quinta-feira, abril 30, 2009

Os primeiros de maio serão os últimos

De Aldo Nascimento

Meu alimento sobre esta mesa
confessa
que não é meu trabalho
em si
que me alimenta.











Ouço vozes: são caroços de feijão.

Bem negros e pobres,
eles dizem que não é o meu trabalho
em si
que me alimenta:

dependo de mulheres
de crianças
de homens
que estão à mesa neste lar.












De outra forma,
estão no prato:

MARIAS
SILVAS
SEVERINOS
JOSÉS
DOLORES
CHICOS











Semea(dores) de terra,
boias-frias
em meu prato quente de comida.

Tantos cabem neste espaço fundo de louça
que meu garfo
orgulhoso
suspende a nação

e sente o peso de mãos para o terçado
de dedos para a marmita
de corpos para o latifúndio
de choros ressecados em rostos rachados de exploração imensa
de filhos não deitados em nenhum berço esplêndido.

Esta (re) feição
denuncia a história
(sem) feição
de uma gente.

Agora compreendo:
não é meu trabalho
em si
que me alimenta:

são estes resíduos de Nação
entre meus dentes.

TCU apura sobrepreço em anel viário de Rio Branco

Da Assessoria de Comunicação do TCU

O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a instauração de quatro tomadas de contas especiais após detectar orçamentos supervalorizados na obra do anel viário em Rio Branco (AC).

O projeto prevê construção, duplicação e restauração do Rodoanel na BR-364, em torno da capital acreana. A apuração do Tribunal refere-se a quatro contratos para obras em um trecho de 15,90 km que deviam ter sido corrigidos por determinações anteriores do TCU. O Departamento de Estradas de Rodagem do Acre (Deracre) concluiu a obra, mas não fez as correções dos valores e pagou os serviços contratados com preço supervalorizado.

A construção do trecho com sobrepreço foi dividido em quatro lotes. No primeiro, sob responsabilidade da empresa Marts Transportes e Serviços Ltda., o dano apontado é de R$ 207.334,85. No segundo, executado pela Empresa de Engenharia em Eletricidade e Comércio Ltda. (Etenge), o dano é de R$ 1.048.122,13. O terceiro lote ficou com as empresas Serviços de Engenharia e Construções Ltda. (SEC) e Cidade Construtora Ltda. e o valor do dano é de R$ 670.690,56. No último lote, o sobrepreço pago à empresa Slump Engenharia Ltda. pela execução da obra foi de R$ 1.569.070,78.

As empresas beneficiadas com pagamentos indevidos e os responsáveis pela licitação, pelo contrato e pelos pagamentos deverão ser informados da decisão para apresentar esclarecimentos ou ressarcir o dano.

O TCU fará nova fiscalização para verificar a correção e a qualidade final do empreendimento, incluindo pavimentação, equipamentos de drenagem de água da chuva, sinalização das pistas e cumprimento de exigências ambientais.

Cabe recurso da decisão. O relator do processo foi o ministro Augusto Sherman Cavalcanti.

quarta-feira, abril 29, 2009

Enem, Calixto e Heloísa

Homens públicos enaltecem tanto a ensino público, mas, quando o assunto é resultado, eles pagam para ver as boas notas das escolas particulares no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No Brasil e no Acre, mais uma vez, escolas pagas significam o topo, isto é, as melhores. Agora, leitor, responda-me: por que vereadores, deputados, senadores e governadores colocam seus filhos no ensino pago?

No Brasil, a melhor escola, batizada com o nome São Bento, no Rio de Janeiro, foi abençoada com a nota 80.58. A melhor pública estadual colocada é o Instituto de Aplicação Fernando da Silveira, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, com 75.11, na 19ª posição.

No Acre, o Lato Sensu levou o bicampeonato, com 61.27, mas, na classificação nacional, sua posição é a 1.772ª. Antes privada, o agora estadual Instituto São José ficou por cima, com 52.0. Na colocação nacional, seu número é 5.437. A escola Prof. José Rodrigues Leite, que sempre ficou em primeiro lugar entre as escolas públicas acrianas, caiu para segundo, com 50.81, estando na 6.386ª posição da classificação nacional.

Quando o novo vestibular bater à porta de nossas escolas não pagas, homens públicos não medirão esforços para pagar o ensino de seus filhos, porque o processo da qualidade de ensino na escola pública não é proporcional ao acúmulo de suas riquezas.

Ainda que eu tece neste espaço virtual críticas à política educacional da Frente Popular – leia-se PT e PC do B -, o atual trabalho deve continuar para que possamos alçar novas possibilidades. Critico e, por outro lado, reconheço avanços e limites.

Coordenador do ensino médio

Em uma semana de abril, estive na Secretaria Estadual de Educação para retirar uma dúvida com uma funcionária, mas, sem querer, o coordenador do ensino médio, professor Josenir Calixto, encontrou-se comigo. "Poxa, você me queimou em seu blogue", reclamou.

Josenir, você sabe que eu o critico - não queremos alunos críticos? - por você ser uma pessoa séria. Dos que não são, eu só rio. Você sabe que minhas críticas são leais porque sei que podemos melhorar mais. A crítica é uma forma de exigir mais, sabendo que a minha é propositiva.

Não fique chateado. Reconheço a sua inalienável virtude de querer o bem para a educação acriana, você é um cara da esquerda que luta muito por isso e trouxe transformações significativas para a rede pública. A questão só é esta: quero mais, mais sempre.

Crítica propositiva

Há muito tempo, mais de cinco anos, eu tenho dito - e está no arquivo deste blogue - dos conselhos de disciplina. Você me disse que eles existirão na rede pública depois - é o que acho - de ter pagado a uns consultores. E eu falei sem cobrar.

Heloísa Mourão Marques

Do Enem de 2008, entristeceu-me o resultado da escola Heloísa Mourão Marques, onde leciono há seis anos. Caímos 25 posições. Em 2007, entre as 40 escolas do Estado que se submeteram ao Exame Nacional do Ensino Médio, Heloísa ficou na 15a posição. Em 2008, entre 53 escolas, a escola deixou o ano na 40a posição.

Alguns preferem culpar alunos, eu prefiro assumir a minha culpa. Assumindo-a, digo a mim que preciso trabalhar melhor. Esse resultado me incomodou.

