas os latino-americanos, que realmente estão cansados de esperar por melhores condições de vida, também não querem mudanças radicais. Só países com muitos problemas optaram por radicalismos e por políticos "outsiders".
"Socialismo de papelBandeiras históricas da esquerda não têm recebido muita atenção nas medidas do socialismo bolivariano.Não houve uma reforma tributária progressiva, que taxasse os mais ricos e as grandes empresas, a fim de financiar serviços públicos de qualidade e melhorar a distribuição de renda - como na Europa.
Apesar de anunciada em 2003, a reforma agrária pouco avançou, com a desapropriação de só algumas fazendas grandes. Também a pauta de direitos civis não preocupa Chávez. Aborto, casamento homossexual ou descriminalização do consumo da maconha estão fora da agenda bolivariana.
O sandinista Daniel Ortega apoiou no ano passado a proibição do aborto, até em casos de estupro ou risco de morte da mãe, aprovada na Nicarágua.A presidente chilena Michelle Bachelet, agnóstica e mãe solteira, está em sintonia maior com a esquerda européia, apesar do liberalismo econômico.
"A negação de Bachelet ao luto oficial pela morte do ex-ditador Augusto Pinochet (não houve bandeira a meio-pau nas repartições públicas), suas medidas pela paridade entre os gêneros no governo e a prioridade para programas de educação e previdência a colocam como a presidente mais à esquerda da redemocratização chilena", diz o cientista político José Miguel Izquierdo, da Universidade Diego Portales, de Santiago.
Enquanto isso, Caracas ainda resume bem os resultados modestos dos oito anos do governo de Chávez. A capital venezuelana tem o mais alto índice de homicídios entre todas as capitais americanas e 70% da população mora em favelas ou construções irregulares. "A situação dos mais pobres pouco mudou. Ele não tem equipe. Chávez está desacreditando a esquerda. Muita foto, muito discurso, mas é um socialismo de papel", diz Marta Lagos.
Sem ainda ter revolucionado a Venezuela, Chávez parece mais interessado em "exportar" sua revolução. Ele comprou US$ 3,1 bilhões em títulos da dívida argentina, colabora com US$ 3 bilhões em petróleo para Cuba por ano e vendeu a preços vantajosos petróleo a prefeituras sandinistas, governadas pelo partido de Daniel Ortega, na Nicarágua.Pacotes generosos de cooperação espalham dinheiro venezuelano pela Bolívia e, a partir de agora, pelo Equador.
Acúmulo de poderQuanto às reformas que lhe dão superpoderes, Chávez segue uma trilha comum na região, onde direita e esquerda se confundem. Tanto Carlos Menem, na Argentina, quanto Alberto Fujimori, no Peru, também quiseram ter o máximo de instrumentos à mão para "transformar" seus países.Ambos não economizaram esforços (e verbas) para mudar leis, controlar poderes Legislativo e Judiciário, sindicatos e movimentos sociais.
"Em nenhum dos casos houve um projeto para se reforçar as instituições e a independência dos poderes", diz Corrales.Se o neoliberal Menem nomeou seu irmão para presidir o Senado e seu ex-sócio para a Corte Suprema, Chávez faz algo parecido: seu irmão mais velho é o novo ministro da Educação e o ex-presidente do Conselho Eleitoral até dezembro foi nomeado vice-presidente.
Se direita e esquerda compartilham velhos vícios, a boa notícia é que tem havido alternância no poder na América Latina. "Mas a democratização aumentou as demandas. Se a esquerda não oferecer progressos, também será substituída", diz Marta Lagos.
Se o socialismo do século 21 ainda precisa mostrar resultados, a ascensão da esquerda já teve efeitos imediatos na política regional. Até políticos conservadores, como os presidentes da Colômbia, Álvaro Uribe, e do México, Felipe Calderón (e mesmo seu antecessor, Vicente Fox), investem pesado em programas sociais, apesar de manter a "prudência fiscal".
Em tempos de ausência e indiferença dos EUA com a região, depois de décadas de intervencionismo americano justamente contra governos "socialistas", esquerda e direita estão à procura de fórmulas que terminem com a pobreza na região mais desigual do planeta.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Nani, do Jornal do Brasil (RJ)

Literatura e Cinema



A Literatura precisa ser lida em sala de aula. Professor de Literatura deve ler em sala um romance e negar os estilos de época.
Como extensão, os alunos precisam conceituar as imagens; dar a elas um sentido por meio de conceitos. Não podemos negar o cinema na escola.
Assistir aos filmes em lugar apropriado para a recepção dos sentidos.
Sobre conceitos, três autores são fundamentais: Nietzsche, Mikhail Bakhtin e Roland Barthes.

