quinta-feira, maio 31, 2007

GAZETA não está ALERTA

Hoje, li no rodapé do programa GAZETA ALERTA isto:

"Polícia encaminhou este ano para o presídio 870 acusados de crimes."

Encaminhou algo ou alguém, nesse caso, escaminhou "este ano" e encaminhou "870 acusados de crimes".

A polícia, no entanto, não encaminhou "este ano"; encaminhou, isso sim, somente os "879 acusados de crimes".

O correto é "polícia encaminhou neste ano para o presídio 870 acusados de crimes".

É preciso ficar alerta, GAZETA!

Letra não é Número















Os alunos do Colégio Acreano estão de parabéns, mas, enquanto os alunos acertam, a diretoria erra para todo mundo ler e reler.

Não há hífen depois de "bi".

Em 2008, o governo federal criará a Olimpíada de Língua Portuguesa.

Outra: II Olimpíada de Matemática não é o mesmo que .

quarta-feira, maio 30, 2007

O Erotismo, de George Bataille



Época em que locadora escreve erotismo quando deveria ser pornografia, o livro de Bataille retira de nós a gosma de ignorância sobre o deus Eros.

Para quem deseja salvar a sua alma a fim de ficar perto do Pai, não pode ir com a mala cheia de vulgaridade, porque o Céu é exigente.

Amanhã, na aula sobre Barroco, tocarei no conceito erotismo, porque, por meio da Literatura, precisamos refletir sobre conceitos e não apenas reduzir a aula a características de época.

Em Literatura, a palavra clama para ser pensada.

Palavras dele, Bataille.

"O erotismo é abordado como uma experiência ligada à vida, não como objeto de uma ciência, mas da paixão, mais profundamente, de uma contemplação poética."

Ainda que seja uma aula de pré-vestibular, não posso admitir a pobreza da Literatura com seu reducionismo apostilado. Alguns professores de departamentos de letras são responsáveis por isso quando selecionam, por exemplo, dez livros.

Bem, um dia, quem sabe, escreverei sobre isso.

.

Vidas Secas, Graciliano Ramos


Frei Beto equipara a ideologia às lentes dos óculos. Não percebo, é invisível, mas a ideologia está lá.

Não vejo a realidade com meus olhos, porque, antes, as lentes filtram-na. Meu olhar, portanto, alienado, não sou eu. Meu olhar, as lentes.
A situação piora quando elas pertencem a uma câmera de TV. São minhas pupilas.
Ora, entre mim e as vidas de Fabiano e de Sinhá Vitória - personagens de Vidas Secas -, a presença dele conduz meu olhar: narrador.
O que leio depende dele. O modo-palavra como narra é o modo-palavra como olho.

"Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. (...)".

O romance, em suas primeiras linhas, apresenta um narrador que visualiza, antes, a terra ("na planície avermelhada"). O espaço. Faz sentido. Esse narrador olha para Fabiano e Vitória como extensões do meio, vidas humanas geradas por um solo seco e, uma vez submetidas ao espaço árido, suas falas também são secas.
Se seca é a palavra de Fabiano, sua reação à morte do filho mais velho não emociona o olhar do leitor, porque o narrador, em terceira pessoa, neutraliza o sentimento paterno para ele, o narrador, mostrar a morte de forma impessoal.

"(...). Impossível abandonar o anjinho aos bichos do mato. (...)." É o narrador que afirma, não o pai.
Como escreve Sarte, onde existe o narrador realista ou naturalista, a vida não germina. Isso se opõe ao texto A Pedra do Reino, de Ariano Suassuna.
Eu, na condição de leitor do mundo, não olho a vida por meio de narradores realistas ou naturalistas. Eles esmagam o espírito humano, isto é, ela: a inquietação.



segunda-feira, maio 28, 2007

Nada que sou me interessa


NADA QUE SOU me interessa.
Se existe em meu coração
Qualquer que tem pressa
Terá pressa em vão.

Nada que sou me pertence.
Se existo em que me conheço
Qualquer cousa que me vence
Depressa a esqueço.

Nada que sou eu serei.
Sonho, e só existe em meu ser,
Um sonho do que terei.
Só que o não hei de ter.


Fernando Pessoa

sábado, maio 26, 2007

Matéria censurada

Os interesses comerciais estão acima da verdade comprovada, porque tais interesses, e não a verdade, pagam as contas, mantêm todos vivos.

A verdade mais elaborada, repito, comprovada, não nos serve: as compras do mês são caras; a luz é cara, o consórcio do carro é caro. A verdade, no entanto, custa pouco. Nada.

Restou este blog.
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Sinteac: um acerto de contas com a categoria


