segunda-feira, dezembro 30, 2013

Em 2014, eu desejo...

quando chega novo ano, as pessoas desejam a realizações de seus sonhos, como se seus sonhos, sozinhos, pudessem ser realizados.

Mas os sonhos, também, dependem de uma cidade melhor. 

Se a saúde é ruim, se a educação é ruim, sonhos pessoais permanecem ruins.

Não desejo em 2014 sonhos pessoais, mas um Acre melhor, que, confesso, melhorou muito com a Frente Popular. 

É preciso, no entanto, parar de olhar para trás para olhar o futuro, por exemplo, o da educação, cujos índices são ruins.

Há muito tempo que os anos não são novos na educação. 





 


quarta-feira, dezembro 25, 2013

Deputado, melhor calar a boca


Deputado federal pelo PSDB, Marcio Bittar registrou sua deficiência mental para pensar a educação pública.

Seu texto submeteu-se a dados, não a ideias, a reflexões interessantes, a pensamento original dele ou de educadores.

Raso, infecundo, o deputado mostrou que a única coisa que sabe de educação é que a palavra tem 8 letras.    

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Retirado do blogue de Altino Machado

sábado, 14 de dezembro de 2013

No Acre, educação atrasada impede desenvolvimento econômico

POR MARCIO BITTAR
O desenvolvimento econômico do Acre exige verdadeira transformação da educação no Estado.  Será preciso um esforço especial para superar as mazelas do ensino e da falta de qualidade na educação pública atual. Dessa transformação dependerá o futuro do Acre e do seus habitantes.

OBS:
Deixou na introdução ideias que não foram desenvolvidas no texto. Que verdadeira transformação é essa?  

Da mesma forma, sem uma educação pública robusta, capaz de qualificar as pessoas e oferecer oportunidades ao desenvolvimento de talentos, não haverá superação da pobreza. O assistencialismo que é praticado apenas adia e escamoteia o problema. A educação, quando de qualidade e edificante, liberta as pessoas da pobreza e cria perspectivas reais de ascensão social pelo aumento da renda do trabalho. Em outras palavras, melhora a vida das famílias. Nenhum programa assistencialista, nenhuma ação demagógica, por mais mirabolante que seja, é capaz de se equivaler positivamente ao poder de uma educação de qualidade.

OBS:
Segundo parágrafo e só enrolação de político. 

É prioridade para quem quer o bem e o desenvolvimento do estado transformar o ensino no Acre. Hoje, imperam problemas de todas as ordens e os indicadores são bastante ruins. O IDH mede a qualidade de vida das populações e abarca indicadores de três dimensões: renda, longevidade e educação. Veja, então, o que ocorreu no país e no Acre com o IDH Educação.

OBS:
Aí ele vem com IDH. Usa dados que qualquer pode usar, por exemplo, eu. 

Em 1991, o Brasil tinha um índice de 0,279, considerado como de muito baixo desenvolvimento; em 2000, alcançou 0,456, ainda de muito baixo desenvolvimento. Em 2010, auferiu 0,637, IDH Educação de médio desenvolvimento. O comportamento do índice no Acre é de lenta ascensão desde 1991, em patamares muito insatisfatórios. No início da década de 90, o índice acreano foi de apenas 0,176, inferior ao nacional e de muito baixo desenvolvimento, em 2000 de 0,325, insuficiente para mudar condição de muito baixo desenvolvimento. Dez anos depois, foi de baixo desenvolvimento humano, com índice de 0,559. São indicadores muito preocupantes sobre o patamar de ensino que está sendo oferecido à população. São vergonhosos!

OBS:
Nada de novo até aqui.

Considero obrigação de governantes sérios e comprometidos com o desenvolvimento e a superação da pobreza reverterem a cristalização da má qualidade educacional no estado.  Tenho a convicção de que a educação é o principal instrumento de um povo para superar as condições de subdesenvolvimento e de pobreza. Países pobres conseguiram galgar posições consideráveis depois de investirem e aplicarem políticas corretas na educação. Coréia do Sul já é um exemplo clássico de como a educação ajuda no desenvolvimento das pessoas e do país.

OBS:
O deputado se repete.

Como desenvolver, aproveitar os recursos naturais e transformá-los em produtos, aumentar produtividade, fortalecer a competitividade e inovar sem, ao mínimo, oferecer à juventude oportunidades de qualificação profissional e técnica? Que tipo de futuro estão construindo para os acreanos? Deveria ser uma completa vergonha perder jovens para o narcotráfico e a marginalidade. Muitos desses jovens delinquentes sequer tiveram a chance de conhecer outras formas de ganhar a vida. 

OBS:
Parágrafo dos clichês.

Qualquer governante sabedor de suas funções públicas deverá ampliar e fortalecer o ensino profissional e técnico no estado, além de qualificar, de verdade, a educação básica do Acre.  Segundo o IBGE, em 2010, somente 39,6% dos acreanos ocupados com 18 anos ou mais possuíam o ensino médio completo. É preciso estabelecer grandes parcerias educacionais com as empresas que irão explorar os recursos naturais do Estado. A educação coorporativa, fortalecida pela parceria com o governo, poderá profissionalizar milhares de pessoas diretamente no aproveitamento dos recursos naturais, qualificando parte importante dos jovens e oportunizando chances reais de uma vida melhor. 