Literatura & Cinema



Quando lecionei no Souza Marques, uma escola batista em Madureira, Rio de Janeiro, havia a leitura de um romance e, depois, esse romance reaparecia na tela. Era 1990.
Hoje, após 16 anos, Literatura e Cinema permanecem em minhas aulas.
Meus alunos do ensino médio leram em sala Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, e assistiram a filmes com conceitos românticos, valores opostos ao romance de Huxley. Os filmes foram Tristão e Isolda, Triunfo do Amor e O Sorriso de Mona Lisa.
Para 2007, leremos em sala de aula A Arte de Amar, de Erich Fromm. Trata-se de um texto dissertativo e, com ele, assistiremos aos filmes relacionados ao amor-paixão e à sua ausência.
Ler. ReLer. ReleR. lEr. leR. rElEr. Livros. LiVroS. PaLaVras. lIvrOs. pAlAvrAs.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Alunos, os meus



Houve uma época em que eu lecionei para 11 turmas. Em uma, havia mais de 40 alunos.
Hoje, por causa da política educacional da Frente Popular, leciono para duas turmas.
A turma da foto pertence ao ensino médio, é o pessoal da B, manhã. Nela, há 14 alunos. E aí eu pergunto: por que certos professores não qualificam o ensino público?
Com 14 alunos, há professores que não lecionam Redação como deveria ser, porque, como já ouvi, "cansa muito".
Esses alunos chegaram ao segundo ano do ensino médio com suas redações fartas de problemas, e é ilusão pensar que tais problemas seriam eliminados em um semestre. Lutamos, eu e eles, contra a preguiça, o descaso, a indiferença. Uns desistiram. Esses continuaram.
Muitas vezes reconstruíram seus textos em sala, muitas vezes. "Refaça, porque seu desenvolvimento não tem relação com a introdução", disse muitas vezes. "Refaça, porque sua idéia está genérica, por favor, especifique-a."
De setembro até hoje, comparei seus textos e percebo mudanças, mas estou insatisfeito, poderia ter feito mais e melhor. A vida sempre exige mais e mais.
A vocês, digo neste blog o que disse tantas vezes em sala de aula: sejam melhores que seus pais; construam seus destinos por meio dos livros, porque, sem conhecimento, sem cultura, vocês não ultrapassarão os limites de suas condições sociais. Que a vida os recompense com vitórias.
Sejam felizes no amor!!! Sejam felizes em suas profissões!!!
Um beijo em suas almas e um abraço em seus destinos.

terça-feira, janeiro 16, 2007

- Chico está de férias ou em férias? -


Para Eduardo Martins, do jornal O Estadão, tanto faz, mas ele opta por "em férias".
O Chico, que nem está aí para a gramática e nem se encontra em Rio Branco,, curte as praias de Crato, no Ceará.
Muito cansado de trabalhar, suas férias representam o mérito de um homem que não mede esforços para transformar o Brasil em barranco.

- à você -

"Amanhã é dia de cantar o tradicional parabéns à você para minha amiga"
    1. - à você - Como pode um jornalista escrever assim? Não há acento grave, indicador do fenômeno da crase.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

- mal tempo -



"Mal tempo fecha aeroporto e vôos são cancelados"
  1. - Mal tempo - Um jornal local publicou "mal tempo". Não é "bem tempo". O correto é "bom tempo" e, se é "bom tempo", podemos substituir por "mau tempo"; e
  2. - e vôos cancelados - Como se trata de sujeitos diferentes, prefiro colocar uma vírgula antes do "e".

"Mau tempo fecha aeroporto, e vôos são cancelados"

sábado, janeiro 13, 2007

Literatura & Língua Portuguesa


Tenho a certeza de que somos melhores professores na escola pública, porque ela oferta a nós esta liberdade - a de sermos responsáveis pela vida de nossos alunos.
A gestora da escola Heloísa Mourão Marques, professora Lúcia, aceitou a idéia dos Conselhos de Disciplina desde 2006 e, hoje, mais uma vez, os professores se reuniram para construir a "imagem" de Literatura e de Língua Portuguesa para a escola.
O processo é lento, mas não há outro caminho quando pulsa a relação humana. Brigamos, discutimos, criticamos, mas não somos desleais, canalhas ou indiferentes à vida, à educação, à escola pública.
No segundo semestre de 2006, o professor Tadeu - sentado ao lado da gestora Lúcia - organizou as reuniões do Conselho de Literatura e de Língua Portuguesa, e um item importante foi registrado e assinado pelos professores, qual seja: em sala, não haverá mais os estilos de época, mas tão-somente textos literários lidos, estudados, analisados, interpretados.
Os estilos de época serão cobrados em trabalhos escritos.
Da escola, saem os juízes, os médicos. Tudo começa por ela, a educação.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Qual o ProblemA desTa Construção?

"Sozinha, mãe deu gêmeas à luz."
Está corretíssima.