De Aldo Nascimento

No centro de Rio Branco, na Rua Marechal Deodoro, 747, a sede do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Acre (Sinteac) é uma casa com vários cômodos, comprada por R$ 115 mil. O dinheiro do imposto sindical pagou.
Ao entrar, do lado esquerdo da recepção, uma porta se abre para um pequeno e estreito corredor que leva aos fundos do sindicato. Lá, bem atrás do imóvel, ao lado de uma dispensa, a última porta: a da tesouraria. Somente duas contadoras possuem a chave.
Para abri-la, a presidente Alcilene Gurgel expediu um documento à contadora Aladir Marlene Ferreira de Souza para este blog examinar alguns papéis, porque, em 8 de maio, o presidente da Comissão Eleitoral, José Rodrigues Arimatéia, entregou um ofício à contadora a fim de que ela não abrisse a porta.
Inútil. À esquerda, pastas organizadas em prateleira ocultam há anos a história financeira do maior sindicato do Acre. Antes de 2006, a contabilidade do Sinteac jamais tinha sido exposta à imprensa, neste caso, a um blog.
Colado à parede da sala, um cartaz ordena que, filiado, mostre que seu sindicato é importante. Atualize-se!. Mas, quando este blog abriu algumas pastas, descobriu que o dinheiro dos filiados é que não tem a menor importância para ser bem administrado.
O Sinteac, há anos, encontra-se desatualizado. Além de ter perdido o mouse da história, os tesoureiros que por ali passaram ignoraram o que fosse contabilidade – números não batem, faltam documentos, notas fiscais inexistem.
Tribunal de Contas
Como não existe Tribunal de Conta de Sindicato, uma licitação, na administração da professora Alcilene Gurgel, foi aberta para auditar e assim comprovar números, documentos, notas fiscais.
Três profissionais se apresentaram. Paulo Ferreira de Sousa, economista e contador, ganhou a licitação por ter apresentado o melhor preço: R$ 5 mil. Em um segundo momento, cobrou mais R$ 2 mil, porque precisou adicionar documentação ao seu trabalho.
Segundo a contadora Aladir Marlene - há 20 anos trabalhando na entidade -, a última auditoria no Sinteac ocorreu quando o professor Edvaldo Magalhães administrou o sindicato. Isso faz uns 15 anos.
Mas o documento dessa auditoria não está no Sinteac, sumiu”, continua Alcilene Gurgel. “Para não sumir o relatório do auditor Paulo Ferreira, resolvi então entregá-lo ao Mistério Público.”
Mas por que a presidente do Sinteac não o entregou antes?
Porque, quando recebi o relatório em maio de 2006, eu o apresentei à diretoria, mas a diretoria decidiu não protocolar no Ministério Público. Acatei, mas, depois, quando percebi que esse documento poderia cair no esquecimento ou desaparecer no sindicato, resolvi, por iniciativa própria, entregá-lo ao Ministério Público na última semana de abril deste ano.”
E, dessa forma, pela primeira vez na história do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Acre, a forma como se administra o dinheiro dos professores e do pessoal de apoio saiu das pastas verdes, amarelas e vermelhas.
Doação
Segundo uma fonte, não existe entre as normas do Sinteac um artigo que permita doações. Mais: em seu relatório, o auditor Paulo Ferreira registra várias vezes que tais doações não têm o “motivo da finalidade”.
Por exemplo, em 2002 e em 2003, no período de três meses, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) recebeu uma doação de R$ 4.250. Pessoas receberam também, menos João Bosco, professor que leciona Língua Portuguesa no Rodrigues Leite.
Nunca recebi uma doação do Sinteac”, reclama. Agora que sei que o sindicato é casa de caridade, estou precisando de R$ 2 mil para comprar uns livros sobre contabilidade e dar de presente aos ex-diretores do maior sindicato acreano.”
No caso do professor Bosco, ele nunca assinou uma ficha de filiação. Mas em seu contracheque o desconto é mensal para ser doado ou emprestado. Quando procurou o Sinteac para saber sobre sua ficha de filiação, não a encontraram. Bosco nem vota, porque seu nome não consta na lista.
Irei às pequenas causas, pois não sou filiado, descontam em meu contracheque e ainda usam o meu dinheiro de forma irresponsável e amadora”, afirma o professor.
Empréstimos
Sindicato é banco? O Sinteac Bank é. Empresta mil reais, por exemplo, a diretor da entidade, mas falta o comprovante. O blog teve acesso à contabilidade de 2001 a 2005 e constatou o que o auditor Paulo Ferreira anotou em seu relatório – faltam comprovantes.
Em 5 de maio de 2003, o cheque 301.347 da Caixa Econômica foi emitido para pagar um empréstimo de mil reais. Mas não há documento no próprio sindicato que comprove a operação. Somente em maio de 2003, existem 17 cheques sem documentações que comprovem as operações.
Em 1º de outubro de 2003, por meio do cheque 302.069, realiza-se um empréstimo de R$ 3,3 mil. Na pasta do sindicato, não há comprovante. Só nesse mês, há 19 operações financeiras sem a devida comprovação.
Em 3 de fevereiro de 2005, a transferência bancária 19.312 paga R$ 2.184,25 para haver hospedagem em um congresso nacional. Mais uma vez, não há comprovante. Nesse mês, faltam quatro.
A obrigação de juntar alguns comprovantes aos documentos fiscais do sindicato, segundo Elza Lopes, ex-presidente do Sinteac (2003-2005), não é papel do presidente.
A obrigação era dela [a contadora], não era minha tarefa sair atrás de documentos e de papéis”, defende-se Elza.
Para a contadora Marlene, a ex-presidente está equivocada, porque sua função não é essa, a de recolher comprovantes. “Lanço a despesa, mas coloco na contabilidade do sindicato ‘não tem comprovante’”.
Os interesses partidários, muito acima da técnica contábil, gastam dinheiro dos filiados com ineficiência, com incompetência e com indiferença ao que é correto por meio de uma nota fiscal. É fácil, dessa forma, promover “luta sindical” com o dinheiro dos outros.
Muita grana
Há muito dinheiro no Sindicato da Educação. Muito. Com imposto sindical, a arrecadação aumenta consideravelmente, ficando entre R$ 410 e R$ 425 mil. Sem o imposto, a grana oscila entre R$ 142 e R$ 148 mil por mês.
Mas, mesmo assim, segundo a contadora, não sobrava muito dinheiro no passado, algo em torno de mil a R$ 2 mil. Hoje, a cada mês, o Sinteac consegue deixar em caixa uma quantia que varia entre R$ 20 e R$ 25 mil. Hoje, no cofre da entidade, há em torno de R$ 80 mil.
Em minha administração, não há, por exemplo, empréstimo e doação de dinheiro a pessoas, cortei isso”, orgulha-se a professora Alcilene Gurgel. “Saneamos as contas do Sinteac, porque respeitamos o dinheiro do professor e do pessoal de apoio”.
Conselho Fiscal
Há mais de dez anos, o Conselho Fiscal do Sinteac não funcionava. Milhares de reais deixaram de ser fiscalizados, e a última auditoria ocorreu há mais de 15 anos. Em outras palavras, “administrar” dinheiro dos outros não havia mistério.
Após anos, no entanto, em 22 de maio de 2006, é concluída a primeira etapa de uma auditoria e, em agosto do mesmo ano, o relatório do auditor Paulo Ferreira de Sousa chega ao fim.
Pela primeira vez na história do Sinteac, a forma como se administra o dinheiro dos professores e do pessoal de apoio deixa uma fratura exposta. Amadorismo, incompetência e corporativismo são algumas feridas que denunciam um sindicato que descuida de uma arrecadação mensal acima dos R$ 100 mil.
Sentencia o relator sobre as contas de 2001 a 2005.
As prestações de conta (...) mostram um desrespeito com os recursos dos sindicalizados diante da falta de documentos comprobatórios, pagamentos sem atender aos princípios básicos, tais como: princípios da legalidade, princípios da impessoalidade, princípios da publicidade, princípios da eficiência, princípios da licitação, princípios da responsabilidade, princípios da participação, princípios da autonomia.”
No mesmo ano, em 29 de julho de 2006, o 4º Congresso dos Trabalhadores da Educação empossa os membros do Conselho Fiscal do Sinteac. Meses depois, em novembro, o conselho, tendo a professora Maria Célia Lima de Souza como presidente, declara em documento.
Os recursos do Sindicato, naquele período [outubro de 2005 a setembro de 2006], haviam sido gastos com muito critério, zelo e responsabilidade, uma vez que não foi detectada nenhuma irregularidade, mínima que fosse, mesmo diante das mais constantes buscas efetuadas em todas as documentações analisadas pelos membros do Conselho Fiscal”.
Hoje, nas contas do sindicato, não se vê um empréstimo pessoal, não se constata uma doação a qualquer pessoa. Não é só isso. De janeiro a dezembro de 2006, o atual Sinteac gastou R$ 26.742,74 com gasolina e lubrificante - uma média de R$ 2.228,56 por mês – enquanto, de janeiro a abril de 2003, o sindicato tirou do bolso R$ 32.619,69 – uma média mensal de R$ 8.154,92.
Quanto a passagens de avião, Alcilene consumiu R$ 27.142,12 de janeiro a dezembro de 2006 – uma média mensal de R$ 2.261,84. Em 2003, em quatro meses, foram R$ 37.480,07 – uma média de R$ 9.370,17 por mês.
Não resta outra medida deste conselho a não ser elogiar a maneira honrosa, proba e honesta com que a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores da Educação geriu os recursos financeiros do sindicato especificamente no período de outubro de 2005 a setembro de 2006”, assina a professora-presidente do Conselho Fiscal.
Ainda que suas contas tenham sido reconhecidas como bem administradas, a professora Alcilene Gurgel termina sua gestão sem ter aberto uma licitação para que sua contabilidade fosse auditada. “Não tive tempo”, justifica.

sexta-feira, maio 25, 2007

Dissertação de alunos


Entro em uma sala de escola pública acreana com este propósito: transformar a vida de meus alunos.
Para isso, inquieto-me; insatisfeto, sempre estou. Desejo mais e mais. Dê-mais. Nunca estou pronto, acabado, concluído.

Tenho lido pouco por causa do tempo entregue ao trabalho para depois da escola. Se este país fosse educação, professor entraria no turno da manhã e sairia no turno da tarde. Tempo integral, sem a necessidade de trabalhar em outro lugar.

Mas, se esse tempo não chega, às sextas-feiras, dedico-me à reconstrução textual dos alunos. Cansa. Aula muito cansativa. Estamos na introdução. São duas aulas de Redação por semana.
Em 25 de março deste ano, escreveram que...
"A cada ano que passa, as jovens entre 12 e 18 anos engravidam mais cedo, isso, acontece muito nas periferias, o indice de meninas que engravidam antes dos 18 anos esta muito avançado, muitas vezes os rapazes enganam."
Essa introdução foi reconstruída três vezes. Com as aulas sobre vírgula (Ordem Sintática Direta), realizadas duas vezes por semana como aulas de Gramática, o texto melhorou. Compare.
"A cada ano que passa, o índice de meninas que engravidam antes de completar 18 anos aumenta. Muitas delas não estudam, não possuem renda própria. Normalmente, isso acontece nas periferias".
Apontei erros e, durante o refazer, os alunos buscaram saídas. Quando colocavam uma vírgula em um lugar errado, eu perguntava o motivo de a vírgula estar no local e, só depois da resposta correta, reparando o próprio erro, reescreviam. Se expliquei sobre o uso da vírgula, exijo o uso correto no texto.
A introdução em azul tem cinco linhas no papel, e eu a considerei concluída.
Na próxima sexta-feira, apresentarei cinco introduções refeitas em sala. Observaremos o começo - o que foi eliminado e recriado - e o fim para o aluno perceber as alterações essenciais à organização de raciocínio.
Trabalhoso. Lecionamos, no entanto, para isto: transformar a vida. Para tanto, deve pulsar nas veias a Paixão pelo ato de educar.

quinta-feira, maio 24, 2007

Favelização em sala de aula

















Há professores que abusam, que oferecem aos alunos péssimo exemplo, porque são os primeiros a sujar a escola e as salas.

Como a direção não pune, suja-se mais e mais. Fazem isso em suas casas?

Repare na foto o relaxamento. A parede assemelha-se a lixo. O governo deixou a sala arrumada, mas...

Pré-Vestibular Ideal


Turma nova no Ideal. Em 45 minutos, expressei-me sobre princípios Barrocos. Mentira, antes, algumas observações sobre texto dissertativo.
Quanto ao Barroco, expus dois conceitos: razão e sentidos. Consideramos que razão mantém a ordem e os sentidos promovem uma fusão.
O Barroco, portanto, a razão dos sentidos, porque é uma arte que ordena as misturas entre os opostos.
Na foto, escultura de Bernini, o erotismo e o sagrado comungam-se. Mas o que é erotismo & sagrado?
Na próxima aula, faíscas textuais de Georges Bataille e de outros.

quarta-feira, maio 23, 2007

Cãibra ou câimbra?

