sábado, fevereiro 27, 2010

Muita dengue e confusão

Segundo informações, ontem, por volta das 20 horas, o centro de saúde Barral y Barral, bairro Estação Experimental, em Rio Branco, a irmã do ex-governador Jorge Viana, sem ficar na fila, pediu que um enfermo saísse do lugar para ela pôr um doente que estava com ela.

A funcionária pública Sílvia disse-lhe que, se quisesse ser atendida, que ficasse na fila. Em época de dengue, iniciou-se uma confusão.

"Você sabe com quem está falando?", perguntou Sílvia, a irmã do ex-governador. "Não me interessa com quem estou falando, a senhora deve ficar na fila como outra pessoa", respondeu a funcionária.

Depois, comentarei.

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

A imprensa e Clarice Lispector












Houve uma época em que os jornais editavam inteligência e pautavam cultura. O Jornal do Brasil, por exemplo, publicava as entrevistas de Clarice Lispector [1920-1977], além de seus artigos.

Textos muito bem escritos, linhas que faziam o leitor se sentir humano, eu disse humano, não burro.

A editora Rocco publicou essas entrevistas em um charmoso livro, Clarice Lispector, entrevistas. Entre tantos entrevistados, Emerson Fittipaldi, Paulo Autran, Pablo Neruda, Zagallo, João Saldanha, Tarcísio Meira, Jardel Filho, Elis Regina.

Neste blogue, separo: Nelson Rodrigues. Escreve Clarice.

"Avisei a Nelson Rodrigues que desejava uma entrevista diferente. É um homem tão cheio de facetas que lhe pedi apenas uma: a da verdade. Ele aceitou e cumpriu.

- Você é da esquerda ou da direita?
-
Eu me recuso absolutamente a ser de esquerda ou de direita. Eu sou um sujeito que defende ferozmente a sua solidão. Cheguei a essa atitude diante de duas coisas, lendo dois volumes sobre a guerra civil na História. Verifiquei então o óbvio ululante: de parte a parte todos eram canalhas. Rigorosamente todos. Eu não quero ser nem canalha da esquerda nem canalha da direita.

- Nelson, você se referiu à solidão. Você se sente um homem só?
-
Do ponto de vista amoroso eu encontrei Lúcia. E é preciso especificar: a grande, a perfeita solidão exige uma companhia ideal."

Outro estrevistado: Hélio Pellegrino.

"- Que é o amor?
-
Amor é surpresa, susto esplêndido - descoberta do mundo. Amor é dom, demasia, presente. Dou-me ao Outro e, aberto à sua alteridade, por mediação dele, recebo dele o dom de mim, a graça de existir, por ter-me dado."

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No Acre, vivemos o período mais pobre de seu jornalismo. Triste.

terça-feira, fevereiro 23, 2010

Nota de Esclarecimento

Presidente da FEM explica investimentos no carnaval 2010

Em correção à informação publicada no Diário Oficial do Estado que leva à interpretação de que o valor contratado tenha sido pago apenas à banda baiana que animou as últimas três noites de carnaval na Arena da Floresta, a Fundação Elias Mansour esclarece que:

Com as três noites animadas pela banda baiana a FEM teve uma despesa de R$ 106 mil.

Com as cinco noites animadas pelas bandas locais a FEM teve uma despesa de R$ 127.5 mil.

As despesas operacionais de passagens, transporte de equipamentos, hospedagem, alimentação, taxa de administração e outras ficaram em R$ 67 mil, somando ao todo o valor de R$ 300.5 mil do contrato, cujo extrato foi incorretamente publicado.

Atenciosamente,
Daniel Sant'Ana
Presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour
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Como Altino Machado é o responsável pela publicação em seu blogue desses R$ 300 mil, termino com seu comentário sobre a nota do presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour.