Falta & Falta


Certa vez, na escola Heloísa Mourão Marques, alunos seriam reprovados por falta, mas algumas pessoas - e não seria ético dizer nomes - levaram os estudantes ao Conselho Escolar e, contrariando a LDB, passaram uma borracha em suas faltas.
"Eles sempre assistiram às aulas."
Por causa da professora Lúcia, gestora da escola, alguns alunos se desesperaram no ano letivo de 2006 , visto que estão sendo reprovados por falta.
Sentado e de costa, esse jovem disse que sairá do Heloísa, porque não dá mais para "zoar".
Lúcia, assim como o professor Walmir, colocou ordem na escola, mas precisamos melhorar mais. O bem público deve estar muito acima de interesses particulares. Por isso, a unidade do corpo docente para votar em um único candidato é vital para construir uma escola pública séria. A professora Lúcia, se quiser, é um nome.

Outra Boa Entrevista de Josafá Batista

Quando conheci Josafá Batista, eu estava no Página 20, e alguns repórteres chamavam Josafá de "maluco", de "doido", pois era um cara que voava nas suas matérias.
Alguns jornalistas acreanos são até hoje "focas", porque, quando o poder dá sardinha enlatada a eles, nossos repórteres batem palminhas e gritam alegres. Josafá nunca foi "animalzinho adestrado".
Ele sempre foi acreano, rio-branquense. Josafá Batista é jornalista que possibilita uma entrevista que não assiste à minissérie Amazônia: de Galvez a Chico Mendes, da Globo.

A Amazônia real

Historiador diz que Galvez e Plácido eram mercenários
e que o Acre não foi “conquistado”: foi roubado da Bolívia

Se a narrativa da história do Acre contar com a versão boliviana, muito bem ocultada por mais de um século de “ladainhas sobre bravos heróis da floresta”, muita coisa terá que ser reescrita.
Para começar, o Acre foi sim “doado” ao Brasil em troca de um cavalo. E mais: o puro-sangue, um mimo estratégico do governo brasileiro ao ditador da Bolívia, Mariano Melgarejo, foi acompanhado de duas medalhas... de latão.

Os detalhes desse e de outros trechos nada gloriosos da famosa e misteriosa “Questão do Acre” são expostos com farta documentação por um historiador boliviano. Aos 84 anos, Hernán Messutti Rivera, professor de História da Universidad Mayor de San Andréas, em La Paz (Bolívia), é pioneiro na pesquisa e na documentação do conflito que gerou o Estado, onde, hoje, vivem todos os acreanos.

Autor do livro El Desmembramiento de La Bolivia, ainda sem tradução no Brasil, Rivera apresenta uma nova e polêmica versão: a de que Luís Galvez e Plácido de Castro eram mercenários, isto é, homens pagos pelo governo do Amazonas com um único objetivo: enfraquecer a Bolívia, recém-saída de uma derrota em uma guerra contra o Chile. Para o historiador, a ambição brasileira, justificada pela explosão do mercado da borracha, era só uma: la plata.

Confira os detalhes da entrevista exclusiva.

É verdade que o senhor é o primeiro, do lado boliviano, a estudar a famosa “Questão do Acre”?
Eu era pioneiro quando comecei há mais ou menos 30 anos. Escolhi esse tema porque aqui ainda não havia consenso sobre a guerra, apenas alguns relatos muito antigos dos eventos. Mas foram escritos pouco depois da revolução, são mais documentos da época do que propriamente livros. Mas os historiadores não estudavam esse tema, por isso o escolhi.

O senhor também consultou fontes brasileiras?
Sim, viajei em busca de documentos a Rio Branco, ao Rio de Janeiro, a Manaus e a Brasília. Fui inclusive até o Itamaraty em busca de documentos para pesquisar os detalhes sobre a guerra.

O senhor usa sempre a expressão “guerra” em vez de “revolução”, por quê?
Porque o exame cuidadoso dos fatos mostra que foi uma guerra. Quando o senhor fala em revolução, o senhor fala do povo lutando contra o seu próprio governo. Fala do povo não muito contente pela maneira como é conduzido o governo. Por isso, revolução é sempre contra o seu próprio governo e não contra um governo estrangeiro. Um ato belicoso contra um governo de outro país chama-se guerra. Está tudo no dicionário.

Alguns historiadores brasileiros refutam esse argumento, dizendo que era uma revolução devido à posse da Bolívia na região. Não faz sentido? Não foi a revolução de pessoas que viviam dentro do território boliviano contra o governo boliviano?
Não, porque não foi feita por bolivianos, mas por brasileiros. Isso faz toda a diferença. O território era boliviano, sim, mas a guerra foi feita por brasileiros.

Como essa guerra começou na sua opinião?
O Tratado de São Ildefonso, de 1777, estabelecia o limite oeste do Brasil no sul de onde hoje fica o Estado do Amazonas. Daí para baixo, era tudo da Bolívia. Em 1867, o ditador boliviano Mariano Melgarejo, que era analfabeto e que não tinha legitimidade para representar o nosso país, deu um brinde de 540 mil quilômetros quadrados para o governo brasileiro.

Por quê?
Porque o governo brasileiro havia lhe dado um lindo cavalo e também duas medalhas de latão. Era uma estratégia, na verdade, porque o governo brasileiro não queria que o Brasil apoiasse o Paraguai em outra guerra em que se metera, por isso ofereceu o presente. E teve sucesso.