Li sobre "câimbra" e "cãibra", mas no texto há erro.
"Em português, a palavra cãibra ter-se-ia formado a partir do francês crampe por metátese, abrandamento da última sílaba e ditongação, na seguinte seqüência: crampe > campra > cambra > caimbra (cãibra)."

"Ter-se-ia" é Futuro do Pretérito, mas, havendo um sujeito ("a palavra cãibra"), o correto é "a palavra cãibra se teria formado", mas essa construção permanece errada.
"A palavra cãibra teria sido formada" é o certo.

Profissão Professora






Professora Ingedore Villaça Koch






A especialista da Unicamp sugere caminhos para os professores reverterem os índices oficiais, que mostram alunos de 4ª e 8ª séries incapazes de interpretar textos.
Texto de Luiz Costa Pereira Junior
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A pequena Inge lia de dar na vista. Tanto que chamou a atenção do diretor da escola Rodrigues Alves, quando fazia o 4º ano na Avenida Paulista, na São Paulo de 1944. Virou bibliotecária aos 10 anos. Pouco importava a obrigação de ficar lá após a aula. O que queria era o luxo de levar livros pra casa. Devorava três por dia. Aos 15 anos, dava aula particular. O dinheiro, curto. A solução, nos sebos.
A paixão de infância pela leitura virou vocação para Ingedore Villaça Koch ("nasci professora, morrerei e reencarnarei professora") e área de pesquisa. Perdeu a conta dos colégios em que ensinou. Mas ao fim do colegial fez Direito, induzida por colegas, para quem advogados ganhavam melhor e também davam aula de português. Formou-se em 1956, na USP. Nunca exerceu. Fez carreira em Letras. Trabalhou 12 anos na PUC-SP, antes de ingressar na Unicamp, em 1987.

Aos 73 anos, é uma das maiores especialistas em lingüística textual. Escreveu 14 livros e até gramática. Alvinha, franzina, determinada, circula o país para ensinar professores. É militante do idioma. Acha que deve dar sua parte para reverter cenários como o da Prova Brasil, do Inep, que em 2006 mostrou que os alunos da 8ª série não entendem a intenção de um autor de HQ nem identificam a tese de textos argumentativos. Enquanto os da 4ª não entendem mais de uma informação por parágrafo nem digerem artigos longos.

Os dados não a assustam. "Já foi pior", diz. Para ela, os professores não podem lavar as mãos ante os problemas estruturais da Educação. Podem fazer a sua parte num país em que só um em cada três alfabetizados lê livros (UFRJ, 2004). A sala de aula, diz ela, pode ajudar a mudar isso. Nesta entrevista, Ingedore mostra como.

Língua Portuguesa - O que um professor pode fazer para reverter o quadro revelado pela Prova Brasil?
Ingedore Koch - Em primeiro lugar, não se deve ensinar a língua só com base na gramática. Segundo, é preciso expor os alunos a muita leitura. A gramática deve ser usada para mostrar como os textos funcionam. Para mostrar quais as pistas que um texto dá para que o leitor seja capaz de construir um sentido. Muito professor diz que baseia seu trabalho no texto, mas se limita a pedir ao aluno que destaque nos enunciados um dado número de substantivos ou de pronomes. Esquecem, por exemplo, que os elementos de coesão, importantíssimos num texto, são todos gramaticais.
O ensino da gramática não ajuda à produção e compreensão de textos?
Ensinar a gramática pela gramática não leva à produção de textos melhores. Se os alunos reconhecerem como os ele­mentos da gramática melhoram a organização textual, o ensino ganha vida.
Um modelo calcado na gramática pela gramática fez o Brasil ter baixos índices de compreensão de texto?
Ajudou. Faz com que o aluno decore listas de adjetivos, aumentativos, verbos, sem ver utilidade nelas. Seria diferente se ele fosse perguntado por que um período se liga a outro, que elemento permitiu isso, que função se estabelece entre um enunciado e outro. E só então informá-lo que se trata de conjunção, locução conjuntiva ou prepositiva, se é substantivo ou expressão nominal que retoma algo já apresentado, mas que abre caminho para informação nova. O texto é como um crochê. Você dá o primeiro ponto, pega a agulha, puxa e dá outro, e assim vai. Quais elementos ajudam a puxar o primeiro ponto? Quais costuram duas partes? Mostrando esse funcionamento, aprende-se gramática no texto.
Tem razão quem diz que não se deve ensinar gramática no ensino médio?
É preciso priorizar a construção do texto, mas deve haver momentos de reflexão sobre os elementos da língua que permitem isso. Não se pode abandonar a gramática, nem haver só o ensino gramaticóide. Ficar só na análise sintática, na classificação abstrata de orações, não leva a nada. É diferente se, nas primeiras séries, ensinamos o aluno a acrescentar, a um pequeno enunciado, uma idéia de tempo ou de condição, de causa. Diante da frase "Os pássaros cantam", quando cantam? "Na primavera", "de manhã cedinho", como resposta, acrescentam idéia de tempo. Com isso, alertamos, sem dar nomes aos bois ainda, que há elementos que estabelecem essa idéia. Então podemos combinar tempo com causa, com lugar, e em diante, construindo enunciados maiores. Na hora da sistematização, no fim do ano, aí sim damos nomes aos bois: isso aqui que você usou era um advérbio, aquelas duas palavras com mesma função eram locução adverbial. Primeiro deve-se dar o uso, a função, o trabalho com a língua. Depois a nomenclatura.
Esta é a razão de o brasileiro considerar chato o português?
Ele precisa aprender a ter gosto pela aula, prazer em ler e escrever textos, ler os dos colegas, discutir em grupo. A criança é muitas vezes mais crítica que o professor, mas termina achando que língua portuguesa é uma disciplina como as outras.
E não é?
Não, é o lugar de interação. Os alunos são acostumados a fazer uma separação total entre a língua que usam e a que aprendem na escola. Mas a disciplina é uma maneira de o aluno aperfeiçoar-se para lidar melhor com as situações do cotidiano.
O jovem de hoje não teria perdido a capacidade de textualizar, de unir informações dispersas?
Se você não consegue tornar a aula interessante, ele busca o interessante fora dela. TV e internet são mais rápidas e não exigem muito esforço. Mas ele pode ter dificuldade em juntar, num texto ou num raciocínio, toda informação que absorveu. Sem hábito de leitura, é muito mais difícil. No meu tempo, havia rádio e livro. Hoje a solicitação é tanta que, se o aluno não achar um motivo razoável para ler, não vir a leitura como passatempo gratificante, procura outra coisa. Com os chats e orkuts nunca se escreveu tanto. A internet resgatou o gosto pela escrita. Mas é preciso mostrar que são linguagens que não se ajustam a toda situação e quem quiser escrever um texto mais complexo terá outro tipo de esforço. É preciso espalhar amor pelo que se faz como professor.
Como o professor, contra tudo e todos, pode fazer isso?
Mudando a concepção de leitura e de escrita que se usa em sala. Não se trata mais de pôr o foco só no autor, no leitor ou no texto, mas em todo o tripé. O autor tem um projeto de dizer que organiza o texto, colocando nele pistas para levar o leitor a determinado sentido. O texto é a materialidade que o leitor tem diante dos olhos e contém essas orientações. Já o leitor não é passivo, como se apenas restasse a ele entender as intenções do autor. O leitor constrói sentido, que pode ser mais ou menos próximo do que o autor tinha em mente. Não há lei­tura "correta" ou "errada", há gradações. Temos leituras que mais se aproximam do projeto de dizer de um autor e as que ficam mais distantes até que se tornam inaceitáveis. Tudo porque a leitura depende dos nossos conhecimentos de mundo.
Contexto é tudo...
Duas pessoas dificilmente farão a mesma leitura de um texto. Não há texto totalmente explícito. Como se chega ao que está implícito? Ligando o que está no texto ao nosso saber de mundo. O leitor com pouco conhecimento fará a leitura superficial. Quanto mais acumulamos de saber, mais a fundo chegaremos.
Por esse raciocínio, é preciso uma nova concepção de escrita, também...
A concepção de escrita é o projeto que sigo para que meu leitor construa um sentido o mais próximo do que desejo. Como eu posso ajudar o leitor a fazer isso? Colocando no texto as pistas que permitem ao leitor chegar lá. Que pistas são essas? Em parte, são as gramaticais, pois mostram as relações, o que está sendo retomado e em que sentido quero que o texto avance, construindo novos objetos de discurso a partir daqueles que já estão presentes num dado texto.
Qual a melhor maneira de estimular a produção de texto?
Primeiro, não colocar um tema no quadro e dizer: "escrevam". Há um texto do Luis Fernando Verissimo, Autóctone, em que uma menina tinha de escrever, num dia lindo de outono, uma redação com a palavra "autóctone". A crítica ali é ao professor que dá temas sobre os quais os alunos nada conhecem. Mesmo que ele saiba organizar frases, conheça a gramática, combine frases, não será capaz de escrever nada sobre o tema.
E como ajudar um aluno a melhorar sua capacidade de interpretação?
Receita de bolo não há, mas é possível tornar a aula de leitura instigante ao debater a diversidade de interpretação. Evitar o que se faz em muitas escolas, em que as perguntas são de "copiação", como diz Luís Antonio Marcuschi, da UFPE. Há perguntas banais feitas na própria ordem em que o texto se apresenta. "Como se chama a menina?" "Que bichinho ela tem?" "Ela gosta do bichinho?" Isso não leva a nada porque você só destaca do texto os trechos que respondem às perguntas. É preciso ler em grupo, perguntar a cada um o que entendeu, confrontar interpretações.
Qual o exercício ideal para ajudar o aluno a identificar o tema de um texto?
Todo texto tem palavras-chaves, e podemos encontrar os termos que constituem sua espinha dorsal. Ver o que é dito a respeito dessas palavras e como outras idéias são desenvolvidas a partir delas.
O brasileiro tem aversão à leitura?
Não sei se aversão, mas sempre teve dificuldade em ler e entender, porque não foi escolarizado ou, quando foi, não foi treinado para isso na escola. Há muito a fazer. O principal é o espírito da coisa, não as técnicas para chegar lá. É mudar a concepção de aula de língua, de leitura e produção de texto. Quando eu era mo­cinha, o aluno lia a lição e tinha de procurar no dicionário as palavras difíceis para substituí-las por sinônimos. A gente buscava o equivalente fácil. Mas, muitas vezes, não servia. O exercício ficava estapafúrdio. Pois há os contextos. É preciso ver a palavra que serve, não o sinônimo imediato. No meu tempo, era dada importância à posição do corpo ao se pegar o livro, o que criava autômatos. Quando o professor queria que o aluno contasse o que leu, ele não sabia, não lera com atenção. Era a aula de leitura da minha época. A questão é que, em muitos cantos, ainda é assim.
Como assim?
Há as fichas do livro que toda a classe lê e tem de responder a perguntas bobas, sobre quem é o personagem, se gostou do texto, etc. Aluno, assim, sempre responde: "gostei porque é interessante". É preciso promover situações reais de leitura. João Wanderlei Geraldi, da Unicamp, já disse: que cada professor crie a biblioteca de sua sala, cada aluno trazendo um livro de que gostou para emprestar aos outros. É boa a idéia de criar um dia de discussão de leitura. Um aluno falar sobre um livro de que gostou estimula a curiosidade dos amigos. E toda a turma pode discutir a obra, assim como jornais, revistas, quadrinhos e gêneros que achou interessantes. É preciso ensinar os gêneros, pois eles estão ligados às praticas sociais.
Como um gênero espelha uma prática social?
Numa petição judicial sobre briga imobilliária, por exemplo, você tem a descrição do imóvel, a narração do ocorrido, a argumentação jurídica, tudo combinado. Há gêneros que fazem combinação de tipos de texto, como esse. Outros elegem um tipo de texto (narração, argumentação, etc.) mais narrativo ou descritivo, por exemplo. É preciso mostrar os tipos textuais nos vários gêneros e os tipos que cada gênero elege. Mas muito professor ainda confunde gênero com tipo.
É possível ser otimista com a leitura no Brasil?
Há uma mudança em processo. Já tivemos muita melhora. Os Parâmetros Curriculares Nacionais têm proposta inspirada na lingüística textual. Indicam que se deve ensinar por meio do texto, o texto com base nos gêneros, a ler e a produzir. Mas os PCNs, mesmo discutidos, não chegaram a todo Brasil. Muitos professores não têm idéia ou, se já viram os PCNs, confundem conceitos. O país é grande demais. É preciso tempo e engajamento dos governos, não só federal. Há o programa de livros didáticos do MEC, há cursos de educação a distância, de explicitação dos PCNs. Mesmo o governo tenta fazer sua parte. Mas falta muito.
O que o Estado deixou de fazer?
Não adianta construir prédios escolares sem material didático e professores preparados. Como exigir isso dos professores? Num curso em Pernambuco, uma professora me disse que não podia fazer o que eu dizia, pois na cidade dela não chegava material escrito. "Trabalho em sala com bula de remédio", disse. Nem todos têm acesso ao ensino a distância ou a cursos de especialização. São pagos, os professores ganham mal, trabalham em todos os períodos e nos fins de semana corrigem trabalhos e provas. Pode haver boa vontade de um governo, mas a estruturação política não ajuda. Um governante não aproveita o que o outro fez e nem precisa ser de partido contrário. Esse modelo é nocivo não só à Educação, mas as questões estruturais são sérias. Não se pode culpar o professor.
Tampouco podemos tirar a responsabilidade deles, não acha?
Nos anos 70, a maioria achava as novas teorias bonitas, mas impraticáveis. Hoje, muitos já as conhecem. Mas há lugares demais em que as novas informações não chegaram ou chegaram distorcidas. Muitos dão a mesma aula há 40 anos. Sabem de cor o que vão dizer e a gramática ultrapassada que usam é só com o que sabem lidar. Quando chega um professor com intenções de mudança, a reação é violenta. Outros querem, mas não têm condições necessárias. O professor luta contra uma realidade adversa. Mas é aí que descobre se honra a profissão que escolheu.

