terça-feira, outubro 28, 2008

Quem é deficiente?

Apae pode fechar suas portas
De Gilberto Lobo

Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais do Acre (Apae) e o Colégio Dom Bosco podem ser fechados. O projeto da Secretaria Estadual de Educação (SEE) é inserir todos os alunos com necessidades especiais na rede pública de ensino para promover a inclusão social. Dessa forma, os órgãos que trabalham com os excepcionais passariam a ser, apenas, centros de saúde especializados.

Mas o problema desse tipo de trabalho de inclusão, atualmente utilizado em Minas Gerais, pode não dar certo no Estado.

“A nossa realidade é outra. Lá, eles têm o incentivo da iniciativa privada, bancado o transporte para levar as crianças com necessidades especiais à escola, e as escolas públicas já estão adequadas para recebê-los, com rampas de acesso e com professores capacitados”, explicou a diretora da Apae, Raimunda Souza, que há seis anos trabalha com ensino especial.

Agora, para tentar contornar a situação, de acordo com a diretora, os pais de alunos e a diretoria da Apae terão que elaborar uma contraproposta, um conteúdo com novas propostas de ensino e as dificuldades por que alguns excepcionais passarão para se adaptar a esse projeto de inclusão.

“Aqui, temos um aluno com síndrome de down de 27 anos, que é muito carinhoso, muito amoroso, mas têm dias que ele fica violento e é difícil contê-lo. Ele bate em todo o mundo. Como será um aluno que passa por esse tipo de dificuldade no meio dos outros? Vai ser complicado”, detalhou.

Problemas
Outro problema com esse tipo de projeto é o pré-conceito que pode ser gerado, porque as salas de aulas que forem receber esse tipo de aluno terão que reduzir o número de vagas. Isso pode gerar conflitos com a comunidade.

“Na hora do intervalo, como uma criança com deficiência física irá se sentir quando vir as outras correndo e brincando? Quando não conseguir acompanhar o desempenho da turma, ele vai se sentir inferior, e isso pode causar um mal irreversível.

“Fechamento”
A Apae, atualmente, tem 250 alunos. Todos com necessidades especiais. Eles têm, além do ensino básico e fundamental, aulas de informática, artesanato e acompanhamento médico. Os funcionários, alimentação e parte das despesas são pagos pelo Estado.

“Temos que oferecer tudo que uma escola comum oferece e um pouco mais, mas sem recurso, mas, como dependemos do governo para nos manter, pedimos que o Estado compreenda a nossa situação, porque queira ou não a transformação da Apae em centro de saúde é quase um fechamento”, desabafou.

“Não sou contra a inclusão, mas isso deve ser feito aos poucos, com cuidado. Temos alunos que saíram daqui para a rede pública de ensino. Eles estão bem e são ainda acompanhados, assim pode dar certo”, explicou Raimunda Souza.

domingo, outubro 26, 2008












Navegando sem bóia pela internete, Selmo Melo, fotógrafo da TRIBUNA, encontrou esse exemplo de professor de jardim de infância. Isso está mais para "pasto de infância".

quinta-feira, outubro 23, 2008

Dinheiro público pelos ares

Policiamento acreano terá reforço de helicóptero

Convênio entre Governo do Estado e Ministério da Justiça foi publicado no Diário Oficial da União

O policiamento no Estado do Acre terá o auxílio de um helicóptero, especialmente nas áreas de fronteira. O extrato de convênio para a compra da aeronave foi publicado no Diário Oficial da União, fruto do empenho do governador Binho Marques e sua equipe junto ao ministro Tarso Genro, e integra o Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci).

1. O que significa "especialmente"? Quer dizer "também"? Além da fronteira, o helicóptero ajudará a polícia no bairro Sobral?;

2. Especialmente deveria estar entre vírgula; e

3. E "junto ao" significa que o governador e sua equipe estão perto do ministro. O correto é com o ministro.

O valor do convênio ultrapassa R$ 6 milhões e tem contrapartida do Governo do Estado. Após a licitação, a aeronave será fabricada e entregue à Secretaria de Estado de Segurança Pública.

"Esse é um processo demorado, mas após o fechamento da licitação faremos todos os esforços possíveis junto à empresa vencedora para agilizar a fabricação e entrega do helicóptero", disse o secretário de Segurança Pública, Antônio Monteiro.

1. Quer dizer que "faremos todos os esforços possíveis perto da (junto à) empresa vencedora". O correto é com a empresa vencedora.

De acordo com o secretário, a fronteira acreana tem mais de dois mil quilômetros de extensão e foi uma das causas principais da adesão do Acre ao Pronasci. "A fronteira tem pontos de fragilidade que serão mais bem monitorados com o auxilio do helicóptero. Dois policiais já estão em treinamento para atuar no pelotão aeropolicial e mais profissionais serão preparados para o trabalho."

