quarta-feira, julho 01, 2009

Professor não faz greve

O jornalista Freud Antunes publicou na TRIBUNA uma matéria sobre a paralisação dos trabalhos na rede estadual de ensino. Antes de seu texto, um comentário.

Em uma assembleia do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Acre (Sinteac) que não representou 10% dos professores do Estado, uma minoria votou a favor da "greve"(?) dos professores estaduais.

Aos que fazem do sindicalismo uma profissão, digo que deveriam ler a origem e o sentido autêntico da "greve". Se lerem, perceberão que, na condição de profissionais, estão equivocados, e muito. Senhores, não existe "greve de professores". É feio mentir. Professor repõe aula.

Se eu parar na segunda-feira, terei de repor as aulas. Ora, isso não cria nenhuma pressão contra a Secretaria de Educação. Se eu parar por 30 dias, só estou jogando para janeiro o término do ano letivo. Dessa forma, não existe "greve de professor", mas a reposição de aulas.

O Sinteac, que pega meu dinheiro sem minha autorização por meio do imposto sindical, não só envelheceu no tempo como se encontra enfermo no leito da história. O mundo mudou, menos ele. Diante de um espelho estilhaçado, ele fala para si mesmo a verdade infecunda dos retardados. É sempre a mesma decrépita prática previsível - a pseudogreve.

Na segunda-feira, a escola onde leciono negou a "reposição de aula". Por favor, deixem-nos em paz com o nosso direito de ir e de vir. “Quem furar a greve vai se dar mal com o sindicato, por isso é preciso fazer piquete e fechar as escolas até com correntes”, afirmou Manoel Lima, presidente do Sinteac.

A questão não é fechar a escola com correntes, mas abrir a mente de sindicalistas para outras possibilidades de organização sindical.

Enquanto essa possibilidade não dá sinais de vida inteligente na Terra, espero lecionar em paz na segunda-feira. Minhas aulas são mais significativas do que esse mazelento monólogo sindical.
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Trabalhadores da educação entram em greve
De Freud Antunes


Na frente da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), os trabalhadores da educação recusaram na manhã de ontem em assembleia proposta do governo do Estado. A categoria prometeu entrar em greve por tempo indeterminado a partir de segunda-feira.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinteac), Manoel Lima, afirmou que houve avanços nas negociações, mas, como as vantagens não contemplaram aposentados e assistentes pedagógicos, todos decidiram organizar uma manifestação por melhorias.

Para os trabalhadores, o reajuste médio de R$ 80 também não alegrou os professores, além de críticas aos R$ 50 de abono para o setor administrativo.

Com a recusa da proposta do governo, o Sinteac convocou a categoria para a organização de um piquete, impedindo que as escolas funcionem.

Quem furar a greve vai se dar mal com o sindicato, por isso é preciso fazer piquete e fechar as escolas até com correntes”, afirmou Manoel Lima.

Enquanto os professores do Estado radicalizaram, a categoria da rede municipal de ensino rejeitou a proposta do município e ofereceu um prazo de 15 dias para uma contraproposta.

Os trabalhadores reivindicam o pagamento do piso nacional de R$ 1.132,40 para os professores que tenham nível médio.

Assembleia

Para hoje, o presidente do Sindicato dos Urbanitários, Marcelo Jucá, afirmou que os servidores do Serviço de Água de Rio Branco (Saerb) se reunirão para decidir se deflagram ou não uma greve por tempo indeterminado.

Os trabalhadores reivindicam 10% de reajuste, mas a direção da autarquia se recusa em conceder o benefício.

Morre o velho ensino médio

Conselho de Educação aprova fim de disciplinas
no ensino médio; cem escolas devem implantar

Da Redação do UOL
Em São Paulo

O CNE (Conselho Nacional de Educação) aprovou nesta terça-feira (30), em Brasília, a proposta do MEC (Ministério da Educação) de apoiar currículos inovadores para o ensino médio. Pelo projeto, será possível lecionar os conteúdos de maneira interdisciplinar, sem que sejam divididos nas tradicionais disciplinas como história, matemática ou química. O aluno também terá condições de escolher parte de sua grade de estudos.

A partir de 2010, cerca de cem escolas deverão receber financiamento da pasta para implantar mudanças curriculares com o objetivo de tornar a etapa de estudos mais atraente.

"Esperamos que essa proposta seja acompanhada e avaliada e possa se tornar uma política universal", disse a secretária de educação básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda.

De acordo com ela, a intenção é que o programa seja estendido e que todas as escolas que oferecem ensino médio possam adotar as mudanças curriculares. "Nossa intenção não é ter escolas modelos, mas que todas possam oferecer ensino de mais qualidade", disse o coordenador-geral do ensino médio da Secretaria de Educação Básica, Carlos Artexes Simões.

Como funciona a ideia
Pela proposta, o ministério financiará projetos de escolas públicas que privilegiem, entre outras mudanças, um currículo interdisciplinar e flexível para o ensino médio.

A intenção é que a atual estrutura curricular - organizada em disciplinas - seja substituída pela organização dos conteúdos em quatro eixos: trabalho, ciência, tecnologia e cultura, para que os conteúdos ensinados ganhem maior relação com o cotidiano e façam mais sentido para os alunos. Outra mudança a ser estimulada é a flexibilidade do currículo: 20% da grade curricular deve ser escolhida pelo estudante.

O texto prevê o aumento da carga horária mínima do ensino médio - de 2,4 mil horas anuais para 3 mil - além do foco na leitura, que deve passar por todos os campos do conhecimento. A proposta estimula experiências com a participação social dos alunos e o desenvolvimento de atividades culturais, esportivas e de preparação para o mundo do trabalho.

Segundo Artexes, a partir das recomendações do CNE à proposta, o ministério terá condições de organizar o programa e apresentá-lo aos estados e ao Distrito Federal. "Nos próximos 40 dias, o ministério definirá o volume de recursos disponível para o programa e a forma de financiamento, se diretamente à escola ou se por meio de convênio com as secretarias estaduais", afirmou.

* Com informações da Assessoria de Imprensa do MEC