segunda-feira, maio 21, 2007

Professor de Língua Portuguesa 2





Leitura mais do que obrigatória para compreender o porquê do surgimento da gramática.




A vertente grega da gramática normativa
, de Maria Helena de Moura
Neves, é um livro muito interessante.

Leia-o!!!

Professor de Língua Portuguesa 1



De Platão, a obra Crátilo é leitura obrigatória para professor de Língua Portuguesa. Aqui, por meio de suas páginas, habita a origem da gramática.

O pensador grego foi o primeiro a considerar a língua como objeto.
Esse livro, o germe de tudo. Há professores que ainda priorizam a classificação para os alunos. Podemos rever isso por meio de Platão.

Conselho de Disciplina 2


Desde 2003, quando comecei a lecionar na escola Heloísa Mourão Marques, propus os conselhos de disciplina e os conselhos de turma, mas certos diretores e coordenadores de ensino não buscam qualidade na escola pública.
A diretora Lúcia (cabeceira da mesa, à direita) busca qualidade, mas temos que melhorar nossas ações para que haja a sistematização desses conselhos.
No sábado, 19, a área de Literaura e de Língua Portuguesa reuniu-se para definir o conteúdo e a forma no primeiro ano do ensino médio.
Leitura

Definimos que, a partir do segundo semestre deste ano, a leitura será obrigatória em sala de aula.

O aluno ou o professor lerão um romance, um livro de contos, um livro de poesia
e, por meio da leitura, o professor fará marcações gramaticais conforme os problemas
no texto do aluno.

Não definimos outros procedimentos, mas poderemos fazer isso no futuro.

Gramática

A gramática será conforme os problemas apresentados na produção textual dos alunos.

Consideramos para o primeiro ano do ensino médio o seguinte: acentuação, pontuação (vírgula, ponto contínuo e ponto final), transformar substantivo em verbo, por exemplo.

Ainda assim, faltaram outros aspectos gramaticais. Penso que a discussão foi pouca.

Literatura

Não haverá mais periodização literária em sala. Os alunos estudarão só textos literários, por exemplo, poesia.

Deixamos a periodização para os trabalhos. Tais trabalhamos serão escritos à mão, e o aluno só receberá ponto se, antes, passar por um seminário ou por uma prova oral, comprovando, dessa forma, o motivo da pontuação.

Não debatemos sobre o que será estudado nos textos.
Redação
Os professores, a maioria, concordaram com a reconstrução textual em sala de aula, mas isso não ficou muito claro. Precisamos definir melhor.
As aulas

Como são oito aulas por semana, dividiremos as aulas assim: 2 de Gramática, 2 de Literatura, 2 de Leitura e 2 de Redação. Entre elas, deverá haver uma relação.

A reunião foi proveitosa, porque ela foi uma conseqüência de outras reuniões.

Depois que tudo estiver anotado em ata, documentado, a Coordenação de Ensino deverá cobrar, porque terá algo para cobrar.

E não é só. Os pais dos alunos poderão receber no ato da matrícula um informe
bem-feito sobre o perfil do professor e sobre o conteúdo a ser aplicado em sala.

Estamos avançando por meio do Conselho de Disciplina.

sábado, maio 19, 2007

Conselho de Disciplina 1


No dia 19 de maio, sábado, às 8h25, os professores de Literatura e de Língua Portuguesa da escola Heloísa Mourão Marques reuniram-se para definir o que a área deseja com GRAMÁTICA, LITERATURA, LEITURA & PRODUÇÃO TEXTUAL.