"Meu comentário: existem dois contratos assinados pela FEM com a empresa Kampa Viagens, Serviços e Eventos Ltda., relativos à organização do "Carnaval na Floresta Digital". Eles somam R$ 608 mil. O governo do Acre menciona existência de erro após a divulgação neste blog do extrato do contrato de R$ 300 mil, portanto onze dias após a assinatura do mesmo. A soma de seis contratos já publicados no Diário Oficial totaliza mais de R$ 2 milhões. Como outros extratos de contratos terão que ser publicados, estima-se que o valor total da festa ultrapasse os R$ 2,5 milhões. O blog sempre serve, convenhamos. Desde julho do ano passado, quando começou a versão digital do Diário Oficial do Estado, existem 45 ocorrências da relação do governo com a empresa Kampa, que negocia, entre outros, passagens aéreas, eventos e locação de carros."

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Dinheiro Público


Se você deseja conhecer Fernanda Farani, acesse nela. Em seu blogue, você irá entender o porquê de o governo do Estado do Acre pagar R$ 300 mil a essa jovem que representou o autêntico Carnaval .

E viva a cultura axé acriana!

"A Partida"

Quando entro em uma locadora, minha mão sempre busca um filme que ponha diante de meus cansados olhos esta palavra: sensibilidade. O mundo da rua - lugar deste objeto chamado multidão - não tem sabor. Assistir a um bom filme, no entanto, é oferecer aos olhos

o gosto,
o sabor,
as delícias

da sensibilidade. "A Partida" é um filme sobre a morte, digo, sobre a beleza da morte. No passado, o Japão sepultava seus filhos com beleza; porém, no Japão moderno, o corpo não passa de objeto, de coisa.

Músico irrealizado, um jovem retorna às suas origens para, com a sensibilidade de dedos que tocaram Beethoven, Bach, sepultar o pai. Antes, porém, a arte.

Para o primeiro semestre, escolhi um livro de Clarice Lispectos para ler em sala. No segundo semestre, penso em ler um sobre a morte, "O Deserto dos Tártaros", talvez.

sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Literatura e Vídeo

Você quer lecionar ?

Desmoralizaram os professores
Texto de Giberto Dimenstein

Apenas 2% dos estudantes do ensino médio querem ser professores - esse índice se aproxima de zero quando computados os alunos de maior aquisitivo, que estudam em escolas privadas. Esse fato mostra que a profissão de professor está em baixa, diria até desmoralizada.

Há dados ainda piores no relatório sobre a atratividade da carreira de professor que a Fundação Victor Civita encomendou à Fundação Carlos Chagas.

O pior dos dados: os futuros professores são recrutados entre os alunos com as piores notas, sendo que quase 90% são de escolas públicas. Portanto, o curso de licenciatura e pedagogia é, para muitos, a opção de quem não tem opção. O resto é apenas consequência.

Considero a profissão de professor a mais nobre que existe. Mais nobre, por exemplo, do que a medicina --afinal, sem professor ninguém chegaria a uma faculdade de medicina. Não é compatível, portanto, um projeto de nação civilizada com a categoria de professor desmoralizada.

__________________________
Gilberto Dimenstein, 52, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às segundas-feiras.

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

As pérolas e a ostra













1. Poriço. 2. Achão. 3. Intender. 4. Insina. 5. Piquenos. 6. Dependençia. 7. Salvalos. 8. Ajudalos. 9. Paçam fome. 10. Começão. 11. Mizeria. 12. Imdependente. 13. Isnobis. 14. Eses. 15. Enfrente. 16. Condinções. 17. Precissam. 18. Intrar. 19. Encinar. 20. Precosseito. 21. Entrão. 22. Trájico. 23. Porisso. 24. Conserteza.

No Carnaval, diante de meus olhos, 96 redações de alunos do segundo ano do ensino médio. Erros e mais erros, limitei 24. Batizaram-nos (de) "pérolas". No Programa do Jô, o apresentador os exibe e ri deles.

Não vejo graça. Não são motivos de riso.

Quando um corpo estranho penetra na ostra, esta libera uma substância chamada madrepérola. A função dessa substância é cristalizar o corpo estranho, impedindo sua reprodução. Após três anos, esse corpo transforma-se em pérola.

Vindo de escolas públicas, alunos, se escrevem assim, é porque uma ostra os cristalizou, impedindo o crescimento deles. Cristalizar, isto é, paralisar, estacionar. Muitos jamais refizeram dissertações em sala de aula. Jamais.