53 Escolas do Acre no Enem

1. RIO BRANCO - LATO SENSU - Particular - 61,27
2. RIO BRANCO - MAX REINO ENCANTADO - Particular - 59,54
3. RIO BRANCO - META - Particular - 58,8
4. RIO BRANCO - ENSINO MEDIO E TÉCNICO PLÁCIDO DE CASTRO - Particular -58,045.
5. CRUZEIRO DO SUL - INST ORFANOLÓGICO SANTA TERESINHA - Particular - 55,28
6. RIO BRANCO -INSTITUTO IMACULADA CONCEIÇAO - Particular - 55,27
7. RIO BRANCO - COLÉGIO ALTERNATIVO - Particular - 53,3
8. RIO BRANCO -INSTITUTO SÃO JOSÉ - Estadual -52
9. RIO BRANCO - PROF. JOSÉ RODRIGUES LEITE -Estadual - 50,81
10. RIO BRANCO - FUNDAÇAO BRADESCO - Particular - 49,93
11. RIO BRANCO - COLEGIO DE APLICAÇAO Federal 49,54
12. CRUZEIRO DO SUL - DOM HENRIQUE RUTH - Estadual - 48,11
13. CRUZEIRO DO SUL - FLODOARDO CABRAL - Estadual - 47,59
14. RIO BRANCO - ARENA DA FLORESTA - Estadual - 47,27
15. RIO BRANCO ESC JORNALISTA ARMANDO NOGUEIRA - Estadual - 46,54
16. RIO BRANCO - ALCIMAR NUNES LEITÃO - Estadual - 46,27
17. RIO BRANCO - LUÍZA CARNEIRO DANTAS - Estadual - 46,27
18. RIO BRANCO - COLEGIO ESTADUAL BARAO DO RIO BRANCO - Estadual - 46,16
19. BUJARI - SÃO JOAO BATISTA - Estadual - 45,92
20. SENADOR GUIOMARD - 15 DE JUNHO - Estadual - 45,82
21. PORTO ACRE - EDMUNDO PINTO DE ALMEIDA NETO - Estadual - 45,69
22. RIO BRANCO - JOSE RIBAMAR BATISTA - Estadual - 45,6
23. PORTO ACRE - JADER SARAIVA MACHADO - Estadual - 45,5
24. BRASILEIA - KAIRALA JOSE KAIRALA - Estadual - 45,31
25. RIO BRANCO - HENRIQUE LIMA - Estadual - 45,2
26. EPITACIOLÂNDIA - JOANA RIBEIRO AMED - Estadual - 45,07
27. RIO BRANCO - LOURIVAL SOMBRA PEREIRA LIMA - Estadual - 44,92
28. SENA MADUREIRA ESC DOM JULIO MATTIOLI - Estadual - 44,83
29. FEIJÓ - JOSE GURGEL RABELO - Estadual - 44,82
30. MÂNCIO LIMA - ANTONIO OLIVEIRA DANTAS - Estadual - 44,64
31. ACRELANDIA - MARCILIO PONTES DOS SANTOS - Estadual - 44,3
32. XAPURI - DIVINA PROVIDENCIA - Estadual - 44,3
33. RIO BRANCO - GLORIA PEREZ - Estadual - 44,15
34. PLÁCIDO DE CASTRO - JOAO RICARDO DE FREITAS - Estadual - 44,11
35. RIO BRANCO - LEONCIO DE CARVALHO - Estadual - 43,52
36. CRUZEIRO DO SUL - MANOEL BRAZ DE MELO - Estadual - 43,08
37. TARAUACA - DR DJALMA DA CUNHA BATISTA - Estadual - 42,9
38. RIO BRANCO - DR JOAO BATISTA AGUIAR - Estadual - 42,73
39. RIO BRANCO - LOURIVAL PINHO - Estadual - 42,71
40. RIO BRANCO - PROF. HELOÍSA MOURAO MARQUES - Estadual - 42,54
41. RIO BRANCO - INSTITUTO DE EDUCAÇAO LOURENÇO FILHO - Estadual - 42,42
42. ASSIS BRASIL - PROF. IRIS CELIA CABANELLAS ZANNINI - Estadual - 42,09
43. CAPIXABA - ARGENTINA PEREIRA FEITOSA - Estadual - 42,03
44. RIO BRANCO - HUMBERTO SOARES DA COSTA - Estadual - 42,02
45. RIO BRANCO - PROF BERTA VIEIRA DE ANDRADE - Estadual - 41,81
46. RIO BRANCO - DR SANTIAGO DANTAS - Estadual - 41,79
47. CRUZEIRO DO SUL - MARCILIO NUNES RIBEIRO II - Estadual - 41,72
48. CRUZEIRO DO SUL - CRAVEIRO COSTA - Estadual - 40,63
49. PORTO WALTER - BORGES DE AQUINO - Estadual - 40,46
50. MANOEL URBANO - NAZIRA ANUTE DE LIMA - Estadual - 40,38
51. ACRELÂNDIA - SANTA LÚCIA III - Estadual - 39,85
52. PLÁCIDO DE CASTRO - SÃO LUIZ GONZAGA - Estadual - 39,52
53. JORDÃO - JAIRO DE FIGUEIREDO MELO - Estadual - 39,02

terça-feira, abril 28, 2009

Para eles, meus alunos

Desde 1990, realizo a comunhão entre um bom filme e uma boa literatura para meus alunos. De lá para cá, são longos 19 anos. De lá para cá, minha paixão por essa comunhão tornou-se madura, tornou-se mais intensa.
Sábado, dia 2 de maio, assistiremos, em um ótimo espaço da Biblioteca do Estado, ao filme O Carteiro e o Poeta.

Por que oferto a teus olhos, aluno, esta película?

Para você crer na vida. Para você ver e ouvir o que Faustão ou Sílvio Santos ocultam aos domingos. Para você se sensibilizar. Para você crer na amizade entre dois homens, para crer na honra do amor por uma mulher, para crer na dignidade da morte, para crer na ação transformadora da poesia. Repito: para crer na vida.

Fique atento ao carteiro, homem simples, pouco alfabetizado, ser humano que em sua bicicleta levará cartas, digo, palavras ao poeta Pablo Neruda. No começo, ele, na condição de carteiro, carregará as palavras; porém, em outro momento, por causa do poeta, ele será carregado por elas para chegar à sua amada. A poesia o conduzirá para anular a brutalidade dos homens.

Para tanto, para chegar ao poeta, para entregar as cartas, ele, com a bicicleta, sobe um morro, ou seja, a poesia encontra-se no alto para o carteiro, claro, elevar-se.

Assista, não passa na Tela Quente.

segunda-feira, abril 27, 2009

Não nãO nÃo não NãO NÃO

Com a Reforma Ortográfica, não há mais hífen depois de não. Antes, se houvesse um prefixo antes da palavra, colocava-se não com hífen. Se escrevíamos ametal, registrávamos não-metal.

Pois bem, consultando o novo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), hífen depois de não deixa de existir. Agora, escreve-se não metal.

domingo, abril 26, 2009

Olhos do Rio Grande do Sul

"O prédio é o da Biblioteca Pública, no centro de Porto Alegre, uma construção da década de 10,
durante os governos positivistas. O exterior consta nichos com o calendário positivista", palavras de minha amiga virtual.

Seus olhos são do Rio Grande do Sul e encontraram na rede minhas palavras lançadas do Acre.

Professora da rede estadual, os olhos a que eu me refiro pertencem à Ivone Bengochea, uma amiga virtual que leciona Filosofia no ensino médio e na faculdade. Seu olhar sobre o PT gaúcho, sobre o PSDB. Uma entrevista breve como uma piscada.

Sem aspas, ela fala.

Eu coordeno o Centro de Estudos de Filosofia e Humanidades, o Pensare. Nasci no município de Rio Grande, num lugarejo chamado Corujas, talvez o destino tenha me guiado para a Faculdade de Filosofia. Meu avô era escrivão, registrava tudo e me ensinou a gostar da palavra escrita.

Abin
-Agência Brasileira de Inteligência
Moro em Porto Alegre, desde do final da década de 70, vivenciei o calor da luta pela liberdades democráticas, onde aprendi muito, participei da primeira greve do magistério, em 1979, tudinho registrado na ficha da Abin.

Amigos
Percorri o Brasil nos encontros de professores e na luta pelo retorno obrigatório da Filosofia e da Sociologia. Gosto de andar pelas ruas da cidade, de conversar com os amigos no café - sou movida a amigos, não sei viver sem eles.

Trabalhei na escola pública por 25 anos, paralelamente no ensino privado universitário. Atualmente, sou pesquisadora e oficineira e presto assessoria na área do ensino de filosofia e do potencial das cidades como espaços educativos. Algumas coisinhas publicadas e outras à procura de um editor

LÍNGUA - No Rio Grande do Sul, houve um período em que o PT governou. Foi então que perguntei sobre quais transformações o PT realizou na escola pública.
Sobre a vida, eu deponho à esquerda. O PT representou a esperança, o alento da nossa geração na caminhada pela democracia. Quando o PT ganhou a prefeitura, a cidade, aconteceram transformações interessantes: o orçamento participativo, grandes eventos na área da cultura, criação de espaços públicos de discussão. A rede pública municipal foi ampliada, com experiências educacionais inovadoras como o construtivismo e o sistema de ciclos etc. As escolas municipais ficam na periferia urbana, em comunidades muito carentes. Cumprimento do plano de carreira que a gestão anterior tinha deixado. No estado, quando o PT assumiu a educação, deixou a desejar, não foi exitosa como a da Prefeitura. Dói muito lembrar o que aconteceu.

