quinta-feira, setembro 17, 2015

CAMELÔNIBUS


Quando saio da faculdade, caminho à avenida Presidente Vargas, perto da Candelária.

Entro no ônibus para Ipanema, para Irajá, para Jacarepaguá.

Não existe um dia sequer que um camelô não entre. Mais: da Candelária à serra Grajaú-Jacarepaguá, o tempo expõe, no mínimo, dois ou três camelôs.

Vendem escova de dente, doce variado, descascador de cozinha, manual de regra ortográfica, biscoito, batatinha, barra de chocolate.

Esses homens, todos negros, só não vendem a alma ao diabo. Parece que creem na vida quando me dão o troco, e é o vendedor que diz "obrigado".

Eles são muitos.

sábado, setembro 05, 2015

Razão Instrumental



Por ser guerreiro, Ulisses ou Odisseu, que significa “homem de dor”, pertence à ordem militar, quer dizer, a razão desse protagonista de Homero é bélica e, por ser de natureza belicosa, essa razão possui as marcas do instrumental. Do latim strŭō, essa raiz representa como primeiro significado “reunir”, ou seja, “arruma, dispõe, ordena”, havendo então o sentido de “compor”, e só compõe porque “causa”.

O instrumental reúne, ordena, compõe e cria, sendo que reúne, ordena, compõe e cria para que ele mesmo, o instrumental, seja meio ou passagem entre o sujeito e o objeto. A razão instrumental é, portanto, objeto de uso, por exemplo, enquanto linguagem ordinária. Entretanto, não é por reunir, por ordenar, por compor e por motivar que a linguagem instrumental é objeto de uso, mas ela é objeto de uso ordinário porque, uma vez sendo instrumental, é imediata, direta, objetiva, como é reta a linguagem de Lacônica, a polis dos espartanos.

Ulisses e espartanos igualam-se na mesma ordem, qual seja, a militar. Por causa de sua natureza bélica, a palavra do guerreiro é funcional, isto é, a res-posta deve ser rápida, e, para tanto, a palavra deve se grudar ao objeto, ou melhor: a palavra é o objeto. Na guerra, jamais pode a palavra ser errante, jamais contraditória, devendo ser, portanto, precisa como objeto que mata, nesse caso, a polissemia. Nesse sentido, a palavra é coisa, ou seja, o meio entre sujeito e objeto é reificação.