Desde a antiga quinta série, a ostra nunca pediu para que procurassem no dicionário a palavra "ensino" e, depois, corrigissem o erro. Cristalizar.

Aos meus alunos, entreguei o calendário escolar de Escrita (redação e gramática) e de Leitura (filmes, poesias, ensaios, charges). Com isso, eles sabem antecipadamente que estudarão dissertação na próxima semana, partindo do enunciado do Enem de 2000, um dos mais difíceis.

Antes, porém, corrigirão seus erros ortográficos após o dicionário ser consultado. Só reorganizarão suas ideias depois de cada um corrigir seu erro - "encino", "precosseito", "poriço", "começão".

Se as ostras são as únicas responsáveis por isso, por que rimos das pérolas?

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

Minha escola, campeã

A escola de samba São Clemente foi a campeã do Grupo de Acesso no Carnaval de 2010 do Rio de Janeiro e, com isso, voltará ao Grupo Especial em 2011. A apuração dos votos aconteceu às 15h desta terça-feira (16), no Terreirão do Samba.

Com o enredo Choque de ordem na Folia, a agremiação, cores amarelo e preto, ficou sob a responsabilidade do carnavalesco Mauro Quintaes.

Fundada em 1961, a São Clemente tem como principais características a irreverência e enredos com temática social, preocupados com a qualidade de vida do povo brasileiro.

Como exemplo, temos o Carnaval de 1984, que levou para a avenida o enredo Não Corra, Não Mate, Não Morra: O Diabo Está Solto no Asfalto, sobre o caos e a violência no trânsito.

No ano seguinte, a escola apresentou o tema Quem Casa, Quer Casa, uma sátira ao sério problema do défice habitacional no Brasil.

Em 1987, inovou ao levar para a Sapucaí uma comissão de frente formada por meninos de rua de verdade, no enredo Capitães do Asfalto, que falava sobre menores que moravam nas ruas do Rio.

terça-feira, fevereiro 16, 2010

Carnaval, Pátria e a morte de Momo






O governo do Acre usou os dias de Momo para propagar sua política de comunicação. "Viva o Carnaval na Floresta Digital" é propaganda de governo em uma festa que deveria ser popular. Os secretários de Cultura, se têm algum conhecimento sobre rei Momo, são figuras apagadas porque nunca colocaram o Carnaval rio-branquense em seu devido lugar simbólico.

No Dia da Pátria, 7 de Setembro, que é a festa do poder, tudo permanece em seu devido lugar. Nessa festa, o governo não faz a propaganda "7 de Setembro na Floresta Digital". Os signos do Dia da Pátria são fixos e preservados, isto é, a tradição do poder é mantida.

No Carnaval, entretanto, os signos linguísticos não são preservados, por exemplo, Momo. Os secretários de Cultura deveriam existir para preservar esses signos do Carnaval, porém Marcos Vinícius, da Prefeitura de Rio Brannco, não ocupa a Secretaria de Cultura para manter o sentido original do reino momesco.

Marcos - um carioca muito bem domesticado pelo poder - matou rei Momo e permanece impune em fevereiro todo ano. Em dias de Carnaval, esse secretário de Cultura deveria ser preso para não falar tanta besteira contra Momo.

TV Aldeia

Não conhecço comunicação como Aníbal Diniz, secretário do governo petista acriano, mas não sou estúpido o bastante para afirmar que a TV Aldeia emite qualidade, por exemplo, no Carnaval.

Seus repórteres, uniformizados, nunca colocaram roupas adequadas à festa, isto é, jamais se fantasiaram para entrevistar com alegria, com deboche, com riso. Para um Carnaval caricaturesco, nada mmelhor do que uma TV que não sabe o que é Carnaval, nada melhor do que repórteres sem graça e uniformizados a serviço do poder.

Mais um ano e não vi em Rio Branco o rei Momo escarnecendo ex-governadores com seus salários eternos. Não vi foliões com fantasias que desmascarassem os políticos. Não vi blocos que rissem do fanatismo de neopentecostais. Momo está morto.

Pior é saber que no próximo ano a enfadonha mesmice continuará.

