quarta-feira, outubro 31, 2007

Vagno Di Paula



Eu, crítico de colunas sociais que EXIBEM a riqueza de uns, não poderia deixar de reconhecer quando um colunista não EXIBE a plutocracia.

Di Paula é muito bem alfabetizado, o cara escreve bem. Por isso, seu texto pode alçar outras possibilidades.

Na próxima quinta, ele apresentará em sua coluna CIRCULANDO algo que nenhum colunista local ousou. Mostrará o chique que muitos ricos não têm.

A TRIBUNA ganha muito com sua escrita.

terça-feira, outubro 30, 2007

Volte, Naluh, para a sala de aula, volte!

Hoje, em frente do Tribunal de Contas do Estado do Acre, uma manifestação de professores da rede pública pediu com toda educação que a ex-professora Naluh Gouveia volte para a sala de aula.

Eles acreditam que ela não pode deixar a sala de aula depois que o Estado do Acre começou a pagar o melhor salário do país. "TCE, TCE, Naluh em sala de aula, a gente quer", em só coro, gritavam seus colegas de trabalho.

"Naluh é formada em Letras, ela adora poesia, romances, Carlos Drummond, Guimarães Rosa; ela não sabe contar, não entende matemática", declarou uma professora. "Agora que conseguimos a isonomia salarial, agora que ganhamos o melhor salário do Brasil, ela precisa saber que a sala de aula é melhor do que o TCE."

A teus olhos


De Aldo Nascimento

A única verdade inviolável setenciará o tempo, meu caro, em que a tua carne banqueteará a fome dos vermes e, após a missa de sétimo dia, o universo tratará de esquecê-lo para sempre.

Tua morte, questão de um tempo laborioso, acolherá tua empáfia a fim de envergá-la até os limites de tua dor. A Morte rirá de tua condição humana, e vós se inclinareis como um súdito se inclina ao Senhor.

Não credes em Deus? Não importa, porque a Morte crê em ti, e ela só exigirá isto, não mais que isto: a dor. Quem sabe um câncer em tua boca com um dente de ouro para que tua língua profira o mal hálito de tua palavra putrefata.

Teu espírito não surportará teu inegável fim, porque, ao longo da vida, ele careceu de honra, de caráter, de humildade, de um amor profundo pela vida.

Será amanhã? O tempo não dialoga com os mortais.

Isso não é obra literária



O Ministério da Saúde adverte:

droga faz mal à saúde.

Em outro momento, baseando-me em um livro de teoria literária, tecerei algumas breves observações sobre Seringal.

segunda-feira, outubro 29, 2007

Os conselhos são essenciais

Existem vários bons professores e excelentes idéias, mas pouco norteamento por parte do eixo gestão-coordenação pedagógica. Esse direcionamento vai bem além de acatar uma idéia boa como os conselhos de área.

Você concordou com tais conselhos. Está muito claro que questões de Língua Portuguesa devem ser definidas com os professores de Língua Portuguesa, por exemplo: Redação. Se tem professor que sabe muito bem o que fazer com Redação em sala, ele deve coordenar a área para, com seus pares, definir práticas e metas.

Sobre coordenação, defendo esta idéia: na coordenação, deve haver um professor de Matemática e de Língua Portuguesa. Esses dois profissionais precisam ser escolhidos por meio de critérios bem definidos pelo corpo docente.


Significa participar ativamente, dando sugestões e cobrando relatórios, baseando-se na proposta pedagógica da escola.

A proposta pedagógica de Língua Portuguesa, por exemplo, inicia-se pelas áreas. Antes de pensar o todo, a escola, é preciso pensar a parte, a área. Os relatórios são essenciais, porque asseguram a memória da escola, das reuniões.

Vai além de parcos elogios quando um conselho vai bem e mostra resultados: estabelecer metas futuras que superem as atuais é fundamental. A escola deve funcionar como uma empresa: O objetivo final deve ser impreterivelmente alcançado, e para isso seus vários segmentos devem se articular produtivamente.

Quem é gestor tem a obrigação de saber o que faz, no caso, buscar qualidade de ensino e posturas na escola.

Açeçôr de inpremçá

"Durante a solenidade, o secretário Antônio Monteiro, disse que sua pasta vive um momento de celebração após o governador Binho Marques ter elegido a Segurança Pública como “carro chefe” de sua gestão."

1. Vírgula entre sujetio e predicado. Assessor não é escolhido por concurso ou por competência, mas por obediência.

Cesta básica


Na propaganda do governo do Estado do Acre, propaga-se pela TV que o salário do professor é bem maior do que o de São Paulo quando se compara a cesta básica paulista à cesta básica acreana.

Imagine o poder de compra de um médico se o seu salário estiver associado à cesta básica, imaginou?

Agora, imagine o poder de compra de um promotor se o seu salário estiver associado à cesta básica, imaginou?

Imagine o poder de compra de um juiz se o seu salário estiver associado à cesta básica, imaginou?

Nós não imaginamos essas comparações quando se trata de tais profissões, mas o governo do Estado, com sua propaganda ufanista, associa cesta básica ao salário do professor.

A Língua Marginal



Uma classe social marginalizada pelos ricos, só poderia marginalizar a LÍNGUA.

Conheço texto do Poder Judiciário muito mal escrito. Os pobres não são motivo de riso para mim.

Aos alunos

Professor, está na hora de dar um basta em projetos fajutos de Língua Portuguesa! Letras maiúsculas no meio da frase, "o" Heloísa em vez de "a" Heloísa, "segundão", "terceirão" (essas turmas não existem!). Dê uma olhada nos cartazes e panfletos que circulam por lá...Até o nome, "Sebinho", já virou motivo de chacota. E o pior é que estão querendo levar isso para fora do âmbito escolar!Como professor de Língua Portuguesa, tome uma atitude. Isso é uma vergonha!

Se são projetos fajutos, assim como você disse, os alunos, os interessados, poderiam criar um blog para criticar de forma inteligente e para dar propostas à escola.

Uma pergunta: que projeto poderia ser criado para ajudar os alunos?

Sobre o "Sebinho", há idéias boas, ótimas, mas elas precisam ser assumidas pela disciplina Língua Portuguesa por meio da área, não podendo, portanto, ser um ato isolado. Isso, é claro, depende da gestão, da direção.

A mesma professora que criou o Sebinho também deu a idéia de corrigir as placas com erros ortográficos, mas, como não há proposta educacional por parte da direção, idéias se perdem.

Eu já defendi na escola conselho de disciplina, porque, dessa forma, projetos passariam pela área. Infelizmente, a atual gestão não teve vontade ou entendimento para que tais conselhos funcionassem. Um problema da escola pública acreana chama-se administração.

Não temos, por exemplo, os conselhos de turma. Eles são importantes na estrutura escolar, mas pessoas, com péssima formação mental, não conseguem visualizar sua funcionalidade.

Penso que alunos interessados, jovens que lutam por uma escola pública com qualidade, deveriam se manisfestar por meio de um blog criativo. Precisamos lutar por boas idéias e criticar quem merece ser criticado por sua incompetência e por seu desinteresse.

sábado, outubro 27, 2007

Ronda Gramatical

A) "Botafogo quer voltar à vencer hoje contra Sport"

1. Botafogo quer voltar a - Esse "a" surgiu por causa de "voltar", ou seja, trata-se de uma preposição;

2. A vencer hoje contra Sport - Nesse caso, não podemos usar o artigo "a" antes do verbo vencer;

3. Podemos usar a preposição "a", mas não podemos usar o artigo "a". Dessa forma, não há união (crase) entre preposição e artigo, não podendo, portanto, haver o acento grave que indica o fenômeno da crase; e

4. Voltar a a vencer - Como não se usa artigo "a" antes de verbo, fica somente a preposição "a", ou seja, "voltar a vencer".

B) "Ensino à distância leva curso superior à todo o Acre"

1. Quando a distância não é especificada, não se usa o acento grave que indica o fenômeno da crase;

2. Como não cabe artigo "a" antes de "todo", fica só o "a" da preposição, isto é, não há união entre o "a" da preposição com o "a" de artigo.

sexta-feira, outubro 26, 2007

Para as feministas acreanas


Há alguns tempo, publiquei no jornal A TRIBUNA uma matéria sobre movimento feminista que defendia na Europa a maternidade e a família.

No dia 21 de outubro, na Folha de São Paulo, publicou-se uma minientrevista com Camille Paglia, bom material. Leia com atenção o que a norte-americana disse.

"
O movimento feminista tende a denegrir ou marginalizar a mulher que quer ficar em casa, amar seu marido e ter filhos, que valoriza dar à luz e criar um filho como missão central na vida," diz Paglia. "Está mais do que na hora de o feminismo conseguir lidar com a centralidade da maternidade."

No Acre, quando chega 8 de março, anacrônicas que são, elas ainda ovulam muita besteira, por exemplo, o clichê "a mulher está ocupando seu espaço". É urgente pensar a casa, a família, a sexualidade, mas fica impossível quando o raciocínio é a própria
menopausa.

Dia das mães é muito mais significatico do que 8 de março.

Médicos ameaçam entrar em greve se a saúde não melhorar

De Josafá Batista

Em assembléia geral realizada na última quinta-feira, médicos de Rio Branco aprovaram um parecer que define uma greve de advertência se as negociações com o governo do Estado não avançarem.

De acordo com o Sindicato dos Médicos do Estado do Acre (Sindmed-AC), essas negociações se arrastam há meses e até hoje nada ficou definido.

Os médicos reclamaram da lentidão das negociações e autorizaram o Sindmed-AC a tomar uma postura mais firme. Uma nota distribuída à imprensa afirma que “está ficando impossível trabalhar sem condições estruturais”. A categoria reclama de excesso de plantões e salários que não têm reajuste desde o inicio do atual governo.

“Hoje, pela manhã, fui ao pronto-socorro para acompanhar a movimentação e lá estava um caos. Faltam médicos, havia pacientes deitados no chão e só um médico para atender. É um absurdo que as coisas fiquem assim, porque está faltando profissionais. Por isso, quando um médico adoece, não tem ninguém substitui-lo e cria-se um caos”, reclama Enoque Pereira de Araújo, presidente do Sindmed-AC.