O major da Polícia Militar Paulo César ressaltou que o helicóptero vai auxiliar também no policiamento das rodovias que dão acesso ao Estado, além de agilizar o combate ao narcotráfico e furto de veículos.

terça-feira, outubro 21, 2008

A literatura segundo os comunistas

De Aldo Nascimento

Há muitos anos, não ouço daquela esquerda palavras de ordem contra “políticas neoliberais”. Hoje, adequada à economia de consumo neoliberal, essa esquerda não protesta contra a mais-valia na forma de uma Hilux. Ignora-se, entretanto, que o neoliberalismo permite ao indivíduo o que comunistas não permitiram na história: a liberdade de criar.

Se tivesse nascido no berço da economia de mercado, a arte de Vladimir Maiakóvski teria seguido outro destino. Os burocratas comunistas não apreciavam sua arte, por isso entre eles os choques foram inevitáveis. Em 14 de abril de 1930, Maiakóvski suicida-se com um tiro. Tinha apenas 37 anos.

Não há mais União das Repúblicas Soviéticas Socialistas (URSS), mas os versos desse fascinante poeta permanecem vivos. O Estado comunista ruiu. Maiakovski não: “Nesta vida/morrer não é difícil/o difícil/é a vida e seu ofício”, poetizou. Para quem ainda pensa que suicídio é ato de fraqueza, digo que, no caso de Maiakóvski, o suicídio foi apenas a confissão de que a existência não valia a pena em um Estado totalitário.

Devo aqui, entretanto, reconhecer que Lênin admitia que o trabalho literário “não é possível de nivelamento mecânico, de um domínio de uma maioria sobre a minoria”. Para ele, deveria haver “o máximo de espaço à iniciativa individual e às inclinações individuais, o máximo de espaço ao pensamento e à fantasia, à forma e ao conteúdo”. Para a desgraça de Maiakovski, entretanto, Lênin morre antes que seu pensamento fosse uma realidade política.

Sob a tutela de Stálin, em 17 de agosto de 1934 – pouco mais de quatro da morte de Maiakóvski -, o 1º Congresso de Escritores Soviéticos coroa, por meio de Andrei Jdanov, o “realismo socialista” como doutrina oficial, mesma doutrina com que o Partido Comunista Brasileiro (PCB) asfixiaria a liberdade de criação com as mãos rudes de uma ideologia que não admitiria a imaginação, as inquietações da forma.

Jorge Amado e Carlos Drummond de Andrade, por exemplo, não suportaram a pressão do PCB e, como resposta, arrancaram as mordaças da anticriação literária. Outro dissidente foi Graciliano Ramos. Em 1935, o autor de Vidas Secas envia uma carta ao crítico Oscar Mendes, dizendo: “Acho que transformar a literatura em instrumento de propaganda política é horrível. Li umas novelas russas e, francamente, não gostei.”

Sem imaginação, preso à objetividade, o realismo socialista de Andrei Jdanov fechou a palavra em si mesma, evitando a polissemia ou enfraquecendo-a por meio de um discurso autoritário. Assim, sem pluralidade, o monólogo panfletário de comunistas sacramentou um jogo parafrásico a fim de sepultar a ficção.

Por que domesticar a imaginação? Por que comunistas identificaram-se com o realismo? Por que eliminar a ficção? Em um pedaço de jornal, impossível responder. Posso, isso sim, deixar esta ótima dica para quem deseja (des)cobrir essa caça ao texto ficcional: A Trilogia do Controle, um denso livro do professor Luís Costa Lima.

Boa leitura!!!

Raionery, obrigado!

"Ainda hoje lembro-me das aulas hiperdinâmicas de um superprofessor chamado Aldo A. T. do Nascimento que lecionava na Escola Raimundo Gomes de Oliveira. Este revolucionou ao implantar um jornalzinho na escola, ao incentivar as leituras em baixo das árvores da escola, no auditório do centro cultural ao lado da escola, ou em qualquer lugar que lhe fosse adequado para o aprendizado dos alunos ao deleitarem-se em livros como Cinderela ou Fernão Capelo Gaivota, também levava os alunos à Filmoteca Acreana para assistirem "Sociedade dos Poetas Mortos". Dessas atividades o referido professor extraia valiosos debates e lições de literatura, gramática e redação, que ficavam gravados na mente dos alunos (de alguns, pelo menos), contribuindo imensamente para o aprendizado dos mesmos. Os tempos passaram, alguns se esqueceram dos professores, contudo aquelas aulas ficaram cravadas nas memórias. As atitudes daquele professor e seus métodos fortaleceram ainda mais meu desejo de ser professor e de lecionar na escola púlblica, hoje estou cursando Licenciatura em História na Universidade Federal do Acre, devendo em parte, àquelas ações do professor Aldo Nascimento."
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Raionery, lembro-me de ti e é bom saber que deixei algo em você. Fico feliz com tuas palavras, sei que são verdadeiras. Bom saber que você segue um caminho correto para melhorar a vida das pessoas. Estude, leia muito, compre livros, erga uma bibloteca aos poucos em tua casa e, quando entrar em sala para lecionar, alegre teus alunos para transformar o destino.