Alterando os versos de Affonso Romano de Sant'Anna, termino:

Uma coisa é um Carnaval,
outra um ajuntamento.

Uma coisa é um Carnaval,
outra um alheamento.

Uma coisa é um Carnaval,
Outra um gerenciamento.

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

EntreVista

Em época de Carnaval, a inteligência, tão raríssima na TV, desaparece quando, por exemplo, aquele repórter pergunta ao folião se o Carnaval está alegre ou quando aquele folião diz que o Carnaval está alegre. Detalhe: repórter e folião concluíram o ensino superior.

Se isso é superior, estive com Georges Minois em Rio Branco para entrevistá-lo sobre o reino de Momo. Minois não é repórter e nem trabalha na TV Aldeia. Historiador francês, ele publicou História do riso e do escárnio, um belíssimo livro sobre o Carnaval.

EntreVista

Minois, há três dias você assiste ao Carnaval de Rio Branco, qual sua observação?
Georges Minois - Diferente do que o russo Bakhtin escreveu, o riso na Idade Média é usado a serviço dos poderes, ou seja, ele é mais conservador do que destruidor. Em Rio Branco, o riso de Momo é domesticado, não zomba dos que exercem o poder em Rio Branco. Aqui, o poder público organiza o Carnaval conforme seu entendimento. Organiza para dominar sua subversão simbólica.

Subversão simbólica?
Georges Minois - Sim, Momo é um mito que subverte a ordem dos deuses, ou seja, ele coloca em seu reino o poder do avesso. No Acre, o governo do Estado organiza o Carnaval para alterar o sentido dessa festa e, nesse sentido, o poder não aparece do avesso por meio do riso, do sarcasmo.

O poder sempre buscou domesticar Momo?
Georges Minois - Eu digo em meu livro que o Carnaval muda de tom no século XVI. Eu poderia lhe dar vários exemplos, mas fico com o que ocorreu nas cidades flamengas. Nelas, o imperador interdita a festa do Rei dos Bobos. Nessa época, o cômico é substituído pelo didatismo, como ocorre em Rio Branco. Aqui, a interdição existe, ela é sutil.

Suas últimas palavras.
Georges Minois - Isso que está aí não é Carnaval, o poder público matou o sentido original do reindo de Momo, e o que restou ao povo foi brincar sobre seu cadáver.

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

A TV Aldeia desconhece rei Momo



Imagem de Nêmesis, deusa da Vingança, irmã de Momo.











O Estado

Antes de deixar a prefeitura do Rio de Janeiro, César Maia (DEM ou ex-PFL, ou ex-PDS) propôs à escola de samba São Clemente uma verba pública para desfilar na Marquês de Sapucaí. Mas, para justificar tamanha generosidade, o prefeito impôs esta condição – a escola de Botafogo deveria se apresentar como as outras escolas de samba.

Entrave para o poder público carioca, a São Clemente sempre exibiu na avenida o “avesso” do Rio de Janeiro e do Brasil, o que Portela, Salgueiro, Mangueira, por exemplo, não exibem. A proposta de César Maia tentou colocar na ordem uma escola que representava a autenticidade da festa de Momo. A escola de Botafogo recusou a proposta.

Em Rio Branco, como o reino momesco não é organizado pela irreverência ou pela desobediência popular, o governo do Estado fala por rei Momo. Não apenas diz onde Momo deve estar; mas propaga, segundo seus interesses, quem ele é.

Aqui, o Carnaval, submetido à ordem do Estado, que define seu espaço público e sua simbologia, não manifesta uma de suas características históricas: o “avesso”.

A TV Aldeia


O Carnaval é muito sério para ser deixado para a TV Aldeia. As suas verborréias carnavalescas emitem uma ignorância bem comportada contra o significado original do reinado de Momo. Nesse aspecto, a TV Aldeia não se diferencia das outras emissoras.

Igual às outras, ela cumpre a função social de deformar essa festa porque deconhece, por exemplo, sua rede semântica. A TV Aldeia não sabe dizer quem é Momo.