Além da contratação de médicos para as emergências e a melhoria das condições de trabalho, os médicos querem que o governo pague insalubridade e que reforme algumas instalações. No caso do pronto-socorro, por exemplo, um dos ambulatórios não tem sequer ar-condicionado.

Na próxima semana, o Sindmed-AC vai elaborar um documento com todas as reivindicações da classe para entregá-la ao representante da Sesacre e, se nenhuma solução for encontrada, a greve começa em novembro, especificamente, a partir do dia 12.

A paralisação, se acontecer, vai paralisar o pronto-socorro e todos os centros de saúde da capital.

Governo vai negociar

O subsecretário estadual de Saúde, Sérgio Roberto Gomes de Souza, disse que ainda não recebeu o documento, mas que, quando receber, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) vai “estabelecer uma relação de negociação com os médicos, consolidar direitos e estabelecer deveres”.

Perguntado sobre o significado desse pacote fechado, ele aproveitou para reclamar das entrevistas feitas por telefone. “Vocês ficam aí na Redação, coletando versões, é complicado”.
Mesmo assim, o subsecretário ressaltou.

“Vamos ouvir e discutir as reivindicações e estabelecer uma lógica de gestão. E, ao mesmo tempo, vamos normatizar as atribuições. É uma pista de mão dupla, vamos discutir, só isso”, afirmou o secretário.

Atento à própria fala, ele mandou repetir o que havia dito - foi obedecido.

quinta-feira, outubro 25, 2007

Dissertar

Na prova dissertativa, meus alunos, a maioria, não entendeu o que o Enem propôs em 2000. Fui ao quadro para explicar. Mostrei um esquema sobre.

Na próxima terça-feira, reconstruirão a introdução segundo a proposta do Enem de 2000. Poderia deixar assim mesmo, porque o estado paga da mesma forma. Exigindo ou não do aluno, tendo ou não tendo mais trabalho, o salário é o mesmo.

Não ganho mais por trabalhar melhor, por me esforçar mais.

A questão, entretanto, é que eu não sou assim mesmo: sou problemático.

quarta-feira, outubro 24, 2007

Maior salário do país...

Acabei de dar uma olhadinha em um concurso da prefeitura de Duque de Caxias, Rio de Janeiro. Lá, com 20 horas semanais, o professor recebe R$ 1.559,99, o bruto. O custo de vida é mais barato do que no Acre.

Deputado-ex-professor

Os deputados estaduais, principalmente os ex-professores Edvaldo Magalhães, Naluh Gouvea e Moisés Diniz, deveriam criar leis para qualificar a gestão das escolas públicas acreanas.

Gestores escolares transitam livres e alegres com suas irresponsabilidades, com seus descasos, com suas indiferenças. Há caso de escola pública saqueada por diretores e, sem nenhuma punição séria, deixam a escola pública depredada. Ganham muito bem para deixarem muito mal o ensino público.

O caso da escola Heloísa Mourão Marques é exemplar no sentido de que, até hoje, ela se encontra inadimplente com a Secretaria de Educação. Sem papel, professores tiram do bolso dinheiro para que provas sejam impressas. A escola não tem verba. Ninguém é responsabilizado e punido.

Gestores escolares devem ser submetidos à avaliação por meio de questionário respondido por alunos, por professores, por pais de aluno e por funcionários de apoio. Essa avaliação deve ser semestral.

Os deputados pouco, ou quase nada, trabalham para apresentar idéias que qualifiquem a gestão escolar. Lamentável.

terça-feira, outubro 23, 2007

Parabéns!!!



O que dizer à editora-chefe da TRIBUNA?

Sem Alexandra Machado, a redação desse jornal não seria a mesma.

Simpática e charmosa, essa menina sabe exercer como ninguém o gênero feminino no trabalho.

Que a tua família seja farta de compreensão e empanturrada de amor.

Vida longa, menina!!!

Aluno & Ronda Gramatical

Aluno

Professor Aldo, foi muito bem colocada a sua correção a respeito da expressão no comunicado, mas o senhor chegou a falar para a coordenação que não estava correto daquela forma?

Não avisei.

Professor, gostaria que o senhor divulgasse também os trabalhos interessantes que são feitos na escola. O turma vespertino realizará amanhã, 23/10, uma pequena mostra de trabalhos desenvolvidos por meio de maquetes. São trabalhos simples, porém criativos.

Você não me chamou na escola para fotografar e para comentar sobre, além de vocês comentarem sobre.

Ronda Gramatical

"A presidente do Tribunal de Justiça do Acre, desembargadora Isaura Maia, fez ontem a tarde, uma visita ao gabinete do senador Sibá Machado. Izaura Maia procurou o senador acreano para pedir apoio do parlamentar na destinação de emendas que ajudem a desenvolver projetos do Tribunal que atendem gratuitamente a população acreana."

1. Sempre digo a meus alunos que evitem palavras desnecessárias no texto. "Fez ontem a tarde uma visita". Muito melhor escrever "visitou ontem, à tarde". Péssimo "fez uma visita". Transforme "visita" em verbo, é melhor.

segunda-feira, outubro 22, 2007

A ética dos robôs


De Aldo Nascimento

Depois da revolução industrial no século 18, conseqüência também de investimentos na educação, a cova secular entre Europa e países como Brasil só tem se tornado mais funda.

Aqui, país do samba e do futebol, o pentacampeão do mundo, a falta de ética na vida pública parece dar um show de bola no povão. Na Europa, Reino Unido, o debate sobre a ética dos robôs revela que nós, nação com os piores índices educacionais, perdemos o mouse da história.

Para os países desenvolvidos, enviamos mão-de-obra barata, nós não precisamos pensar no velho continente. Pois bem, daqui a alguns anos, a Europa não precisará de nós nem como garçons ou como lavadores de prato - os robôs humanóides nos substituirão.

"Bill Gates, cuja Microsoft acaba de desenvolver um sistema operacional padronizado para esse tipo de máquina, acredita que a indústria da robótica, como a dos computadores pessoais 30 anos atrás, está às portas de uma forte expansão", escreveram FRANÇOISE LAZARE e PHILIPPE MESMER no Le Monde.

Leia com atenção o que os dois registraram no jornal francês.

Podem votar?

Sob o título "sonhos utópicos ou máquinas melhores", os especialistas discutem aquilo que será preciso prover aos robôs à medida que sua inteligência artificial se desenvolva. Será que terão direito de voto? Serão forçados a pagar impostos, a prestar serviço militar?

De acordo com o estudo, caso os robôs participem da força de trabalho e, portanto, do crescimento da economia, será necessário fornecer a eles, por exemplo, uma cobertura de seguro social que garanta o bom funcionamento de seus equipamentos. Como aponta o texto, um computador, que legalmente não é considerado uma pessoa, não poderia ser responsabilizado judicialmente por qualquer delito. Seu fabricante, no entanto, poderia proteger seus direitos de propriedade intelectual.

No Japão, os avanços não se comparam aos europeus. Os robôs humanóides vêm sendo desenvolvidos pouco a pouco pelos laboratórios. O Wakamaru está à venda para trabalhar como recepcionista em empresas. A Alsok, uma fabricante de produtos de segurança, está oferecendo aos clientes os robôs de vigilância C4 e C5, para operar em centros comerciais.

A Coréia do Sul, país igualmente avançado em termos de robótica e grande rival do Japão nessa área, redigirá uma "carta ética dos robôs" ainda neste ano. O texto se inspira nos princípios propostos pelo escritor de ficção científica Isaac Asimov.

Para uma nação que fica entre as piores nas olimpíadas de matemática, não serviremos nem mais como garçons.

Oremos, irmãos!

Abandonada cidade cenográfica da minissérie

Ficou só na intenção a promessa de tornar a cidade cenográfica da minissérie Amazônia: de Galvez a Chico Mendes um ponto turístico permanente do Acre. A falta de manutenção transformou o local em um grande depósito de quinquilharias e várias estruturas já começaram a ficar inutilizadas.

A promessa de transformar a cidade cenográfica, localizada no Quixadá, em um ponto turístico, foi feita pelo governo do Estado antes da gravação da própria minissérie, durante a construção. Na época, alardeou-se que o objetivo era popularizar a história e as tradições acreanas.

No local, porém, tudo está se transformando em ruínas. A casa onde morou o coronel Firmino, personagem do ator José de Abreu, por exemplo, está começando a ser invadida por insetos. Não há qualquer indício de uma estrutura digna de ponto turístico.

Os espaços começaram a virar pontos de encontro de moradores da região, que se dizem donos da cidade cenográfica. Festinhas particulares são registradas com freqüência, de acordo com a vizinhança.

Pela promessa, o local teria um restaurante de comidas típicas, como galinha caipira, tacacá, tapioca, açaí e outros. Moradores do Quixadá chegaram a sugerir que o governo do Estado procurasse parceiros na iniciativa privada para restaurar o espaço, inclusive, mantendo outros elementos do cenário e não somente as casas.

O problema não é específico da cidade cenográfica do Quixadá. Em Porto Acre, de acordo com uma denúncia, funcionários de um órgão do governo do Estado já começaram a demolição de quase tudo o que foi construído nas gravações. Ao contrário do prometido, nenhum investimento foi feito.

Desmatamento em alta

Do caderno Mais!,
da Folha de São Paulo

De Marcelo Leite

Permanece limitada a capacidade do governo de inibir
a ação de grileiros, madeireiros e seus sócios

Em agosto, duas colunas neste espaço ofereceram informações contraditórias sobre desmatamento na Amazônia brasileira. A primeira, no dia 5 daquele mês, previa aumento no corte de florestas com a subida dos preços de commodities como soja e carne bovina.

A segunda, duas semanas depois, apontava erro no primeiro texto, diante de dados de satélite que indicavam queda no desmate pelo terceiro ano consecutivo.Ambas as colunas estavam certas, e também erradas. O desflorestamento de fato vinha caindo, pelo menos até junho ou julho. Mas começou a subir de novo, forte, em agosto.

