sexta-feira, dezembro 12, 2008

Blog Aberto a Lígia

Prezada Lígia Aplle, coordenadora de programa da Rádio Difusora, em qual livro você achou a verdade da LÍNGUA? Minha cara, não existe maneira correta ou maneira errada de falar.

O professor Houaiss afirma que as mudanças ortográficas da língua portuguesa ocorreram segundo a fala popular e não conforme a etimologia. A preposição, por exemplo, surgiu por causa do latim vulgar, do latim da plebe. Hoje, quando usamos o verbo em várias posições na frase-oracional, isso se deve ao latim do vulgo, dos incultos. No latim clássico, admitia-se o verbo somente no final da frase-oracional.

Falar à margem da gramatical tradicional revela uma LÍNGUA que, por causa da fala, subverte a ordem, o poder que controla. A LÍNGUA é marginal. A beleza de um "ocê" mineiro equivale-se a um "Toin" de um seringueiro. Já pensou o que seria da obra de Suassuna se ele não registrasse a fala popular?

Minha cara, seu erro é lamentável. Pior ainda é saber que isso surge no governo do PT. Aprecio muito certos petistas da Frente Popular, mas existem alguns que, com suas arrogâncias, não passam de indivíduos despreparados com seus vícios de controle. A esquerda brasileira sempre teve problemas com a individualidade, com a cultura.

Deveriam, isso sim, evitar a vazante de erros da assessoria de imprensa do governo. Pessoas alfabetizadas e bem pagas que propagam uma escrita inconciliável com normas elementares. O governo, por meio de seus assessores, presta um desserviço à língua portuguesa.

O governo tem o dever cívico de escrever conforme a LÍNGUA padrão ou conforme um ótimo manual jornalístico de redação. Aníbal, Oly, Jorge Henrique, Antônio Alves e outros, até hoje, permitem que textos do governo deixem a língua portuguesa humilhada pela ignorância.

Vão corrigir seus assessores e deixem a fala (desobediente) do seringal em paz.