As nosas folgas na semana - dia em que deveria haver planejamento escolar - foram jogadas para sábado.

A idéia dos conselhos, eu a proponho desde 2003 na Heloísa, mas só agora, por causa da gestora Lúcia, foi possível colocá-lo em prática.
Sobre essa reunião, escreverei na segunda-feira, à noite.

Ronda Gramatical

- sós sorrisos -

1. Colunista social inventa o plural de "só". Chique? Isso é muito brega.

Reformas na língua portuguesa

Foto: Antônio Houaiss

SÃO PAULO - Pelo menos 300 palavras passarão por mudanças na forma de escrever a partir do ano que vem. Está para entrar em vigor o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que prevê, também, que as letras W, K e Y integrem nosso alfabeto, que passará a contar com 26 letras.
O acordo, proposto em 1990, prevê que os países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste - tenham uma única forma de escrever e adotem os mesmos livros didáticos. As mudanças conservam, porém, as pronúncias típicas de cada país.
“A existência de duas ortografias oficiais da língua portuguesa, a lusitana e a brasileira, tem sido considerada prejudicial para a unidade intercontinental do português e para o seu prestígio no mundo. Por isso a importância da mudança”, afirma Carlos Alberto Xavier, coordenador do projeto no Ministério da Educação (MEC).
Para os brasileiros, muitas das mudanças estão concentradas na acentuação. As paroxítonas terminadas em “o” duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Assim, palavras como “enjôo” e “vôo” terão de ser escritas, respectivamente, “enjoo” e “voo”.
Também não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos “crer”, “dar”, “ler”, “ver” e seus decorrentes, ficando correta as grafias “creem”, “deem”, “leem” e “veem”.
O trema desaparece completamente: estará certo escrever “linguiça”, “sequência”, “frequência” e “quinquênio”. A eliminação do acento agudo nos ditongos abertos “ei” e “oi” de palavras paroxítonas, como no caso de “assembléia” e “jibóia”, também está prevista.

Por outro lado, as novas normas ortográficas farão com que os portugueses troquem, por exemplo, a grafia de “húmido” para escrever “úmido”. Também desaparecem da língua escrita em Portugal o “c” e o 'p' nas palavras onde ele não é pronunciado, como “acção” e “baptismo”.

Ronda Policial

Hoje, um repórter da TRIBUNA, o Antônio Kleber, discordou de mim quando eu escrevo na página policial que "por causa de um cerco, policiais prenderam o bandido".
Para ele, o bandido foi preso por causa de seu crime.
Vamos supor que eu tenha cometido um delito, e o repórter Antônio Kleber me prendeu na Redação do jornal. Posso dizer que fui preso por Antônio Kleber.
Ora, se posso escrever "preso por alguém", também posso escrever "por causa de alguém".
Pergunto: não posso escrever "preso por um cerco de policiais"? Posso. Como posso, escrevo também "preso por causa do cerco de policiais".

Antônio Kleber, onde o raciocínio encontra-se errado?

sexta-feira, maio 18, 2007

Os ombros suportam o mundo



Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus
Tempo de absoluta depuração
Tempo em que não se diz mais: meu amor
Porque o amor resultou inútil

Essa poesia foi ofertada aos olhos dos alunos. O que desejamos com ela?
Como no texto dissertativo as relações semânticas internas ausentam-se, o aluno, por meio da poesia, precisa estabelecer essas relações.

O que foi, por exemplo, depurado? Qual a relação entre "inútil" e "depuração"? Qual a relação entre Deus e depuração?

Uma vez mantidas as relações, o aluno dissertará em sala e reconstruirá o texto com ajuda do professor. É preciso que o conhecimento não se fragmente em sala e que as partes (gramática, literatura, leitura e redação) se combinem por meio de uma linha de raciocínio.

Ronda Gramatical

Saiu em uma coluna da Gazeta.
Cruzei semana passada com o jornalista Chico Araújo em um shopping de Brasília e, feliz da vida, ele me contou do sucesso de sua agência “Amazônia de Notícias".

1. Uma pessoa cruza a rua. Uma pessoa cruza a semana?; e

2.
Na semana passada, cruzei...


Ronda Gramatical

Saiu em uma coluna da Gazeta
Quem busca a verdade, quem obedece a lei do amor, não pode estar preocupado com o amanhã”. (Ghandhi)
1. Colunista social aldora escrever "chique" ou "super", mas, quando o assunto é língua portuguesa, o colunista não é chique e muito menos super; e
2. Consultando Celso Pedro Luft, melhor "obedecer à lei".

Ronda Gramatical

Saiu no Página 20
"Este ano, misteriosamente, serão mais de 100 eleitores. A águia deu cria misteriosamente."
1.
O verbo "serão" concorda com "este ano"? Não pode. Esse erro repete-se muito por aqueles que injetam na veia a droga da ignorância, mas dizem que são repórteres; e

2. Como se trata de tempo, nesse caso, o correto é "neste ano".

Ronda Gramatical

Saiu no Página 20.

"Uma comitiva de 40 campesinos e agentes em visita ao Acre desde a tarde de quarta-feira e retornam hoje a Puerto Maldonado no Peru."
1. - Uma comitiva de 40 campesinos e de agentes visita o Acre -
2. - O verbo "retornar" deve concordar com "comitiva". "Uma comitiva de 40 campesinos e de agentes visita o Acre desde a tarde de quarta-feira e retorna hoje a Puerto Maldonado, no Peru."

Blog à Secretaria de Educação


Amanhã, às 8 horas, professores de Literatura e de Língua Portuguesa da escola Heloísa Mourão Marques se reunirão para escolher quem coordenará o conselho de disciplina e o que a área pretende com as aulas de Redação.


Espero que o encontro opte por discussões inteligentes e por objetividade, pois, caso contrário, serei obrigado a cometer suicídio diante de meus pares.
Defenderei alguns pontos, quais sejam:
1. Reconstrução textual em sala de aula, seguindo o que há nos parâmetros curriculares;
2. Duas aulas de Redação por semana;
3. O aluno deve usar o dicionário quando reconstruir o texto em sala;
4. Os professores da área precisam criar uma pontuação específica para os problemas redacionais e essa pontuação deve estar na folha de Redação;
5. Os professores precisam criar exercícios relacionados aos problemas redacionais;
6. No final de cada semestre, a turma escreverá e seus textos deverão ser apreciados pela Coordenação de Ensino a fim de constatar se o professor obteve bom resultado;
7. É preciso exigir do aluno questões básicas de Redação;

8. Por meio do texto do aluno, o professor deve retirar suas aulas de Gramática.

quinta-feira, maio 17, 2007

A Aluna e a Inspetora


Como o professor não havia chegado, a turma resolveu ficar no corredor para incomodar as aulas de outros professores, por exemplo, a minha.
Essa aluna do ensino médio (foto) sobe à cadeira e começa a gritar, indiferente à educação e à minha aula. A inspetora busca resolver esse péssimo exemplo, mas o caso é para leão-de-chácara ou para segurança.
Levantei-me e dei uma boa reprimenda.

Existem alunos que jamais ultrapassarão o limite do muro social, o limite do muro do salário mínimo (ou do salário-mínimo), porque não estão na escola para estudar, para respeitar.
O muro que essa jovem encontrará no futuro poderá ser intransponível. Tudo é uma questão de tempo. E "o tempo não pára", canta Cazuza.

Ainda sobre Sinteac

Cheguei ao final de minha matéria sobre as finanças do Sinteac. Abri algumas pastas da contabilidade e, comparadas ao relatório da auditoria, afirmo que há irregularidades.
Quando será publicada, bem, isso depende da editora-chefe da TRIBUNA.
Por falar em Sinteac, sindicalistas exigem que professores saiam das "férias antecipadas". Se o sindicato não sabe se organizar para atrair seus filiados, melhor pagar uma consultoria. Está na hora de sindicalista deixar de ser amador. É preciso profissionalizar sua inteligência.

Texto de Jornalista


"Os parlamentares também discutirão a participação da mulher no Legislativo, cuja mesa será presidida pela deputada Naluh Gouveia (PT-AC), coordenadora da Secretaria de Mulheres da Unale e o atual momento político brasileiro, bem como participarão de painéis sobre questões que envolvem o meio ambiente, habitação popular, o Mercosul e as relações internacionais e as políticas de inclusão do jovem."
1. Tem repórter que só sabe olhar defeito no texto dos outros e não olha para seus erros. Repare o tamanho desse parágrafo e a confusão de idéia;

2. Há mais de cem anos na imprensa acreana, esse "proficional" ignora que frases-oracionais no jornalismo devem ser curtas. Curto, mesmo, é o cérebro.
Reconstrução

Os parlamentares também discutirão a participação da mulher no Legislativo e o atual momento político brasileiro. Além disso, participarão de painéis sobre questões que envolvem meio ambiente, habitação popular, Mercosul, relações internacionais e políticas de inclusão do jovem. A mesa-diretora será presidida pela deputada Naluh Gouveia (PT-AC), coordenadora da Secretaria de Mulheres da Unale.

