sábado, fevereiro 14, 2009

A malandragem do dízimo

Seria bíblico a Igreja cobrar 10% de seu salário?
De Sebastião Ramos
funcionário público federal @gmail.com

Num mundo em CONSTANTE MUDANÇA, tudo se tornou passível de questionamentos e incertezas. "O que era sólido se desmanchou no ar como fumaça", como disse certo analista de renome internacional. Até as descobertas científicas podem ser vistas por outro ângulo. E as crenças religiosas? Também já são observadas com desconfiança; uma que trataremos é sobre a cobrança do dízimo. Numa época passada, quando o dízimo não estava sendo pago pelos fiéis, regularmente, os pastores mandavam as irmãs entoarem um hino de louvor, com o objetivo de fazer PRESSÃO PSICOLÓGICA aos fieis, ou seja, se o dizimista não regularizasse suas mensalidades – o seu voto prometido a Deus - pagar o dízimo até o final de sua vida – estariam cometendo infração gravíssima, e, sendo assim, perderiam o direito de entrar nas moradas de Deus. ‘O QUE A RELIGIÃO NÃO TEM CONSEGUIDO FAZER!’

Perante tantas dúvidas persistirem sobre a cobrança dízimo, surgem perguntas: O dízimo é um mandamento bíblico para o cristão? Devo pagar ou não pagar? Dizem até que o dízimo está na Bíblia; mas, o que representa para os nossos dias? Talvez achem que é um assunto polêmico e difícil de obtermos resposta exata, porém a Bíblia, por advir de inspiração divina, pode nos revelar seguramente como proceder diante deste dilema. (2 Timóteo 3: 16)

Inicialmente, leiamos em nossa Bíblia, Deuteronômio, 26: 12, que diz:"De três em três anos, junte a décima parte das colheitas daquele ano e dê aos levitas, aos estrangeiros, aos órfãos e às viúvas que moram na cidade, para que tenham toda a comida que precisarem. Depois, na presença de (Jeová) nosso Deus, você dirá: "Entreguei aos levitas, aos estrangeiros, aos órfãos e às viúvas a parte das minhas colheitas que pertencem a ti”. Precisamente, o relato bíblico assegura, que, o dízimo era doado voluntariamente, para alimentar as viúvas, os órfãos, levitas e estrangeiros, e nunca foi em dinheiro, apesar de já existir. Hoje, os valores se invertem a medida que as próprias viúvas, que ganham um mísero salário mínimo, são obrigadas a pagar o dízimo, quando deveriam ser beneficiadas por ele. (Leia, Deuteronômio 14: 24 – 26)

Noutra ocasião, quando se juntava contribuições para os necessitados da Judéia, não fora mencionado nenhuma porcentagem específica - 10% - a ser entregue, como prova do seguinte relato bíblico: "Cada um dê a sua oferta conforme resolveu no seu coração, não com tristeza nem por obrigação...” (2 Coríntios. 9: 7). Já nos dias do antigo Israel, também os dízimos eram ofertados em cereais, frutas e gado. Notem: "Eu, Jeová, o Todo-Poderoso, ordeno que tragam todos os dízimos aos depósitos do Templo para que haja bastante comida na minha casa" (Mal 3:10). Quando os fariseus tentaram se justificar perante Cristo por serem fiéis ao dízimo, veja o que ele disse: “Ai de vós escribas e fariseus hipócritas! Porque dais o dízimo da hortelã, do endro, e do cominho, mas desconsiderastes os assuntos mais importantes da lei...” Mais uma prova cabal de que o dízimo não era ofertado em dinheiro, mas em gêneros alimentícios. Após a morte de Cristo, esta lei foi ABOLIDA, definitivamente, até a que determinava apresentar ofertas e dízimos (materiais específicos). Portanto, no lugar do dízimo, os cristãos são aconselhados a darem uma oferta voluntária, como disse o próprio apóstolo Paulo: "Cada um contribua segundo o que propôs em seu coração.

A maior das ofertas que o cristão pode oferecer a Deus, hoje, é o fruto de lábios que fazem declaração pública do seu nome, ou seja, pregar o Reino, tendo em vista que o Dia de Jeová está próximo e se apressa muitíssimo. É lógico que essas contribuições financeiras são essenciais para a manutenção dos locais de adoração com suas despesas inerentes, não para sustentar uma classe privilegiada de líderes religiosos, pois o apóstolo Paulo afirmou que os cristãos deviam estar preparados para trabalhar e sustentar a si próprio e não ser um fardo para outros, como ele mesmo fazia (Atos 18: 4, 1Cor. 9:13-15). Ademais, por causa da cobrança do dízimo, começam a pipocar casos em que a Justiça tem determinado que algumas organizações religiosas devolvam ao fiel o dízimo que este pagou, mediante recibo.

Uma sentença judicial contra a Igreja Universal do Reino de Deus deixa uma alerta para todas as Igrejas que cobram o dízimo. A referida instituição foi condenada a devolver ao fiel Edson Luiz de Mello todos os dízimos e doações feitas por ele. De acordo com o processo movido por sua mãe, Edson, que é portador de enfermidade mental permanente, passou a freqüentar a igreja em 1996 e desde então era induzido a participar de reuniões sempre precedidas e/ou sucedidas de contribuição financeira. Segundo o advogado, que representou o fiel, Walter Soares Oliveira, a quantia total a ser restituída será apurada com base nas provas, mas certamente ultrapassará os R$ 50 mil. Além de devolver as doações, a Igreja Universal ainda terá de indenizar o fiel em R$ 5 mil por danos morais. No processo consta que "promessas extraordinárias" eram feitas na igreja, em troca de doações financeiras e dízimo. Teria sido vendida a Edson Luiz , por exemplo, a "chave do céu". A vítima também recebeu um "Diploma de Dizimista" assinado por Jesus Cristo. Com isso, as colaborações doadas mensalmente chegaram a tomar todo o salário do fiel, que trabalhava como zelador”. (FONTE: Portal Uai).

Os antigos já diziam: "Podemos enganar as pessoas por um tempo, pela metade de um tempo, mas não por todo tempo". Então, é chegada a hora de se falar a verdade sobre o dízimo, que não é mais bíblica a sua cobrança. As religiões, em sua esmagadora maioria, não praticam as doutrinas da lei mosaica, como guardar o sábado, sacrificar animais, dentre outros; porém, quanto à cobrança do dízimo - dinheiro - não desistem jamais, mesmo sabendo que é um mandamento da lei. Em Gálatas, 3: 10, diz-se: “Os que estão debaixo das obras da lei estão debaixo da maldição...” Realmente, por mais que se sacrifique a pagar dízimos, não seria justificado diante de Deus, porque, segundo a Bíblia, o justo vive em razão de sua fé.

Os líderes religiosos, hoje, falam sobre dízimos de modo discreto porque sabem que não tem base bíblica a sua cobrança, porém, em compensação, investem noutros tipo de marketings para fazerem negócios das pessoas como afirma uma profecia bíblica. Exemplos: Em certa religião, um cartão de ouro é proporcionado por mil reais para quem desejar se tornar parceiro de Deus, mas também tem o de prata e o de bronze, com preços menores. Outras religiões apelam para o sensacionalismo midiático por afirmar que, se os fiéis não derem suas ofertas alçadas, o programa sairá do ar e muitas almas ficariam penando pelo mundo afora. Com tanto dinheiro arrecadado, é provável que digam em suas camarinhas: “E viva o dinheiro – o nosso céu”.

Concluindo, podemos observar nos textos bíblicos, que não há ORDENANÇA nenhuma para o cristão ser dizimista e, sim, um ofertante voluntário.