Um grande abraço em tuda vida e, por favor, mande uma foto para eu perceber como você é hoje. Vida longa aos que são inquietos! Vida longa aos que lutam contra a ignorância e a alienação!

sexta-feira, outubro 17, 2008

Escola pública: não leia na escola (1)

No começo de 2008, lecionei para uma turma de primeiro ano. Como sempre, fui rígido sem perder a ternura jamais. Meses depois, alunos dessa turma me chamaram para uma festa e, com uma câmera, brincaram com o meu rosto. Essas são as minhas caras quando a coordenadora disse que...










ler livro em sala para alunos é perder tempo. "O aluno deve ler em casa", disse. É preciso ter muita calma nessa hora. Leitura de um romance em sala depende não de um professor, mas do corpo docente, no caso, do Conselho de Disciplina de Língua Portuguesa.

A questão é que o conselho deveria funcionar segundo o que uma coordenadora tem como objetivo, como meta. Sem meta, sem objetivos, sem uma ação educacional clara, os conselhos não têm vida. O Plano Político Pedagógico, como sabemos, depende também do funcionamento dos conselhos.

O que a escola pública pensa sobre leitura? Cada professor irá responder no papel para depois entregar à coordenadora de ensino? Se não há outra idéia melhor, eu tenho proposto há anos a reunião sistemática dos conselhos de disciplina. Eu disse SISTEMÁTICA. Quem define leitura na escola é o corpo docente por meio do conselho. Escola é ação conjunta.

Na escola Heloísa Mourão Marques, o conselho deliberou há mais de um ano que leitura em sala deve existir. Não sei se houve registro em ata e muito menos onde está essa ata, o fato é que detalhes sobre essa leitura não ficaram especificados. Retirar o que da leitura?

Se sou criticado por ler em sala de aula para meus alunos, ignora-se, por outro lado, o que cobro deles embora o conselho não tenha determinado o que cobrar. Sem saber o que leciono e como leciono, escrevei à minha crítica sobre minha leitura em sala.

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Desde agosto, leio o romance Rebeldes, do húngaro Sándor Mórai. Com antecedência, peço à coordenadora Izanilde marcar o dia em que lerei na sala de vídeo ou no teatro, porque são espaço onde o silêncio pulsa.
Nos primeiros dias, marcamos verbos, marcamos o uso dos pronomes oblíquos, algumas regências verbais, só para dar exemplo. Em outro momento, as cenas criadas pelo narrador, importantes como descrição e como interpretação.

Ora, tais observações textuais não são dadas ao relento, ao acaso, mas porque se relacionam à produção textual dos alunos, ou seja, em suas redações, surgem problemas verbais e pronominais. No desenvolvimento redacional, cobrarei o uso de pronome oblíquo para evitar a repetição do substantivo.

Fora essas observações, o sentido da leitura. Por que ler Rebeldes? A violência avoluma-se em nossa realidade, e esse romance apresenta um mundo ficcional que expõe a violência de adolescentes.

Na condição de leitor, desejo compreender o porquê dessa violência, o que não ocorre no filme Sociedade dos poetas mortos. Por qual motivo os adolescentes desse filme não cultuam a violência? Em uma prova dissertativa, eles compararão o livro ao filme. Quero que compreendam a importância da ordem (no filme) e as conseqüências da desordem (no livro).

Bem, depois me dizem que livro lido em sala não tem importância, só para quem não se habitou a ler.

terça-feira, outubro 14, 2008

Casa de Chico Mendes não era do Chico

Matéria de Gilberto Lobo

A verdadeira proprietária da Casa de Chico Mendes, um dos maiores símbolos do Estado, é a professora aposentada Carmem Rodrigues Moreira, de 68 anos. Ela afirma que há quase 20 anos está com um processo na Justiça para reaver o imóvel, que ainda está registrado no nome do falecido marido, Raimundo Pereira Bastos.

A aposentada explicou que tentou vender a casa a Chico Mendes, um ano antes de seu assassinato, por 400 mil cruzeiros, mas só recebeu 150 mil. “Ele disse que estava de viagem marcada para o estrangeiro, para receber um prêmio e, quando chegasse, pagaria o restante da dívida”, disse.

Mas, quando retornou da viagem, o ambientalista não pagou o restante da dívida. Dívida essa que se somou aos aluguéis pagos apenas com a amizade entre a professora e o sindicalista. “Nunca o cobrei, porque eu gostava muito dele. Ele era uma boa pessoa, preguiçoso, mas uma boa pessoa. Pagou apenas três meses de aluguei e nunca mais”, enfatizou.

“Eu precisava do dinheiro da venda da casa em Xapuri para poder terminar de pagar o local onde estava morando na capital. Se eu fosse esperar, até hoje, também, estaria devendo a minha casa. Disse a ele que já estava fazendo um bom desconto: o preço era 500 mil cruzeiros e, para ele, acabei passando por um valor menor”, desabafou a viúva.

Arquivado
Dona Carmem disse ainda que, para lutar contra a sombra do herói Chico Mendes, conhecido em todo o mundo como o defensor do meio ambiente, foi difícil. Uma das barreiras foi conseguir um advogado que assumisse a causa.

