segunda-feira, fevereiro 11, 2013

A monarquia do rei Momo




Momo, na mitologia, é filho do Sono e da Noite. Assim como os valores noturnos e oníricos opõem-se ao dia (trabalho) e à realidade (leis), Momo liberta seus súditos das obrigações normativas daqueles que governam a cidade.




Todos os signos (fantasia, máscara, festa) da monarquia momesca não são compreendidos como são os signos do Dia da Pátria (ordem, autoridade, seriedade). 

O Carnaval perdeu seu sentido original, mas o sentido da parada militar permanece.

Momo vem da palavra "mímica", ou seja, por ser imitador, ele deforma o poder do prefeito, por isso Momo recebe a chave que abrirá a porta de um mundo avesso à vigília e ao dia.

O Carnaval é festa política, no sentido de que valores de Momo devem ser comuns à cidade. Ora, sob seu poder, os súditos se fartam de alegria, de dança, de canto, porque em sua monarquia não há desigualdade.

No Carnaval, rimos do prefeito, do governador, da corte, do juiz, enfim, rimos do poder, nivelando-o aos homens que brincam entre si porque são iguais.

No Acre, por causa de um Carnaval alienado, não nos fantasiamos para rir do prefeito, do governador, do poder.

No Rio de Janeiro, a única escola de samba que exercia a crítica social, a São Clemente, não resistiu, porque, caso permanecesse politicamente crítica, não receberia a verba da prefeitura.

Para se manter viva, a São Clemente, portanto, não critica mais a ordem social. Alienou-se.

Momo mantém viva a sua crítica nos blocos do Rio de Janeiro. Neles, rimos do poder.