quarta-feira, novembro 04, 2009

Condenação Fatal

De Cruz e Sousa [1861-1898]













Ó mundo, que és o exílio dos exílios,
um monturo de fezes putrefato,
onde o ser mais gentil, mais timorato
dos seres vis circula nos concílios;

Onde de almas em pálidos idílios
o lânguido perfume mais ingrato
magoa tudo e é triste, como o tato
de um cego embalde levantando os cílios;

Mundo de peste, de sangrenta fúria
e de flores leprosas da luxúria
de flores negras, infernais, medonhas.

Oh! como são sinistramente feios
teus aspectos de fera, os teus meneios
pantéricos, ó Mundo, que não sonhas!