“Tentei vários e eles sempre me diziam que não iam comprar briga com isso. E, quando, finalmente, consegui encontrar um, parece que ele não resistiu à pressão por muito tempo. Há tempo, peço ao advogado que me devolva a documentação anexada no processo, mas não consigo. Por último, me disse que estava no arquivo geral do Estado. Chegando lá, não me deixaram pegar a documentação. No entanto, confessaram que estava realmente lá,” lembra.

A viúva de Chico, Ilzamar Mendes, foi em algumas audiências com a professora aposentada, no entanto, afirmou, diante do juiz, que não a conhecia e que a denúncia não era verdadeira.

“Esculhambei com essa mulher. Eles não tinham nada quando foram morar juntos, sequer tinham comida. Eu os ajudei, eles viviam em minha casa, sempre lhes tive muito respeito. Como ela disse que não me conhece? Esse bem é herança dos meus filhos e ela ganhou dinheiro com a morte do Chico e não quis pagar a dívida. Só quero que me paguem e fica tudo bem”, detalhou a senhora com seus cabelos grisalhos, com sérios problemas de circulação sanguínea.

“Vou até o final com minha luta. Isso não pode e nem vai ficar assim”, finalizou num tom de revolta a professora aposentada e proprietária da Casa de Chico Mendes, o mais importante ponto turístico de Xapuri.

segunda-feira, outubro 13, 2008

Blog aberto ao deputado Calixto

Deputado estadual,

Li com muita atenção seu texto sobre minha postagem a respeito de uma ex-aluna minha. Ela me chamou e me disse que ainda se recordava de minhas aulas. Lembrou-se quando eu li em sala de aula o livro Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach.

O fato de eu ter sido lembrado só me revelou a paixão que possuo por lecionar, por lecionar há 20 anos. Sei que, na condição de professor, posso muito pouco, bem menos que um deputado. Uma lembrança, um livro, meu limite para transformar a vida de uma pessoa, quase nada.

O destino dela tem suas particularidades, algo ignorado por nós dois. Ex-alunos meus conseguiram ingressar na Universidade Federal do Acre (Ufac) depois de estudaram na escola pública acreana, reorganizada pela Frente Popular. Penso que sua observação sobre essa ex-aluna entregar panfleto na rua é pertinente, mas superficial quando joga a culpa no Partido dos Trabalhadores. Como eu disse, repito, ex-alunos meus estudam na Ufac, não entregam panfleto em rua.

Sabe, deputado, como simples professor deste Estado, minha situação profissional é bem menos pior do que no passado ou bem melhor do que antes. O PT apontou outros caminhos para a educação, melhores. Não sou estúpido a ponto de dizer não. Votei e votarei sempre no PT para lecionar na escola pública de hoje. Leciono neste meu Estado, parte de minha Pátria, há 16 anos, 11 nas escolas públicas, e sei o que tenho hoje e o que não tenho.

Não se trata de ser petista, pois seria pouco, trata-se de ser um professor que pensa, acima de tudo, na educação pública por eu me dedicar a ela. A oposição, entretanto, não pensa nessa educação, porque se limita a agredir ou a desqualificar o governo em nome de um estéril maniqueísmo nocivo à democracia.

A oposição, com seu agouro, gralha aos ouvidos da pobreza, mas os pobres já foram seduzidos por um Acre e por um país menos injusto. Os índices sociais acreanos são melhores. Queria muito, deputado, que não houvesse pobreza neste Estado para que a oposição começasse a ter idéias inteligentes sobre educação, por exemplo. Sem a pobreza - pobreza que o PT não ergueu neste Acre -, a oposição morre. Alguns se alimentam politicamente de cadáveres.

Sim, eu sei, o PT apresenta falhas na educação, questões bem específicas a ela, ignoradas por uma oposição que não sabe elevar o debate acima de uma ex-aluna que entrega panfleto na rua ou de um ex-aluno que hoje estuda na Ufac.

Sobre ser petista, mantenho com o PT acreano uma relação ambígua, e isso não que dizer ter duas caras. Digo ambígua no sentido de reconhecer e de criticá-lo com equilíbrio a fim de querer sempre o melhor para quem precisa mais do que eu. Tenho fome de justiça, deputado; mas, no passado, políticos superfaturam o prato de comida com o "sopão enche o bucho".

Não mudei o destino dessa minha ex-aluna - e, como o senhor escreveu, nem o PT -, mas, pelo menos, ela reconheceu em mim a paixão de lecionar em um Estado que não me humilha mais em sala de aula.

O Cavaleiro Andante



Texto de Aldo Nascimento
Montagem de Gilberto Lobo

No início do século 17, em 1605, Miguel de Cervantes Saavedra publicou sua obra-prima, Dom Quixote de la Mancha, supõe-se que tenha escrito na prisão. Na primeira página, em seu primeiro parágrafo, leio que esse personagem é seco de carnes, enxuto de rosto e amigo da caça.

