quarta-feira, agosto 01, 2007

Reconstrução Textual 2










Após alguns meses, Cibele e Wallena dissertaram melhor que em março, quando as aulas iniciaram-se.

Sei que não consegui um bom resultado com todos, mas alguma transformação ocorreu. Alguma.

Como professor há quase 20 anos, entro em sala, ainda, para transformar meu aluno, porque luto entre quatro paredes contra minha incompetência, por isso resultados bons são obrigados a emergir em um texto dissertativo quando leciono para meu aluno.

Repito: são obrigados. Mas, antes que eles sejam obrigados, eu me obrigo a exigir, mais de mim, o melhor. Nunca estou satisfeito por um único motivo: sou apaixonado pelo que crio, pelo que reinvento.

Pena que o Estado paga a mim o mesmo que paga a um mais medíocre do que eu. Aquele que não trabalha para obter resultados bons em sala recebe no mês o mesmo daquele que se dedica. Nivelam-se as diferenças.

De repente, quem sabe, um dia, serei um tolo proposital em sala para rir da seriedade cínica do Estado. Eu não confio no poder.

Reconstrução textual 1















Em abril, uma introdução de uma aluna, a Cibele, apresentou alguns problemas. Ela estuda no segundo ano do ensino médio.

Em seu texto, havia problemas, mas selecionei alguns para as aulas de gramática e de dissertação, quais sejam:

1. Evitar os verbos "ser", "estar" e "ter" a fim de a aluna buscar no dicionário novos verbos;

2. Usar corretamente a vírgula por meio da Ordem Sintática Direta e por meio das Orações Subordinadas Adjetivas;

3. Haver Concordância Verbal correta, da mais usada pelos alunos até a menos usada;

4. Uso dos Pronomes Oblíquos;

5. Uso do Gerúndio;
6. Seqüência lógica e harmoniosa entre idéias, entre conceitos.

Exercícios gramaticais foram passados para as aulas de gramática e cobrados nas aulas de dissertação por meio da refacção textual.

Cibele foi uma das alunas que apreendeu minhas aulas, porque, em agosto, sua dissertação apresentava bons resultados.

Preciso, no entanto, melhorar meu trabalho, porque sempre estou insatisfeito.

Nota da TRIBUNA

Naluh

A deputada Naluh Gouveia, que anda mais calada que muda caçando passarinho, apresentou ontem na Aleac documento que pede ao MPF que investigue os motivos da falta de climatização no aeroporto de Rio Branco. No pedido, a parlamentar quer que a Infraero explique o não funcionamento do ar-condicionado. Antigamente, as preocupações de Naluh eram outras.

Escola Solidária 4



Um professor da escola Heloísa Mourão Marques perguntou quem pagaria a gasolina para levar os alimentos. Como o combustível para seu carro não foi garantido, recusou-se a levar as cestas básicas.

A mulher na foto é analfabeta. Seus filhos estudam em escola pública. Um professor comenta em uma reunião que os alunos não querem nada. Não vi o professor na gincana. Não vi o professor doando alimentos.

São esses que queimam outros professores por trás. São esses que preferem uma escola quieta, acomodada e indiferente à realidade social que a cerca.

São esses professores que nos traem. São esses que não criticam e não propõem. São esses professores que não qualificam a escola e nem a vida.

Escola Solidária 3



Entramos em um corredor de chão batido. A senhora com a sacola na mão não é pobre. Seu barraco exalava um odor de miséria. Sua vida se reduz ao Bolsa-Família, R$ 65 por mês.

Nesse local, imagino programas de televisão ensinando como preparar ótimos pratos para o jantar. Os ricos adoram exibir pela TV até o que comem.

Escola Solidária 2



O que esses professores fazem aqui em um bairro pobre?

Não deveriam estar em sala reproduzindo conhecimento entre quatro paredes para alunos pobres?

Não deveriam estar acomodados na rotina de uma escola para pobres?

Pobre é quem não reinventa as relações humanas em uma escola pública. Pobre é quem não busca criar uma outra escola, uma outra relação entre professores e alunos.


Escola Solidária 1



Arrecadamos por meio da gincana bastante alimento.

Na fato, alguns professores abnegados da escola Heloísa Mourão Marques se preparam para doar algumas cestas básicas no bairro Airton Sena.

A escola não é solidária. Ela depende de alguns professores que recriam uma escola pública por meio de uma gincana solidária.

Façamos outra gincana em novembro para que alimentos possam ser doados no Natal.

Eu não entendo o porquê da Secretaria de Educação não criar um concurso de gincana entre as escolas.