Apesar disso, ainda está distante da cifra escandalosa de 2003/ 2004, a segunda maior área devastada de todos os tempos (27.429 km2). Eis o dado do Sistema Deter, acompanhamento em "tempo real" (poucas semanas de defasagem entre coleta de imagens por satélites e processamento dos dados) operado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para o Ministério do Meio Ambiente (MMA) orientar a fiscalização: de junho a setembro, foram derrubados 4.570 km km2 de mata amazônica, contra 4.250 km2 no mesmo período do ano anterior.

Isso dá um aumento de 8%, como noticiou a Folha na quinta-feira. O MMA ainda se contorcia para dizer que não estava ocorrendo um aumento substantivo, só uma desaceleração da queda. O ano de 2007 terminaria ainda com uma redução na taxa de desmatamento, argumentava.

A série histórica de estatísticas oficiais iniciada em 1988 leva em conta o período de agosto a julho. Como até três meses atrás a taxa vinha caindo, tendo registrado -33% de variação em junho e oscilação de 4% em julho (no confronto com os mesmos meses de 2006), o ano-desmate 2006/2007 terminará, sim, com redução.

Marina Silva terá, portanto, mais um relatório positivo sobre desmatamento anual para apresentar. Mas já não será um retrato fiel da situação quando se iniciar a reunião das Nações Unidas sobre mudança climática de Bali, Indonésia, em dezembro. Ali o Brasil e outros países emergentes serão pressionados a adotar metas de redução de emissões de gases do efeito estufa, como já fizeram vários países desenvolvidos no quadro do Protocolo de Kyoto. Três quartos das emissões brasileiras vêm do desmatamento.

Em agosto deste ano, ele aumentou 53% sobre agosto de 2006 (passou de 474 km km2 a 723 km km2). Em setembro, mais 107% (de 687 km km2 a 1.424 km km2). Como de hábito, a aceleração é mais acentuada nos Estados que compõem o chamado Arco do Desmatamento. Rondônia, aquela Unidade da Federação em que Lula vai erguer os monumentos hidrelétrico-desenvolvimentistas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira, teve aumento de 602%.

Em Mato Grosso, terra de Blairo Maggi e portanto de soja, foram 84%. No Pará de tantas unidades de conservação criadas na gestão Marina Silva, 59% (e maior área total, 655 km km2). É bom repetir: 4.570 km km2 de desmate nos melhores meses (mais secos) para derrubar e queimar floresta não chega a ser um desastre (ainda que a área represente três vezes a do município de São Paulo).

A aceleração inegável, no entanto, vem sugerir que permanece limitada a capacidade do governo federal de inibir a ação predatória de grileiros, madeireiros e seus sócios no avanço da frente agropecuária, sobretudo quando capitalizados pelo aumento nos preços de commodities.
_____________________________
MARCELO LEITE é autor de "Promessas do Genoma" (Editora da Unesp, 2007) e de "Clones Demais" e "O Resgate das Cobaias", da série de ficção infanto-juvenil Ciência em Dia (Editora Ática, 2007). Blog: Ciência em Dia (www.cienciaemdia.zip.net). E-mail: cienciaemdia@uol.com.br

sábado, outubro 20, 2007

Ronda Gramatical
















"Os alunos deverão está 30 minutos"

Essa frase-oracional foi escrita em uma escola pública. Os alunos lêem e, como isso, copiam o errado. Para saber se é "está" ou "estar", substituamos o verbo por outros verbos.

Os alunos deverão estudar (e não estuda). Os alunos deverão cantar (e não canta). Os alunos deverão viver (e não vive). O alunos deverão estar (e não está).

Coordenação de ensino não pode vacilar dessa maneira.

Polanco, ameaçado

STJ pode retirar Polanco do cargo de conselheiro do TCE

Matéria de Edinei Muniz

Um mandado de segurança, em trâmite final no Superior Tribunal de Justiça(STJ), pode complicar a vida de Ronald Polanco, conselheiro do Tribunal de Contas e ex-deputado pelo PT.

O ex-deputado é acusado de não preencher os requisitos constitucionais exigidos aos ocupantes do cargo de conselheiro do TCE, razão que levou o advogado Vicente Prado - que concorreu à vaga, hoje ocupada por Polanco - a ingressar na Justiça, visando tornar nula a decisão da Assembléia Legislativa, que, por maioria de votos, escolheu o ex-petista para o cargo em desacordo com a lei.

Os riscos de Polanco vir a perder o cargo são grandes, pois, no STJ, a jurisprudência firmada pelos Ministros é de que "devem ser preservados os requisitos exigidos na Constituição", e ele não cumpre todos, especialmente, por não ter mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade na área jurídica, econômica e financeira ou de administração pública.

Para complicar mais ainda a situação, a Procuradoria da Republica, convocada a opinar no processo, manifestou-se pela nulidade de todos os atos que culminaram com a indicação de Polanco para o cargo. O mandado de segurança (RMS 23400) está pronto para ser julgado pelo ministro-relator, Teori Albino Zavascki, desde o dia 2 deste mês.

A decisão final deve sair nos próximos dias e, se favorável, além de complicar Polanco, cairá como um balde de água fria nas pretensões da deputada Naluh Gouveia, que, por sinal, enfrenta os mesmos problemas de Polanco no tocante ao cumprimento dos requisitos expressos na Constituição Federal.

sexta-feira, outubro 19, 2007

A Folha de São Paulo nos pauta mal

Artigo publicado neste sábado na TRIBUNA, dia 20
De Aldo Nascimento

Na matéria Professor de SP ganha 39% menos que do AC, publicada em 14 deste mês pela Folha de São Paulo, a repórter Daniela Tófoli evidenciou em seu texto um conhecimento profundo sobre sua ignorância a respeito do Acre, isto é, ela não sabe quanto custa uma cenoura e um pepino em Cruzeiro do Sul.

Daniela afirmou que a cesta básica na terra da garoa, comparada à da terra de minha filha, custa R$ 194,34 (São Paulo) contra R$ 124,47 (Acre).

Enviei uma carta eletrônica à jornalista, aconselhando-a a passar um ano na terra dos nauas. Por causa dessa cesta básica, ela contabiliza uma diferença de 60% entre professores de José Serra (PSDB) e de Arnóbio Marques (PT). Daniela, em Cruzeiro do Sul, dois litros de Coca-Cola custam R$ 8.

A autora informou ao Brasil todo que o salário do professor é R$ 1.580. Mentira. Bruto, ele chega a R$ 1.560. Repito: bruto. Líquido, o salário acreano fica em R$ 1.408, sendo que o professor leciona para três turmas e sua carga de trabalho limita-se a 30 horas por semana.

Com esse número, façamos as contas:

Aluguel: R$ 400 – professor não paga aluguel?
Compras: R$ 400 – professor se alimenta bem?
Telefone: 100 – professor se comunica?
Internete: 130 – professor pode estar na rede?
Livros: 100 – professor compra seus livros?
Escola: 130 – filho de professor pode estudar em escola particular?
Gasolina: 100 – professor pode passear de carro?
Luz: 160 – professor pode usar ar-condicionado sem “gato”?
Água: não paga – professor toma banho com água de poço?

Total: R$ 1.520 em Rio Branco. Sem considerar outros gastos, ele deve R$ 112 no final mês. Professor poupa mensalmente? Com esse salário, portanto, deputado-professor e vereador-professor, quando deixarem de estar parlamentares, serão outra vez professores, porque o salário é o melhor do país.

Cínico, no mínimo, comparar com o pior. Muito semelhante quando se compara o atual salário ao da época desgraçada do ex-secretário de Educação, Alércio Dias, cujos índices assemelhavam-se a um professor do continente africano.

Evidente que não sou estúpido a ponto de ignorar ações benéficas na educação acreana depois que a Frente Popular chegou a poder. Não há dúvidas de que o salário aumentou muito em relação a políticas antieducacionais de desgovernos anteriores, mas afirmar que se trata de um salário à altura do que a educação representa para uma nação, bem, aí é demais. Gosto de seguir os bons exemplos salariais de professores chilenos e argentinos. São Paulo e Rio de Janeiro não são bons exemplos.

Comparar ao pior, no mínimo, repito, é cinismo.

Nesta semana, em uma sala do pré-vestibular Ideal, diante de 32 alunos, perguntei quem desejava cursar uma faculdade para ser professor. “Eu quero lecionar a disciplina Biologia”, disse-me um solitário aluno. Um.

Quem for a um pré-vestibular do Acre não encontrará muitos jovens que desejam ser professores, porque, dizem, o salário não compensa. O crime, esse sim, compensa, por isso esses jovens desejam ser advogados, promotores e juristas. Eles desejam ser médicos. Na conta bancária, professor vale bem menos do que advogado, bem menos do que médico. Trata-se de uma verdade no mercado de trabalho.

Mas nem tudo está perdido, professor. Se o senhor gosta de estrada, se o senhor gosta de apreciar carros em avenidas, o concurso da Polícia Federal está aberto. Com apenas o ensino médio, o senhor receberá por mês mais de R$ 5 mil. Repito: só com o ensino médio.

Muito mudou, eu sei. Muito ainda mudará. Sem ser professor, Lula possibilitará um piso salarial de R$ 950 para todos os professores do país. Fernando Henrique, um professor, ignorou isso em seu governo.

Só discordo desse ufanismo salarial no Acre. É preciso equilíbrio.

quinta-feira, outubro 18, 2007

Um blog aberto a Cristina Maia


Um cometário infeliz sobre a minha pessoa obriga-me a escrever.

Professora de Língua Portuguesa e responsável pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) na Secretaria de Educação do Estado do Acre, a servidora pública Cristina Maia declarou que sou "uma pessoa problemática".

É preciso ter muita calma nessa hora para não perder a postura de cavalheiro diante de uma dama. Prometo, serei elegante, semelhante a um esgremista que, com seu sabre, atinge a parte vital do adversário, no caso, o cérebro.