Em tempos hodiernos, o meu Dom Quixote também é seco de carnes, enxuto de rosto e amigo da caça, e sua arma, para pegar a presa, tem sido o sonho. Meu sonhador caça, há muitos anos, o voto para ser vereador de Rio Branco. No lugar do cavalo Rocinante, uma bicicleta. No lugar de Sancho Pança, Deus. No lugar de Dulcinéia, a vida.

Cabides sempre estiveram nas instituições
Neste ano, com 2.117 votos caçados, Manoel Waldir Teixeira de Souza foi um dos 14 escolhidos para trabalhar pouco e ganhar muito na Câmara de Vereadores de Rio Branco. Muitos, entretanto, manifestaram surpresa. Muitos. “Como pode tamanha criatura com 1m44 de altura representar a coisa pública?!”.

Confesso que a surpresa não chegou a mim, porque, há muitos anos, cabide sempre esteve na Assembléia Legislativa, na Câmara de Vereadores, no Poder Judiciário. Sim, sempre houve cabide de emprego. Agora, nada mais justo do que o verdadeiro Cabide ocupar seu espaço no erário para fazer justiça com as próprias eleições, digo, com as próprias mãos.

Políticos se enriquecem
No sítio
www.politicosdobrasil.com.br, acessamos o patrimônio de políticos acreanos que se multiplicou por dez no período de oito anos. Em nome do povo, da justiça social, enriquecem-se com o dinheiro público. Mas, se Cabide é povo, a justiça não veio para ele. Começará a vir em janeiro quando entrar na Casa Legislativa. “Não tenho minha casa ainda, moro com um amigo de infância”, disse o Dom Quixote acreano. Um de seus sonhos pessoais, este: construir sua casa. Cabide é o povo que não escolheu seu representante de esquerda ou populista, mas o povo escolhido ou que se escolheu para conseguir sua moradia, trabalhando muito pouco.

Vamos encher o Legislativo de Cabides?
Já pensou 14 Cabides eleitos nas próximas eleições municipais? Imagino a propaganda eleitoral: “Vote em mim, eu sou o povo, só quero ficar quatro anos na Câmara de Vereadores para construir minha casa, prometo meter a mão só no meu salário para comprar tijolos, pagar o cimento. Vote em mim, porque, nas próximas eleições, o sorteado poderá ser você, que é pobre igual a mim, igual a Cabide.”

Que voto de protesto?
Seria voto de protesto? Pela TV, não vi nenhuma pessoa ao lado de Cabide com rostinho de quem protesta contra alguma coisa. Assisti, isso sim, ao povão querendo tirar vantagem, por meio de Dom Quixote, da mufunfa que circula na Câmara de Vereadores. Muitos desejam ser assessores. Muitos querem se pendurar no Cabide. Não houve nenhum protesto, só risos, euforia.

Morreram-se as ideologias
Em uma época de pós-ideologia, quando João Amazonas (PC do B) senta-se à mesa com Roberto Campos (PP) por meio da Frente Popular, Márcio Batista (PC do B), pastor Jonas (PSB), Concita (PT) não convenceram os eleitores; porém, com sua fala de caipira, fala de quem fica à margem da gramática normativa, um pobre seco de carnes, enxuto de rosto, ele, Cabide, nos comove.

Espero que Dom Quixote não seja modelado pela formalidade, às vezes falsa, do poder institucionalizado como alguns da esquerda já foram. Ainda quero ver Cabide ir à Câmara de Vereadores com sua bicicleta. Ainda desejo ouvir seus discursos com uma LÍNGUA portuguesa que desobedece à norma gramatical. Que o poder formal não o deforme, não tire desse autêntico acreano quixotesco a verdade pura de ser humilde. Se Manoel Waldir Teixeira de Souza não for seduzido pelas aparências do poder, Cabide terá caçado mais um voto:) o meu.

domingo, outubro 12, 2008

O poeta



Há pouco mais de vinte anos, minha audição era polida pelas letras de Renato Russo - época em que uma juventude ouvia bons textos.
Em 11 de outubro, há 12 anos, saía de cena este poeta. Hoje, na casa dos 40 anos, ouço ainda esta referência musical.

Só tenho pena auditiva de alguns alunos meus, eles escutam ruídos fecais de um Calypso, de um Calcinha Preta.

Um pedaço de uma letra da Legião Urbana
Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza das coisas com humor
Mas não me diga isso!
É só hoje e isso passa...
Só me deixe aqui quieto
Isso passa.
Amanhã é outro dia
Não é?

sábado, outubro 11, 2008

Notinha


Circo da revolta

O ator Marcos Frota está com o pé tão frio que, segundo informações não confirmadas, até trapezista caiu durante o espetáculo. E, depois da campanha incentivando o boicote ao circo, promovida por alguns blogueiros da cidade, o perigo é aparecer alguém disposto a atear fogo no circo. A previsão é de chuva para o domingo. Até quando eles ficam nesta bosta?

De Gilberto Lobo

sexta-feira, outubro 10, 2008

O tempo...


Hoje, à tarde, andando no centro de Rio Branco, uma pessoa me chamou. Parei.