Mas 540 mil quilômetros quadrados, doados assim, é muita coisa, não?
Essas terras para os bolivianos não tinham significado algum. Eles preferiam morar lá no alto, a oeste, nos altiplanos andinos. Essas terras baixas, quentes, com bichos e doenças não eram do agrado dos bolivianos.

Então é correto dizer que o Acre foi trocado por um cavalo?
Sim, os cavalos foram um brinde do Brasil ao tirano Melgarejo. Um cavalo e duas medalhas. E ele retribuiu com as terras, assinando o famoso Tratado de Ayacucho.

E por que o senhor acha que o Brasil teria interesse nessa área, sendo que a Bolívia não tinha?
O Brasil era bem maior, tinha uma economia mais desenvolvida e percebeu que o preço da borracha vinha crescendo. Houve uma explosão do preço do látex, na verdade. Ela atingiu um preço altíssimo. Um quilo de borracha custava o equivalente a cinco dólares de hoje, preço tão tentador que vinham aqui aventureiros de todo o mundo.

Quem eram eles?
Eles integravam companhias estrangeiras, mas usavam nomes brasileiros e andavam com brasileiros. Veja, tanta ambição despertada se devia a um único fato: o Acre era o único lugar no mundo onde se produzia o látex. E também no sul do Amazonas, mas em escala desprezivelmente menor.

No Acre, está sendo exibida uma minissérie sobre a guerra.
Sim, eu fui entrevistado por uma equipe da televisão brasileira sobre essa produção. Parte da novela é baseada no famoso Luíz Galvez, esse aventureiro espanhol que criou a República do Acre. No entanto, algumas pessoas não sabem, outras não querem saber, mas o Galvez era pago pelo governador do Amazonas, Ramalho Júnior. Por isso, ele queria fazer um país independente.

Um herói pago?
Não, um aventureiro mesmo. Os documentos da época mostram de tudo um pouco. Era escroque, mulherengo, ladrão, enfim, fazia várias bobagens, mas ele tinha carisma e conquistava as pessoas. Fazia com que elas aderissem à sua causa, sabia conquistá-las. Mas era pago, e muito bem pago, por isso.

E Plácido de Castro?
Plácido era militar. Ele começou a carreira e ascendeu muito, mas, quando chegou à certa patente, percebeu que sua vocação não era aquela, porque ele queria ganhar dinheiro. Então veio para a Amazônia. Em Manaus, foi contratado para fazer incursões, limitando o tamanho dos seringais, mas contraiu malária e voltou a Manaus. Foi então que o governador José Néri, sucessor do Ramalho Júnior, contratou-o para fazer uma demonstração de força do Brasil para a Bolívia. A idéia era fazer os bolivianos desistirem de defender essa região. Por isso, ele foi enviado e também foi pago muito bem.

A sua versão de Plácido de Castro bate de frente com a versão dos acreanos. Lá, ele é um herói, com monumentos em sua homenagem.
Para os brasileiros, Plácido pode ser um herói, mas, para os bolivianos, ele foi um mercenário. Um herói é alguém que dá sua valentia, sua vontade, seu suor por amor à pátria sem compensações. Mas uma pessoa que faz um trabalho de guerra, sendo paga para isso, chama-se mercenário, isso desde a Idade Média. Ele condicionava o seu proceder ao dinheiro que recebia. Um mercenário.

E o Bolivian Syndicate? Até onde é verdadeira a história de arrendamento do Acre para o capital internacional? Foi isso que precipitou os fatos que levaram à guerra na versão brasileira.
Aconteceu o seguinte. A Bolívia não tinha dinheiro para desenvolver seu território, porque perdeu o mar e enfrentava diversos conflitos. Então, o governo planejou participar de uma sociedade anônima para a exploração dos recursos naturais, que, estes, sim, eram vastos. Foi algo parecido com a Lei de Exploração de Florestas recentemente aprovada no Brasil, mas com a diferença de ações para venda. Pelas regras, a Bolívia ficava com 50% da exploração e o restante era vendido a quem quisesse comprar.

Mas isso não foi um atentado à soberania boliviana?
Não, porque o que se negociava era apenas o direito de explorar economicamente as terras, e não de possuí-las. E, como eu disse, o governo boliviano tinha 50% das ações, o que, em tese, impediria qualquer tentativa tresloucada de invadir o território para assaltá-lo. Era uma idéia boa para os bolivianos e para os empresários da época, que inclusive se interessaram.

Quem se interessou?
Quem não se interessou foi o Brasil, que foi convidado, mas não quis. O governo taxou a idéia de maluca. Então, a Bolívia ofereceu à Europa e aos Estados Unidos, onde os industriais mais ricos compraram as ações.