Onde está você?





Há pessoas que ruminam as dificuldades de outros. Podem ajudar, mas ruminam.
Amigos, quais são?

Ronda Gramatical

- Contra às drogas -

1. "Contra", como sabemos, é preposição e "às" é preposição "a" + artigo "a";

2. Há duas preposições. Não pode. O correto é "contra as drogas"; e

3. A única preposição que admite outra preposição é "até". "Estudarei até às 14 horas", podendo ser também "estudarei até as 14 horas".

quarta-feira, maio 16, 2007

Abrir a sala de aula


Na segunda-feira, às 8 horas, conversei com o responsável pelo ensino médio do estado, o professor Josenir Calixto.

Ele concorda com a idéia dos conselhos de disciplinas para que as áreas dialoguem sobre seus rumos nas unidades escolares.

Para haver qualidade, precisamos mudar, também, a organização da escola.
Hoje, às 17 horas, houve uma reunião dos professores de Literatura e Língua Portuguesa para escolher o professor que coordenará o Conselho de Literatura e de Língua Portuguesa e para saber quando nos reuniremos a fim de definir propostas sobre procedimentos redacionais em sala de aula.

Uma professora discorda, por exemplo, que tenha que refazer texto em sala. Ela não aceita "imposições metodológicas". Não irá reconstruir textos entre quatro paredes.
Para mim, trata-se de uma postura que vai contra os parâmetros curriculares e, além do mais, se o Conselho de Literatura e Língua Portuguesa assim definir após um debate, as partes deverão acatar por meio de uma ata assinada, um documento, registrando o que o corpo docente realizará na escola.
Uma vez debatido, uma vez assinado por todos, à Coordenação de Ensino, resta fiscalizar o trabalho dos professores. Defendo a idéia de que coordenador de ensino entre em sala sem aviso prévio para assistir às aulas e, depois, em uma reunião com a área, tecer críticas para qualificar o ensino.

Além disso, por meio de um questionário sério, ético, o professor deve ser avaliado pelo aluno e essa avaliação deve servir para que o educador mude sua postura em sala.

No sábado, às 8 horas, haverá a reunião do Conselho de Disciplina. Não contará como aula, porque "a folga" na semana - aquela que deveria ser para planejar - será transferida para o sétimo dia.

terça-feira, maio 15, 2007

Minissérie


Em junho, entre 12 e 16, Luís Fernando Carvalho mostrará A Pedra do Reino, obra de Ariano Suassuna, na TV Globo. Horário ainda está indefinido.

Trata-se de um trabalho que supera os limites estéticos de
Amazônia - de Galvez a Chico Mendes, uma reles cópia da realidade.

Em uma entrevista, Luís Fernado responde a Rogério Pacheco na ótima revista
Bravo!

Ao me aproximar da literatura, pretendo fugir de qualquer forma naturalista de encenação - aquela em que o ator busca uma atuação que se assemelha à "realidade". Entendo que o naturalismo que normalmente se faz hoje, seja na TV, no cinema ou até mesmo no teatro, não chega nem a se consolidar como linguagem. Estou atrás da literatura porque desejo reafirmar o valor da palavra e da linguagem.

Proposta, portanto, diferente da chatice da Glória Perez.

Ronda Gramatical

Um texto do governo fura meus olhos.

- às 17 horas da tarde -

Sem comentários.

Ronda Gramatical

Na Aldeia FM, o locutor diz "nós nos encontramos amanhã".
Melhor é "nós nos encontraremos amanhã".

segunda-feira, maio 14, 2007

Referenciais Curriculares























O governo do Estado publicou Referenciais Curriculares de várias disciplinas. Tive acesso ao livro Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e li sobre o conteúdo de literatura.
Na página 19, escreve-se que o ensino de Literatura na Educação Básica deve privilegiar a leitura do fato literário, ao invés da História, da periodização, da classificação e outros aspectos que "rondam" a produção do texto literário. Com isto, não se propõe a exclusão do estudo da história da literatura (...). O que se quer dizer é que este não deve ser o aspecto mais re-levante dos estudos literários no Ensino Médio.

Nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio, do governo federal, na página 54, registra-se (...) não se deve sobrecarregar o aluno com informações sobre épocas, estilos, características de escolas literárias (...).

No material do estado, a literatura não ocupa nem uma página. Além disso, fica claro que a equipe de currículo de ensino médio e os consultores não se envolveram com o espaço da escola pública para fundamentar um procedimento a partir de uma realidade vivida.

Em sala de aula, o historicismo literário deve ser excluído. O pioneiro dessa periodização literária foi Friedrich Bouterwek, que submeteu a literatura à história. Até hoje, existem professores que lecionam literatura com biografia do poeta. Ora, para estudar produto cartesiano, ninguém precisa saber sobre a vida de René Descartes.

O texto literário deve ser soberano em sala. Aristóteles, por exemplo, em Arte Retórica e Arte Poética, focaliza a literatura e não a história da literatura. No capítulo 9, o pensador grego estabelece a diferença entre o historiador e o poeta. A poesia é de caráter mais elevado do que a história.

No final do século 19, isso muda. Sugiro aos professores a leitura de História da Literatura: o Discurso Fundador, de Carmen Zink Bolognini, Mercado de Letras; e Educação Literária como Metáfora Social, de Cyana Leahy-Dios, Martins Fontes.

Direito de Greve


Ainda neste mês, o governo do companheiro Lula apresentará um projeto de lei ao Congresso sobre o direito de greve do funcionalismo público.

Caso seja aprovado, o Sinteac e o Sinplac terão que repensar suas assembléias de rua, porque uma minoria não poderá votar a favor da "greve" ou das "férias antecipadas" pela maioria.

O projeto determina que 2/3 da categoria deve votar, além de avisar às autoridades com 48 horas de antecedência. Mais: serviços essenciais à população deverão ter 40% de funcionamento.

Se não obedecerem, o contracheque mostrará um amargo desconto.

Retorno às aulas


A ESCOLA

HELOÍSA

MOURÃO

MARQUES

RETORNOU

ÀS

AULAS

sábado, maio 12, 2007

Dilma



É bom ser agasalhado pelas palavras de uma mãe. A minha, até hoje, aquece minha vida com as suas.

Que saudade, Dilma!

Queria estar contigo hoje. Terei que esperar até o final de ano.

sexta-feira, maio 11, 2007

Escola Estadual

Hoje, às 8 horas, alguns professores da escola Heloísa Mourão Marques reuniram-se para retornar às aulas na segunda-feira.

Embora eu seja contra "as férias antecipadas", posicionei-me contra o retorno às aulas. Se votaram a favor da "greve", ou melhor, da "reposição das aulas", devem agora retornar quando o sindicato assim determinar em assembléia. É preciso ser coerente.

Se não analisaram profundamente o que estava em torno da isonomia, se não debateram sobre o que ocorre com o movimento sindical, se não discutiram sobre as duas propostas no Sinteac e no Sinplac, se votaram porque é fácil levantar os braços sem antes questionar, que a maioria, agora, assuma o erro de ter votado a favor de uma "reposição de aula".

quinta-feira, maio 10, 2007

Mosca



Um aluno da Ufac enviou-me essa foto. Trata-se de uma inocente e imunda mosca que se lambuzava em um ketchup do restaurante universitário.






quarta-feira, maio 09, 2007

O Crente e O Palhaço

























Diferente dos homens públicos deste Estado, eu uso ônibus. O terminal rio-branquense me espera com seus evangélicos que pregam a salvação, mas a fé e a verdade desses homens não baixam preço de passagem.

Gritam com gestos que dramatizam o texto bíblico, mas a pregação torna o terminal mais desencantado e sem vida. Alguns evangélicos incomodam Deus e a mim.
Mas nem tudo é triste. Um palhaço nos diverte com sua música, com seu rosto que retira de minha face o riso. Nesta capital, deveria haver menos evangélicos chatos e mais palhaços.

Ronda Gramatical

Hoje, em uma loja de calçados, um vendedora disse "as sadálias deveriam ter chego hoje". Na assembléia de rua dos professores, uma sindicalista disse "deveria ter pago".
Se for assim, direi que "ele deveria ter morto", que "ela deveria ter apanho", que "tu deverias ter assino".

O correto é "deveria ter pagado" (e não "pago"), "deveria ter morrido" (e não "morto"), "deveria ter chegado" (e não "chego"), "deveria ter pagado" (e não "pago"), "deveria ter apanhado" (e não "apanho"), "deveria ter assinado" (e não "assino").