Creio que para resolver problemas é preciso admiti-los como reais e conhecê-los em profundidade. O baixo desenvolvimento educacional do Acre precisa ser superado para que o desenvolvimento econômico ocorra de modo salutar e para todos. E não será com falsa propaganda ou promessa vazia que se dará tal superação. É preciso seriedade, compromisso e competência para reverter os indicadores negativos da péssima educação oferecida aos acreanos hoje.

OBS:
Típico político que tem a capacidade de dizer sem dizer algo sobre educação. Tem de ser muito culto e inteligente para tamanha façanha.

O contribuinte paga muito bem a ele para falar do que ignora. Melhor calar a boca ou ler a respeito do assunto.
 

Marcio Bittar é deputado federal do Acre pelo PSDB, primeiro secretário da Câmara dos Deputados e presidente da executiva estadual do PSDB.

segunda-feira, dezembro 23, 2013

Natal do meu Jesus Cristo




Desconhecido o rosto de Jesus Cristo. Aqui, seus traços vieram da Europa, um galã sagrado.

Fora isso, não aprecio um Jesus reduzido a meu mundo, um Jesus que se confunde com o meu eu. 

Muitos são assim disseminados pela cidade.

Neste Natal, reafirmo minha crença em um Jesus destinado à Justiça Social.   

segunda-feira, dezembro 09, 2013

A Lâmina do Tempo



com sua afiada paciência,
a lâmina do tempo,

em minha carne,
deixa novos cortes.

Há muito,
minha juventude entrou em fuga:

é que o punhal das horas,
em silêncio tão lento,

começou a talhar na pele
o germe da morte:

minhas rugas.

Mas nem lamento,
porque, em ponta de faca,
dou meus murros.

Eu luto.

domingo, dezembro 08, 2013

Para onde vai o jornalismo?

Da revista CUT

No Espaço CULT, Ciro Marcondes Filho, Eugênio Bucci, Leonardo Sakamoto e Afonso de Albuquerque falam sobre as novas diretrizes curriculares para o curso de Jornalismo

Em setembro, o Ministério da Educação homologou as Novas Diretrizes Curriculares para o curso de graduação em Jornalismo, bacharelado. Elaborada por uma Comissão de Especialistas, instituída pelo Ministério da Educação, as novas diretrizes sugerem que o curso de Jornalismo se torne mais prático, além de não ser mais uma habilitação da Comunicação Social.
Para Ciro Marcondes Filho, professor da ECA-USP, as novas diretrizes propõem certa autonomização da profissão. “No fundo, o que se quer é o esvaziamento da teoria no jornalismo, fazendo com que ele seja ensinado dentro dos limites do próprio jornalismo – como se dá a produção de um jornal, como é a rotina de uma redação, etc.”. Assim, para o professor, haveria, entre outros fatores, um distanciamento de disciplinas que possibilitem uma formação mais consciente do profissional.
Com as novas diretrizes, acontecem, também, mudanças na carga horária – ela aumenta de 2700 horas para 3000 horas, sendo 50% das aulas práticas –, nas alterações no Trabalho de Conclusão de Curso – ele não poderá mais ser desenvolvido coletivamente –  e  a implementação do estágio curricular obrigatório. Segundo Marcondes Filho, o estágio obrigatório é menos interessante aos estudantes que às empresas, que continuariam a se favorecer de um sistema de trabalho rotativo e praticamente gratuito.
Para discutir essas e outras questões em torno das Novas Diretrizes Curriculares para os cursos de Jornalismo, Ciro Marcondes Filho irá mediar, no Espaço Revista CULT, a conversa “Para onde vai o Jornalismo?”, com Eugênio Bucci, professor da ECA-USP e jornalista, Leonardo Sakamoto, professor da PUC e jornalista, e Afonso de Albuquerque, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF).

segunda-feira, dezembro 02, 2013

Após um ano

Em 15 de setembro, faz um ano que cheguei ao Rio de Janeiro. Até hoje não me acostumei com a pilhagem desta cidade.

A vida tranquila no Acre está longe de existir aqui, muito longe. Saudade de um lugar monótono e menos desumano chamado Acre.

Tenho vivido em paz com a minha amada Mony e com os meus amados livros. Tenho lido muito. Entre as páginas, tenho me dedicado à leitura de Pierre Bourdieu.

Quero compreender o conceito de estrutura. Para isso, tracei uma linha de livros desse sociólogo. Li A Reprodução. Estou acabando de ler O Senso Prático. Comecei a ler A Distinção.

Em outros anos, li O Poder Simbólico, Sobre a TV, A Miséria do Mundo e A Dominação Masculina.