Quais industriais?
Os mais ricos. Deixe-me lembrar. Rockefeller, Kennedy, Ford, Vanderbilt e outros. Todos compraram ações. A família do presidente Roosevelt também comprou ações, havia muitos interessados exatamente devido à borracha. O problema é que, quando o chanceler do Brasil, que nessa época ainda não era o Barão do Rio Branco, era José Paranhos da Silva, viu que a idéia daria certo, resolveu espalhar boatos e assustar os investidores.

Estratégia de mercado?
Isso mesmo. Assustando os investidores, aproveitando-se da sua proximidade na região para espalhar boatos inverídicos sobre desgraças naturais, índios carniceiros, doenças incuráveis e outras coisas, o Brasil conseguiu não apenas a desistência de muitos investidores, mas também comprar as ações a um preço baixíssimo.

Quanto?
Menos de quarta parte do valor original. O governo brasileiro agiu assim até comprar os 50% destinados ao mercado. As ações valiam cerca de um milhão de libras esterlinas. O Brasil comprou todas por 50 mil libras esterlinas.

Então, o Brasil comprou o Bolivian Syndicate?
Isso mesmo.

Mas, convenhamos, o senhor não acha que parte dessa estratégia se devia à preocupação com brasileiros que já viviam na região?
Se assim fosse, se a preocupação fosse essa, o Brasil teria aceitado a primeira oferta e comprado ações para empregar o seu povo. Não havia problema algum. O que a Bolívia queria era investir esse dinheiro em uma indústria poderosa da borracha na própria Bolívia. Quando se trata de mercado, é fácil negociar essas coisas, especialmente porque os bolivianos não moravam nessa região, como eu já citei. A Bolívia precisaria e contrataria mão-de-obra brasileira, pacificamente, mas o Brasil infelizmente queria guerra. O governo de vocês queria a posse das terras.

Mas, se na versão brasileira o argumento mais forte da revolução ou guerra foi exatamente o Bolivian Syndicate, então por que Plácido de Castro usou esse argumento?
Ele mentiu, é claro. E isso confirma a narrativa histórica dele. Quando Plácido dizia que estava lutando pelo Acre para impedir a intromissão dos grandes capitalistas norte-americanos, isso era falso, porque nessa época o Brasil já havia comprado todas as 50% das ações do Bolivian Syndicate.

Mas, se o Brasil havia comprado, por que fazer guerra?
Porque o seu país comprou o direito de trabalhar dentro, apenas. Não tinha a posse da terra. O Bolivian Syndicate nunca negociou a soberania boliviana.

Por que os parceiros comerciais não ajudaram a Bolívia?
Porque eles compravam borracha dentro do Brasil, diretamente. Havia toda uma cadeia de exportação da borracha, burlando-se impostos ao governo federal brasileiro e outras irregularidades. Se fosse pela Bolívia, os compradores teriam que pagar todos os impostos, mas isso não acontecia no Brasil. Então, eles estavam envolvidos demais economicamente para qualquer tomada de posição pró-Bolívia.

Então houve uma certa omissão internacional nesse conflito, é isso?
Houve, porque a borracha era vendida às grandes indústrias de pneus. A indústria do automóvel na época crescia enormemente e precisava de borracha para os pneus. E o único lugar do mundo onde se produzia borracha era aqui, no Acre. E, nessa época, já havia muitos brasileiros na região.

Então, o senhor está dizendo que houve toda uma conjugação de interesses econômicos e que, para mantê-los, o Brasil invadiu um território de outro País e o tomou, usando mercenários pagos. É isso?
Esse é o resumo de tudo. Veja, o governador do Amazonas, Ramalho Júnior, ganhava desse território com a produção e importação de borracha cerca de um bilhão de contos de réis por ano. Se ele perdia esse território, devolvendo-o à Bolívia, ele perderia tudo. E Ramalho precisava, porque gastava muito, inclusive, com malversação de recursos públicos. Ele simplesmente não podia perder essa mina, inclusive, para manter sua influência e poder.

Por que a Bolívia não denunciou tudo à comunidade internacional?
Denunciar para quem? Não existia ONU nem Liga das Nações nessa época. Pior: a Bolívia não podia fazer muito esforço econômico, porque acabávamos de sair da guerra com o Chile. Nessa guerra, nós perdemos 50 mil soldados. A economia boliviana estava quebrada e, logo em seguida, veio esse problema. Não tínhamos recursos para fazer nada e, quando resolvemos fazer, recebemos um ultimato do governo brasileiro.

Como assim?
Quando a Bolívia venceu um conflito com as tropas de Plácido de Castro, em Puerto Alonso, o governo brasileiro colocou em cena o Barão do Rio Branco. Ele enviou uma carta ao governo boliviano com negociações, mas, quando o governo boliviano respondeu que não aceitava, ele mandou essa resposta: “Isso não é uma negociação. É uma ordem!”. E também avisou que 50 mil brasileiros, das Forças Armadas do Brasil, estavam prontos para invadir La Paz e tomar a Bolívia. E estavam mesmo.