Deveria ter dado um soco em meu dentista ou eu deveria ter furado (não "eu deveria ter furo") a greve, ou melhor, as férias antecipadas.

terça-feira, maio 08, 2007

Dinheiro do Sinteac

Desde sexta-feira, dia 4, busco documentos no Sinteac que possam comprovar algumas anotações do auditor Paulo Ferreira de Sousa contra as gestões do professor-vereador Márcio Batista e da professora Elza Lopes.
Tem sido difícil encontrar a verdade para muito além de questões partidárias ou eleitorais do Sinteac. Não posso publicar uma matéria ampla e profunda apenas com as anotações de uma auditoria, porque, disseram-me, não houve abertura de licitação. Outros motivos podem ter conduzido a presença de um auditor na contabilidade do Sinteac. Podem.
Há pessoas no Sinteac que são contra a atual presidente e estão impedindo que eu veja as pastas com os gastos. Preciso ver as notas fiscais que comprovam a saída de dinheiro para comprar, por exemplo, gasolina.
Em 1o de janeiro de 2003, na administração do então presidente Márcio Batista, R$ 10 mil foram para gasolina. Em 7 de março do mesmo ano, mais R$ 10 mil. Em 24 de abril de 2003, R$ 7.619,69. Em 28 de abril, R$ 5 mil. Em 4 de junho do mesmo ano, R$ 4.861,01.
Quanto a passagens de avião, foram 24 viagens em 20 meses. Para isso, o Sinteac pagou R$ 83.396,72. Segundo o auditor, não há comprovante que aponte quem viajou, quantos foram, qual trecho. É preciso ver os documentos no Sinteac.
Espero que amanhã, à tarde, eu, finalmente, encontre a verdade para, depois, ouvir o professor-vereador Márcio Batista e a professora Elza Lopes.
Pretendo publicar esse material depois das eleições do Sinteac, 20 de junho.

Cansaram-me!!!




Hoje, a minha paciência e a minha pouca inteligência cansaram-se por causa do Sinteac e do Sinplac.




Na assembléia de rua dos professores e do pessoal de apoio, houve um pseudoforró de péssimo gosto e um bingo para o azar de muitos.

Depois de ouvir "de bar em bar, de mesa em mesa, bebendo cachaça, tomando cerveja", fui embora ouvir Legião Urbana em casa.

Cansaram-me!!!

Reunião de rua















Os três professores da escola Heloísa Mourão Marques votaram a favor da "greve", ou melhor, das férias antecipadas ou da reposição de aula.

À direita, a professora de Filosofia refletiu e já deseja retornar às aulas. Arrependeu-se.

Agora, é muito tarde.

segunda-feira, maio 07, 2007

Do blog OPINANDO


Na foto, o Pateta Sindical com uma professora mais pateta. Ela votou a favor da "greve" e, até o momento, não descobriu que se trata de uma reposição de aula ou de férias antecipadas. Tolinha.
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Entrevista com o deputado Moisés Diniz, que é professor, mas não é pateta.

"Posso não concordar com nenhuma das tuas palavras, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-las." (Voltaire)

Sábado, 5 de Maio de 2007

A entrevista que o deputado Moisés Diniz deu ao jornal O Rio Branco descreve bem a mediocridade demonstrada pela atual diretoria do Sinteac:

Greve da educação não olha para quem ganha menos.


* Deputado Moisés Diniz fala ao Rio Branco sobrea paralisação dos servidores da educação.

O deputado do PC do B é professor, formado em pedagogia e foi dirigente sindical por vários anos. O parlamentar concedeu entrevista para abordar sobre a atual greve da educação e apresenta sugestões ao governo. Segundo ele, o Sinteac perdeu o rumo e não consegue apresentar uma proposta que unifique a categoria.

Nos meus vinte anos de movimento sindical, eu nunca vi um negócio desses. Nessa confusão quem sai prejudicado são os setores mais frágeis, especialmente os professores de nível médio e o pessoal de apoio”, afirma.
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Leia trechos da entrevista:

O RIO BRANCO - Deputado, qual o principal problema dessa greve?
MOISÉS DINIZ - Falta de comando, somada à divisão do movimento. Não tem um dirigente que imponha respeito aos demais. Eu nunca tinha visto um dirigente tomar o microfone, na marra, das mãos de quem estava falando. Agridem-se publicamente, na frente dos professores e da imprensa. Os professores do Acre não merecem isso.


O RIO BRANCO - O que está dificultando as negociações?
MOISÉS DINIZ - O problema está na bandeira do movimento, aquilo que unifica a categoria. Isso é básico em qualquer negociação. Durante anos, alguns dirigentes pregaram a isonomia como se ela fosse a salvadora da pátria. Não explicaram para a categoria, não olharam para a tabela e, agora, estão vendo que a isonomia é um instrumento de divisão dos professores.


O RIO BRANCO - Onde está o ponto de discórdia?
MOISÉS DINIZ - Primeiro, a greve foi decretada tendo a isonomia como bandeira. Depois viram que a isonomia atende menos da metade dos professores. Dos atuais 6.000 professores formados, cerca de 45% vão se aposentar antes de chegar à última letra. Isso ocorre porque professores com 10 ou 15 anos de serviço, ao passar para a tabela de nível superior, voltaram para a letra A. Assim, o bom salário isonômico da última letra será o céu onde esses professores não vão entrar.


O RIO BRANCO - E quanto aos professores que não têm nível superior?
MOISÉS DINIZ - Aí o problema é mais grave. Considerando que os cerca de 4.900 professores vão demorar de 4 a 5 anos para ingressar no nível superior e voltar, portanto, à letra A, o percentual é ainda maior, pode ultrapassar 60%. Isso significa dizer que, no conjunto, cerca de 5.700 professores vão se aposentar antes de atingir a última letra.


O RIO BRANCO - Então, a isonomia não é universal?
MOISÉS DINIZ - Exatamente. Ela poderá beneficiar cerca de 5.000 professores, no final da carreira. Isso se mantiver a tabela antiga. Como a proposta do governo acrescenta duas letras, então a isonomia vira conquista para uma minoria.


O RIO BRANCO - Qual a saída?
MOISÉS DINIZ - Discutir melhor a isonomia, formando um grupo de trabalho de alto nível, capaz de debater o assunto nas escolas, a partir de números reais. Eu sou deputado, mas vou me aposentar como professor e não quero ser enganado, fruto de uma negociação mal feita e atrapalhada. Os dirigentes que estão aí, devido às brigas internas, perderam a legitimidade para nos representar.


O RIO BRANCO - O senhor tem alguma sugestão?
MOISÉS DINIZ - Defendo que aprofundemos mais o estudo e o debate sobre a isonomia e, provisoriamente, apresentemos ao governo um conjunto de propostas que beneficiem quem ganha menos. Até porque o governador Binho Marques não abre mão de realizar ações que diminuam o fosso entre as classes mais abastadas e os menos favorecidos.


O RIO BRANCO - Que propostas seriam essas?
MOISÉS DINIZ - Vou aqui dar um exemplo. Existem hoje cerca de 5.000 professores, entre permanentes e provisórios, que iniciaram agora a faculdade e outros que vão começar. Isso significa dizer que esses professores vão demorar de 4 a 5 anos para poder ter um salário de nível superior, que é mais do que o dobro do que eles ganham. Para se ter uma idéia, um funcionário de apoio que tenha dobra, ganha mais do que um professor de nível médio.


O RIO BRANCO - Qual seria a idéia?
MOISÉS DINIZ - O governo conceder um abono substancial aos professores de nível médio, considerando que, no término do curso superior, eles terão um aumento robusto nos seus salários. Sem contar que os professores de nível médio, na sua maioria, têm apenas um contrato e são os que enfrentam as primeiras séries. É só olhar os resultados do IDEB, de 1ª a 4ª série, para perceber a importância dessa proposta.


O RIO BRANCO - E quanto aos servidores de apoio?
MOISÉS DINIZ - Defendo que o governo encontre uma fórmula jurídica para que eles possam fazer a sua faculdade.


O RIO BRANCO - O senhor defende, então, mais apoio para os que ganham menos?
MOISÉS DINIZ - O que mais me constrange é ver os governantes dando aumentos unificados. Um aumento de 10%, por exemplo, para quem ganha R$ 500,00, significa apenas R$ 50,00 a mais no bolso. Mas, para quem ganha R$ 6.000,00, haverá uma entrada robusta de R$ 600,00, ou seja, só o aumento do bacana é maior do que o salário do outro. Sou contra essas injustiças!