Meu dedo desliga a TV, meus olhos leem Georges Minois. “Filho da noite, censor dos costumes divinos, Momo termina por tornar-se tão insuportável que é expulso do Olimpo e refugia-se perto de Baco. Ele zomba, caçoa, escarnece, faz graça, mas não é desprovido de aspectos inquietantes: ele tem na mão um bastão, símbolo da loucura, e sua máscara. O que quer dizer isso?”, pergunta o autor de História do riso e do escárnio, editora Unesp.

O que quer dizer isso?, eu pergunto à TV Aldeia.

O português do www.ac24horas.com



"Os poucos minutos de chuva que caiu (...)."

Defendo a ideia tradicional de que o verbo "caiu" deve concordar com o núcleo do sujeito, no caso, "poucos minutos".

Alguém poderia dizer que é a "chuva" que caiu, não "poucos minutos". No entanto, os termos "poucos minutos" prendem-se ao termo "chuva" por meio da preposição "de".

Não está errado, portanto, escrever "os poucos minutos de chuva que caíram".

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

A TV Aldeia não sabe o que é Carnaval


Nesses anos de TV Aldeia, nunca assisti a uma programação que soubesse falar do Carnaval porque sua direção ignora a história de Momo e a representação simbólica dessa festa. A TV Aldeia contribui para o vazio semântico do Carnaval. Isso é admissível para uma TV comercial, mas não para uma TV educativa, que deveria promover a cultura original dessa festa popular.

Nesses anos de política da Frente Popular, a TV Aldeia nunca se corrigiu e, por causa disso, neste ano, mais uma vez, não tenho esperança de assistir a algo inteligente ou de ouvir palavras que revelem o sentido autêntico dessa folia (loucura).

No Acre, o poder público, em tudo, organiza o espaço do Carnaval; porém, por meio da TV, esse poder não organiza o sentido histórico do reino de Momo.

Diante da TV, a sala de aula pode muito pouco ou quase nada; entretanto, mesmo assim, apresentei a meus alunos uma rede (simbólica) de palavras relacionadas ao Carnaval, partindo de rei Momo, que é gordo, que recebe a chave do prefeito.

O que significa a palavra "Momo"? O que representa sua condição de "gordo"? Qual o sentido de receber uma "chave" de um "prefeito"? A isso, a TV Aldeia não responde e, se não responde, não pode saber o que é Carnaval.

Não sabe.

terça-feira, fevereiro 09, 2010

Quando a TV Aldeia deseduca


Escrevi em jornais acrianos muitos textos sobre o Carnaval, breves ensaios sobre Momo, o rei da festa. Escrevi para registrar (em vão) o sentido original do Carnaval diante da deformação imposta por evangélicos.

Não só fiéis, mas até o governo da Frente Popular, por meio da TV Aldeia, propaga uma ideia deformada de Momo. Na condição de TV que se diz "cultura", ela presta um péssimo serviço quando repórteres e âncoras abrem suas bocas para falar dessa festa popular.

A TV Aldeia deveria saber falar do Carnaval, da sua importância simbólica, da sua história, do seu sentido mais original. Mas, neste ano, mais uma vez, não será diferente. Aníbal, um dos responsáveis pela TV Aldeia, contribui para desfigurar essa festa.

Sugiro a leitura do livro História do Riso e do Escárnio para compreendermos o sentido do Carnaval.

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

O português da imprensa oficial

Lembra aquelas placas com erros de português? Escritas por pessoas humildes, brasileiros com baixa escolaridade, elas sempre são motivos de galhofa. E quando pessoas ilustradas não escrevem bem? E quando um representante da imprensa oficial erra?

O texto entre aspas, retirado do blogue de Altino Machado, foi escrito pelo secretário Aníbal Diniz. Só quero me referir ao "junto à".

Na condição de homem da imprensa oficial, o erro é um péssimo exemplo. "Junto à" é o mesmo de "perto da", o que não tem sentido no texto. Comprou-se o helicóptero em algum lugar (na Helibrás) e não "perto da" Heliobrás.

Há outros probleminhas, mas esse basta como exemplo a meus alunos.