Um pessoa indicou-me a Cristina Maia para formular questões do Saeb e, como resposta, sentenciou que sou uma "pessoa problemática". Bem, na condição de funcionária do Estado, desqualificar outro funcionário do Estado não pode passar pela subjetividade. A administração estadual não pode avaliar segundo "o achar" ou "a opinião" de uma funcionária, sabemos, compentente e dedicada a qualificar o ensino da disciplina Língua Portuguesa.

Isso tem um nome bem chulo: queimação.

Leciono na rede estadual de ensino há dez anos e, até hoje, nunca fui avaliado pela Secretaria de Educação por meio, por exemplo, dos alunos. Em outras palavras, a secretaria e a funcionária Cristina Maia ignoram o meu ato de lecionar, minhas idéias, minhas relações com a escola pública, o que já fiz, o que não fiz.

Cristina Maia ignora, por meio de avaliações, de documentos, o trabalho de Aldo Antônio Tavares do Nascimento na sala de aula como professor de Literatura e de Língua Portuguesa. Ela já ouviu, isso sim, falar de mim. Uma representante do Saeb, no entanto, não pode desqualificar pelo fato de "ter ouvido falar de alguém". O Estado não julga segundo as "fofocas".

Viu a foto?

Acredito que a senhora Cristina Maia tenha chegado ao atual cargo da Secretaria da Educação por meio de um processo de avaliação, ou seja, seu trabalho nas escolas públicas ao longo dos anos ratificou sua função atual na Secretaria de Educação do Estado.

Não foram amigos partidários, antigas amizades e muito menos o nome de família que a colocaram onde está, mas, por meio de um procedimento institucional equânime e ético, repito, avaliação do corpo discente por meio de questionário, documentou-se que Cristina Maia não é "pessoa problemática". Tal procedimento representa o espírito republicano e não o espírito fisiológico.

"Problemático"!?!?!?

Cristina Maia, os cínicos, os indiferentes, os canalhas, os falsos, os fisiológicos, os incompetentes, os aduladores, esses sim, minha cara dama, esses sim, são problemáticos embora, reconheço, transitem livres e alegres pelos corredores, porque, ocultando o que são com seus joguinhos de aparência, recebem, que ironia!, o reconhecimento do que eles não são.

Minha cara, vós não sabeis quem sou.

Neste Acre, acredite, cultivadas há anos, tenho ótimas amizades, pessoas escolhidas a dedo. Para elas, nunca fui aparência. Para elas, a destreza de minhas palavras não dissumula. Somente os poucos podem saborear a lealdade de minhas palavras.

Vida longa aos que lutam sem duas caras por um Brasil e por uma Acre sempre melhor para os que precisam mais do que nós.

quarta-feira, outubro 17, 2007

Matéria da Folha de São Paulo nos pauta mal

Para domingo, um texto sobre a matéria da jornalista DANIELA TÓFOLI. Eu não poderia ficar calado.

2º ano C do ensino médio


Que sejam vitoriosos na vida!!!

E a nossa Câmara?

Câmara do Rio aprova lei que proíbe
celular e MP3 em salas de aula

da Folha Online

A Câmara Municipal do Rio aprovou nesta terça-feira um projeto de lei que proíbe o uso de telefones celulares, jogos eletrônicos, aparelhos de MP3 e demais equipamentos eletroeletrônicos em salas de aula. A lei inclui todas as instituições de ensino da cidade -municipais, estaduais, federais e municipais.

De acordo com o projeto, se sancionada pelo prefeito Cesar Maia (DEM), a lei será aplicada para alunos de ensino médio, fundamental e superior.

A lei, de autoria da vereadora Pastora Márcia Teixeira (PR), prevê que as instituições devem fixar em local visível uma placa indicativa com o seguinte texto: "É proibido o uso de aparelho celular e equipamento eletrônico durante as aulas".

Na justificativa da proposta, a vereadora diz que o uso desses equipamentos em sala de aula tornou-se um transtorno para os professores e alunos, já que tira a atenção de ambos.
O prefeito do Rio ainda não sancionou a lei.

São Paulo

Na semana passada o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), sancionou projeto de lei que proíbe os estudantes de usar telefone celular nas escolas nos horários de aula.

A princípio, vale apenas para a rede estadual do ensino básico (fundamental e médio), mas, como a redação do texto é vaga ("estabelecimentos de ensino do Estado"), a Secretaria da Educação diz que é possível considerar que abrange também a particular. A dúvida será esclarecida apenas com a regulamentação da lei, prevista para ser publicada pelo governo em até 90 dias. A lei não estabelece como será a fiscalização da medida nem a que tipo de punição o estudante está sujeito.

O deputado estadual Orlando Morando (PSDB), autor da proposta, afirmou que os aparelhos podem ser retidos pelos professores e devolvidos apenas ao final das aulas. A punição, no entanto, não está prevista no texto da lei sancionada.

Comissão Eleitoral

Na última eleição de gestor escolar, a Comissão Eleitoral da escola Heloísa Mourão Marques deixou falhas e deve aprender com seus erros.

No auditório, os setores da escola se misturaram e, por causa disso, o debate deixou a desejar. Proponho que reuniões sejam separadas com cada setor e pautas devem ser bem específicas.

O corpo docente precisa realizar um debate com os candidatos, mas, antes, os professores devem marcar os tópicos, por exemplo:-) 1) qualidade de ensino de Língua Portuguesa e de Matemática, 2) conselhos de disciplina, 3) conselhos de turma, 4) escolha da coordenação de ensino, 5) Plano Político Pedagógico.

Mais: um termo de compromisso deverá ser assinado pelos candidatos a fim de que metas sejam cumpridas.

Não podemos transformar essa eleição em feira livre da palavra cínica. Precisamos transformar a escola pública Heloísa Mourão Marques na melhor escola do Estado.

Defendo a idéia de que o gestor escolar deve ser avaliado a cada seis meses pelos setores da escola. Quem terá coragem?

segunda-feira, outubro 15, 2007

Confraternização


Uma confraternização em sala. Os alunos me chamaram. Fui. Gostei. Pessoal muito bom.

Novas cabeças



No Dia das Crianças, os novos professores ofertaram aos alunos balas e doces. Tiraram dinheiro do bolso e promoveram esse momento.

Esse pessoal novo deve administrar a escola.

Clonaram o Freud




Acima, um pedófilo procurado pela Polícia Federal dos EUA.

Abaixo, Freud, repórter da TRIBUNA.

Acredite, a clonagem humana começou.

A um bloguista (2)

Fico feliz em perceber essa sua vontade de melhorar a educação.

Uma pessoa não basta. Uma escola depende de um conjunto muito bem articulado.

Acho que a escola trabalha muito de forma unidirecional, isto é, o professor repassa conceitos e os alunos absorvem. Os alunos deveriam buscar o conhecimento.

"Deveriam" se as escolas públicas tivessem condições para tanto. O bom é combinar os dois procedimentos: o professor sistematizar e o aluno buscar.

Acho que a forma tradicional de usar as salas em fileiras causa inibição aos mais afastados. A forma de U como nos teatros antigos parece ser mais interativo.

Não pense que tudo é interação.

Certa vez, li um texto seu que mostrava a foto de uma menina dormindo na sua aula. Leitura é algo meio entediante para quem não é acostumado. Isso é culpa dela, entretanto, também um pouco sua. Afinal, você é o "dono" do espetáculo.

O espetáculo é saber o que se fala em sala. Não pense que é fácil realizar um espetáculo, pois isso exige tempo do professor; entretanto, meu caro, o professor não se dedica à escola em tempo integral. Ele tem seu tempo estilhaçado e a própria escola é fragmentada. Espetáculo exige elaboração, preparo anterior, isto é, tempo para criar.

Sem isso, a leitura é, por exemplo, para ser compreendida e para se interpretada. Para tanto, o aluno deve consultar o dicionário, marcar termos, conceitos. A leitura deve ser racionalizada para, depois, aí então, ser lúdica, ser espetáculo.

A leitura não deve ser algo de um professor, mas a proposta de uma escola muito bem articulada.

Você falou que os coodernadores deveriam assistir as aulas. Não acha que o ambiente dentro da sala mudaria tanto por parte dos alunos como por parte dos professores? O professor não iria querer "mostrar serviço"
?

Muitos não mostram serviço, porque fazem da solidão pedagógica um forma de desqualificar o ensino. O professor deve dialogar com quem coordena e, para isso, ele deve expor suas virtudes e seus limites diante da coordenação. Na escola pública, a liberdade é tamanha que se perdeu de vista a ética do conjunto. Não há liberdade se não houver ordem, noção de conjunto.

A uma bloguista (1)

Caro professor Aldo,

Ouço sempre você dizer que no Acre não temos uma identidade cultural, costumes próprios e/ou uma história.
Minha fala dirige-se somente à cultura. Costumes e história, claro, estão presentes. Agora, o que pensamos sobre "cultura"?

Não sei exatamente o que você quer dizer com isso. Na minha opinião nós temos uma história muito rica.

História de quem?

Essa semana estava lendo "O Empate"- de Florentina Esteves. Pude visualizar a construção do meu Estado, a identidade do povo acreano e muitas outras coisas que me fazem acreditar que eu vivo em um Estado que possui "alma".

Em que sentido identidade e alma? Queria visualizar isso com muita clareza.

Gostaria que você comentasse sobre isso
.

Comentarei, mas, por favor, especifique antes sobre identidade e alma.

Acre X São Paulo

Professor de SP ganha 39% menos que do AC

Ranking dos salários de docentes da rede estadual em início de carreira traz SP, que tem o maior Orçamento entre os Estados, em 8º lugar.

Se for levado em conta o custo de vida, a diferença entre São Paulo e Acre, que lidera a lista de melhores salários, aumenta para 60%

Greg Salibian/Folha Imagem

DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os professores em início de carreira da rede estadual paulista recebem salário 39% menor do que os do Acre. Enquanto um docente com formação superior e piso inicial de São Paulo ganha R$ 8,05 por hora, o colega acreano recebe R$ 13,16. Se levado em conta que o custo de vida lá é menor, a diferença aumenta para 60%.

