sexta-feira, dezembro 05, 2008

A escola

Hoje, conversando com a professora-gestora Osmarina, da Escola Estadual Heloísa Mourão Marques, colegas de profissão ouviram minhas enfadonhas argumentações. Um desses colegas ouviu-me outras vezes e, em um certo dia, disse-me:


"Aldo, você não aprende, o melhor é calar a boca, fazer bem seu serviço e ignorar a escola. Faça o seu. A maioria não quer transformar esta escola, quer sair 20 minutos antes do tempo devido de aula, não tá nem aí para os alunos. Faça seu trabalho e seja indiferente, porque isso aqui não tem jeito."

Calei-me diante de seu realismo, porque, no fundo, somos personagens de uma narrativa realista. Os valores do mundo minam resistência de sonhadores. Esse colega que tanto respeito tem razão. Heloísa Mourão Marques é difícil. Professores que brincam, que são indiferentes, que sorriem para todos, que aceitam tudo e não lecionam à altura das inquietações, bem, esses transitam entre o consenso e a resignação. Esses são eleitos.

Colocar Osmarina como gestora não foi fácil, nada fácil. Uma corrupção silenciosa e admitida por muitos quase impediu sua derrota, a nossa. Dois candidatos retiraram seus nomes para apoiar a professora Osmarina. Se não fosse assim, teríamos perdido por uma candidata que nunca zelou pelo erário.

Hoje, sabemos de acordos ilícitos entre ela e alguns funcionários. Funcionário, por exemplo, que vinha à escola segundo sua vontade, segundo seu relógio biológico. Diretora que não cumpria seu horário e, quando se ausentou durante um mês e uma semana, não apresentou justificativa ao Conselho Escolar e muito menos ao corpo docente. Nessa época, professores terminavam suas aulas 20 minutos antes. Uns se calavam. Outros contavam piadas. O descaso havia porque eles tinham a "liberdade" de sair 20 minutos antes. Eles, alguns.

Hoje, quase um ano como gestora, uma parte do corpo docente não defende idéias para a construção de uma escola pública MELHOR, mas corrói a gestão por meio da fofoca. "Ela é gestora de gabinete." "Ela é grossa." "Ela é ditadora." "Essa escola é um quartel." "Ela é um demônio." Não refletem sobre educação, educador, qualidade de ensino, alunos, problemas, soluções, mas reduzem à escola pública à personificação.

Já vejo luzes de desânimo nos olhos da professora-gestora Osmarina. Mas existem soluções, não se desanime. Dou-lhe estes conselhos:

1. fique fora da escola por mais de um mês e não dê satisfações;
2. faça acordos espúrios com os funcionários, com os professores e com Deus;
3. dê dobra a funcionários de apoio;
4. deixe professores sair 2o minutos mais cedo;
5. prepare festinhas com bolo e refrigerantes;
6. tire da escola professor que quer trabalhar;
7. conte piadas;
8. sorria com a pasta dental mais barata;
9. não cumpra horário;
10. sorria outra vez;
11. mais uma festinha;
12. seja falsa e cínica a ponto de ninguém perceber;
13. e o mais importante: entregue tudo a Deus e à propaganda de governo.