Isso está documentado?
Está. Tudo o que estou lhe falando está documentado, com fontes brasileiras e bolivianas. Na segunda edição do meu livro, vou publicar a carta completa do Barão do Rio Branco com o ultimato à Bolívia. Todos poderão conferir como se deu esse assalto, porque foi disso o que se tratou - um assalto.

Mas o governo brasileiro não pagou dois milhões de libras esterlinas pela posse do Acre?
O Brasil nunca pagou essa dívida. Aliás, pagou sim, mas com uma estrada de ferro que nunca foi concluída e dentro do território brasileiro, com gente brasileira e que sequer chegava à Bolívia nem mesmo no projeto. É como se eu tivesse uma dívida com o senhor, comprasse um aparelho de som no mesmo valor da dívida e lhe dissesse: “Eu paguei aquela dívida com um aparelho de som. Está lá em casa. Quando quiser ouvir som, passe por lá”.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Ele (1902-1987)



Memória





Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

A Polícia Federal e a Linguagem

Liminar obriga fiscalização de "estrangeirismos" no comércio e na publicidade

Uma liminar, expedida pelo juiz federal substituto da 1ª Vara de Guarulhos, Antônio André Muniz Mascarenhas de Souza, determinou que a União Federal fiscalize a utilização da língua portuguesa no comércio de produtos e de serviços, inclusive, nas ofertas publicitárias em vitrines, prateleiras, balcões ou anúncios.

Segundo a determinação, os anúncios que utilizarem termos como "sale", "off", "summer", entre outros, deverão ser acompanhados de tradução, no mesmo destaque.

Expressões em língua estrangeira deverão ser traduzidas com texto correspondente na língua portuguesa. Além disso, os anúncios deverão ter clareza e precisão ao se referirem às características, qualidades, quantidade, composição, preço (também condições de pagamento e descontos), garantia, prazos de validade, origem, riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.

Na opinião de Antônio Mascarenhas de Souza, o artigo 31 do Código de Defesa do Consumidor é claro: "oferta e apresentação de produtos ou serviços devem exteriorizar-se por meio de informações em português".

"Qualquer fornecedor que se utilize dos termos 'sale' ou 'off' objetiva propor ao consumidor a aquisição de seus produtos ou serviços, tornando-os mais atrativos, relacionando tal informação diretamente à diminuição do preço, ao seu barateamento."

Para o juiz, somente a publicidade que não tiver algum tipo de oferta é que poderá usar indiscriminadamente qualquer símbolo, palavra ou gesto, "desde que esteja dentro das regras dos artigos 36 a 38 do CDC, que proíbem a mensagem enganosa ou abusiva."

Souza esclarece que a oferta, publicitária ou não, é meio de interlocução com o consumidor para convencê-lo e atraí-lo, mediante realce de elementos contratuais do negócio.

"Em conseqüência, nesse aspecto, suprir-lhe a comunicação na própria língua significa negar os objetivos expressos no Estatuto de Defesa do Consumidor e dificultar o acesso de compreensão para boa parte [senão a maioria] da população brasileira."

Quem não respeitar as regras, segundo decisão do juiz, deverá ser penalizado de acordo com o artigo 56 do Código de Defesa do Consumidor, com multa, apreensão do produto, cassação do registro, entre outras penas.

Palhaçada


Márcio é diagramador da TRIBUNA e, em outros momentos, perde o juízo e desmoraliza a família, dando, dando, dando uma de bobo da corte.
Gente boa!

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Tonivan & Tonivan & Tonivan

Há quase 10 anos, tenho a amizade e os bons serviços de Tonivan, responsável pela filmoteca, pelos filmes que passam pela escola pública.
Após a leitura de um romance em sala de aula, passo para meus alunos a imagem-palavra do que foi lido. São filmes relacionados à temática da narrativa romanesca.
Neste ano, após a leitura de Admirável Mundo Novo, assistimos aos filmes Tristão e Isolda, Triunfo do Amor e O Sorriso de Mona Lisa.
Falei sobre os conceitos relacionados ao Romantismo "expostos" pela imagem a fim de compará-lo como valores opostos ao livro Admirável Mundo Novo.
Se não existissem funcionários como Tonivan, seria impossível.
Muto obrigado! Sempre precisamos do Outro.

Itaan & a Imprensa

Hoje, o governador Arnóbio Marques escolheu Itaan Arruda como assessor de imprensa do Estado.
Quando começou a escrever no jornal A Gazeta, publiquei um artigo não para elogiar suas linhas, mas para reconhecer sua inteligência. Formado em jornalismo, Itaan possui um valor que a faculdade não ensina: caráter.
Leitor de bons livros - algo incomum entre nosso jornalistas -, esse rapaz tem a chance de transformar a relação entre imprensa e governo. Escrevi certa vez que atual relação não está à altura de um governo de esquerda.
A imprensa não pode servir como um meio do poder propagar sua imagem narcísica. Para um governo de esquerda, exige-se mais, bem mais do que "eu sou belo". O exercício da autocrítica não deve ser esquecido pelo PT.
A Itaan, desejo que o poder jamais retire dele a simplicidade.
Vida longa, garoto!!!

terça-feira, janeiro 09, 2007

Os SindicaTos se CalaM

Elas não tocam no assunto.
Os sindicatos - os da educação, principalmente - não deveriam se comportar como empregadas domésticas ou domesticadas. No Acre, sobre a pensão eterna dos ex-governadores, o silêncio oculta uma injustiça social.

