domingo, fevereiro 01, 2015

Poesia e Filosofia

Versos de Cláudio Manuel da Costa

Faz a imaginação de um bem amado,
Que nele se transforme o peito amante;
Daqui vem, que minha alma delirante
Se não distingue já do meu cuidado.

Medida. Limite. Nenhum excesso. Sustentando esses versos árcades, existe uma estrutura que organiza o sentimento não só enquanto métrica decassílaba como o conduz de forma contida.

O Amante nesses versos não é senhor da (e)moção, isto é, não se move para fora, para o encontro com a Amada, por isso "Faz a imaginação".

O pensamento árcade sabe que, agindo por si, o Desejo desorganiza. Mas a pergunta é: não é prazeroso se desorganizar na cama à busca do gozo? Não é a falta de métrica ou de medida na cama que nos apraz?

Em minha primeira aula de Filosofia, os versos de Cláudio Manoel da Costa e um fragmento textual de Platão sobre o Amor, com a finalidade de refletir sobre a desmedida, a hýbris.