"Não está me conhecendo?", perguntou. "Fui sua aluna em 1995, na escola Luísa Carneiro Dantas, na quinta série."

Eu, vejam só, após 13 anos, lembrado.

quinta-feira, outubro 09, 2008

Marcos Frota

Hoje, no programa Geração Gazeta, o ator Marcos Frota pedirá desculpas aos acreanos e à apresentadora Jocely Abreu por, entre outras, ter chamado o Acre de "uma bosta".

Segundo me disseram, Jocely não está convencida, porque, segundo ela, Marcos Frota é ator.

quarta-feira, outubro 08, 2008

Fala feminina

Parte da matéria de Nayanne Santana

Durante a coletiva, a coordenadora do PT, Rose Escalabrin, lamentou a perda da representatividade feminina na câmara. Rose acredita que o fato se deu por uma "herança cultural".

"Isso é um retrocesso, nunca tivemos uma chapa feminina tão qualificada como a dessas eleições. A mulher está mais preparada para a vida privada do que para a vida política", declarou Escalabrin.
________________________

Observação:
Se está mais preparada para a vida privada, isso significa que a mulher deve se limitar ao espaço da casa, ao espaço doméstico. Além disso, a fala de Rose emitiu um certo timbre de superficialidade sobre a mulher no poder. É uma pena.

No apagar das luzes

Vereadores reajustam salários em Brasiléia

Os vereadores de Brasiléia anteciparam o presente de Natal e Ano-Novo, reajustando os seus próprios salários e também do prefeito e do vice-prefeito. O novo salário aprovado por unanimidade na sessão da última terça-feira.

O salário do vereador de Brasiléia na atual legislatura é de R$ 1,7 mil. Em janeiro do próximo ano, quando o novo salário entrar em vigor, o vereador passa a ganhar R$ 3 mil. Para a mesa-diretora, o salário é bem melhor.

De acordo com o decreto que disciplina o novo salário, o próximo presidente do Poder Legislativo Municipal receberá R$ 4,8 mil; o primeiro secretário, R$ 4,2 mil; vice-presidente, R$ 3,7 mil; segundo secretário, R$ 3,5 mil.

O salário aprovado pelos vereadores de Brasiléia entra em vigor no dia 1º de janeiro de 2009.

terça-feira, outubro 07, 2008

A bunda, que engraçada

Após ter digitado meu voto em Angelim, depositei meus olhos nesta bunda. Quando vi este tumulto de carne no terminal de ônibus, vieram à minha cabeça... os versos de Carlos Drummond de Andrade.

Retirei-os do livro Amor natural, e a poesia se chama A Bunda, que Engraçada.

A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.

Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora - murmura a bunda - esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.

A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.

A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Onde batendo
numa praia infinita
.






segunda-feira, outubro 06, 2008

HMM NOTÍCIAS

De Aldo Nascimento

Criar um jornal escrito por alunos, por quê?

Na escola pública acreana, o que nos motiva a criar outra forma de lecionar? Se quisermos reduzir as aulas a péssimos livros didáticos, o salário não será menor. Se qualificarmos o ensino de língua portuguesa, o salário não será maior.

Ora, difícil haver motivação quando o que permite o professor a mudar de letra na tabela salarial não é sua qualificação ou se ele qualifica o ensino de língua portuguesa, mas simplesmente o tempo pelo tempo. A cada cinco anos, o professor no Acre obtém aumento salarial, ingressando em outra letra sem mérito algum.

Se um jornal estudantil significa mais trabalho com o mesmo salário no final do mês e se em troca a Secretaria Estadual da Educação permanece indiferente, por que então criá-lo? Ora, o professor precisa criar para não correr o risco de se alienar com suas receitas de bolo. A questão, portanto, não se reduz a salário ou ao reconhecimento do poder público. É mais amplo. Trata-se de negar a monotonia escolar, revelando que estamos intensamente vivos para o outro, ele: o aluno.

Ventiladores não arejam o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Em seus lugares, ares-condicionados refrigeram quem tem poder. A educação não o tem. Duvida? Então, responda-me: o que representa uma sala de aula se comparada à sala da secretária do governador? o que é uma escola diante do prédio do Judiciário? qual importância tem um professor perante um deputado que em oito anos aumenta seu patrimônio dez vezes mais?

Em sala de aula, o calor mina aos poucos a resistência física de professores. A temperatura no verão debocha dos ventiladores. Ainda sim, em salas abafadas, por meio de um jornal estudantil, a escrita de um aluno adquire outro sentido quando ele a destina à justiça social. Com o título Um restaurante que serve justiça social sobre a mesa, os alunos Deuzenir Moura e Diana Silva, do 2º ano C, escreveram um bom texto, a palavra partiu de uma realidade social.

Espero que nesta semana o jornal seja enviado à gráfica para ser publicado.

Circo e Bosta

O Alex Tomas não escreveu em sua coluna, mas, na coletiva de imprensa, o Marcos Frota achincalhou o Acre, dizendo, para todos ouvirem, que isto aqui "é uma bosta". Depois, disse "é brincadeirinha".