LÍNGUA - Hoje, qual o salário de professor?
Tanto no Estado como no município, a carga horária é de 20 e 40 horas. Um professor do município de Porto Alegre inicia sua carreira, com 20 horas semanais, em torno de 1.200,00. Mesmo sendo um salário razoável, o fim da bimestralidade (retirada ainda no último governo do PT) tem causado desgaste econômico. No Estado, o professor inciante recebe em torno de 500,00 por 20 horas, existe um estratagema chamado parcela autônoma que complementa para não ficar abaixo do salário mínimo. O último governo do PT na prefeitura retirou a bimestralidade, foi um dos desgastes da gestão petista.

LÍNGUA - Se o PT realizou um trabalho tão bom em Porto Alegre, por que tem perdido eleições?
Uma pergunta complexa é muito difícil de responder, vou tentar. A cultura e a política gaúcha foi muito influenciada pelo Positivismo de Augusto Comte, aqui e no Rio de Janeiro tem templo positivista, onde se cultuam a doutrina positivistas. Temos registros iconográficos como monumentos, arquitetura e governos como Julio de Castilhos Borges de Medeiros, a nossa Constituição até 1989 era nitidamente castilista. Getúlio Vargas era influenciado pelo positivismo. Se, por um lado, tivemos movimentos pela Legalidade, por exemplo, existem forças ultraconservadoras. Geisel, Costa e Silva eram gaúchos, Figueiredo estudou no Colégio Militar de Porto Alegre, o general Golbery também. Porto Alegre, como as demais capitais, era área de segurança, o primeiro governo eleito pós-64 foi o de Collares, PDT, em 1985, populista mas autoritário, depois veio o PT. Foi uma aposta que deu certo. Mas, nos 16 anos, muita coisa aconteceu. O poder é afrodisíaco, muitos militantes deslumbraram-se, aproveitaram e esqueceram que existe a roda inexorável do poder. Uns ganham, outros perdem. Não leram Maquiavel certamente ou leram mal. O governo Lula teve reflexos negativos por aqui. O PT se isolou, correu sozinho. A oposição se uniu: PMDB, PDT, PTB, PSDB, PPS, Democratas contra PT e o minúsculo PC do B. Ganharam e reelegeram o Fogaça. O PT é ainda uma força política considerável, mas precisa costurar as alianças para retornar ao governo do Estado.

LÍNGUA - Como tem sido o governo atual do PSDB?
O PSDB não é partido grande aqui no Estado, ganhou com a s alianças e o isolamento do PT. A Yeda Crusius sempre foi uma deputada conservadora, não tem trajetória como o José Serra. É autoritária, seu governo é permeado pela polêmica interna,ela e o vice José Feijó dos Democratas são adversários. Desde que assumiu trocou várias vezes o secretariado, alguns assessores diretos indiciados em corrupção como a do DETRAN. A Brigada Militar é extremamente repressiva com os movimentos sociais. Professores, sindicalistas, os sem-terra tiveram confrontos resultando em pessoas feridas. O plantio desmedido de eucaliptos tem devastado o ambiente, enfrentamos catástrofes ecológicas com estiagem etc. Na educação, o confronto é direto com investidas pela modificação do plano de carreira, fechamento de escolas, salas de aulas lotadas, falta de professores em várias disciplinas. A secretária de Educação é a professora Mariza Abreu, ex militante política e dirigente do CPERS-Sindicato. Ironia.

sábado, abril 25, 2009

Ufac e a alegria das gratificações


TCE condena ex-reitor e assessores a pagar multas que chegam a R$ 27 mil

De Freud Antunes

O Tribunal de Contas da União (TCU) condenou o ex-reitor da Universidade Federal do Acre (Ufac) Jonas Filho e seus assessores a pagar multas que chegam a R$ 27 mil. O motivo do castigo seria o descumprimento da ordem de realizar um levantamento dos pagamentos irregulares da gratificação chamada vantagem pessoal nominalmente identificada (VPNI).

De acordo com os auditores do órgão fiscalizador, o benefício que era dado a todos os servidores de funções comissionados (FC) e de funções gratificadas (FG) rendeu um prejuízo de R$ 22.952.413,77 aos cofres da instituição de ensino entre os anos de 2006 e 2008.

As gratificações estavam sendo oferecidas de forma indiscriminada, o que foi averiguado pelos técnicos do TCU, que solicitaram que Jonas Filho tomasse providências em 2005.

Na época, o reitor pediu um prazo maior que o oferecido pelos técnicos, o que foi acatado, mas o levantamento e a suspensão não foram realizados. O gestor então foi cobrado novamente.

Para mostrar que o caso estava sendo apurado, o representante da Ufac determinou a abertura de processo administrativo, criando uma comissão composta por Rosemir Santana de Andrade Lima, Rosemary de Almeida Gomes, Roberto Feres, José Ronaldo Melo, Falbernandes Mendes de Farias e Pedro Ferreira Cavalcante Filho, que não conseguiram concluir o estudo.

Os auditores voltaram a cobrar o reitor, que apontou o grupo de servidores como responsáveis pelo trabalho de cálculo das gratificações.

Cobrado pelo TCU, o presidente da comissão, Falbernandes, informou que o tempo oferecido para o levantamento seria insuficiente, pois a averiguação estava sendo realizada de forma individual, atingindo todos os contracheques.

A resposta não foi acatada pelos técnicos do tribunal, que encaminharam o caso ao ministro-relator do processo, Aroldo Cedraz.

Com isso, o relator decidiu que a atual reitora da Ufac, Olinda Batista, terá 30 dias, a partir do dia 25 de março, para realizar o levantamento do prejuízo e suspender os pagamentos.

Aroldo Cedraz ainda determinou que o caso das irregularidades no pagamento das gratificações deva ser incluído na prestação de contas de 2009 da instituição de ensino.

Enem

Em 1911, boa memória era sinônimo de inteligência. Até dá para entender. Naquela época, quando o governo brasileiro tornou o vestibular obrigatório para universidades públicas e particulares, conhecimento era coisa para poucos.

Ter um baú de informações na cabeça já permitia a qualquer um ser pelo menos um bom profissional. Então não era surpresa que os vestibulares se preocupassem em testar basicamente a capacidade de memorização. Um século e muita decoreba depois ela continua sendo uma habilidade louvável, mas não é nem nunca foi a mais importante – só a mais fácil de testar numa prova.

Coisas fundamentais, como o raciocínio e a criatividade, ainda são menos levadas em consideração do que deveriam na hora de selecionar quem entra na universidade. Não é de espantar, então, que muita gente deseje a morte dos testes tradicionais.

E não é desculpa de estudante burro: o próprio Albert Einstein dizia que a obrigação de decorar fórmulas foi a maior, e mais inútil, tortura pela qual passou na vida. Por isso mesmo todo mundo interessado no assunto vibrou quando o Ministério da Educação anunciou uma nova versão do Exame Nacional do Ensino Médio para substituir e unificar as provas das universidades federais.

A exemplo do Enem antigo, ela promete exigir muito mais análise e raciocínio lógico do que informação bruta a ser decorada. Está aí a solução para o tormento? Vamos ver. O MEC admitiu que inspirou-se no americano SAT (sigla em inglês para Teste de Medição Escolar), que é aplicado 7 vezes por ano (por enquanto aqui é só uma, mas a ideia é alcançar 7 também).

Em duas versões: uma de raciocínio, que avalia matemática, leitura crítica e redação, e outra que testa o aprendizado de matérias específicas – física, história etc. Ambas reconhecidas pela qualidade das questões, que obrigam o aluno a de fato raciocinar. Mas a grama do vizinho não é tão verde assim.

Apesar de bem formulado, o SAT é o terror mais profundo dos estudantes. Igualzinho ao que ocorre aqui, existe por lá toda uma indústria de cursinhos especializados em dicas e macetes para que os alunos se saiam bem nas provas. E há quem garanta que são necessários anos para esquecer o trauma do exame.

