terça-feira, março 27, 2007

Pornografia











Certa vez, você me disse que a pornografia é o "excesso de cenas". Em Álbum de Família, de Nelson Rodrigues, as cenas não existem, não estão expostas, mas a pornografia encontra-se lá.

Excesso que deseja destruir o sagrado, eis a pornografia. Em nenhum século anterior, a pornografia se espalhou como no final do século 20. Não a olhamos mais por meio da fechadura, às escondidas, mas sua exposição depende de um endereço na internete.


Pela webcam, assistimos a casais em posições ao vivo e, se nossa foto agradar, poderemos marcar um encontro de carne e osso para que sejamos filmados, expondo posições, por exemplo, entre casais. Marques de Sade nunca foi tão atual. Sua leitura, obrigatória.
Enquanto escrevo, um vizinho espalha pela rua este excremento auditivo:
Toma gostosa, lapada na rachada! Você pede que eu te dou, Lapada na rachada! E aí? Tá gostoso? Lapada na rachada! Toma! Toma! Toma! (Vamo balançar! Vamo balançar! O balançado mais gostoso do Brasil! Balança, balança, balança neném! - Ô Lene Silva?! Vamos dar uma lapadinha?- Ai Clauber, mas só se for na rachadinha! - Vamos agora! Simbora!) Vi uma menina linda, A danada enlouqueceu, A macharada ficou doida, quando ela apareceu. Sorriso envolvente,jeitinho sensual, Pra acabar de completar, me deu mole no final. Juro não acreditava, no que tava acontecendo, sorria, me olhava, e o clima foi crescendofui direto ao assunto e não pude acreditar, chegou no meu ouvido ecomeçou a falar: Vai! Dá tapinha na bundinha, vai! Que eu sou sua cachorrinha, vai! Fico muito assanhada, se eu pedir você me dá?! Lapada na Rachada!Vai! Dá tapinha na bundinha, vai! vai! Que eu sou sua cachorrinha, vai! Que eu tô muito assanhada, (- Vamos dar uma lapadinha Lene Silva?- Mas só se for de rachadinha!) Toma gostosa, lapada na rachada! Você pede que eu te dou, Lapada na rachada! E aí? Tá gostoso? Lapada na rachada! Toma! Toma! Toma!(2x)(- Dá lapada na rachada vai! - Que forró é esse Lene Silva?- Balança Neném!- Fazendo você gemer!)

A mulher, equiparada a uma "cachorrinha", é instinto, isto é, o prazer não é conseqüência de uma razão, mas uma necessidade física inconsciente. Em Lapada na rachada, o prazer se reduz à vulgaridade do orgânico.
No palco, as mulheres da banda, com seus trajes, assemelham-se a "putas" e o palco, a "cabaré". Um texto de Adorno, O fetichismo na música, afirma que "a música de entretenimento preenche os vazios do silêncio que se instalam entre as pessoas deformadas pelo medo, pelo cansaço e pela docilidade de escravos sem exigências".
"Lapada na rachada" expõe a pornografia velada e inocente
e, dessa forma, a lei não censura. Os promotores calam-se. Licenciada, com alvará de funcionamento, essa pornografia cínica permite que crianças dancem, rebolem e usem calcinhas pretas. Dizem que "é a cultura do forró".


"Porno" significa "cheira mal", "estragado". Lapada na rachada fede.

Ele, o sr. Jaleco














Três colegas de profissão. Da esquerda para a direita, professor Afonso (discipina de Matemática), Gleidson (Matemática) e Maria Célia (Literatura e Língua Portuguesa).
Eles estão aqui para mostrar o quanto o jaleco cai bem para um professor. Penso que uma instituição deve apresentar uma imagem uniforme de seus profissionais, na caso, da educação.
Não se trata de uma questão funcional, mas de postura, boa apresentação. Se os alunos usam uniformes, por que os educadores devem se vestir de qualquer forma?
"Qualquer roupa" não veste o advogado quando entra no fórum. O jaleco deixa um ar de elegância.
Se um cristão não entra com qualquer roupa em uma igreja, se um advogado não usa qualquer roupa diante do juiz, o corpo docente, também, não deve lecionar com qualquer roupa diante de seus alunos.