Se for verdade ou não, o fato é que a fofoca circula pela cidade.

domingo, outubro 05, 2008

Dos 22 municípios...

O PT ficou com 12:
Rio Branco, Feijó, Brasiléia, Plácido de Castro, Xapuri, Porto Acre, Rodrigues Alves, Jordão, Capixaba, Porto Walter, Rodrigues Alves e Assis Brasil.

O PMDB com 4:
Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Marechal Thaumaturgo e Bujari.

O PP com 3:
Acrelândia, Tarauacá e Manoel Urbano.

O PSB com 1:
Epitaciolândia.

O PSDB com
1:
Senador Guiomard.

O PR com
1:
Sena Madureira.

Do jeito que o povo quis

De Aldo Nascimento

São 14h47 e não chove mais neste domingo de eleições. Retornei de minha seção eleitoral com a certeza de que Raimundo Angelim (PT) permanece por mais quatro anos à frente da prefeitura de Rio Branco. Com o trabalho que realizou como homem público e com a oposição partidária que o destino ofertou a Angelim, não preciso consultar os búzios para saber que os vermelhos colorirão esta terra ainda por um bom tempo.

Antes de Angelim na prefeitura e antes de Jorge Viana no Estado, o que a oposição melhor fez foi arruinar a administração pública com uma competência inigualável. O trabalho dessa escória foi tão perfeito que projetou e consolidou a Frente Popular na política acreana e nacional. Se foram tão inaptos para cuidar do município e do Estado, agora são ineptos como oposição para qualificar debates, para aprimorar a democracia, para apontar caminhos inteligentes. Boa parte da população não sente saudade deles, por isso acumulam perdas e mais perdas. E acumularão ainda mais.

Nestas eleições municipais, ninguém apresentou provas de que Raimundo Angelim tenha desviado dinheiro público para interesses ilícitos. Elas inexistem. O que a oposição apresentou foi uma mãe para comover eleitores. Em vão. A peteca caiu com mãe e tudo, e Petecão (PMN) perdeu do jeito que o povo quis.

Tião Bocalom (PSDB) mostrou mais uma vez que é candidato a prefeito de Rio Branco só para fazer propaganda de Acrelândia. O tucano até que é um belo pássaro com suas cores, mas o PSDB projetou um candidato sem brilho, sem condições de voar acima da mediocridade. Mas, em uma coisa, pelo menos, o candidato Bocalom foi convincente: depois das eleições, ele não andará de ônibus.

E Antônio Rocha, do P-SoL? O quê?! Quem?! Onde?! Quando?! Como?!

Na era do vazio, falta à oposição o que sobra na Frente Popular: o mito. Raimundo Angelim e Arnóbio Marques não são correligionários partidários, mas, acima de tudo, amigos deste mito, Jorge Viana - político sedutor que sabe como poucos teatralizar o discurso.

Políticos cacofônicos como Petecão, estressados como Bocalom e bobinhos como Antônio Rocha jamais superariam nestas eleições a “sombra” de Jorge Viana. Como se ainda não fosse o bastante, há entre Marina Silva, Arnóbio Marques, Jorge Viana e Raimundo Angelim a mais leal amizade, valor humano cultivado há anos por eles. Tamanha virtude não se obtém às vésperas de eleições com o nome 100% Popular. Amontoar Flaviano Melo, Márcio Bitar, Petecão e Cadaxo em uma coligação é saber que, depois das urnas, assim como o MDA, a brisa a desmanchará.

Mais quatro anos para Raimundo Angelim. Mais quatro anos para Arnóbio Marques. E pensar que isso, com essa pseudo-oposição, é só o começo.

Angelim...

sem segundo turno.

TV Gazeta

Foto de Alan Rico no estúdio-salão de TV


Hoje, pela manhã, no Acre, o âncora da TV Gazeta, canal 11, cumpriu seu papel democrático de não saber o que significa "política". Ele disse que "polis" significa "povo". Segundo o âncora, "política" quer dizer "poder do povo". E ainda afirmou que a palavra vem do grego, dando ar de quem tem dicionário em casa, o que não tem. Se tivesse, falaria o correto para seus telespectadores.

Para início de conversa, "poli(s)" signfica "cidade". "Política" quer dizer "o que é comum à cidade".

Ocupar espaço na TV, um concessão pública, para deseducar merece sempre críticas.

sexta-feira, outubro 03, 2008

O primeiro mundo já não é o mesmo

















Ontem, 2 de outubro, por volta das 10h55, uma dor desgraçada no abdome ordenou que eu saísse de sala para conhecer o primeiro mundo. Suando frio, pressão baixa, deitei-me na sala da diretora. Mesmo com ar-condicionado, eu não parava de suar.

Coordenadora de ensino, a Izanilde, quando me viu, tratou logo de me ajudar. Otacília, a chefe da coordenação, telefonou para o Samu. A partir dessa ligação, senti na pele, digo, no abdme, que o primeiro mundo não é o mesmo, o Samu não atendeu ao chamado.

