sábado, janeiro 19, 2013

Pastor Adélio responde a meu blogue



Josafá, só vc para me fazer rir de homens que se dizem sérios pela graça de uma fortuna bancária.

Quando o PT acriano não sabe brincar (3)


Quando trabalhei nos jornais Página 20 e A Tribuna,sempre escrevia a respeito do Carnaval com a finalidade de oferecer ao leitor uma compreensão simbólica da Festa de Momo.

Minha preocupação era devolver a essa belíssima festa popular o significado original de seus significantes.

Minha escrita tinha como mestres ótimos autores. No final dos textos, deixava indicação bibliográfica.

No Acre, em verdade, nunca houve a vivência do Carnaval autêntico, mesmo porque essa festa nunca foi organizada de forma livre, criativa, original, isto é, sem o controle do dinheiro público.

Quando o governo anuncia que cancelará o Reino de Momo neste ano por falta de grana, adianto-me e publico aqui o texto que um dia deixei nas páginas de jornais acrianos.


O Reino desencantado de Momo

Quando Momo receber as chaves do prefeito, mais uma vez ele abrirá as portas da cidade para o Carnaval, e uma multidão sem rosto irá se aglomerar em frente à prefeitura para ouvir a Banda Sam Brasil. Aquilo que o poder público habituou-se a chamar de festa popular, vai para as ruas ao som da cultura de massa.

Comercializada e descaracterizada pelo lucro do comércio e pela ignorância do poder público, Momo dança ao som do pagode mais brega, canta a letra mais vulgar do Tchan, se diverte numa festa que não é mais dele; seu Reino, o da Carnavalização, sem mais nenhum sentido histórico e alegórico, massificou-se; perdeu qualquer referência com o passado.

“O Carnaval para mim é um momento que eu me divirto por divertir, é uma festa que eu quero esquecer os problemas, beber muito, muito mesmo”, conta Ricardo, um folião rio-branquense. “No carnaval, quero beber até cair e comer muita mulher, porque no Carnaval dá muita mulher”.

Como muitos, Ricardo é só mais um que irá “brincar”, de maneira inconsciente, mais uma vez no Carnaval. Representante maior de um reino desfigurado, Momo governa por três dias um mundo deserdado de qualquer significação histórica. 

MOMO, O REI DA CARNAVALIZAÇÃO

Opondo-se ao discurso oficial, ou seja, à linguagem que regula as desigualdades sociais, o Carnaval promove a ascensão do avesso, porque faz emergir a força subversiva do mundo inferior (o Inferno), do mundo baixo, que, ao receber as chaves do prefeito por meio do Rei Momo, estimula a circulação do Riso, da Brincadeira, da Paródia, do Escárnio, da Ironia, da Máscara, do Louco, da Festa – palavras que foram excluídas pela disciplina do trabalho (o dia, a luz) e das instituições (razão reguladora).

Se o trabalho arranca o suor do rosto, se é sacrifício e exploração; se a lei não pune os ricos, a Festa de Momo rebaixa quem domina e explora, visto que, por ser Festa,  ri, provoca pilhéria, escárnio; faz uso da máscara, da fantasia para   desvelar as aparências da classe dominante.

Profundo conhecedor da função política do Carnaval, o marxista russo Mikhail Bakhtin dá um sentido original à Festa de Momo, negando a ela qualquer aproximação com o vulgar ou a massificação.

“O motivo da máscara é mais importante ainda. É o motivo mais complexo, mais carregado de sentido da cultura popular. A máscara traduz a alegria das alternâncias e das reencarnações, a alegre relatividade, a alegre negação da identidade e do sentido único, a negação da coincidência estúpida consigo mesmo”, diz Bakhtin.

Nesse sentido, o mundo social, regulado pela classe dominante, não coincide com ele mesmo no Carnaval: é metáfora – fantasia que inverte, distorce, altera, re-apresenta, mostra, revela a face oculta do opressor.

