quinta-feira, janeiro 28, 2010

Acabou

As férias chegaram ao final. Chegarei ao Acre no domingo, dia 31 de janeiro, se Deus assim permitir. Afirmo Deus por não ser eu o senhor de meu próprio destino. No primeiro dia de fevereiro, as postagens neste blogue voltarão ao normal.

terça-feira, janeiro 19, 2010

Os voos do senador Geraldinho


A verba indenizatória, regulamentada em ato secreto de 2003 e republicado no ano passado, segundo o texto, é destinada “ao pagamento de despesas mensais realizadas pelo Senador com aluguel de imóvel, de veículos ou de equipamentos, com material de expediente para escritório, com locomoção e com outras despesas diretas e exclusivamente relacionadas ao exercício da função parlamentar.”

No Senado, polemizaram quando o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) usou parte de sua cota de passagens áreas para fretar jatinhos. Outros 13 senadores têm destinado verba indenizatória dos gabinetes para voar pelo país em aviões particulares.

Depois de Arthur Virgílio (PSDB-AM), que gastou R$ 76.300, e de João Pedro (PT-AM), R$ 51.400, Geraldo Mesquita (PMDB-AC) aparece na terceira colocação, R$ 17.150.

Como disse o saudoso Bezerra da Silva, morto há cinco anos, "este país só vai melhorar quando morcego doar sangue e saci cruzar as pernas".

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Hai(de)ti!!!


Um livro retorna

Eu soube que “O Reino deste Mundo”, do cubano Alejo Carpentier, foi relançado. Antes de retornar ao Acre, comprarei suas palavras para compreender melhor meu continente.

O livro foi lançado em 1948, no México; mas, antes de sua publicação, Carpentier conheceu o Haiti em um jipe, em 1943. Fatos históricos e imaginados entrelaçam-se após os conflitos da independência haitiana, entre 1794 e 1808.

A narrativa situa o leitor nos anos de 1811 a 1820, época da monarquia de Henri Cristophe. O negro Ti Nöel, protagonista, luta contra as formas de poder.

Por falar em poder...

da França
Até início do século 19, a França metia a mão grande em 25% da agricultura haitiana, onde a terra não é tão fértil como na República Dominicana. Em 1804, derrotados por uma rebelião negra, os franceses foram embora do Haiti.

A França exigiu e recebeu reparação pela colônia perdida, deixando a economia da nova república debilitada por muitos anos.

Dos Estados Unidos
De 1957 a 1986, o Haiti viveu conforme as regras do governo de François Duvalier, o Papa Doc, apoiado pelos Estados Unidos da América.

Antes de Duvalier, a Estátua da Liberdade ocupou esse lugarejo de 1915 a 1934. Tio Sam tomou conta das finanças do Haiti até 1941, realizando obras de infraestrutura e pondo ordem na economia. Ordem.

Com Papa Doc e com seu filho, Baby Doc Duvalier, os Estados Unidos realizaram grandes negócios com a ordem econômica dos ditadores. Ordem.

Hoje, após a presença de norte-americanos, cerca de 55% da população vive com menos 1 dólar ou menos R$ 1,75 por dia. Ao lado, na República Dominicana, a renda diária de um dominicano está em média 7,4 dólares. Por mês, um haitiano recebe em média R$ 2.275, e um dominicano, R$ 12.950.

Hoje, após a presença dos norte-americanos, a população mais rica (?) fica com mais de 70% da renda. Os 20% mais pobres, com 1,4%.

Essa distribuição injusta de renda é uma das piores do planeta, semelhante à do Brasil nos anos de 1990.

Na época da ditadura militar, estudantes brasileiros escreveram esta frase muito criativa: “EE.UU sei quem me U.S.A.”. Durante décadas, a Estátua da Liberdade usou o Haiti.

A Águia

Segundo texto de Sérgio Dávila, os Estados Unidos enviaram vários navios da Guarda Costeira com helicópteros, o porta-aviões Carl Vinson, com 19 helicópteros, 51 leitos hospitalares, três centros cirúrgicos e capacidade de tornar potáveis centenas de milhares de litros de água por dia.

Nos próximos dias, chegarão mais dois navios com helicópteros e uma força-anfíbia com 2.200 fuzileiros e um navio-hospital. Além disso. isto: os Estados Unidos doaram 100 milhões de dólares.

A Águia ajuda o Haiti.

Fontes: Eduardo Fellipe, Elio Gaspari, Veríssimo e Cony

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Entre dois Rios: Branco e de Janeiro

Não temos shopping

Certa vez, lecionando na faculdade, um aluno disse-me não entender o motivo de eu estar no Acre. Perguntei-lhe o porquê de não entender. Sua resposta causou-me espanto. “No Acre, professor, não há shopping.”

Mais tarde, na escola, outro jovem acriano respondeu da mesma forma.

Sair do Rio de Janeiro, onde há shopping, para morar no Acre, onde não há shopping, significa para esses jovens um atraso. Sem esse templo do consumo, o Acre, segundo eles, é tão inferior que esses jovens não entendem o motivo de eu morar entre açudes, árvores, rios, igarapés; não entendem o motivo de eu morar em uma cidade que cresce na floresta.

Aqui há shopping

Férias no Rio de Janeiro e, aqui, entre o Corcovado e a igreja da Penha, não há um só shopping, mas muitos, tantos. Estou aqui para consumir marcas de calça, de camisa, de sapato, não é verdade?

Não é verdade.

Quando plantarem um shopping na floresta acriana, um aluno ou parte da elite dirão que somos agora iguais aos grandes centros.

Se a elite acriana entrar no templo do consumo só para comprar marcas ou só para assistir a Avatar ou a 2012, nosso atraso mental será cinematográfico.

Acredito que no shopping verde, caso tenha quatro salas de cinema, predominará a cultura de massa. Por que Hanani - cerejeiras em flor? Nossa culta elite prefere Avatar.

Associa-se a ideia de progresso a viaduto, a shopping, O governo do PT, nesses anos, jamais associou progresso e desenvolvimento a filmes autorais, a teatro, à cultura.

Por meio de sua propaganda oficial, o governo deseduca meus alunos. "Professor, aqui é atrasado porque não tem shopping."