Sem poder andar, fui carregado por dois colegas de trabalho, a Ozélia e o Waldir. Entrei no carro de um professor e aí começou minha viagem para o primeiro mundo: o pronto-socorro.

Entre os sacolejos e a dor, cheguei vivo às 11h30 para esperar uns 10 minutos, a médica conversava com uma funcionária. Quem sabe, não sei, trocavam idéias sobre o sentido da vida em momento muito impróprio. Não quis interromper, a dor me incomodava. Paciência. Mas um homem branco e magro não teve paciência e deu uma reprimenda. "Vocês duas conversam aí enquanto pessoas estão sentindo dores."
A médica se tocou que aquele espaço não era um bar e, finalmente, deu-me atenção. Entre algumas perguntas, escreveu no pepel exame de sangue, de urina e uma dose de Buscopan. Pego o papel. Se algo se assemelhava ao primeiro mundo até aquele momento, ele veio em forma de maqueiro, levando-me, imediatamente, à sala de observação 1. Depois que o maqueiro me deixou na cadeira de rodas, aí sim, não vi mais o imediatamente, a rapidez, a eficiência.

Fiquei na fila durante quase 25 minutos para tomar Buscopan, só que o tempo é muito largo quando sentimos dor. Suava frio, pressão baixa, camisa encharcada, pensei em gritar, dar uma esculhambação nas enfermeiras, xingar a mãe de alguém, mas logo me culpei por não ter um plano de saúde particular. Aproveitei o curso intensivo que tinha feito no Tibete com os monges budistas e elevei minha alma acima de promessas políticas.

Por volta das 12h10, finalmente, porra!, tomei injeção para depois deitar em um leito... Leito? Meu irmaõ, não havia leito desocupado, tive que permanecer em uma cadeira (como você pode ver o otário na foto). Minutos depois, com efeito do remédio, a dor me deixou de lado.

O que não me deixou de lado foi a espera. O exame - aquele que a médica tinha pedido por volta das 11h40 - só chegou aos meus olhos de contribuinte às 19h40, mesmo assim porque fui pedir. Mas quem tinha amizade com algum enfermeiro conseguia por fora o exame bem antes daqueles que não tinham um enfermeiro como amiguinho.

O médico sentou-se à mesa às 20 horas e só me atendeu depois que conversou com uma médica, sua amiga. Ele queria saber sobre uma aulas de medicina cursadas por ela. Paciência. Foi quando senti saudade da rapidez do maqueiro novamente.

Quando ele finalmente deu seu parecer médico, eu descobri que deveria ter um plano de saúde particular, porque o que ele disse, a partir dos exames de sangue e de urina, não me fizeram sentir no primeiro mundo. Saí do, socorro, pronto-socorro! às 20h30 com muita saudade do maqueiro.

Tirei, infelizmente, uma foto, só havia energia na bateria para uma só, acredite. No dia seguinte, fui ao médico particular, algo de primeiro mundo. Estou com incontinência urinária por causa, talvez, de um cálculo renal. Hoje, à tarde, irei à Fundação Hospitalar para exames. Na segunda segunda-feira, irei ao Sindicato dos Professores Licenciados para assinar meu plano de saúde particular.
É, o primeiro mundo já não é o mesmo. Ainda sim, sabendo que já foi bem pior, no domingo, votarei em Raimundo Angelim, sem segundo turno.

quarta-feira, outubro 01, 2008

Embriaguem-se

"É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso.

Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.

E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso". Com vinho, poesia ou virtude, a escolher
."

Charles Baudelaire

Cabra Cega

"Será que o jornal A Tribuna ainda não ouviu falar de uma coisinha chamada 'revisor'??? De vez em quando é bom ter um desses na redação para evitar esses errinhos, até engraçados as vezes, mas que comprometem a credibilidade de qualquer veiculo de comunicação."

O texto acima, escrito por um Charles Foster Kane, foi retirado do blog do Altino Machado.

Meu amado Foster, como você pode notar, li seu comentário no blog do Altino Machado e, para quem ri "de uma coisinha chamada revisor", seu texto apresenta erros de português. Entretanto, não comentarei sobre os seus, mas sobre o meu "Cabra Cega".

Quando corrijo o jornal, minha atenção toda só se destina à gramática, por exemplo, à vírgula, à concordância, à regência. Isso é feito por uma só passagem de olho. Eu me condiciono à gramática, porque são os erros mais comuns. Pois bem, impossível conferir se nomes no texto são iguais aos nomes das chamadas, porque olho o texto uma só vez. Se tivesse que olhar um segunda vez, sairia do jornal mais tarde.

Evito muitos erros, mas sei que não os elimino. Queria muito que A TRIBUNA fosse o jornal acreano melhor escrito, mas isso depende de uma vontade interna acima de mim.

Nos jornais acreanos, o texto elaborado e a palavra correta não têm importância. Como disse um ex-dono de jornal, "tudo acaba no lixo".

Mário Quintana (2)



(O maior encanto dos bebês são as babás)