O ranking dos salários do país mostra que o Acre lidera a lista dos Estados que pagam melhor seus professores em início de carreira, seguido por Roraima, Tocantins, Alagoas e Mato Grosso. São Paulo vem em oitavo lugar, apesar de ter o maior Orçamento do país. Pernambuco tem o pior salário.

A remuneração acreana, porém, ainda não é a ideal para especialistas. "O baixo salário dos docentes é uma questão histórica no país. Basta ver o de outros países da América Latina, como Chile e Argentina, que são maiores", afirma Célio da Cunha, assessor especial da Unesco no Brasil.

Para ele, o salário baixo é uma das explicações para a má qualidade do ensino. "Um salário justo motiva os professores."O salário um pouco melhor no Acre começa a dar resultado. Prova disso pode ser a análise do Saeb (exame do MEC que avalia estudantes), divulgada em fevereiro. Na comparação entre 2003 e 2005, o Acre foi onde as médias dos alunos de 4ª série mais evoluíram.

Em português, houve aumento de 13,8 pontos (de 156,2 para 170). Já São Paulo melhorou 1,1 ponto (de 176,8 para 177,9)."Um docente bem pago trabalha melhor, sem dúvida", diz a professora da Faculdade de Educação da USP Lisandre Maria Castello Branco.

Para ela, os governos continuam mais preocupados em melhorar a estrutura das escolas do que em investir no docente. No Acre, os professores se organizaram para pressionar o governo, que criou um plano de carreira.

"Houve também uma reorganização que tirou docentes de funções burocráticas e os colocou na sala de aula, permitindo melhor uso dos recursos", diz Mark Clark Assem de Carvalho, da Universidade Federal do Acre. A maioria é formada no Estado e não há falta de docentes. Mas eles reclamam de salas lotadas.

Em São Paulo, a situação se agrava se levado em conta o custo de vida. Um professor que trabalha 120 horas por mês (30 por semana) tem salário de R$ 966 e consegue comprar 4,9 cestas básicas. Já o do Acre recebe R$ 1.580 e compra 12,6. Ou seja, a diferença do salário/ poder de compra chega a 60%.

Para comparação, a reportagem considerou a cesta básica de setembro. A paulista tinha 13 itens e custava R$ 194,34. A do Acre -com um item a mais, a carne de frango-, R$ 124,47.A secretária de Educação da gestão José Serra (PSDB), Maria Helena Guimarães de Castro, não deu entrevista sobre o assunto. Sua assessoria pediu que fosse procurada a Secretaria de Gestão, responsável pelos salários dos docentes. Esta também não se pronunciou.

A única explicação dada pela Educação foi a de que, em São Paulo, os professores já iniciam a carreira recebendo gratificações. Mas no Acre, assim como em boa parte dos Estados, também é assim. Para calcular os salários por Estado, nenhuma gratificação foi contabilizada, pois a maioria pode ser cancelada e não é incorporada no cálculo da aposentadoria.

O levantamento considerou o piso inicial de um professor estadual com licenciatura plena (ensino superior). Conforme a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), 25% dos docentes do país estão em início de carreira.

Em São Paulo, segundo a secretaria, são 26%. Os salários foram fornecidos pela CNTE, e a reportagem procurou todos os Estados para checar as informações. Dezessete retornaram o contato. Quatro tinham dados diferentes (BA, PE, PR e SP), que foram corrigidos para o cálculo.

________________________

quinta-feira, outubro 11, 2007

Pai

Há alguns dias, soube que meu pai teve um ataque cardíaco. Quase faleceu. Ruim ficar longe da família em momentos assim. Não houve, entretanto, necessidade de eu ir, porque tudo foi contornado.

Houve muitos problemas entre nós, mas aprendi com ele que o abuso é palavra que não se cultiva, porque, uma vez plantada, não semeia bons frutos. Aprendi com ele pisar o árido limite.

Lembro-me de minha tia-avó. Na sala de sua casa, havia muitos brinquedos, mas, com alguns, não podíamos brincar. Mais tarde, seus netos aprenderam a não ultrapassar também os limites.

Há pessoas vertiginosamente abusadas e usam "certas brincadeiras", talvez, não sei, para testar a paciência de alguns, a minha. Creio que boas amizades não se sustentam por meio do abuso, porque, com ele, o abuso, estende-se a vulgaridade.

Ronda Gramatical

Em Vírgula, de Celso Pedro Luft, página 49, o autor coloca três exemplos:

1. O aluno, todavia, nada respondeu.

2. O professor repetiu a explicação, todavia os alunos continuaram com dúvidas.

3. O professor repetiu a explicação; todavia, os alunos continuaram com dúvidas.

_________________________

Nas redações escolares, usa-se muito o "mas", não havendo a construção (3). Além do conteúdo, a forma de escrever marca a diferença. Em uma redação, a construção é tão importante quanto o conteúdo.

Um texto deve ter cadência.

Onde está a realidade?

Hoje, quando deixei a sala de aula, pensei sobre a atualização deste blog. Alguns alunos tinham apresentado um trabalho oral sobre conceitos do romantismo, do simbolismo e do arcadismo. Não somos que temos o juízo de um conceito, mas, antes de nós, o conceito emite juízo sobre a vida.

Por que o simbolismo retorna com a idéia de sagrado? Preciso pôr os pés nessa morada para, uma vez nela, perceber que a palavra me acolhe. Quando Winston é submetido à reeducação de O'Brien, este afirma que a realidade não é externa, que a realidade só existe no espírito humano.

Por causa disso, O'Brien diz que "o Partido não se interessa pelo ato físico, é com os pensamentos que nos preocupamos. Não apenas destruímos nossos inimigos; nós os modificamos".

Essa modificação atravessa o espírito por meio dela: a palavra. No romance de George Orwell, "1984", a palavra não tem apenas significado, mas, além de tudo, função social, qual seja: modelar o espírito humano para ele ver a realidade. Só existe realidade porque nós a nomeamos.

Em "1984", o personagem Syme, na condição de filólogo, é o responsável pela publicação da Décima Primeira Edição do Dicionário da Novilíngua, menção à 11ª tese contra Feuerbach:

"Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo."

Por meio de seu dicionário, Syme transforma a mente-palavra das pessoas. Como ele mesmo diz, "é lindo destruir palavras", isto é, é lindo destruir a realidade nomeada.

Ora, a etimologia nietzschiana sabe que não há "sentido original". As palavras, segundo o autor de Genealogia da Moral, sempre foram inventadas pelas classes superiores e, assim, não indicam um significado, mas impõe uma interpretação.

Por essa trilha bibliográfica, penso que a Literatura na escola tem a função político-ideológica de desalienar a palavra, de curá-la da enfermidade vulgar das ruas.

O que significa o sagrado em nossas vidas? Vou ao romantismo ou ao simbolismo para conhecer a morada-palavra antes da destruição de Syme.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Após 10 anos

Há um bom tempo, defendo a idéia de coordenador de ensino assistir às aulas dos professores. Nesta semana, após dez anos na escola pública, a coordenadora de ensino entrou em minha sala para observar o que leciono e como leciono.

Antes, jamais uma coordenadora assistiu às minhas aulas.

A escola deve aprimorar essa idéia. Eu gostaria que a aula fosse filmada para depois, com a coordenação, considerar algo e criticar outros. Apontar caminhos. Saídas.

Não tenho problema de expor meus limites, meus erros, porque, dessa forma, por meio do diálogo crítico, poderei refazer posturas, rever conteúdos. É preciso dar visibilidade ao que se faz em sala.

Repito, no entanto, que os professores precisam se encontrar em suas específicas áreas para, em ata e em vídeo, registrar seus acordos pedagógicos e, depois disso, tais acordos serem observados em sala.

Se professores da disciplina Língua Portuguesa concordam com leitura em sala de aula, a coordenação deverá observar a realização dessa prática pedagógica em sala.

Isso significa abrir a caixa-preta, isto é, retirar o professor de sua solidão pedagógica.

Açeçôr de inpremçá












Bloguista, leia este título de matéria.

"Sibá conhece experiência de produção de etanol através da mandioca em Botucatu"

Isso quer dizer que, para conhecer a produção de etanol, o senador atravessou a mandioca. Nunca vi um "através" tão mal usado.

O açeçôr deveria ter escrito "por meio de", porque eu acredito que o senador não tenha atravessado a macaxeira, tenha passado por dentro dela. Impossível.

terça-feira, outubro 09, 2007

Ronda Gramatical



1. Avista - À vista ou a vista

2. À partir - A partir

3. Bolsas em
couro - Copo em vidro? Copo de vidro. Bolsas de couro.

Para uma loja comercial, fica uma péssima imagem ortográfica.

Açeçôr de inpremsá

"Com a clássica foto de Che Guevara tirada por Alberto Korda em Cuba, estampada sob a painel frontal da Mesa Diretora, no plenário, o deputado comunista recitou o texto, em forma de poema, onde vários lideres foram lembrados, entre eles o acreano Chico Mendes."

1. Muito mal escrito, o açeçôr ainda confunde 1 + 1 com três ou sob com sobre. Eu vi a foto e ela encontrava-se sobre.



Açeçôr de inpremçá

O açeçôr, desta vez, pertence ao deputado federal Henrique Afonso. Como uma pessoa consegue "escrever" assim. Repare.

"Além disso, R$ 1 milhão de reais de emendas de bancada estão sendo investidos no projeto que, em estrutura física e logística demandou do Governo Federal, através do Ministério da Educação, investimento total da ordem de R$ 7,5 milhões."

Na condição de revisor, todos dia, meus lindos olhos azuis são agredidos por tamanha deformação textual. Como uma pessoa pode ser assessor com esse texto?

Ganha-se bem para escrever muito mal. Se eu fosse deputado, meu assessor deveria ser, pelo menos, alfabetizado.

O revisor não deixa que assessor passe vergonha. Não deixo o jornal sem erro, mas elimino muitos. Onde está o meu Chalub?