Os chineses que o digam. Por lá, a pressão para se sair bem em uma prova semelhante, que também é unificada e ocorre uma vez por ano, é tão forte que o vestibular está entre as causas das altas taxas de suicídio no país, de até 3,5 milhões de pessoas por ano. Na Dinamarca, a prova simplesmente não existe: o que conta são as notas obtidas durante todo o ensino médio.

Se o curso pretendido é engenharia, os examinadores levam mais em conta as notas do candidato nas aulas de matemática. Se a ideia é cursar letras, não tem muita importância ter passado raspando em química por 3 anos. Um sistema correto, mas também desesperador: quem é bom, mas repetiu o 1º colegial por alguma bobeira de adolescência, pode se complicar na hora da seleção.

Como não dá para voltar no tempo e mudar as notas, o jeito é mudar de país. Quem sabe para a Argentina, a Bélgica ou a França. Nesses, o acesso é garantido sem vestibular nem currículo: basta ter um diploma de nível médio, pelo menos para entrar nas faculdades menos concorridas (é o que acontece na prática por aqui também, já que os “processos seletivos” de algumas das nossas particulares permitiriam a matrícula de um babuíno).

Mas o acesso automático não garante nada em alguns casos: na Argentina, ao fim do primeiro ano de curso, há uma prova para decidir quem segue na faculdade ou não. Entre as universidades mais disputadas do mundo, o método é mais complexo. É o caso das que fazem parte da Ivy League, o grupo das 8 americanas de elite (entre as quais Yale, Harvard, Colúmbia e MIT).

Elas até levam em conta as notas do SAT, mas também avaliam currículos, exigem cartas de recomendação, fazem entrevistas pessoais... até a personalidade do candidato entra em jogo. Tudo conta: participação em grêmio estudantil, viagem de mochilão, trabalhos comunitários... Na Universidade de Colúmbia, por exemplo, o que os examinadores olham mesmo são os trabalhos que o candidato desenvolveu na escola nos 4 anos anteriores.

Para conquistar uma vaga no MIT, entre outras coisas o aspirante precisa fazer uma lista das 5 atividades mais importantes que considera já ter feito na vida. E pode ainda optar por falar sobre isso ao vivo, em uma entrevista com um examinador da universidade, o que pode aumentar significativamente as chances de admissão.

Tudo isso, por sinal, não existe só para o bem do aluno. Mas para o da própria instituição. Um diploma de Harvard foi importante para a carreira de Barack Obama. Mas ter formado um Barack Obama que virou presidente é ainda mais valioso para Harvard, pois aumenta o prestígio que a universidade já tem.

Daí a importância de uma seleção realmente precisa. Mas claro que, por melhor que seja, o novo Enem não vai transformar nossas federais em Harvards. Será apenas mais justo que os vestibulares-decoreba de sempre. Mas, se você acha que isso vai deixar as coisas mais fáceis, pode tirar o gabarito da chuva.

Neste ano, cerca de 5 milhões de estudantes vão concluir o ensino médio no Brasil, mas há menos de 300 mil vagas nas faculdades públicas, as mais concorridas. Nos 5 cursos mais disputados das 5 universidades top de linha, são só 1 300 vagas. Um baita funil, que vai continuar duro de atravessar.

Além disso, não importa o quanto o vestibular, ou mesmo a educação como um todo, melhore: sempre vai haver um punhado de instituições preferidas por alunos, professores e pelo mercado de trabalho. O caso dos EUA é emblemático: entre as mais de 4 mil universidades de lá, só aquelas 8 são objetos de desejo para valer. E, se é numa das favoritas que alguém quer entrar, não tem jeito: vai ter que ralar para mostrar mérito. Ainda bem.

sexta-feira, abril 24, 2009

Deputado se defende de acusação de emitir passagens para o exterior

De Freud Antunes

O deputado Nilson Mourão (PT) se defendeu na manhã de ontem da acusação de concessão de passagens aéreas para o exterior à sua filha e a seus amigos. A denúncia foi divulgada na edição do jornal A TRIBUNA desta sexta-feira.

O parlamentar afirmou que decidiu doar os tíquetes apenas para ajudar Cláudio Ezequiel Passamani e Luziane de Souza Santos que foram para Paris, França.

O legislador ainda afirmou que a viagem de sua filha Lidiane Mourão foi realizada por meio de milhagens, mas, mesmo com essa resposta, ele não informou como o nome dela foi parar na lista publicada pelo sítio www.congressoemfoco.com.br

O parlamentar ainda informou que a sua ida para Caracas, Venezuela, foi uma missão oficial, autorizada pela mesa-diretora da câmara e que acabou sendo descrita em um relatório publicado na internete.

Na relação, o deputado aparece com a emissão de cinco passagens, deixando o parlamentar em segundo lugar no Acre. O primeiro lugar ficou com Ilderlei Cordeiro (PPS), com seis viagens autorizadas. A Perpétua Almeida (PC do B) autorizou apenas a ida para Buenos Aires, Argentina.
Todos os casos foram notificados entre 2007 e 2008.

De acordo com o Congresso em Foco, dos 513 deputados, 261 realizaram turismo em outros países.

Com a falta de controle, a câmara desembolsou R$ 4.765.946,91 com o benefício, sendo que desse total foram gastos R$ 1.744.388,93 com taxas de embarque.Na contabilidade, foram 2 mil trechos para 13 destinos diferenciados.

quinta-feira, abril 23, 2009

Ministro Joaquim Barbosa

Quando o tempo estiver a favor, içarei uma pequena vela para escrever neste mar virtual um breve texto sobre o que ocorreu no Supremo.

Falta a nós um CQC

Hoje, à tarde, conversando com um jornalista acriano, ele disse-me que a Assembleia Legislativa não trabalha e, como prova, tem acompanhado as sessões.

"É a assembleia mais cara do Norte, sendo que o Acre é o menor Estado da região, esses caras não trabalham e ganham muito." Ele prepara um material para publicar na rede.

Infelizmente, nem sítios (site) e muitos menos blogues monitoram a produção da assembleia. Não há um acompanhamento apurado com requintes de inteligência. Creio que um sítio bem criativo poderia registrar com fatos e com críticas saborosas o que deputados pensam, aprovam, defendem, criticam, sem a necessidade de atualização diária.

Para leitores virtuais, faltam matérias incomuns sobre o Poder Legislativo com textos bem criativos. Guardadas as devidas comparações, a falta um CQC acriano na rede.

Falta..
.

segunda-feira, abril 20, 2009

Blog ou blogue?

No último domingo, por volta das 9 horas, o telefone tocou. Quando atendi, uma voz masculina disse “seu revisor de merda, A TRIBUNA é o único jornal do país que publica blogue, será que não sabe que o correto é blog?”.

Óbvio que nós, brasileiros, somos falantes da LÍNGUA portuguesa. Nossa identidade linguística difere-se da LÍNGUA inglesa. Blog, como sabemos, pertence à cultura norte-americana e inglesa. Trata-se, portanto, de um micro-organismo gráfico estranho a um corpo social que fala português.

Há duas semanas, comprei o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), da Academia Brasileira de Letras, páginas que deveriam estar sobre a mesa de nossos jornalistas. Os imortais registraram blogue, não prevalecendo, pois, a grafia inglesa em minha LÍNGUA-PÁTRIA.

Ao longo dos anos, aprendi a olhar algumas palavras não só como estrangeiras, mas como indivíduos forasteiros que invadem com nosso consentimento a cultura linguística de minha amada Pátria. Em Lisboa, não há um só comércio com nome inglês. Por pertencer à cultura inglesa, os portugueses nem falam e muito menos escrevem gol mas golo. Com efeito, não dizem goleiro, e sim guarda-redes. Na França, seus falantes escrevem Hollywood como a palavra é pronunciada em francês. Por que isso ocorre? Entre outras, esta resposta: guerras contra a dominação de uma nação sobre a outra na história do continente europeu.