O RIO BRANCO - Por que esses profissionais de nível médio não se mobilizam nas assembléias?MOISÉS DINIZ - Porque 2.400 deles estão nas margens dos rios acreanos e nos ramais. São os nossos professores rurais. Tem ainda os professores dos municípios que, em alguns lugares, ocorrem verdadeiras barbáries. Mas, o SINTEAC só tem os olhos para os professores estaduais e os de Rio Branco. Os sindicalistas pegaram a doença de alguns governantes: pensam que o Acre é só Rio Branco.


O RIO BRANCO - O SINTEAC envelheceu as bandeiras de luta?
MOISÉS DINIZ - Nosso sindicato, o maior do Acre, não compreende que o Acre mudou. Onde estão os simpósios e seminários para discutir qualidade do ensino, humanização na escola, problemas sociais que afetam o aluno e que, portanto, chegam até a escola? Eles não sabem que há dezenas de escolas rurais onde o professor é quem limpa a escola e faz a merenda? Sem contar a corrupção em algumas secretarias municipais de educação.


O RIO BRANCO - Como assim?
MOISÉS DINIZ - Se o SINTEAC saísse dos gabinetes de Rio Branco e enfrentasse o interior do Acre, seus ramais e rios, ia descobrir que ainda tem merenda estragada sendo oferecida às nossas crianças, que há prefeitos que fazem o que bem entendem com o dinheiro da Educação. O SINTEAC precisa se articular com os vereadores nos municípios e realizar uma cruzada contra essas mazelas. Quem não evolui é engolido. E é isso que está acontecendo com a atual equipe de sindicalistas do SINTEAC.


O RIO BRANCO - Definitivamente, o senhor vai defender quem ganha menos?
MOISÉS DINIZ - Eu tenho nível superior, mas já tem muita gente nos defendendo. Tem até sindicato da nossa categoria de professores licenciados. Eu vou defender, junto ao governo, os professores de nível médio e o pessoal de apoio. Se a gente não equilibra o jogo, quem perde são os mais fracos.
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Postado por José, professor de matemática at 21:16 0 comentários

A falta de direção com que o SINTEAC vem conduzindo a greve já não é segredo para mais ninguém. Encontro pessoas de todos os níveis que esboçam uma opinião firme e coesa acerca da vergonha que os sindicalistas impõem à classe. A credibilidade se esvaiu. E pior: o SINPLAC poderia assumir papel mais ativo, ignorando a briga por carniça do outro sindicato, mas está se deixando engolir por ela. Espero que um norte único saia das discussões da semana que se inicia. Caso contrário meu colega Aldo Nascimento terá plena razão: não é uma greve, é apenas reposição de aula.

A dor de professor


Esse homem é um colega da escola Heloísa Mourão Marques que votou a favor da "greve" - ou será reposição de aula?.
Depois de uns dias coçando o saco em casa, ele agora está parindo as dores de uma "greve", porque irá repor as aulas.
O parto foi natural. O que não é natural, meu amigo, é votar a favor de uma "reposição de aula" e chamar isso de greve.

Guilherme Arantes









Enquanto o petróleo e o gás não chegam, o água vai...

Perto da Bessa, a panificadora, na Floresta, jorrava H2O.










Água que na nasce na fonte serena do mundo
e que abre um profundo grotão.

Água que faz inocente riacho
e deságua na corrente do ribeirão.

Águas escuras dos rios
que levam a fertilidade ao sertão.

Águas que banham aldeias
e matam a sede da população.

Águas que caem das pedras
no véu das cascatas, ronco de trovão.

E depois dormem tranqüilas
no leito dos lagos, no leito dos lagos.

Ou no bueiro de uma rua.

Sinplac e Sinteac 2



Pregar no deserto. Hoje, no entanto, choveu. Na foto, dois sindicatos: Sinplac e Sinteac.
Esse modelo de sindicalismo agoniza em tempos pós-modernos.
Como cantou Cazuza, "o tempo não pára". O sindicato dos professores parou; perdeu o mouse da história.

Sinteac e Sinplac 1




















Mais uma vez, o Sinteac e o Sinplac realizaram uma assembléia de rua. Na microrreunião de hoje, menos professores e menos pessoal de apoio. A foto não nega a falência do movimento parado sindical.
Esse número decide pela maioria. Isso representa menos de 1% da categoria.

No Sinteac, defendem-se duas propostas. A professora Alcilene, presidente do Sinteac, sustentou a continuidade da "greve" (ou será reposição de aula?), porque o governo não pagará o "alinhamento salarial".

O governo argumenta que o Estado não tem condições de pagar esse "alinhamento" aos professores e ao pessoal de apoio, porque não há dinheiro. Os que defendem a professora Alcilene, no entanto, ignorando o orçamento público, não dizem de onde o dinheiro sairá para pagar o que eles desejam.

Não há um estudo, realizado por uma consultoria muito séria e competente, sobre o orçamento do Estado a fim de remanejar verba para a educação.

A professora Almerinda, a vice, defendeu a proposta do governo e o fim da "greve" (ou será reposição de aula?). Eu defendi a proposta da professora Almerinda para se corrigir o erro cometido pelo Sinteac em 1999.
O Sinplac, por sua vez, tendo como presidente a professora Luziele, está indo a reboque do Sinteac por limitações de sua diretoria.
O Sinplac surgiu para apontar novos caminhos para os professores em termos de organização sindical, mas, infelizmente, por sua estreiteza intelectual, a diretoria reproduz a mesma estrutura do Sinteac.
Acredito que a ausência de professores e de pessoal de apoio existe por causa da atual estrutura sindical. Ainda farei um artigo sobre isso.
O movimento sindical precisa realizar um congresso para redefinir novos rumos, mas, antes, precisamos estimular debates por meio de seminários com profissionais de fora e da Universidade Federal do Acre.
Bem, com férias antecipadas, iremos repor as aulas. A suposta greve está em processo de desgaste por causa de questões estruturais, por causa de vaidades internas e por causa do infeliz partidarismo.

sábado, maio 05, 2007

Matéria de Jairo Barbosa

Estou preparando uma matéria bem mais ampla sobre essa irregularidade financeira no Sinteac. Na terceira semana de maio, ela será publicada.

Ouvirei várias pessoas, inclusive, o vereador Márcio Batista e a professora Elza Lopes. Já comecei a investigar, a comparar dados e a olhar documentos relacionados à auditoria.

Por enquanto, bloguista, leiamos a matéria do jornalista Jairo Barbosa.
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Vereador comunista é acusado
de gastos irregulares no Sinteac


O Ministério Público Estadual analisa desde o mês passado denúncia de desvio de dinheiro e de gastos irregulares praticados pelos ex-presidentes do Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sinteac), Márcio Batista (PC do B) e Elza Lopes (PT).
Batista, atual líder do prefeito na Câmara de Vereadores, comandou o maior sindicato do Estado no período de setembro de 2001 a setembro de 2003. Elza Lopes substituiu o camarada até 2005.
Em uma auditoria do contador Paulo Ferreira de Sousa, especialista em auditoria, a pedido da atual direção do sindicato, ficou comprovado que os ex-dirigentes praticaram uma série de irregularidades que vão desde a compra “fantasma” de gasolina a pagamento de despesas com bebida alcoólica com cheque da entidade.
No documento, que contém 180 páginas, o auditor afirma que as administrações deixaram de atender aos princípios básicos da legalidade, da impessoalidade e da eficiência.
Durante meses, as contas do Sinteac, no período da administração do vereador Márcio Batista e da professora Elza Lopes, foram analisadas com muito rigor e reprovadas na prestação de contas.
Os dois, segundo o relatório, deixaram ainda de elaborar um projeto de orçamento anual, exigido no artigo 20°, do estatuto social da entidade.

Gastos com passagens aéreas

No mês que assumiu o sindicato, Márcio Batista autorizou despesas de R$ 2.132,49 para a compra de passagens aéreas, mas, diz o documento, não apresentou comprovantes das passagens com utilização dos respectivos trechos, bem como a finalidade da viagem.
No ano seguinte, Batista gastou R$ 3,3 mil no frete de um avião, no entanto, argumenta o auditor, não consta nenhuma justificativa para o fretamento da aeronave e, muito menos, trecho a ser percorrido. Parece que voar era o hobby do ex-presidente.
Em agosto de 2002, ele gastou R$ 3,5 mil novamente com passagens aéreas sem apresentar comprovantes de embarques e sem justificar o motivo da viagem.

Gasolina e despesas em bares

O relatório mostra que nunca o Sindicato da Educação gastou tanto com combustível como na gestão do vereador do PC do B. Em 7 de março de 2003, o sindicato pagou ao Posto Líder R$ 10 mil para comprar combustível, quantia considerada excessiva diante da pequena frota da entidade. No mês seguinte, os gastos chegaram a R$ 12 mil, e a frota continuava a mesma.
Em uma churrascaria da cidade, o presidente assinou uma nota de R$ 1 mil, mas, na prestação de contas, não apresentou o recibo da despesa.