Reconstrução

Além disso, de emendas de bancada, destinou-se um milhão de reais para projeto de estrutura física e logística e, do governo federal, por meio do Ministério da Educação, destinaram-se R$ 7,5 milhões. A obra foi concluída ainda em junho e, desde então, cerca de 600 alunos são atendidos em seis cursos de graduação.

Ficou melhor? Caso tenha ficado, deputado, posso ser seu assessor?

segunda-feira, outubro 08, 2007

Policiais não viram



Na Getúlio Vargas, um carro vira à esquerda, mas a faixa contínua indica que não pode.

Policiais não viram. Eu vi.

Caixa-preta: uma outra proposta

A minha orgulhosa estupidez não compreende a distância entre escola pública e avanços tecnológicos. Até hoje, por exemplo, eu não sei o porquê de a escola Heloísa Mourão Marques não ter criado um portal na internete.

Pior: as escolas públicas acreanas não navegam, porque estão afundadas em um museu sem novidade.

Nesse portal, além de blogs de professsores, haveria um link que nos levaria ao orçamento escolar. Nunca vi a cor do dinheiro público desde 2003.

Não sei quanto a escola recebe. Não sei quanto gasta. Não sei em que gasta. Não sei como gasta. Assim como o segredo da Santíssima Trindade, o orçamento da escola Heloísa Mourão Marques é um mistério.

Prevalece ainda a ata na escola. No conselho escolar, registra-se a reunião por meio de ata. Imagino uma câmera nesse conselho e outra no Conselho de Língua Portuguesa, filmando todos e tudo. Imagino ainda essa filmagem exposta no portal da escola para que todos tenham acesso. Todos.

Em casa, vejo e ouço o que professores debateram e definiram. Minha mãe assiste.

A minha orgulhosa estupidez não entende essa distância entre escola pública e avanços tecnológicos. Democratizar a escola, isto é, torná-la visível por meio de um mouse.

Minha estupidez não entende.

sábado, outubro 06, 2007

sexta-feira, outubro 05, 2007

Progresso e Miséria



Em Rio Branco, uma obra recria uma avenida. Tratores, caminhões e homens ampliam a pista, mas uma senhora de 79 anos, o humano, retira restos do lixo para alimentar seus cães. O progresso não transita para alguns.

"O que você está fazendo aqui?"

Hoje, a escola teve um momento de desordem, alunos por corredores distribuíam barulho para incomodar aulas de professores, a minha. Momentos depois, a coordenção de ensino colocou ordem.

Há anos lecionando na escola Heloísa Mourão Marques, continuamos a falar sobre velhos problemas, por exemplo, alunos nos corredores.

No intervalo, disse a alguns colegas de profissão que o "acreano não cria conflitos éticos" para alterar a realidade, no caso, a realidade escolar.

Por causa disso, permanecemos com os mesmos problemas escolares. Evidente que não me referi ao acreano que mora à beira de rios, que mora em seringais, em bairros maltratados pela falta de saneamento básico.

Referia-me ao acreano-funcionário público que leciona em uma escola do estado. Mais: ao acreano de classe média. Não aprecio generalidades.

Uma professora acreana, no entanto, generalizou minha falas, sentindo-se, portanto, ofendida. Ela ouviu o que eu disse, mas se calou.

Saiu do meu lado para se sentar ao lado de uma outra professora acreana. Colocou o diário escolar na frente de seu rosto para que eu não percebesse o que falava. Com não sou simpático a falas miúdas, ou seja, a fofocas, disse-lhe:

"O que a senhora está dizendo às escondidas?"

"Se você critica tanto o Acre, por que saiu do Rio de Janeiro para ficar aqui?", perguntou a mim.

"Muito mais do que estar no Acre, eu estou em meu país, e problemas que existem aqui também existem no Rio, em São Paulo."

Na verdade, critiquei a postura de funcionários públicos que permanecem indiferentes à escola e que se encontram também no Rio de Janeiro.

Açeçoriâ de inpremçá

Um açeçôr manda esta:

"Secretaria de Segurança proíbe acesso armado à eventos públicos"

1. Governo, por favor, convoque Josafá Batista para elaborar matérias bem escritas. Eu sei que herrar é umano, mas esse tipo de herro é, no mínimo, um insulto;

2. Aluno de 5a série sabe que não há acento grave, indicador do fenômeno da crase, antes de palavra masculina. Ainda: o substantivo "eventos" encontra-se no plural e "à" encontra-se no singular; e

3. Definitivamente, assessoria de imprensa do governo não é questão de competência gramatical.

A TRIBUNA

Hoje, não publico a matéria do repórter Josafá Batista neste blog sobre invasão de terra. Digo apenas que o texto, bem elaborado, oferta ao jornal A TRIBUNA inteligência, qualidade rara em nossas Redações.

Algum babaca dirá que eu devo ter algum caso com Josafá, o Batista. Sim, tenho, eu tenho um caso de amizade e de respeito. Quem não comprar o jornal amanhã, dia 6, perderá de vista uma invasão de terra bem escrita.

Vida longa, Josafá!

Ronda Gramatical

E sim

a. Esse um não é numeral e, sim, artigo.

O Celso Pedro Luft escreveu páginas sobre vírgula, publicadas em Vírgula, editora Ática. Ótimo.

Em (a), ele inadmite a contrução "e, sim, artigo". Com razão, porque "e sim" é uma unidade inseparável, que significa "mas".

b. Esse um não é numeral, e sim artigo.
Construção correta em (b).

c. Esse um não é numeral, mas artigo.

d. Esse um não é numeral; mas, isto sim, artigo.

e. Esse um não é numeral; mas, sim, artigo.

Em (c), em (d) e em (e), construções sintáticas corretas.

quinta-feira, outubro 04, 2007

O Acre em chamas














Inpe localiza 43 focos de queimadas
em 24 horas no Acre

De Josafá Batista

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão ligado aos Ministérios da Ciência e Tecnologia (MCT) e de Meio Ambiente (MMA), flagrou 43 focos de incêndio em 24 horas de monitoramento no Acre. O índice acreano é maior que os registrados em Alagoas (2), Amapá (25) e Distrito Federal (12) somados no mesmo período.

A medição foi feita entre a meia-noite de quarta e as 22h30 de quinta-feira desta semana. O campeão de queimadas é Mato Grosso, com 2.014 focos de incêndio, Tocantins, com 1.393 focos, e Pará, com 744. Vizinho do Acre, Rondônia ficou com 619 focos de incêndio no mesmo período. Por isso, para o Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), os números não preocupam.

“Tivemos um período longo de poucos focos na nossa região devido às chuvas esparsas. Mas agora com esse começo de estiagem as pessoas aproveitam para usar o fogo. É um processo natural, porque a chuva dificulta as queimadas. Mesmo assim proibimos a queima em pastos e a norma continua valendo como forma de garantir que não haverá problemas”, explica Cleísa Cartaxo, presidente do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac).

Se por um lado o número de queimadas no Acre está bem abaixo do total dos grandes poluidores, por outro a média semanal de queimadas aumentou bastante. O Imac também não estranha. De acordo com Cleísa Cartaxo, isso acontece devido às mudanças climáticas que trouxeram chuvas leves ao Acre, impedindo a queima nos primeiros meses de estiagem.

Na comparação de longo prazo o Acre aparece em situação favorável nas estatísticas do Inpe. Enquanto em 2005 houve um aumento de 455% no total de queimadas dentro do Estado, em 2006 houve queda de 86%. Nesse ano a redução chega a 54%, em comparação com o ano passado. (Josafá Batista)

Brasil queima mais que a Bolívia

Os incêndios florestais da Bolívia, que encheram várias regiões do leste e do sul do país de fumaça, e provocaram o fechamento de 30 aeroportos, estão bem abaixo do total de fumaça emitida pelo Brasil. De acordo com o Inpe, a Bolívia reduziu em 47% os focos de incêndio em relação ao ano passado.

Ontem, enquanto o território boliviano ardia com 1.830 focos de incêndio, no Brasil haviam 7.926 focos. A metodologia usada para medir os focos entre os países é a mesma que mede o desempenho dos Estados.

Ontem o comandante-em-chefe das Forças Armadas da Bolívia, general Wilfredo Vargas, disse que o Exército permanece em estado de alerta para ajudar a apagar os focos de incêndio, atualmente calculados em 12 mil em todo o país.

O diretor da Aeronáutica Civil boliviana, Javier García, confirmou que 30 dos 37 aeroportos do país estão fechados devido à densidade da fumaça. Segundo García, só estão operando atualmente os aeroportos das cidades de La Paz, Cochabamba, Santa Cruz, Potosí e Sucre, Yacuiba e San Joaquín.

No entanto, assinalou que a fumaça continua aumentado nas primeiras três cidades citadas, que também correm o risco de serem fechados. Além destes prejuízos, a imprensa alerta ainda para o perigo que os incêndios representam nas zonas atravessadas por gasodutos, como a região do Chaco boliviano, onde há mais de 7 mil hectares queimados.

O prefeito da cidade sulina de Villamontes, Rubén Vaca, disse que a companhia petrolífera estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) está preocupada, pois o fogo está prestes a chegar a vários poços de gás, dentre os quais citou os casos de campos controlados pela Petrobras e pela hispano-argentina Repsol YPF.

O presidente Evo Morales se reuniu com seu gabinete para analisar a situação e estudar as medidas de emergência que podem ser tomadas.

Justiça Federal processa governo do MT

O juiz federal Julier Sebastião da Silva, da 1ª Vara em Mato Grosso, determinou à Polícia Federal que abra inquérito para apurar as responsabilidades do governo federal e do Mato Grosso, do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis da Amazônia (Ibama) e Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema).

A justiça quer saber de quem é a responsabilidade pela devastação e degradação ambiental no Estado, que resultaram nas queimadas criminosas e indiscriminadas. O governo é acusado de omissão criminosa. “Tanto o Ibama quanto a Sema, incluindo todo o governo estadual, estão omissos no exercício de seus deveres legais”, ponderou o magistrado federal.