No Brasil - e aprendemos com o padre José Anchieta desde 1587 -, o processo de colonização da igreja católica infiltrou-se nas palavras do povo tupi para alterar o comportamento desses nativos. Sei que o inglês blog não alterará nosso comportamento, porém me sinto bem quando visto essa palavra com as roupas de nosso significante: b-l-o-g-u-e. Se fôssemos portugueses, substituiríamos blog por bolha; se fôssemos lusitanos, escreveríamos sítio e não site. Por que não escrevemos? Porque fomos colonizados; e os portugueses, colonizadores.

Em Rio Branco, o governo do Estado, que não é inglês ou norte-americano, nomeia um espaço do Parque da Maternidade com a grafia “circuito skate”. Se a palavra já foi aportuguesada, se já existe a conversão, o governo deveria ter registrado “circuito esqueite”. O aportuguesamento é um processo natural, mas alguns insistem na norte-americanização de nosso idioma.

Como escrevi antes, a Academia Brasileira de Letras registrou blogue no VOLP; entretanto – e aí eu não entendi – deixou a grafia internet. Quem registra internete é o gramático Celso Pedro Luft. Se nomes consagrados aportuguesaram, não há sentido manter a escrita segundo a cultura de outro país. Já pensou se nós escrevêssemos faux-bourdon e não forró? E se ainda registrássemos shampoo e não xampu? Pena que não há registro oficial de xou para substituir show, mas podemos escrever espetáculo no lugar da palavra inglesa.

“É bom saber que você está preocupado com a forma de escrever”, e desliguei o telefone. É preciso muita paciência com os alfabetizados funcionais.

Uma nova escola pública

Durante um bom tempo, a escola estadual Heloísa Mourão Marques rastejou-se à margem da competência administrativa. desordem e indisciplina, tudo por causa do desinteresse de gestores, deixaram a escola com uma péssima imagem.

Hoje, a escola HMM é outra. O Instituto da Cidadania Brasil e a CNI-Sesi premiarão a Heloísa com Honra ao Mérito por causa do projeto escolar A Importância da Água para Sobrevivência da Espécie Humana.

Esse projeto envolveu seis disciplinas: Português, Biologia, Química, Geografia, História e Artes. Heloísa é oura escola.

sábado, abril 18, 2009

O que posso fazer?

Que olhar triste. Magro, no final da tarde, os 9 anos de Aires pedem sempre perto da porta da panificadora Bessa, rua Rio de Janeiro, Floresta. "Vou comprar pão para você." "O senhor não pode comprar leite?". À tarde, compro pão para mim e, para ele, leite e pão. É muito pouco, é o que posso fazer.

Queria ser promotor para sair em coluna social, acho muito chique. Na foto, o promotor Aldo e Aires. Pena, não sou promotor. Não passo de um professor. E Aires, de um pedinte sem infância.

Volp ou VOLP














Na edição de hoje do jornal A TRIBUNA, registrei "blogue" e não "blog". Na semana passada, minhas mãos receberam o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), da Academia Brasileira de Letras.

Quando abri suas páginas, os imortais deixaram registrado "blogue".

quinta-feira, abril 16, 2009

Blogue aberto ao deputado Moisés Diniz

Deputado, antes de mais nada, não farei uso do pronome de tratamento; minha sinceridade será informal.

Sua resposta a meu texto publicado na TRIBUNA e neste inexpressivo blogue fugiu à questão, qual seja: a morfologia de uma palavra segundo a escola e não conforme os políticos.

Pois bem, digo-lhe que não conto com a oposição acriana para enriquecer a democracia ou as ideias apaixonantes sobre qualidade de ensino porque essa oposição padece de anencefalia. Mais: ela perdeu o mouse da história. A sociedade civil, por sua vez, encontra-se em letargia. E o movimento sindical parou.

Restou a mim, ainda, a Frente Popular, digo, os representantes da multiesquerda que habitam nesse grupo político. Entretanto, erguida por mortais, duas esquerdas, PT e PC do B, apresentam falhas e contradições.

De tão crítica, ela agora só se elogia. Você mesmo, Moisés, elogia-se e elogia a Frente Popular quando escreveu sobre educação pública para se opor ao que eu escrevi. Há quase 12 anos no poder, o discurso sobre educação pública petrificou-se; você, entretanto, não percebeu essa paralisia.

Abaixo, tecerei minhas observações bem pequenas sobre teus argumentos.

Texto do deputado Moisés Dinis (PC do B), líder do governo

Em dois lugares distintos, com o mesmo objetivo, o professor Aldo Nascimento desautoriza a Assembléia Legislativa do Acre a discutir o adjetivo gentílico acreano ou acriano. Veja o que ele diz:

Obs 1: Desautoriza? Deputado, longe de seu circunlóquio, eu fui muito claro "como a água do Saerb" em meu texto. Ora, não posso desautorizar uma instituição quando essa mesma instituição não possui a função social de falar sobre morfologia. À escola, cabe ensinar que "acriano" é a forma correta. Isso está muito claro: aprende-se a escrever na escola e não em assembleias legislativas.


1. “Agora, se deputados desejam escrever “acreano” mesmo com o Acordo Ortográfico, escrevam, mas deixe a escola fora disso, porque não é na Assembleia Legislativa que se aprende a escrever”.

2. “Aos deputados acrianos, digo-lhes o seguinte: lutem na Assembleia Legislativa por um Acre justo, lutem por uma escola pública melhor. "Acriano" ou "acreano" não é da competência de suas sessões, mas da escola. É a escola, com bons professores, que ensina a escrever”.

Estimado professor Aldo Nascimento,

Nós, deputados estaduais do Acre, pedimos desculpa por não termos pedido autorização a vossa senhoria. É que nós aprovamos algumas leis ligadas à educação, sem a vossa devida autorização:

a) Dobramos o salário dos professores, através da aprovação do PCCR, levando o Acre a pagar um salário melhor do que São Paulo;


1. Um exemplo possível. João dos Santos, formado há uma semana, deseja lecionar na rede pública. Ontem, ele se submeteu a um concurso e passou para ser professor do Estado. O novo professor da rede pública encontra-se na letra A. Com um só contrato, seu salário inicial é pouco para manter sua família, uma esposa e um filho. João terá que esperar alguns anos para se submeter a outro concurso e, se passar, assinará seu segundo contrato. Outra questão, o custo de vida em São Paulo não se assemelha ao do Acre;

2. Se o salário de um professor iniciante é tão bom, pague a seu assessor o que um professor iniciante recebe por mês com um único contrato; e

3. Por outro lado, eu, mais de anos no Estado, recebo bem mais do que colegas do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro. Nós, nesse sentido, damos um banho no PSDB e no PMDB. Prefiro ganhar minha vida como professor no Acre a ter que lecionar em escolas públicas gaúchas ou cariocas. Claro que devemos receber mais, porém, havendo bom salário, havendo escolas equipadas, o corpo docente deve se empenhar para obter bons resultados com a Secretaria de Educação. Em outras palavras, mesmo com suas contradições, a Frente Popular deve ficar no poder até quando não souber se superar. E espero que sempre se supere.



b) Aprovamos a implantação do ensino médio nos municípios isolados;

1. Eis aqui a função da assembleia: legislar. Mas o que tem a ver isso com morfologia?

c) Instituímos a isonomia salarial;

1. Eis aqui a função da assembleia: legislar. Mas o que tem a ver isso com morfologia?

d) Aprovamos os cursos de nível superior para todos os professores do Acre, incluindo os professores rurais e indígenas;

1. Eis aqui a função da assembleia: legislar. Mas o que tem a ver isso com morfologia?

e) Aumentamos de 25 para 30% os recursos destinados à educação, um exemplo para o Brasil;

1. Eis aqui a função da assembleia: legislar. Mas o que tem a ver isso com morfologia?

f) Autorizamos a reforma e a reconstrução de nossas escolas, tornando-as belos lugares de produção do saber.

1. Eis aqui a função da assembleia: legislar. Mas o que tem a ver isso com morfologia?;

2. Sua defesa da educação pública acriana, como eu disse antes no início, petrificou-se no tempo porque não aponta novos caminhos. A esquerda é mais do que reforma escolar, mais do que aumento salarial; e

3. Moisés, qualidade da disciplina LÍNGUA Portuguesa passa pela gestão escolar? A democracia escolar não precisa ser aprimorada? Não é preciso redefinir as funções do coordenador de ensino? A escola pública não deveria ser administrada por quem é formado em administração?

