domingo, abril 27, 2014

A importância de ler Orígenes


Um ex-aluno cita a Bíblia para justificar o erro de ser gay. Orígenes já falava de interpretação há muito tempo.   

Elaborado por mim, deixo aqui parte de meu texto sobre a primeira patrística.

Pensador da Primeira Escolástica, Orígenes de Alexandria ou Orígenes de Cesareia existiu entre 185 e 254, tendo como mestres Clemente de Alexandria (150-215) e Amônio Sacas (175-240/42). Considerando que “conhecer” é “nomear”, a razão, segundo Erígena, deve descobrir o significado profundo que se oculta sob as palavras da Escritura.

No livro “Arte e beleza na estética medieval”, Umberto Eco afirma que, com Orígenes, nasce o “discurso teologal”, o qual não é mais discurso sobre Deus, mas sobre sua Escritura. Assim , quanto à interpretação, Orígenes, que parte do texto bíblico, admite três sentidos para a leitura do sagrado: o corporal (literal), o moral (psíquico) e o místico (pneumatológico), sendo que os dois últimos relacionam-se ao sentido alegórico, cujo método herdou-se de Fílon, o judeu.

O sentido corporal, que é o imediato, o superficial, o histórico, também se chama de primeiro significado por ser o sentido literal, e ele se destina às pessoas comuns, a uma multidão que só compreende o mais simples. Quanto ao sentido moral ou psicológico (anima), a palavra destina-se ao leitor avançado; e o sentido místico é o mais profundo, destinado ao cristão perfeito. O alegórico, como se dá pela imagem por meio de conceito, é onde o saber o espírito surge, porque esse sentido não se limita à aparência literal da palavra.


Orígenes (185-254)

Uma bandeira é mais do que uma bandeira


Do blogue do Altino Machado, peguei esta imagem. Repare, só a estrela permanece, a mesma estrela que se encontra no Partido dos Trabalhadores.

Os símbolos são importantes, porque eles mostram que um lugar não se reduz a prédios, a pontes, a viadutos, a estradas, enfim, ao concreto, ao físico.

Abstrair é retirar da realidade objetiva valores espirituais, valores que os animais não possuem.

Ruim um estado e um município ficar nas mãos de um só partido, é poder demais ou permanência do que não se transforma.

A bandeira acriana... ela está acima de partidos. 

Sofistas, palavra tão incompreendida

A visão de mundo, para ser refeita, não possui outro caminho senão atravessar o espectro das palavras.

Ver a vida é saber pensar a palavra. 

Uma palavra que precisa ser revisitada é "sofismo". Quando a reproduzimos como um objeto de uso que recebemos da vida presente, sem que a lancemos ao passado, seu significado está comprometido e, consequentemente, nosso juízo.

Se a palavra está estreitada por condições sociais, nosso juízo também está.

Nossos últimos anos, os sofistas estão sendo repensados de maneira muito diferente de Platão, de Aristóteles.

"Sofistas, Sócrates e socráticos menores", de Giovanni Reale, é ótimo para começar a entender esse mundo.

Aqui, deixo minhas inúteis palavras sobre:
Para os sofistas, o ponto de partida é o próprio mundo fenomenológico, e esse mundo sensível é oposto ao de Platão, que busca a verdade na palavra. Para os sofistas, no entanto, inexiste, na palavra, a verdade ou, se ainda quiser, o absoluto. Assim sendo, a palavra é engano por ela possuir duplicidade, ambiguidade. Não poderia ser diferente porque, tendo como partida o mundo fenomenológico, os sofistas não se fixam em o modelo, em a unidade; porém, a partir do particular, que é também o fenomenológico, admitem as diferenças, as variações, os contrastes. No mundo sofista, portanto, a instabilidade é mestra, visto ser tal instabilidade o sinônimo da “doxa”.