Em curso na Justiça Federal de Mato Grosso estão vários processos referentes a exploração e comércio ilegal de madeira, bem como atos graves atentatórios ao meio ambiente, incluindo-se nestes queimadas criminosas “e devastação sem igual”.

Esses fatos, segundo o juiz, estão “repercutindo em todo o Estado” e “afetando a população de forma sem precedentes”. Ao pedir a investigação, Julier lembrou que Mato Grosso tem sido o Estado “campeão nacional de queimadas, criminosas ou autorizadas, o que é mais grave, diga-se de passagem”.

quarta-feira, outubro 03, 2007

Expo-Acre ou Expoacre?

Na Redação, nem tudo pode ser conforme o revisor aprendeu em uma faculdade. Aqui, se escrevemos "megassena" e não mega-sena", o diagramador ri da gente.

Expo-Acre ou expoacre? Cine-jornal ou cinejornal?

A regra é clara. Quando o primeiro elemento é forma reduzida, coloca-se hifen. Expo-Acre, portanto, o correto.

Para o diagramador não rir do revisor, A TRIBUNA copia o erro do governo.

Açeçor de Inpremça

"O deputado federal Fernando Melo (PT-AC), acompanhado de assessores, esteve na manhã desta quarta-feira em visita informal a direção da Fundação Hospital Estadual de Saúde do Acre, Fhundacre."

1. Para meus alunos de ensino médio, aponto termos desnecessários. Nesse caso, o autor poderia ter escrito "visitou informalmente, na manhã desta quarta-feira, a direção da Fundação Hospital Estadual de Saúde do Acre (Fhundacre); e

2. Há açeçores que complicam.

João Bosco

Meu amigo João Bosco encontra-se muito enfermo. Para andar, o cara arrasta a perna: coluna vai muito mal.

Hoje, após ter ido ao médico, protocolou seu pedido de licença-médica. A funcionária disse esta:

"Professor, esse pedido de licença irá prejudicar seu segundo contrato, porque o senhor está em estágio probatório."

Em outras palavras, o servidor do Estado do Acre encontra-se doente e, ainda, será prejudicado.

"Aldo, tem professor que não leciona, porque só sabe apresentar licença-médica para não trabalhar", disse. "No meu caso, eu não posso mesmo lecionar e ainda serei prejudicado."

Cinema & Sinteac & Sinplac & Locadoras

Alunos da rede pública vão ganhar
vale-cinema em 15 cidades de SP

CARMEN POMPEU
da Folha Online

A Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo começa, nesta sexta-feira (5), a distribuir vale-cinema para estudantes da rede pública estadual de 15 cidades. A iniciativa faz parte do programa "Vá ao Cinema", lançado nesta quarta-feira (3) pelo governador José Serra e pelo secretário João Sayad (Cultura). O vale-ingresso só vale para sessões de filmes nacionais.

"Já há muitos esquemas de financiamento da produção dos filmes, mas não havia do ponto de vista do público, que, em última análise, é o fator principal. E, a meu ver, é por onde o financiamento deveria acontecer", disse Serra.

Assim como outros programas de assistência à população de baixa renda, o "Vá ao Cinema" promete atingir, na sua fase inicial, um público pequeno e depois buscar uma ampliação.

Questionado se não temia o risco de a proposta ser rotulada de "assistencialista", Serra respondeu: "Não me ocorreu essa idéia. Mas tem espírito de porco para tudo no mundo, né?".

Na primeira fase, que vai de outubro a novembro, apenas 30 cidades do interior de São Paulo serão contempladas com 300 mil vales, consumindo R$ 1 milhão.

Neste mês, o programa será aplicado nos seguintes municípios: Araras, Jacareí, Jundiaí, Indaiatuba, Taubaté, Santa Bárbara do Oeste, São José dos Campos, Santos, Praia Grande, Barueri, Amparo, Araraquara, Jaú, Mogi Guaçu e Mogi Mirim. E, em novembro, em outras 15, cujos nomes ainda não foram divulgados.

A partir do próximo ano, o "Vá ao Cinema" receberá, segundo o governo, mais R$ 7,5 milhões em recursos previstos no orçamento estadual, atingindo 80 municípios e distribuindo 2,5 milhões de ingressos.

Capital excluída

A escolha das cidades, explica João Sayad, foi feita obedecendo ao critério da existência de cinemas com disponibilidade. A capital paulista ficou de fora, segundo explicou Serra, devido à ausência de salas de exibição na periferia.

"Os deslocamentos podem envolver custos superiores à própria entrada no cinema", comentou o governador.

A distribuição dos vale-ingressos será realizada por produtores das próprias cidades, que visitarão as escolas e informarão aos alunos sobre o funcionamento do programa e o conteúdo dos filmes em exibição.

Os exibidores deverão programar o filme, inédito na cidade, no mínimo em duas sessões diárias (à tarde e à noite) e serão reembolsados em R$ 3 por vale recebido na bilheteria.

Fraudes

Segundo João Sayad, não há motivos para preocupação com eventuais fraudes, porque o valor (R$ 3) é "relativamente pequeno".

"O produtor vai está dando na mão do aluno. Se o aluno não for, e a tia dele ir ou um amigo, eu não chamaria de fraude. Ele só pode ser trocado por um ingresso de cinema. E a fraude seria ao invés de ser o aluno Zé ser o Antônio? Não vejo nenhum problema", afirmou o secretário.

"Esse é um programa inédito que atuará em duas frentes: formação de público, levando ao cinema pessoas que estão afastadas pelo preço dos ingressos ou porque não têm o hábito de freqüentar as salas, e o apoio aos exibidores que lutam com dificuldades para manter seus cinemas em funcionamento em todo o Estado", explicou André Sturm, coordenador da UFDPC (Unidade de Fomento e Difusão de Produção Cultural), da Secretaria de Cultura.
_________________________

Sinplac & Sinteac & Locadoras

No Acre, as locadoras reclamam dos piratas, mas não se articulam para conseguir mais consumidores.

Os sindicatos da educação, Sinplac e Sinteac, que só abrem a boca para falar em dinheiro, achando que educação não tem nada a ver com cultura, ignoram os bens culturais para os alunos de escolas públicas.

O cinema nacional passa por um momento rico, porém a trilogia locadoras-sincicatos-pode público não viabiliza filmes nacionais nas escolas públicas.

O caso do Sinplac, eu vejo como mais crítico, porque, uma vez administrado por mulheres, elas não apontam caminhos novos para o sindicato. Não pensam na cultura-educação, por exemplo, em filmes nacionais nas escolas públicas.

Se saíram de casa para reproduzir a mesma linguagem dos homens nos sindicatos, melhor cuidarem dos maridos, dos filhos e da cozinha.

Em São Paulo, o vale-cinema.

terça-feira, outubro 02, 2007

OrixáS X PajÉ



No estádio Arena da Floresta, não podia faltar um índio no jogo entre Rio Branco e Bahia.

Contra os orixás dos jogadores bahianos, o pajé Weverton, da aldeia tupinumbundá.

A pajelança da floresta venceu os terreiros de umbanda, de candomblé.

segunda-feira, outubro 01, 2007

Redação & Redação

Amanhã, 2 de outubro, às terça-feira, aulas de Redação.

Depois de observarem modelos de Introdução e de reescreverem suas introduções, encerraremos a leitura de Redação - Linha a Linha, páginas 38, 39 e 40.

Na terça-feira passada, retirei as idéias principais de cada parágrafo de um texto da página 39, sendo que essas idéias relacionaram-se. O aluno tem que perceber a seqüência de raciocínio em cada parágrafo e a combinação entre eles.

Concluída essa aula, apresentarei três dissertações de alunos para observarem erros e acertos dos colegas de sala. Uma introdução será escolhida para, depois, escreverem o Desenvolvimento 1. Uma vez escrito, erros serão apontados e, dessa forma, o desenvolvimento será refeito. Apresentarei também modelos de desenvolvimento.

A farsa da avaliação de desempenho

De CARLOS GIANNAZI

O governo precisa é valorizar o magistério, garantindo de fato evolução funcional e salário condizente com a importância do cargo

O ARTIGO publicado neste espaço no último dia 21 pelo secretário de Estado de Gestão Pública de São Paulo, Sidney Beraldo, anuncia a intenção do governador José Serra de implantar no funcionalismo público a alardeada avaliação e remuneração por desempenho, concebida por alguns governos como a grande panacéia que solucionará a crise que há muito vem prejudicando a população usuária dos serviços públicos e de seus servidores no Brasil.

Crise representada pela falta de investimento na valorização salarial e na formação continuada, nas precárias condições de trabalho, de infra-estrutura material e humana e, ainda, na constante tentativa de governantes e setores da elite econômica de eleger sempre os servidores públicos como o "bode expiatório" da falência do Estado e da crise fiscal.

O secretário, adepto e influenciado por uma visão empresarial, de mercado e neocolonial, tenta justificar a "nova" metodologia pelo receituário neoliberal, até querendo, equivocadamente, comparar a realidade brasileira com a de países anglo-saxões. A cobaia da experimentação será a área da educação, em que os professores recebem salário-base médio de R$ 680 e trabalham em condições extremamente precárias, com superlotação de salas de aula, falta de material pedagógico e humano, excessivas e longas jornadas de trabalho, adoecimento, desgaste emocional e, somando a tudo isso, uma vertiginosa violência a massacrar todos no ambiente escolar que, por princípio, deveria ser o lugar da construção da civilidade.

As políticas salariais de bônus e gratificações adotadas nos últimos anos pelo próprio governo tucano não só fracassaram como também destruíram a carreira do magistério paulista, tendo como conseqüência o que revelou a última avaliação do MEC, classificando a rede estadual de São Paulo como uma das seis piores do Brasil.

Como exigir melhor desempenho dos professores em condições aviltantes de trabalho? Sabemos muito bem o que está por trás da proposta de remuneração por desempenho: não dar reajuste para os servidores, legitimar o desrespeito à data-base, que já venceu em 1º de março, fortalecer o controle e a punição e ainda culpar os professores pelo fracasso escolar.