Durante toda a vida, ex-governadores acreanos receberão uma pensão que, por mês, retira dos cofres públicos mais de R$ 350 mil. "Governador" não é profissão. "Professor" é.

Acre paga pensão a 16 ex-governadores

O Supremo Tribunal Federal recebeu parecer do procurador-geral da República, Antônio Fernando de Sousa, que considera inconstitucional o pagamento de pensões vitalícias a ex-governadores.
No Brasil, 21 Estados pagam o benefício aos ex-administradores. Há 16 anos , o STF deu liminares contra o privilégio, mas nunca julgou o mérito.
No Acre, o pagamento de pensões vitalícias consome, mensalmente, mais de R$ 350 mil.
O presidente do Instituto de Previdência do Estado, José de Anchieta, não quis falar sobre o pagamento do benefícios, alegando que o assunto não é da ordem previdenciária, mas informou que o Estado mantém na folha de pagamento 16 ex-governadores.
Cada um recebe mensalmente R$ 22.11,25. Desse valor, 11% são recolhidos ao Tesouro Estadual. Até dezembro do ano passado, o valor de pensão era de R$ 16 mil, mas foi reajustado em projeto aprovado na Assembléia Legislativa, encaminhado pelo ex-governador Jorge Viana.
O artigo 77, da Constituição Estadual, trata do pagamento das pensões vitalícias quando diz que cessada a investidura do cargo de governador, quem o tiver exercido, em caráter permanente, fará jus a um subsídio mensal e vitalício correspondente aos vencimentos e representação do cargo.
No artigo 3º da mesma lei, a constituição fala da suspensão do pagamento, que ocorrerá em caso de morte de todos os beneficiários.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Município cria regras para avaliar eficácia da alfabetização

O secretário municipal de Educação, por meio da Instrução Normativa 003, de 5 de janeiro de 2007, institui um processo de avaliação para professor alfabetizador e determina que, no final de cem dias, pelos menos 90% dos alunos da turma deverão ter construído a hipótese de escrita silábica como valor sonoro convencional e, no final de 200 dias letivos, pelo menos 90% dos alunos da turma deverão ter construído a escrita alfabética.
Evidente que esse professor será observado por uma Comissão de Avaliação. Caso o professor não cumpra o que está escrito nessa instrução normativa, poderá ser afastado da sua função.
Creio que, aos poucos ou de repente, a Secretaria de Educação do Estado desejará algo semelhante para os professores do ensino médio. Isso pode ser perigoso se outras medidas não forem apreciadas.
Em breve, escreverei um artigo sobre isso. Por enquanto, fiquemos com a matéria do jornalista Josafá Batista, da TRIBUNA

De olho na eficácia dos programas de alfabetização nas escolas de ensino infantil, a Prefeitura de Rio Branco acaba de criar um procedimento para avaliar a eficácia dos professores em sala de aula. As novas medidas pretendem avaliar os professores a partir da aprendizagem dos alunos.
Seis avaliadores, sendo quatro professores e dois integrantes da Divisão de Recursos Humanos da Secretaria Municipal de Educação (Seme), irão compor o quadro de avaliadores. As avaliações serão feitas duas vezes por ano, sendo o primeiro ao final dos cem dias letivos e o segundo a partir do 200 dias.
“Além da avaliação a partir dos alunos, o professor terá ainda que se inscrever e participar de um curso de certificação oferecido pela secretaria, com freqüência mínima de 95% da carga horária total e aproveitamento mínimo de 80% dos conteúdos. As medidas entram em vigor já neste ano”, explica o subsecretário municipal de Educação, Cláudio Ezequiel.
Ainda segundo a Seme, as avaliações pretendem melhorar a alfabetização nas escolas de ensino infantil e também incentivar os professores com melhores pontuações. O incentivo será sentido no bolso, garante Ezequiel. “Queremos selecionar e vamos pagar mais, só que vamos pagar mais para aos melhores”, revela.
Pelas novas regras, o professor será considerado aprovado quando pelo menos 90% dos alunos de sua turma conseguir uma escrita silábica com valor sonoro convencional. Esse, porém, é o primeiro exame, realizado ao final dos cem dias letivos.
No segundo exame, realizado no final dos 200 dias letivos, pelo menos 90% dos alunos da turma devem conseguir construir a escrita alfabética.
Professores que não conseguirem notas mínimas serão encaminhados à Comissão de Avaliação. De acordo com a Instrução Normativa 003/2007, que estabeleceu as regras da avaliação, eles terão uma “análise e avaliação de sua prática pedagógica, podendo ser afastado da função”.