"A compra de um helicóptero Esquilo AS 350 feita pelo governo do Acre junto à Helibras se deu como resultado de uma licitação em que concorreram as empresas TAM e Helibras, que venceu pelo critério de menor preço e cumpriu o contrato de entrega do aparelho, além de um pacote de treinamento de pilotos e mecânico, assistência técnica e seguro. Todas as informações e documentos alusivos à licitação foram disponibilizados para o Ministério Público Federal. O contrato para a aquisição do helicóptero ocorreu de forma lícita e transparente. Entendemos que o MPF tem todo o direito de investigá-lo para que a União não venha a ser responsabilizada por atos abusivos de autoridades que a representam. O ex-governador Jorge Viana, que responde pela presidência do conselho administrativo da Helibras, e não pelo seu departamento de vendas, não teve participação no processo que resultou na compra do helicóptero."

Aníbal Diniz
Secretário de Comunicação do governo do Acre
Por e-mail

sábado, fevereiro 06, 2010

PMDB é um exemplo

Flaviano Melo, campeão de gastos com verba indenizatória
De Freud Antunes

Em pleno recesso parlamentar, em janeiro, os deputados continuaram realizando gastos por conta do dinheiro público, utilizando a antiga verba indenizatória que atualmente é chamada de Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (Ceap).

De acordo com o levantamento realizado no prório site do Congresso Nacional, Flaviano Melo (PMDB) foi o campeão do disperdício, chegando a R$ 26.206,13. A maior parte, ou seja, R$ 12 mil foi usada para financiar viagens entre Rio Branco, Santa Rosa, Tarauacá e Feijó.

A manutenção do escritório que deve ficar aberto mesmo quando não há sessões consumiu R$ 6.657,97, custo que incluiu o pagamento de quatro assessores, cerca de R$ 400 em Sky (tv via satélite), gasto com energia elétrica e telefonia.

O segundo colocado foi Ilderlei Cordeiro (PPS) que utilizou R$ 25.330,38 do dinheiro público, apresentando também R$ 12 mil em viagens com escalas em Cruzeiro do Sul, Feijó e Jordão.

O Ceap financiou ainda o aluguel de carros em uma empresa chamada Center Comércio e Consultoria LTDA que cobrou do parlamentar de oposição R$ 6 mil.

O terceiro colocado foi Gladson Cameli (PP) que usou R$ 19.608,10, sendo R$ 9,4 mil apenas com passagens de avião para Cruzeiro do Sul, Foz do Breu, Marechal Thaumaturgo e Porto Valter. A locação de veículos também chegou a R$ 5,4 mil.

O deputado que menos gastou em janeiro foi Nilson Mourão (PT) que utilizou R$ 296,67 da antiga verba indenizatória.

O segundo menor gasto ficou com Sérgio Petecão (PMN) que utilizou R$ 618,26 do Ceap depois de ter registrado em novembro e dezembro os maiores gastos do dinheiro público.

Todos os parlamentares acrianos utilizaram em janeiro R$ 82.438,17, um valor que poderia ser aproveitado para suatentar quase 162 assalariados, levando por base o novo mínimo que é de R$ 510.

O Ceap foi criado em 2001 com o nome de verba indenizatória para financiar as atividades parlamentares. Para ter acesso ao benefício, o deputado precisa apenas apresentar as notas fiscais, informando o que foi gasto.

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Avaliar e ser avaliado

Ainda defendo a ideia de que bons alunos devem avaliar professores nas escolas públicas acrianas. Em 2004, alunos começaram a me avaliar na escola Heloísa Mourão Marques. Só não me avaliaram em 2009 porque o questinário precisava ser outro.

Com outro questionário, meus alunos me avaliarão no primeiro e no segundo semestres de 2010. Não me exponho a esse procedimento para eu me punir, mas para buscar saídas segundo as críticas de bons estudantes.

Eu tinha dito "alunos", não serão todos. Os que se dedicam mais aos estudos me avaliarão, os mais interessados. Serão escolhidos dez jovens em cada turma, ou seja, 40. Assim como eu os avalio, eles também dirão se estou ou não reprovado como professor.

Se for reprovado, "farei recuperação".

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Mais! escola pública

No Acre, quando estamos em período de eleições, o debate entre homens públicos sobre educação pública é sofrível, e isso quando debatem. Na última campanha, até mãe de candidato tentou dar audiência a políticos chulos, pacóvios.