E não podemos discutir a nossa própria memória lingüística?

1. Deputado, a questão, primeira, é a palavra em si, ou seja, sua morfologia, sua lógica interna, o que se ensina na escola, na faculdade.

O que é isso, professor?

1. Deputado, avançamos muito, nossos índices educacionais estão melhorando, reconheço e elogio. Aquele Acre, não quero revê-lo outra vez na Secretaria de Educação. Isso, entretanto, não exclui minhas críticas, que devem ser sensatas e éticas; e

2. Só criticamos quando, pelo menos para mim, sabemos que o criticado tem capacidade para melhorar ainda mais. Em um passado recente, eu não criticava: ria deles, dos desgovernos. Nunca ri da Frente Popular. Quanto à sua condição de deputado, acredite, eu aprecio seu caráter, sua fome de justiça, sua integridade como homem público; mas, como digo, eu amo minha mãe, e critico-a, reconhecendo suas virtudes.

quarta-feira, abril 15, 2009

Texto jornalístico

Lixeiro de Redação de jornal, eu, um revisorzinho, não passo disso. Quando o vacilo gramatical do repórter passa, sou ridicularizado. "Olha só o que o Aldo fez" embora eu não tenha escrito.

Se sai tudo bem, texto limpo, as glórias pertencem ao jornalista que erra demais. O revisor existe, portanto, para sustentar a vaidade do jornalista: "Fui eu que escrevi." E o revisor retifica: "Fui eu quem escreveu."

Entre os textos corrigidos por mim e os erros que são publicados, há uma distância enorme. O revisor também existe para o jornalista não passar vergonha.

Abaixo, em dois parágrafos, muitos equívocos não foram publicados no jornal impresso, talvez poucos. Minha obrigação, e a obrigação do jornalista é escrever muito bem para eu ficar desempregado.

O Acre é o quinto Estado no ranking de exploração da mão de obra infantil. O Estado fica atrás apenas do Tocantins, Rondônia, Piauí e Maranhão. De acordo com dados revelados ontem durante entrevista coletiva com o procurador do trabalho, Bernardo Mata, mais de trinta mil crianças e adolescentes, com idades entre cinco e dezessete anos, são explorados, de forma direta ou indireta, no trabalho infantil.

De acordo com o procurador, a própria Constituição Federal proíbe que pessoas com menos de 17 anos exerçam qualquer tipo de trabalho, nos quais não estejam na condição de aprendiz. Só que essa norma não é respeitada, o que resulta em, aproximadamente, quatro milhões e oitocentos mil adolescentes e crianças inseridas no mercado de trabalho.

terça-feira, abril 14, 2009

Reposição de aula

Sindicalista tem hábito de pensar que professor é burro. Para mim, o hábito da fala não é verdade. Serei claro: "professor não entra em greve". Não? Claro que não, "professor repõe aula". Sindicalista me cansa.

Sinteac promete greve para maio
De
Freud Antunes

Com a falta de um acordo entre governo do Estado e servidores, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sinteac), Manoel Lima, disse que a categoria poderá entrar em greve por tempo indeterminado a partir do dia 12 maio.

A informação sobre a mobilização foi dada na manhã de ontem durante uma assembleia com diretores e com gestores de escola no Colégio Acriano.

De acordo com o sindicalista, em assembleia, os professores e funcionários administrativos decidiram que a greve será deflagrada se não houver uma proposta por parte dos gestores.

“Vamos parar no dia 24 deste mês como advertência, e a categoria já decidiu organizar outra mobilização também em maio, podendo ser uma greve por tempo indeterminado”, confirmou Manoel Lima.

O presidente do Sinteac informou que, ao todo, foram apresentadas 14 reivindicações aos técnicos que representam o Estado e as prefeituras, mas até o momento não houve resposta.

“Queremos a aplicação do piso nacional de R$ 950 para professores com ensino médio, um salário inicial de R$ 550 para os trabalhadores administrativos, que atualmente recebem menos de um salário-mínimo, ou seja, R$ 420”, detalhou Manoel Lima.

Nas propostas da categoria, ainda está à volta do pagamento da gratificação de 30% sobre a regência, benefício similar de 30% aos técnicos, o reenquadramento e o reajuste salarial de acordo com as inflações de 2007 e 2008.

segunda-feira, abril 13, 2009

Qual o diagnóstico da redação?

De Aldo Nascimento
Na semana passada, a Secretaria Estadual de Educação aplicou uma avaliação diagnóstica no ensino médio para as disciplinas Língua Portuguesa e Matemática. Li as provas de Língua Portuguesa e, entre as questões, a ausência de produção textual. A secretaria não elaborou uma questão sequer relacionada à redação. Os alunos não escreveram.

No Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e no vestibular da Universidade Federal do Acre (Ufac), há redação; porém, no Programa de Avaliação Diagnóstica, a Secretaria Estadual de Educação não quis que alunos do ensino médio escrevessem, sabendo que as redações de nossos alunos são muito ruins por causa de um sistema que funciona para o aluno não escrever e não reescrever em sala de aula.

Se tivesse sido diagnosticada pela secretaria, saberíamos quais os problemas e as soluções para a redação. Isso, entretanto, foi ignorado pelos profissionais da secretaria, e nós sabemos que a redação representa um problema muito sério na rede pública de ensino.

Resta-me supor. Aplica-se uma prova de redação para diagnosticar a produção textual de nossos alunos. No primeiro ano do ensino médio, diagnostica-se que mais de 90% de nossos estudantes ignoram o uso correto da vírgula e do ponto contínuo. Com a avaliação diagnóstica em mão, a secretaria então elabora um material com problemas redacionais de alunos do primeiro ano do ensino médio. Depois, entrega esse material a cada gestor escolar do último ciclo do ensino fundamental, determinando que professores não permitirão que alunos cheguem ao primeiro ano do ensino médio sem saber usar vírgula e ponto contínuo. No ano seguinte, outra avaliação diagnóstica constatará se a escola conseguiu ou não ensinar aos alunos o uso correto da vírgula. Caso consiga, os professores receberão um abono, o que muito mais difícil.

Entretanto, como a secretaria ignorou por meio de sua consultoria a produção textual na prova diagnóstica, a redação na rede pública permanece sem rumo. Se houvesse avaliação diagnóstica de redação, mapear-se-iam problemas textuais no ensino médio. Sem cartografia, repito, a redação na rede pública encontra-se sem rumo.

Não só a produção textual, a Literatura também perdeu seu rumo na rede pública de ensino. Em verdade, nunca houve Literatura entre as quatro paredes de uma escola estadual, mas tão somente história da Literatura. Na condição de texto ficcional, o que desejamos com a Literatura no ensino médio?

Em sua avaliação, prova do primeiro ano, a secretaria pede ao aluno que releia o poema - na mesma questão chama de poesia – para que ele “indique a opção que identifica o número de estrofes e versos que compõem o poema”. Qual a relação dessa questão com a gramática no texto? Com essa questão, o que pretendemos com a disciplina Literatura no ensino médio? Será que é aprender a contar?

Há quase 12 anos na Secretaria de Educação, a Frente Popular nunca proveu um encontro entre professores de Literatura e de Língua Portuguesa para apresentar problemas e soluções. Indiferente a esses profissionais, paga-se a consultores e a professores, por exemplo, de São Paulo e do Rio de Janeiro para que falem enquanto professores estaduais permanecem emudecidos.

Avaliação diagnóstica. Mas quem avalia as ações da secretaria? Não há equívocos? Um deles, este: não ouvir seu corpo docente.

Ronda Gramatical

Nesse feriado santo, a vida de Particípio Regular de Jesus, de 33 anos, transformou-se em um inferno. No conjunto Esperança, seu corpo foi encontrado com um tiro na língua. Pai de cinco filhos, ele era casado com Maria das Virtudes, de 23 anos.

