segunda-feira, março 19, 2007

Bolg aberto aos responsáveis pelo ensino médio

A Secretaria de Educação do Estado do Acre, mais uma vez, manifestou seu interesse de haver "prova diagnóstica" no ensino médio.
Elaborei uma prova simples, sozinho. A área de Língua Portuguesa não definiu um propósito comum. Cada um criou como quis.
Assim, na prova de Redação, professor cobrou cinco linhas; outro, nenhuma. Em minha prova, a do segundo ano, escrevi:
"Vamos supor que, neste momento, você dependa desta redação para fazer a sua faculdade na Universidade Federal do Acre. Ela é, portanto, decisiva. Sendo assim, escolha um dos temas abaixo para elaborar seu texto dissertativo."
O resultado não poderia ter sido pior. Dos 141 alunos, 34 não escreveram (21.11%). Foram 45 alunos (31.91%) que escreveram um texto com um só parágrafo. Outros 18 (12.76) tentaram dissertar com dois parágrafos. Com três parágrafos, foram 27 alunos (19.14%). Somente 5 (3.54%) escreveram com quatro parágrafos.
Ora, se estamos habituados a ler bons livros sobre redação escolar, sabemos que quatro parágrafos deveriam ser a norma na escola, mas nem isso, o mais simples, aprende-se.
O Enem pede quinze linhas, a UniNorte pede cinco e a Universidade Federal do Acre, 20 linhas. A escola, diante desses três exemplos, fica perdida. Não deveria se fosse organizada.
Como melhorar a produção textual no ensino médio? Se não houver reunião pedagógica, se não houver um plano político pedagógico por disciplina, não sairemos do lugar. Tudo começa pela organização escolar.
Se os alunos ignoram o processo de paragrafação, o mais simples, só poderia haver isto e muito mais:
1. Muitos jovens só pensam em divertir, más quando se fala em camisinha";
2. Jovens que não querão engravidar;
3. A te de 11 era pra dá camisinha por que os jovens estão tudo em gravidando. Elas tem medo de pegar piula camisinha púriso",
4. Eu acho que a violência tem que acabar porque o mundo está muito violento;
5. Hoje em dia se vê falar muito sobre casos de estrupamentos.
Poderia ofertar aos seus olhos inúmeros casos, mas conto até cinco. Se não houver médicos na cidade, corpos amontoam-se e o mau cheiro alastra-se. A ausência de saúde cria um caos bem visível.
Alunos concluem o ensino médio sem saber escrever, mas, como não há corpos putrefatos na disciplina de Língua Portuguesa, o sistema, sem qualidade, funciona. O odor que a ignorância exala é muito pior.
Sem uma educação que dê altivez à palavra escrita, ao pensamento elaborado em uma folha, o espírito não pulsa. Por isso, sem educação, sem a formação do espírito, mentes grosseiras emanam a fedentina da vulgaridade, da violência, da miséria. Um criança, de um ano e meio, é estuprada e seu corpo, deixado em uma pia-batismal. Outra, arrastada pelas ruas de minha "Cidade Maravilhosa".
Hoje, o jornalista Jairo Barbosa escreveu uma matéria na TRIBUNA que exemplifica. A escola, longe de ser exemplo para alunos, não dita comportamento, postura, mas, no lugar dela, a boate. Menores embriagados nunca poderão escrever bem.
O Enem já mostrou que somos ruins quando pensamos por meio da escrita. O que fazer, então, depois da prova diagnóstica... e da boate?