segunda-feira, dezembro 08, 2008

Um dia, serei simpático


Como é insosso levar a educação pública a sério. Há anos, defendo idéias fixas na escola Heloísa Mourão Marques, um delas: o Conselho de Língua Portuguesa. Sua finalidade destina-se a organizar a disciplina, mas até a gestora Osmarina parece não acreditar nele, com certa razão.

Para organizar o conselho, precisávamos de um coordenador, e isso dependia de uma democracia que escolhesse o melhor, sabendo que o melhor é exigente e exige de si mesmo. Depositaram o voto, entretanto, em quem nem sabe organizar reuniões. Votaram na simpatia. Talvez, quem sabe, por causa dessa democracia que não sabe selecionar o melhor, o coordenador da área deva ser escolhido pelo gestor.

Ainda sim, por causa de alguns poucos professores de lingua portuguesa e de literatura, definimos procedimentos na disciplina, por exemplo, a prova vale 6 pontos e o trabalho escrito à mão, 4 pontos.

No entanto, muitos professores descumprem o que foi estabelecido. Avalia-se como bem quer, em outras palavras, aluno passa sem critério. "Não vou deixar aluno para a prova final, porque não quero ter trabalho", podemos escutar isso de um colega. Em outros casos, alunos com tantas faltas, inúmeras, mas as notas são 8, 9 ou 10.


Qual a questão?
Qual a questão central desse problema? Rezar ou orar, os professores talvez não rezem ou não orem antes de entrar em sala. É preciso pedir a Jesus luz para iluminar a preguiça e a incompetência.

Mas, em uma escola pública, não é Deus que coordena nossas vidas, porque, se assim fosse, nossos alunos seriam melhores, por exemplo, no Enem. Quem coordena professores é COORDENADOR DE ENSINO, ou seja, uma pessoa inteligente, culta, dinâmica e com uma vontade abismal de querer trabalhar para qualificar o ensino conforme o interesse do erário e não conforme o descaso de alguns parasitas, pseudo-educadores indiferentes à vida de alunos que são filhos de faxineiras, de domésticas, de vendedores ambulantes.

Aqui, neste ponto, o problema: COORDENADOR DE ENSINO. Quais suas qualidades? Por que foi escolhido? Quais seus méritos? Na escola Heloísa, nunca conheci um coordenador à altura dos sonhadores, dos que são inquietos, dos que dialogam com os professores para encontrar soluções por meio da ação, da prática, por meio da fiscalização.

Fiscalizar avaliações, por exemplo. Fiscalizar o coordenador do Conselho de Língua Portuguesa, por exemplo. Fiscalizar para cobrar e para obter resultados, por exemplo.

Como é insosso ser sério. Um dia, quem sabe, serei simpático para eles votarem em mim. Falso, cínico, indiferente, mas simpático, porque, como diz Maquiavel, o vulgo vive das aparências.