Outro estudioso dessa Festa Profana, o antropólogo Roberto DaMatta explica.  “Na fantasia carnavalesca, que revela muito mais do que oculta, já que uma fantasia, representando um desejo escondido, faz uma síntese entre o fantasiado, os papéis que representa e os que gostaria de desempenhar”.

Assim, conduzindo o Reino da Carnavalização, o Rei Momo, na condição de um aristocrata (aristo = os melhores e crata = poder), recebe a chave e convoca todo o poder político do Carnaval para reinterpretar a ordem social regida por uma classe social que domina e explora. Se essa mesma ordem discrimina e cria as desigualdades entre classes, Momo provoca o Riso a fim de nivelar a opressão à condição do comum e do vulgar. A Festa de Momo, portanto, destrona a classe dominante. 

“O riso foi enviado à Terra pelo diabo, apareceu aos homens com a máscara da alegria e eles o acolheram com agrado. No entanto, mais tarde, o riso tira a máscara alegre e começa a refletir sobre o mundo e os homens com a crueldade da sátira”, finaliza Bakhtin. “O Carnaval (repetimos, na sua acepção mais ampla) liberava a consciência do domínio da concepção oficial, permitia lançar um olhar novo sobre o mundo; um olhar destituído de medo, de piedade, perfeitamente crítico, mas ao mesmo tempo positivo e não niilista, pois descobria o princípio material e generoso do mundo, o devir, e a mudança, a força invencível e o triunfo eterno do novo, a imortalidade do povo”.

A METÁFORA DE MOMO

Filho do Sono e da Noite, Momo, oposto à exploração do trabalho, deseja o ócio, assim como os sacerdócios, só que o ócio de Momo não é sagrado: é profano, isto é, seu ócio (palavra que vem do grego “sxolé”, donde deriva escola, lugar onde se adquire saber) promove a corrosão do Riso, da Máscara, da Festa, da Paródia – palavras cujas funções invertem a “normalidade” do mundo.

Gordo, digo, excessivamente gordo, no Reino de Momo, o da Festa, prevalece o Exagero, o Excesso, a Abundância, a Fartura, para que todos possam, alegres, se deliciar. No Reino de Momo, Riso, Paródia, Fantasia, Brincadeira negam nos três dias as diferenças entre ricos e pobres para que seja devolvido aos mortais uma Louca confraternização.

O folião ( folie em francês) significa loucura. Ora, o que faz o louco senão colocar do avesso a normalidade do mundo. Uma vez sem a censura da razão cínica, a mesma razão que nos guia à luz do sol, o folie, à noite, regido pela lua, faz vir à tona valores, falas e comportamentos censurados pela “normalidade” do dia. Em seu Reino,  Momo, gordo, significa o excedente roubado pelo trabalho e pela lei. 

“A loucura tem uma força maior do que a razão, porque, muitas vezes, aquilo que não se pode conseguir com nenhum argumento se obtém com uma chacota”, nos ensina Erasmo de Rotterdam. “Que é, afinal, a vida humana? Uma comédia. Cada qual aparece diferente de si mesmo; cada qual representa o seu papel sempre mascarado, pelo menos enquanto o chefe dos comediantes não o faz descer do palco. O mesmo ator aparece sob várias figuras, e o que estava sentado no trono, soberbamente vestido, surge, em seguida, disfarçado em escravo, coberto por miseráveis andrajos. Para dizer a verdade, tudo neste mundo não passa de uma sombra e de uma aparência”.

Pois bem, o Carnaval, des-cobrindo as aparências,   destrona o rico, a lei que não o pune; rebaixa quem oprime e rouba com a maior desfaçatez. Nesse sentido, a Festa de Momo é popular.

A PERDA DE SENTIDO

Esse Carnaval, entretanto, que teimam em chamar de popular, não existe em Rio Branco. Momo, aqui, está morto, ou melhor, ressurgiu das cinzas a serviço da cultura de massa, cuja função é deformar tudo em mercadoria vulgar. Nessa indústria cultural, cultura de consumo, Momo não passa de objeto, carcaça sem sentido histórico e alegórico. Coisificado pela cultura de massa, Momo reina, pois, num reino desencantado – “No Carnaval, quero beber até cair e comer muita mulher, porque no Carnaval dá muita mulher”.

