sexta-feira, outubro 03, 2008

O primeiro mundo já não é o mesmo

















Ontem, 2 de outubro, por volta das 10h55, uma dor desgraçada no abdome ordenou que eu saísse de sala para conhecer o primeiro mundo. Suando frio, pressão baixa, deitei-me na sala da diretora. Mesmo com ar-condicionado, eu não parava de suar.

Coordenadora de ensino, a Izanilde, quando me viu, tratou logo de me ajudar. Otacília, a chefe da coordenação, telefonou para o Samu. A partir dessa ligação, senti na pele, digo, no abdme, que o primeiro mundo não é o mesmo, o Samu não atendeu ao chamado.

Sem poder andar, fui carregado por dois colegas de trabalho, a Ozélia e o Waldir. Entrei no carro de um professor e aí começou minha viagem para o primeiro mundo: o pronto-socorro.

Entre os sacolejos e a dor, cheguei vivo às 11h30 para esperar uns 10 minutos, a médica conversava com uma funcionária. Quem sabe, não sei, trocavam idéias sobre o sentido da vida em momento muito impróprio. Não quis interromper, a dor me incomodava. Paciência. Mas um homem branco e magro não teve paciência e deu uma reprimenda. "Vocês duas conversam aí enquanto pessoas estão sentindo dores."
A médica se tocou que aquele espaço não era um bar e, finalmente, deu-me atenção. Entre algumas perguntas, escreveu no pepel exame de sangue, de urina e uma dose de Buscopan. Pego o papel. Se algo se assemelhava ao primeiro mundo até aquele momento, ele veio em forma de maqueiro, levando-me, imediatamente, à sala de observação 1. Depois que o maqueiro me deixou na cadeira de rodas, aí sim, não vi mais o imediatamente, a rapidez, a eficiência.

Fiquei na fila durante quase 25 minutos para tomar Buscopan, só que o tempo é muito largo quando sentimos dor. Suava frio, pressão baixa, camisa encharcada, pensei em gritar, dar uma esculhambação nas enfermeiras, xingar a mãe de alguém, mas logo me culpei por não ter um plano de saúde particular. Aproveitei o curso intensivo que tinha feito no Tibete com os monges budistas e elevei minha alma acima de promessas políticas.

Por volta das 12h10, finalmente, porra!, tomei injeção para depois deitar em um leito... Leito? Meu irmaõ, não havia leito desocupado, tive que permanecer em uma cadeira (como você pode ver o otário na foto). Minutos depois, com efeito do remédio, a dor me deixou de lado.

O que não me deixou de lado foi a espera. O exame - aquele que a médica tinha pedido por volta das 11h40 - só chegou aos meus olhos de contribuinte às 19h40, mesmo assim porque fui pedir. Mas quem tinha amizade com algum enfermeiro conseguia por fora o exame bem antes daqueles que não tinham um enfermeiro como amiguinho.

O médico sentou-se à mesa às 20 horas e só me atendeu depois que conversou com uma médica, sua amiga. Ele queria saber sobre uma aulas de medicina cursadas por ela. Paciência. Foi quando senti saudade da rapidez do maqueiro novamente.

Quando ele finalmente deu seu parecer médico, eu descobri que deveria ter um plano de saúde particular, porque o que ele disse, a partir dos exames de sangue e de urina, não me fizeram sentir no primeiro mundo. Saí do, socorro, pronto-socorro! às 20h30 com muita saudade do maqueiro.

Tirei, infelizmente, uma foto, só havia energia na bateria para uma só, acredite. No dia seguinte, fui ao médico particular, algo de primeiro mundo. Estou com incontinência urinária por causa, talvez, de um cálculo renal. Hoje, à tarde, irei à Fundação Hospitalar para exames. Na segunda segunda-feira, irei ao Sindicato dos Professores Licenciados para assinar meu plano de saúde particular.
É, o primeiro mundo já não é o mesmo. Ainda sim, sabendo que já foi bem pior, no domingo, votarei em Raimundo Angelim, sem segundo turno.