Longe disso, o caderno Mais!, do jornal A Folha de São Paulo, publicou textos sobre a escola pública. Um pouco a teus olhos.

Governo irá aperfeiçoar gestão, diz secretária
DA SUCURSAL DO RIO

A secretária estadual de Educação do Rio, Tereza Porto, diz que um de seus maiores desafios é melhorar a gestão das escolas estaduais, dando aos diretores e professores mais ferramentas para agilizar processos e tomar decisões.

Ela aposta que o investimento em tecnologia facilitará o trabalho, embora reconheça que ainda há muito a ser feito.

Uma das mudanças esperadas já para este ano é a diminuição do tempo em que alunos ficam sem aulas por causa de pedidos de licença médica.

"Quando assumimos [há dois anos], esse processo era ainda mais demorado. Mas, com o novo sistema funcionando plenamente, o aviso de que há uma vaga a ser preenchida será feito automaticamente pelo diretor, que visualizará on-line quais são os professores disponíveis."

Esse controle maior é essencial, em sua avaliação, não apenas para agilizar a reposição das aulas, mas também para evitar gastos desnecessários com professores temporários em escolas onde há profissionais com tempo vago para lecionar na disciplina em falta.

Tereza Porto diz, entretanto, que existem alguns entraves que dependem de mudanças na legislação, como a autonomia do diretor para montar sua própria equipe. É o próprio professor, com base em sua pontuação, que escolhe onde trabalhará.

Dentro do que é possível legalmente, ela diz que, no Rio, a secretaria tenta alocar o professor numa escola perto de sua residência e, de preferência, com dedicação exclusiva.

Sobre a valorização do magistério, a secretária reconhece que ainda há uma séria defasagem salarial a ser corrigida, mas diz que o esforço do governo tem sido "gigantesco".

"O salário na rede estadual ainda é baixo, mas evoluímos bastante. Em 2008, o aumento [de 8%] foi superior à inflação e, no ano passado, fizemos um esforço absurdo para incorporar ao salário de todos, inclusive aposentados, gratificações que eram pagas somente a alguns. Isso teve um impacto de R$ 7 bilhões na nossa folha de pagamento. Não é pouca coisa, e temos uma lei de responsabilidade fiscal para cumprir."

Outro investimento que ela espera trazer resultados é a implementação, neste ano, de um novo sistema de acompanhamento da frequência dos alunos, totalmente informatizado, em todas as 1.437 escolas.

Todo estudante terá um cartão eletrônico, que irá garantir a passagem gratuita em transportes públicos e que também irá controlar sua utilização da merenda e a presença.

Cada uma das salas terá um computador, onde o professor abre uma pauta eletrônica e pode fazer anotações sobre os alunos para serem compartilhadas com outros docentes.

No Centro Interescolar Estadual Miécimo da Silva, o sistema já funciona desde o ano passado. (AG)

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Como Deus, o salário é eterno

O que escrever na primeira postagem de 2010? Poderia falar das férias. Coisa ridícula é essa de promoção pessoal. Poderia falar da reunião de professores da escola pública. Não somos notícias. Uma observação gramatical? Creio que não, porque, em época de eleições, uma crase ou uma colocação pronominal não são mais importantes do que o salário eterno dos que foram governadores acrianos.

Segundo Altino Machado, um ex-governador recebe R$ 23 mil por mês.

Lembro-me quando a inquieta Naluh Gouveia, com útero e dentes, manifestou-se contra esse privilégio de casta política. Hoje, querendo ou não, Naluh pertence à casta. Do berreiro indignado no passado, o silêncio privilegiado no presente. Os extremos se tocam. Não só ela, o PT silencia-se.

Como Deus, o salário de ex-governadores é eterno. O movimento parado sindical é indiferente. A sociedade civil organizada permite. Após quatro anos ou oito anos no Poder Executivo, ex-governadores receberão por toda a vida um salário de governador.

Fora da ordem, Romildo. Nabor. Cameli. Flaviano. Yolanda. Jorge. Deus os abençoou, e o povo diz amém. Só os imortais merecem tamanha graça.

O ano começou neste blogue. Voltei.