Nesse detrito cultural do entretenimento, a banalidade deposita no espaço público ruínas simbólicas; espalha a chaga da alienação; faz da rua um depósito para entulhar indigentes culturais. Sem identidade, no reino desencantado de Momo (e no Acre não se usa fantasia, máscara - não há metáfora), mediante este processo,  ninguém se reconhece em seu reino.

“A cultura de massa preenche os vazios do silêncio que se instalam entre as pessoas deformadas pelo medo, pelo cansaço e pela docilidade de escravos sem exigências”, conclui Theodor W. Adorno

Bibliografia

A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento, de Mikhail Bakhtin, editora Hucitec

Carnavais, Malandros e Heróis, de Roberto DaMatta, editora Guanabara

O Elogio da Loucura, de Erasmo de Rotterdam, editora Abril

O Fetichismo na Música, de Theodor W. Adorno, editora abril

O Riso, de Henri Bergson, editora Guanabara
   


Quando o PT acriano não sabe brincar (2)


O prefeito de Rio Branco, Marcos Viana (PT), e o governador do Acre, Tião Viana (PT), não colocarão um centavo na Festa de Momo.

O PT acriano, desde que começou a administrar prefeitura e estado, jamais soube colocar para a população o verdadeiro significado cultural do Carnaval.

A TV Aldeia, por sua ignorância, por seu aparelhamento, por suas escolhas desqualificadas, transmitiu a Festa de Momo de forma (e de conteúdo) sempre burra, ela nunca soube transmitir o original sentido histórico do Carnaval com seus repórteres inocentes e incultos.

Quando ocorre a Parada Militar, a população dá significado a ela; mas, quando acontece o Carnaval, essa mesma população não sabe o sentido de "Momo", "fantasia", "máscara", "riso".

Como o Carnaval perdeu o seu sentido simbólico no Acre, evangélicos ainda o satanizam, e o governo com a imprensa local a cada ano reafirma a ideia de ser uma festa violenta.

Nada contra as suas pessoas, mas Dudé e Nena, funcionários que organizam a festa popular, são muito responsáveis pela morte simbólica do Carnaval acriano.

Triste é a população que tem festa popular organizada pelo poder público.

Quando o PT acriano não sabe brincar (1)


Foto e legenda retiradas da rede social. 

Marcos Viana (prefeito de Rio Branco) e Tião Viana (governador do Acre), ambos do PT, não brincarão no Carnaval porque não haverá a Festa de Momo. Não há dinheiro.

No entanto, sempre o governo injeta dinheiro público na Expo-Acre, justificando que ela gera milhões ao estado. Mas, para o Carnaval, não há dinheiro.

Hoje, o jornal O Globo publicou ontem que o governo federal fez o segundo repassa do Fundo de Participação dos Estados (FPE). O valor distribuído foi de R$ 774,8 milhões segundo o Ministério da Fazenda.

O Bando do Brasil, que faz o repasse, chegou a informar mais cedo que o repasse chegou a R$ 968,5 milhões.

O primeiro repasse, em 10 de janeiro, o valor foi de R$ 2,68 milhões.

Na nota do Tesouro, o governo informa que que foram repassados R$ 774,8 milhões para os estados por meio do FPE, e outros R$ 810,6 milhões por meio do Fundo de Participação dos Municípios.

Ainda há repasse de recursos do IPI-Exportação e do Fundeb.

Mas os gastos públicos não pertencem à vontade da sociedade organizada, mas a um grupo político que "privatiza" o erário, por exemplo, dando emprego a parentes no setor público, como é o caso do governado Tião Viana segundo a revista Veja.
Na foto acima, lá está a pessoa que está construindo um posto de gasolina só seu, sem que tenha salário para tanto.

Outro secretário constrói um hotel na quarta ponte.

Crise?