terça-feira, novembro 11, 2014

"Deus está morto"


Sobre o filme "Deus (não) está morto", o texto enviado a ti partiu do princípio de que, no filme, não existe nem resíduos de Filosofia. Partindo disso, eu escrevi que não vale a pena falar do filme, repito, porque nem filosofia existe na película.
No entanto, caso partamos da frase "Deus está morto", precisamos retirar seu sentido do senso comum, da doxa, da vulgaridade dos tolos. Para quem leu o livro de Nietzsche, sabe que não a morte, mas quem assassinou possui relevância.
O que importa é: quem matou Deus? Um dos assassinos é o cientificismo, cujo germe encontramos em João Duns Scoto (1665-66) e em Guilherme Ockam (nascido por volta de 1285-1349), e o tiro de misericórdia foi dado por Francis Bacon (1561-1626).

O pensamento nominalista desses autores avoluma-se no tempo, e Nietzsche vê as consequências desse pensamento no final do século 19, período em que a metafísica não está no positivismo de Comte, metafísica que começa a não ser importante no pensamento ocidental por meio do nominalismo de Ockam.
Não foi Nietzsche quem matou Deus - e isso está claro em "Assim falou Zaratustra" -, mas o cientificismo do século 19, iniciado na Idade Medieval.
A fim de responder a essa morte, Nietzsche traz do oriente uma figura mística, ele: Zaratustra, um reformador religioso. Além disso, Nietzsche estrutura o conteúdo de sua filosofia com a linguagem sagrada ou divina, ela: a poética.
Em suas origens, poesia e sagrado eram uma só.
Zaratustra e linguagem poética se opõem ao cientificismo com a força da Metafísica. Isso, Nietzsche é Metafísico.

Matou-se UM Deus, o cristão, mas
não se matou a Metafísica, por isso Zaratustra e a poesia.