Conforme testemunhas, Leandrinho, elemento que jamais pisou o chão de uma escola, analfabeto de pai, de avô e de bisavô, discutiu com Particípio no bar do Gerúndio depois que o marginal, à margem da gramática, disse que Particípio pagou de forma errada uma dívida.

“Leandrinho disse que ele não tinha pago uma dívida de R$ 20, era uma dívida de sinuca, de um jogo que aconteceu no dia 25 de dezembro do ano passado ”, lembra Everaldo Nunes, um dos que se embriagam no bar.

Quando o marginal disse isso, Particípio perdeu a paciência. “Seu inculto, não é tinha pago, o correto é tinha pagado”, e disse mais. “Você não diz tinha morto, tinha vivo, tinha falo, tinha compro, tinha pago; mas você, seu ignorante, diz tinha morrido, tinha vivido, tinha falado, tinha comprado, tinha pagado.”

Contrariado, sem condições de colocar a mão em Celso Cunha ou em Evanildo Bechara, Leandrinho meteu os dedos em um 38, cano longo. Bastou um tiro na língua para Particípio cair morto. Leandrinho fugiu.

“Não podemos deixar que um marginal, ainda mais ignorante, fique solto depois de matar um pai de família, um trabalhador, um acriano que conhecia muito bem os segredos da gramática”, afirmou o tenente Pasquale.

TV anticultura

Pessoal,
gostei que fosse trazido este asunto das TV's Educativas.

Aqui no Rio Grande o governo do Estado pretende que a TVE TV Educativa e a FM Cultura sejam emissoras dos Gaúchos. para isso pretende que elas se igualem com as emissoras privadas, talvez agregando à programação futebolística, também, os programas de auditório, tipo faustão & Cia.

O orçamento para a Fundação Piratini, que gerencia a TVE e a FM Cultura é irrisório e já estão veiculando comerciais, a exemplo da TV Cultura.

Aqui a TVE está quase que só retransmitindo os Programas da TV Cultura. Menos Mal. Ultimamente, colocaram às segundas-feiras um programa de comentários e atualidades de futebol da terra às 20h00, tipo o que a Cultura transmite às quintas-feiras, também nesse horário.

Do modo que vai em breve teremos futebol, "faustão", pegadinhas e sei lá mais o que. Além, é claro, de reclames das casas bahia!!!!!!!!!

Por último, e não por isto menos importante, tem coisas muito positivas: o programa infantil Pandorga (premiadíssimo) a nova série juvenil Tudo que é Solido Pode Derreter e o debate Direito & Literatura que está voltando no seu segundo período. Bem vindos.

Sidnei

domingo, abril 12, 2009

A crise e as despesas

A Assembleia Legislativa do Acre é uma das mais fechadas do país quando o assunto é "gasto público".

No sítio Transparência Brasil, podemos constatar essa ausência de transparência.

No Acre, infelizmente, não há um trabalho de blogueiros para revelar os gastos da assembleia. Deveria, porque os jornais impressos são indiferentes a isso. Quais são os gastos reais da Assembleia Legislativa do Acre?

A nossa assembleia aumentou seus gastos em 22.7%, a oitava colocação entre as 27 assembleias. Aumentou mais do que Minas Gerais.

A Câmara de Vereadores de Rio Branco não informou ao sítio Transparência Brasil. Leia o motivo:

"No sítio de Internet da Prefeitura (www.pmrb.ac.gov.br/v3/) há apenas a Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2009, mas não a Lei Orçamentária propriamente dita. Contacto telefônico com a Secretaria de Planejamento levou ao Departamento de Orçamento: (68) 3211-2225. A pessoa que atendeu justificou a ausência da LOA 2009 na Internet pela presença de vírus nos computadores da Secretaria. Comprometeu-se a enviar o documento por e-mail, o qual, porém, não foi recebido. Procurado novamente, o funcionário atribuiu o extravio do e-mail também à presença de vírus nos equipamentos. Foi solicitado então que se enviasse fax com o documento, mas, alegando grande volume de trabalho, o funcionário disse que tentaria mais uma vez por e-mail. Até o final da tarde de quarta-feira (4 de fevereiro), porém, a mensagem não havia sido recebida."

Aumento de gastos com servidores supera inflação
GUSTAVO PATUDA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Despesas com funcionalismo em Estados sobem 25,2% em 2 anos, ante IPCA de 10,6%Nas capitais, avanço foi de 26%, ante 26,2% da União; alta inclui governos do PSDB e do DEM, partidos que atacam expansão da folha sob Lula GUSTAVO PATUDA SUCURSAL DE BRASÍLIA Governadores e prefeitos que hoje fazem lobby por mais um pacote de socorro federal promoveram, nos últimos dois anos de explosão de receitas, uma ampliação dos gastos com o funcionalismo público a taxas bem superiores à inflação do período.

Levantamento feito pela Folha nos Estados, no Distrito Federal e nas capitais aponta uma tendência suprapartidária de aumento das despesas com pessoal, incluindo administrações do PSDB e do DEM -partidos que, na política nacional, atacam a expansão da folha de pagamentos no governo Luiz Inácio Lula da Silva.

A prática nos anos de bonança ajuda a explicar por que a repentina queda da arrecadação, consequência dos efeitos recessivos da crise econômica global, ameaça agora os caixas estaduais e municipais. De 2006 a 2008, os gastos com os servidores do Executivo cresceram 25,2% nos Estados e 26% nas prefeituras das capitais, para uma inflação de 10,6% medida pelo IPCA.

O quadro de pessoal responde pela maior parcela, de longe, dos orçamentos estaduais e municipais -cerca de 51% dos primeiros e de 46% dos segundos, se incluídos todos os Poderes. E, como a legislação só permite a demissão de funcionários públicos em situações excepcionais, trata-se de uma despesa que não pode ser reduzida a curto prazo.

Pelo menos 15 dos 26 governadores elevaram os gastos com os servidores do Executivo em ritmo superior ao da União. Candidato mais bem colocado nas pesquisas à sucessão de Lula, o tucano José Serra responde por um aumento de 25% da folha paulista até o ano passado, praticamente empatado com os 26,2% do petista. No governo mineiro, do também potencial candidato do PSDB à Presidência Aécio Neves, a alta é de 33,2%.

Nas principais vitrines democratas, os percentuais superam a inflação, a expansão do Produto Interno Bruto e os índices federais. Na prefeitura paulistana de Gilberto Kassab, os gastos subiram 29,9%; no Distrito Federal, José Roberto Arruda patrocinou um crescimento de 41,9%.

Descontados os sotaques ideológicos, as explicações para o aumento de gastos são semelhantes -o objetivo foi valorizar recursos humanos, recompor salários defasados e ampliar serviços de saúde, educação e segurança.

"Esse crescimento dos gastos com pessoal é decorrente de reajustes salariais concedidos ao longo de 2007 e 2008 para a polícia militar e civil, professores e servidores da Educação e do ensino técnico, profissionais da saúde, servidores da área meio, pesquisadores científicos, área de apoio agropecuário, agentes penitenciários e de escolta, defensores públicos, procuradores", segundo lista um texto enviado à Folha pelo governo paulista.

A administração da petista Luizianne Lins em Fortaleza, onde o gasto subiu 48,6%, maior taxa entre as capitais, cita entre os motivos "reconhecimento dos direitos dos servidores reprimidos em gestões passadas e aumento do poder de compra dos servidores com ganho reais acima da inflação, recuperando parte significativa da defasagem salarial de dez anos ou mais".

sábado, abril 11, 2009

Blogue aberto ao senador Tião Viana

Senador,

Sou seu eleitor. Um eleitor. Dos milhares de votos que o senhor obteve no Acre, meu voto não passa de UM. Desde já, reconheço minha democrática insignificância. Minha pequenez, entretanto, não se reduz a um voto. Como professor da rede pública de ensino, meu status social não se equipara ao de um médico, ao de um advogado, ao de um político.