O governo precisa é valorizar a carreira do magistério, garantindo de fato evolução funcional e salários condizentes com a importância do cargo, a fim de estimular os atuais professores e atrair outros que gostam e querem sobreviver da docência. Para tanto, perdoem-me o necessário trocadilho, é preciso ter decência.

Por isso, faz-se necessária, sim, uma avaliação, mas do desempenho deprimente e inócuo das políticas salariais adotadas para os servidores públicos, em especial os da rede estadual de ensino, já que serão eles as primeiras vítimas do experimento tecnocrático que trata os educadores como trabalhadores de uma empresa, de um banco e/ou aqueles que labutam por produção.

O trabalho com educação é absolutamente distinto e obedece a outra lógica, muito diferente da empresarial, fabril, de linha de montagem. Educação é um processo contínuo, permanente e interativo, no qual, além de conteúdos, são trabalhados valores éticos, habilidades, visão de mundo, competências, formação da cidadania crítica, respeito ao bem social comum, solidariedade humana etc. Isso não se mede ou se afere com estatísticas lineares, índices mercadológicos ou métodos da "qualidade total".

A sanha avaliativa -representada por avaliações externas, como Saresp, Prova Brasil, Saeb, Enem (o ex-Provão) e as novas Provinha Brasil, criada pelo PED, e a Prova São Paulo, da Prefeitura de São Paulo - fornecerá os critérios para premiar professores e escolas que atingirem as metas requentadas anunciadas recentemente pela Secretaria Estadual de Educação. Uma delas é a implantação do ensino fundamental de nove anos, que não é meta do governo estadual, e sim obrigação constitucional já incorporada pela Lei de Diretrizes e Bases. Só para citar mais uma, a implantação da recuperação, que já existe, é inerente ao processo ensino-aprendizagem e também figura na LDB.

Chega de avaliações. A educação já está com overdose delas. O que ela precisa, com os professores, é de mais investimento. Para isso, o governador José Serra poderia oferecer um bom exemplo de desempenho e um interesse em solucionar a grave crise que assola a educação estadual orientando a sua base governista na Assembléia Legislativa para derrubar os vetos do seu próprio partido às emendas que aumentam os recursos para as escolas públicas do Estado de São Paulo.
_____________________

CARLOS GIANNAZI, 45, mestre em educação pela USP e diretor (licenciado) de escola pública, é deputado estadual (P-SoL), membro da Comissão de Educação da Assembléia Legislativa de São Paulo.

Milagre


Em Rio Branco, um milagre: uma passageira lê.

Números

Parada Gay reúne 10 mil pessoas em Madureira

Marcello Victor,
Agência JB

RIO - Com cerca de uma hora de atraso, começou a pouco, a 8ª Parada Gay de Madureira, na Zona Norte do Rio. Segundo a Guarda Municipal, 14 trios elétricos e vários DJs embalarão os foliões. A Polícia Militar estima que 10 mil pessoas estejam participando do evento, que deve terminar por volta da meia-noite.

O trânsito está congestionado em várias vias, como a Rua Carolina Machado e a Avenida Ministro Edgard Romero. Os motoristas que trafegarem pelo bairro devem ficar atento as mudanças no trânsito. Vias como a Rua Maria Freitas e a Travessa Almerinda Freitas ficarão com o tráfego em mão dupla.
__________________________

No Acre, os números são irreais. Na parada gay rio-branquense, os jornais acreanos publicaram 35 mil pessoas. Irreal.

Em Madureira, no Rio de Janeiro, a PM estimou 10 mil. Madureira é bem maior que Rio Branco.
Menos, por favor, menos.

Lei 5.765

Nossa ortografia permanece regida pela Lei 5.765, de 18 de dezembro de 1971. Manuais de jornais, entretanto, são vários, e eles nem sempre obedecem à lei.

Por exemplo, a palavra carnaval.

Sentencia a ortografia oficial:

"os nomes das festas pagãs ou populares escrevem-se com inicial minúscula: carnaval, entrudo, saturnais, etc."

Maiúsculo, portanto, é questão ideológica. O jornal O Estado de São Paulo, no Manual de Redação e Estilo, do Eduardo Martins, segue a ortografia oficial.

Eleição para gestor de escola pública

Em 22 de novembro, as escolas públicas acreanas escolherão seus novos gestores para os próximos quatro anos. A Secretaria de Educação do Estado do Acre submeterá os inscritos a uma prova de conhecimento sobre leis que regem a educação e, caso consigam boas notas, os inscritos serão candidatos.

Por meio desse processo seletivo, a secretaria passa a ignorar uma questão: o passado de quem foi gestor. Ora, se a secretaria seleciona antes da comunidade escolar votar, isso mostra que a democracia é, antes de mais nada, seletiva, ou seja, a questão não é votar, mas votar em quem, antes, foi selecionado pela Secretaria de Educação. A democracia, portanto, seleciona, escolhe, avalia para, aí então, aprovar o melhor. Aprovado pela secretaria, a escola, só então, vota.

Mas surge uma pergunta. E quem administrou uma escola pública? Um ex-gestor submete-se à avaliação da secretaria para, se aprovado, ser novamente candidato, mas esse ex-gestor, no período em que administrou uma escola, não foi avaliado pela secretaria segundo a escola.

Se administrou mal, se não conseguiu qualificar o ensino, enfim, se não foi bom administrador, a secretaria ignora e, no lugar, submete-o a um conhecimento legislativo sobre a educação. Se passar, é candidato.

Sem citar nome, um gestor levou uma TV de uma escola pública, porque a dele encontrava-se no conserto. Fora isso, DVD sumiu. Fora isso, ele levou até o bebedouro. Simpático e populista com os alunos, ele se inscreveu para ser gestor outra vez da escola. Caso passe pela avaliação da secretaria, poderá ser escolhido pelos alunos, porque, uma vez simpático e populista, não exige deles.

Na condição de gestor, a secretaria não o avaliou.

Se em São Paulo está assim...

Alunos do 3º ano têm nota de 8ª série

Em SP, no final do 2º grau, 43% dos estudantes mostram conhecimentos de leitura e escrita esperados da 8ª série

Na escola pública, a situação é ainda pior, segundo dados inéditos de um exame federal de avaliação de aprendizagem

FÁBIO TAKAHASHIDA
REPORTAGEM LOCAL

Quase a metade dos estudantes do Estado de São Paulo termina o ensino médio (antigo colegial) com conhecimentos em escrita e leitura esperados para um aluno de oitava série.

Dados inéditos extraídos do último Saeb - exame federal de avaliação de aprendizagem -, realizado em 2005, revelam que 43,1% dos alunos do terceiro ano tiveram notas inferiores a 250, patamar fixado como o mínimo para a oitava série pela secretária de Estado da Educação de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro.

Ou seja, eles não conseguem, por exemplo, compreender o efeito de humor provocado por ambigüidade de palavras ou reconhecer diferentes opiniões em um mesmo texto.

Outros 15,2% dos alunos tiveram desempenho ainda pior, similar ao desejado para crianças da quarta série do ensino fundamental (antigo primário).

O quadro seria ainda mais dramático se os alunos da rede privada fossem retirados da conta, uma vez que a média dos estudantes das escolas públicas estaduais é 21,2% inferior à dos alunos das particulares.

Talita Lima de Araújo, 18, que estudou em uma escola estadual na Pompéia (zona oeste de SP), reclama da precariedade do ensino público.

"Quando você termina o ensino médio, só percebe um vazio. Não temos chance no vestibular."

Os dados no Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) comprovam a impressão de Talita. A média da oitava série da rede privada (285,8) é maior que a do terceiro ano do ensino médio da rede estadual (253,6).

Causas

Dagmar Zibas, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas e uma das maiores especialistas em ensino médio no país, diz que o péssimo desempenho é conseqüência das condições de trabalho dos educadores.

"Não é possível que um professor, que já tem formação deficiente, dê aulas em duas ou três escolas. Ele não sabe nem o nome dos alunos. Chega, faz a chamada, dá algumas instruções e já tem de correr para a próxima aula", afirma.

Segundo a Secretaria Estadual da Educação, 70% dos professores têm emprego em outra rede -ou seja, no mínimo dobram a jornada.

O educador e filósofo Mario Sergio Cortella, secretário municipal de Educação de São Paulo entre 1991 e 1992 na gestão Luiza Erundina (então no PT), diz que o ensino médio cresce como nunca na história do país.

"Nos últimos dez anos, quase triplicamos o número de alunos, muitos com atraso escolar. Se aumentamos imensamente o universo de alunos, houve inversamente uma degradação das condições de trabalho. Faltam professores".

Cortella diz que essa "colisão" (mais alunos e menos professores) se agravou pela promoção automática nas escolas.

"Estamos colhendo o que foi organizado há dez, 15 anos."

O educador diz não ser contra a progressão continuada, mas afirma que ela foi mal implementada. Segundo ele, é necessário haver haver um sistema de recuperação eficiente, para que o aluno com dificuldade avance com as condições adequadas.

Já o professor da Faculdade de Educação da USP Romualdo Portela reclama da descontinuidade administrativa.

"Apesar de o mesmo partido comandar o Estado, cada secretário teve uma agenda, o que causou uma descontinuidade", diz.

Para Maria Helena, que assumiu a secretaria do governo José Serra (PSDB) há cerca de dois meses, presidiu o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais e ajudou a implantar o Saeb, o problema está na alfabetização deficiente, ocasionada pela má formação dos professores e por materiais didáticos de má qualidade.

Ela afirma que um pacote lançado pelo governo irá melhorar a situação.Secretário de Educação à época da prova, durante o governo Geraldo Alckmin (PSDB), Gabriel Chalita foi procurado pela Folha, mas preferiu não se manifestar.

A prova do Saeb é aplicada em todo o país, de forma amostral, a cada dois anos, nas quartas e oitavas séries do ensino fundamental e no terceiro ano do ensino médio. O exame deste ano será realizado no mês que vem.