sábado, janeiro 06, 2007

Livro Didático de Língua Portuguesa & de Literatura


O poder público propaga que as escolas agora têm livro didático. Na Heloísa Mourão Marques, as fotos revelam a quantidade de livro didático de Língua Portuguesa e de Literatura.
Sim, os livros existem, mas a pergunta é "que livros?".
Existe um problema na escola pública que é a falta de organização, por exemplo, para escolher o livro didático.
Cada um escolhe do seu jeito, sempre às pressas, não há tempo, não há encontro entre os professores da área, porque não há conselhos de disciplina para debater e refletir sobre sua escolha.
Sem critério, sem organização, o resultado está na foto: livros didáticos de Língua Portuguesa e de Literatura péssimos. Dinheiro público compra material ruim para os alunos.
Deveria, isso sim, haver um livro para Língua Portuguesa e outro para Literatura. A escola, por meio de seu Conselho de Língua Portuguesa e de Literatura, adotaria o livro do professor Pasquale para estudar Língua Portuguesa e o livro de Domício Proença Filho para os alunos estudarem Literatura.
Quem conhece esses dois livros sabe do que estou falando.

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Lane, Jornal de Brasília

- o óbvio & naquele município -

"As fortes chuvas que caem em Cruzeiro do Sul promoveram uma visão do caos naquele município."
  1. - chuvas que caem - Li isso em um jornal local. Por favor, se eu estiver errado, corrijam-me: existe chuva que sobe?
  2. - naquele - "(...) uma visão de caos no município."

BanHeirO para ProFessoR




A escola Heloísa Mourão Marques passou por uma reforma há algum tempo e ficou bem melhor, mas o arquiteto ou o engenheiro não pensaram bem quando o espaço foi "banheiro".
No mesmo espaço íntimo, há duas divisões: uma para homens e outra para mulheres.
Pois bem, se o professor passar mal e for ao banheiro, a professora ao lado ouvirá toda sua intimidade. Constrangedor.
Banheiro para juiz não é assim. Banheiro para médico não é assim.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Jesus dos Santos

Em 2004, lecionei para Jesus. Em sala, cometeu alguns pecados, um deles, "matar" minhas aulas de Literatura. Estudar é chato. Ler livro em sala, mais ainda.
Mas Jesus sempre me respeitou. Entre nós, pelo corredor da escola, o papo rolava e foi assim que conheci, aos poucos, sua vida.
Após dois anos, retornei a vê-lo em janeiro de 2007. Sentado no pátio, Jesus me cumprimentou quando eu saía da escola. "E aí, professor?". Voltei e conversamos sobre a vida, a sua.
Quanto tempo, cara.
Faz algum tempo, professor.
Soube que você ficou preso no Oliveira Conde
É verdade, fiquei 1 mês e 15 dias.
Mas você nunca foi violento na escola, nunca me tratou mal.
Professor, eu sou pobre, isso é motivo para ser preso.
Na verdade, o que houve?
Meu irmão matou um cara, e a família do morto queria se vingar, porque o meu irmão acabou preso. Por isso, eu usava uma espingarda em casa para me defender. Mas a polícia bateu lá e pegou uns caras fumando maconha no fundo do quintal. A PM bateu em todo mundo e pegou a arma.
Você chegou a matar alguém na sua vida?
Claro que não, professor. Eu só tinha a arma para a minha defesa.
Você roubou alguma vez?
Não.
E depois?
Os policiais me bateram, me levaram para a delegacia e, na delegacia, fui preso por formação de quadrilha, mas eu nunca fiz parte de quadrilha. Os policiais aumentaram, disseram o que não era verdade, os PMs mentiram.
E as porradas?
Fizeram exame em meu corpo, mas ficou por isso mesmo. Só que depois, eu estava no presídio e lá levei muita porrada logo que entrei e depois levei mais.
E como era a tua cela?
Eu fiquei em um espaço de 2x5, onde havia 25 pessoas, é o cubículo do corretivo.
E hoje?
Moro com meus pais.
Quanto teu pai recebe?
Uns R$ 500.
Vive-se com R$ 500?
E pobre vive, professor?

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Capa da Playboy


Sampaio, funcionário da TRIBUNA, resolveu jogar tudo para o ar para tentar fazer sucesso como coelhinho da Playboy.
Disse-lhe que ele estava além do peso, mas, mesmo assim, iludido, ele não me ouviu.
Os filhos estão aos prantos.

Acreana



Minha amada e amiga filha. Acreana, 9 anos, uma morena rio-branquense. Que a vida a recompense com vitórias.

- Saúde -

"Na parte da tarde, o governador foi se inteirar das questões de segurança, como havia feito antes com a Saúde."
    1. - Saúde - Outro hábito é colocar a palavra "Saúde" em caixa-alta. Quando se trata de Secretaria da Saúde, tudo bem, mas, quando é substantivo comum, coloca-se em caixa-baixa, por favor!