Escrever neste blogue, portanto, representa minha incapacidade de interromper, por exemplo, uma ligação telefônica. Ainda sim, o sólido silêncio seria pior. Muito mais do que me incomodar, uma conta telefônica de R$ 14 mil, que seria paga com dinheiro público, debocha da condição de eu ser seu eleitor. Não pensei que meu voto fosse para isso.

No México, curtindo as férias, sua filha gastou R$ 14 mil em 20 dias, e o contribuinte, que não é mexicano, pagaria esse valor caso a imprensa nacional não (des)cobrisse. (Des)coberto, o senhor afirmou que tiraria de seu bolso para pagar. Parcelou.

Senador, o que houve com o PT?

Independente da resposta, eu, seu eleitor, não posso deixar de crer na esquerda, isto é, em partidos que representam os anseios da justiça popular. Ainda sou petista, mas sem DAS, sem adulação, sem amiguinhos no poder; sou petista que leciona em escola pública sem revolução educacional; sou petista que vota em Tião Viana e se decepciona.

Sou um petista... insignificante.

sexta-feira, abril 10, 2009

No Lugar da Reflexão, Jogos

Conforme o interesse do governo, Jorge Henrique, Anibal Diniz e Itaan Arruda programam a TV Aldeia. Aos domingos, tiraram de meus olhos Café Filosófico, da TV Cultura, e, no lugar da reflexão, deram às minhas retinas tão fatigadas jogos de futebol.

Por quase 20 minutos, assisti a uma partida, porém não vi os jogadores porque fiquei interessado pelas arquibancadas vazias. Onde estavam os torcedores do Rio Branco? E os do Nauas? Jogos sem torcidas, ou seja, arrecadação que não paga a iluminação do Arena da Floresta.

Quem paga? O dinheiro público, isto é, o contribuinte. Segundo informação de três jornalistas esportivos, com jogo ou sem jogo, o governo do Estado retira do contribuinte R$ 60 mil por mês para manter o Arena da Floresta. Em um ano, R$ 720 mil. Não custa repetir: vazio, o Arena vale por mês R$ 60 mil para ser sustentado pelo dinheiro público.











Na foto de Debora Mangrich, a miséria de quem torce fora do Arena por justiça social rápida como a jogada de um atacante.











Nesta outra foto de Debora Mangrich, o menino brinca com um pneu porque furtaram sua bola de futebol. Seu sonho, como o de muitos meninos, é ser jogador. Um dia, ele jogará no Arena pelo Rio Branco contra o Juventus diante de uma arquibancada vazia.

Depois, o craque será vendido para um grande time do Rio de Janeiro ou de São Paulo. Como é importante o dinheiro público ser aplicado em prioridades sociais.

Café Filosófico, agora eu entendo, não é prioridade.

segunda-feira, abril 06, 2009

Prazer

De Aldo Nascimento

Criado para ser encontro, o Corpo sussurra na pele do ser apaixonado a mais profunda carência. Sozinho, o corpo seria triste porque negaria sua própria natureza, que é se sentir, sentindo-se, em outro corpo. O Prazer nos alegra!

E é assim que a desejo e é assim que, aos poucos, me aproximo. Em gestos delicados, condenso agora toda emoção em um toque, mas, antes que eu a tocasse, precipitei-me em suor. As mãos gelaram-se. Meu Corpo, orgulhoso, estremeceu-se. Ao te tocar, perceba: fragilizo-me.

Sim, eu sinto. Mais: por meio de ti, eu me sinto. Se não fosse você, sozinha, eu desconheceria a desmedida de minha felicidade, que é, sob os desvios de tuas carícias, sentir minha carne suavizar-se.

Tua pele... na minha... minha carne, já molhada e febril, confessa: ofereces a mim o prazer de estar onde sempre desejei estar – em teu Corpo, lugar-carne que me acolhe; extrai de mim a certeza de que estou viva, imensa, alegre. Quase infinita.

Perceba. Sou oferenda entregue a essa humana carência de ser desejada por ti. Feliz carícia que desliza. Fragiliza-me. Retira-me da solidão. Por causa de ti, faço-me presente para não mais, a mim, pertencer. Olhe, escute-me, eu o amo!

Imerso em suor e entre gemidos, eu, também, a amo, mais ainda quando meu Corpo está em transe, mais ainda quando minha carne se declara insana. Corpo que se contorce. Agiganta-se. Foge ao controle. Rebela-se. Transpira. Geme. Grita. Exagera.

Já pressinto o gozo, sensação de que irei, por alguns segundos, me desencarnar. Minha carne já pode sentir o sabor suado dessa vertigem. Quando gozamos, tenho a impressão de que somos lançados ao não-lugar, restando a essa breve viagem fechar os olhos e... hummmmmmmm! Deus, Deus, milagre!

Agora, após o êxtase, meu Corpo, cansado e feliz, tomba sobre o teu, e, ao teu ouvido, sussurro que, sem você, eu jamais poderia sentir, sozinho, o que senti em minha carne e em meu espírito. Tu foste o caminho por onde cheguei, mais sensível, a mim mesmo. Por meio de ti, sou devolvido a mim muito mais feliz. Só o Outro, você, essa minha diferença, possibilitou o excesso.

Saboreando tua carne, movimentando-me ao seu bel-prazer, vivi a alegria de não mais a mim pertencer. Fui teu. Saborosamente, teu.

sexta-feira, abril 03, 2009

Conselho de Turma













À mesa, professores e alunos no Conselho da Turma 2A. Desde 2004, tenho defendido a criação dos conselhos de disciplina e de turmas, mas uma ideia só vinga quando amigos com-par-tilham-na. Amigo que é hoje coordenador de ensino (professor Gleidson). Amiga que é hoje gestora escolar (professora Osmarina).

Nesta foto, nossa primeira reunião. Pauta: falta e comportamento inadequado de alunos. De forma coletiva, registramos as faltas em cada disciplina para entregá-las ao coordenador.

Destaco a presença de duas alunas: Raíssa e Paloma. Alunos sérios são capitais nestas reuniões, porque poderão apresentar problemas que envolvem a relação entre professores e alunos. O conselho não deve se reduzir a professores que só reclamam de alunos. Alunos devem e podem exigir qualidade de ensino de forma ética, justa e sensível nos conselhos. E mais: os conselhos devem ser filmados para que alunos exponham essas reuniões em seus blogues escolares.

Democracria implica também claridade, ou seja, os professores devem ser expostos por meio da tecnologia. Acima de tudo e de todo, o bem da escola pública, isto é, debater ideias e fazer com que sejam cumpridas.

quinta-feira, abril 02, 2009

Depois da campanha...












nunca mais vi Bocalom, do PSDB, em um ônibus. O que é "política".

Pronome

Ênclise não ocorre com verbos no particípio

Por Thaís Nicoleti

"Pelo fato de seu filho ter andado com a arma, levado-a à escola, exibido-a, o pai do adolescente poderá ser acusado de negligência."

Segundo os princípios da colocação pronominal vigentes na norma culta do português, a ênclise (pronome átono depois do verbo) não ocorre em duas situações: com as formas verbais conjugadas no futuro (do presente ou do pretérito) e com os particípios.

Vemos, no fragmento em questão, o emprego da ênclise com o particípio, opção do redator para evitar a repetição do verbo auxiliar. Ocorre que o verbo auxiliar (no caso, o "ter") não pode ser suprimido nesse caso exatamente porque é a ele que se prende o pronome átono.Também não ficou boa a relação entre os termos "filho" e "pai" na frase.

Do modo como foi redigido, o texto afirma que o "filho do pai do adolescente" fez algo. Abaixo, a colocação pronominal corrigida em duas construções possíveis (o leitor pode, é claro, encontrar outras formulações adequadas):

Pelo fato de seu filho ter andado com a arma, tê-la levado à escola e tê-la exibido, Fulano de Tal poderá ser acusado de negligência.

Pelo fato de o jovem ter andado com a arma, tê-la levado à escola e tê-la exibido, seu pai poderá ser acusado de negligência.