sexta-feira, fevereiro 27, 2015

Idade Média no currículo de Filosofia

Durante um bom tempo, lecionei em escola e em universidade públicas. No caso da escola pública, aprovar ideias novas e, mais que isso, fazê-las funcionar é um processo longo de conflitos, porque, nas escola pública, todo mundo manda e ninguém obedece, a não ser que a escola tenha escolhido um diretor inteligente, determinado, alguém acima de interesses de grupo. Eu tive.

Hoje, no Colégio Souza Marques, fui chamado para conversar com a proprietária do colégio, senhora Leopoldina. Assunto: a partir dos Parâmetros Curriculares de Filosofia, elaborar o currículo formal.

Como a Filosofia só retornou ao ensino médio como obrigação em 2008, muito ainda precisa ser feito, porque professores de História, que substituíram os professores de Filosofia segundo a lei, contribuíram para destruir a Filosofia.

Muito então precisa ser feito. Muito.  

Defendi a ideia de que, bem diferente dos livros didáticos, o colégio deve incluir a Filosofia da Idade Média e expliquei os motivos, um deles: não se compreende David Hume sem entender a teoria do conhecimento que cruza a Idade Média.

Outra questão: a Filosofia deve se aproximar da produção textual de Língua Portuguesa, porque, para escrever, além da Gramática, que tem a função de organizar, de estruturar o texto, é preciso que o aluno pense conceitos, por isso a Filosofia precisa ir ao encontro da Língua Portuguesa.

Outra: a presença do cinema nas aulas de Filosofia. Para isso, formalizar enquanto currículo. Hoje, mais do que antes, o cinema deve estar na escola.

Disse na reunião que, quando lecionei Língua Portuguesa e Literatura no Souza Marques em 1990, eu já passava filmes. Hoje, a Filosofia não pode ser lecionada sem cinema.

A escola particular é mais rápida para que ideias novas sejam possíveis, porque, diferente da escola pública, um manda quando a ideia possui uma natureza boa para a educação de jovens.

As ideias foram aprovadas. Estou muito feliz. Outras ideias virão.