Depois de concluir as duas leituras, lerei um cara que sempre deixei à margem e, por isso, um erro, ele: Lévi-Strauss. O primeiro livro será As Estruturas Elementares do Parentesco, obra que também fundamenta o estruturalismo de Bordieu.

E, na próxima semana, começarei a escrever para a revista Ponto da Educação.

Estou ainda vivo e ainda feliz.
  

O poder do conhecimento

         1.      ELE, O CONHECIMENTO INGLÊS

          De Aldo Tavares, eu

            Em 1890, o almirante americano Alfred Thayer Mahan publicou o livro A influência do poder marítimo na história, justificando o poderio bélico da Grã-Bretanha por causa de sua frota mercante. Na segunda metade do século 19, em 1873, um extraordinário desenvolvimento tecnológico determinou mais poder à marinha inglesa: o HMS Devastation era navio de guerra movido à propulsão, exclusivamente, a vapor. Com isso, garantiu-se também o domínio comercial nos mares.
            Mas onde encontrar a origem desse poder? No caso do HMS, a revolução da máquina a vapor se deu com os estudos do escocês James Watt (1736-1819), que pesquisou na Universidade de Birmingham, onde se formou a Sociedade Lunar. Antes de essa sociedade chegar ao fim, em 1813, outros ingleses criaram em 1799 a Royal Institution, de Londres, cujos membros tinham a função de divulgar o saber científico por meio de conferências e de cursos. Membro da Royal, Michael Faraday (1791-1867), químico-físico, foi considerado um dos cientistas mais influentes de seu tempo. Foi Faraday quem inventou em 1821 o motor elétrico e, em 1832, descobriu o princípio que permitiu a geração de corrente elétrica por meio de dínamos. Não nos esqueçamos de os estudos de Watt e de Faraday são consequências da 1ª Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra, em 1760.  
            Após essa revolução, três períodos marcarma o conhecimento científico na Grã-Bretanha: 1765, 1799 e 1830, anos em que os estudos da química, da física, da botânica, da biologia, da matemática deixaram erguido, em 1902, o maior império do mundo. Das terras sob o domínio inglês no início do século 20, somente quatro colônias datam-se antes da Sociedade Lunar (Bahamas, 1648; Jamaica, 1655; Gilbratar, 1713; e Canadá, 1760), as outras 30 tiveram suas culturas fincadas pela bandeira inglesa depois de 1765. O domínio sobre povos foi consequência de estudos, de pesquisas, de conhecimento. Sem isso, sem a revolução de ideias, não teria emergido dos mares a supremacia naval inglesa.
Por causa também da Sociedade Lunar, o governo britânico então, na segunda metade do século 19, começou a se preocupar mais com a pesquisa e com o ensino científico, a ponto de profundas transformações educacionais terem sido fincadas nas escolas inglesas. O governo sabia que, sem educação, sem conhecimento, não haveria domínio. Poder.

    2.     
CONSEQUÊNCIAS DO CONHECIMENTO INGLÊS

            Com a supremacia bélica nos mares, a Inglaterra, senhora do comércio marítimo por causa do Iluminismo, edificou, por meio de seu capital, todo processo da reforma urbana do Rio de Janeiro, de Dom Pedro II ao prefeito Pereira Passos.
Em História econômica do Brasil, Caio Prado Júnior observa que a introdução da máquina a vapor na navegação marítima, consequência da 1ª Revolução Industrial, causou profunda transformação econômica no Brasil. Detalhes dessa transformação podem ser lidos no clássico livro Pereira Passos: um Haussmann Tropical, de Jaime Larry Benchimol, onde afirma que o transporte marítimo de carga e de passageiros também foi revolucionado pela energia a vapor, permitindo aos ingleses a ampliação do mercado mundial, em proveito, sobretudo, das exportações de produtos e de capitais ingleses. A Inglaterra, por causa dos estudos de James Watt e de outros nos séculos 18 e 19, conquistou o domínio quase exclusivo da navegação marítima brasileira tanto a  internacional como a de cabotagem (até 1889). A Royal Mail Steam Packet Company foi a primeira a estabelecer um serviço regular de vapores entre Inglaterra e o Brasil. Com esse domínio das companhias de navegação, Richard Graham o chamou de “complexo de importação e de exportação”. Esse complexo, controlado pelo capital britânico, incluía firmas de importação e de exportação, companhias de seguros, de portos, e bancos. Para reformar o porto do Rio de Janeiro, em 1851, dom Pedro II contratou o engenheiro inglês Charles Neate.
No processo histórico de reforma urbana do Rio de Janeiro, a Inglaterra encontrava-se presente no comércio marítimo, no capital financeiro, na produção industrial e, principalmente, no modo de pensar. Seu poder estava desde tubos no subsolo a vigas de ferro fundido da edificação mais alta. De esgoto a linhas de bonde, havia produto e capital ingleses. Para ter uma ideia do que isso representou em termos de investimento, o poder econômico britânico montava no Brasil a 90,6 milhões de libra em 1900, para um PIB estimado em 133 milhões de libra. Isso equivalia a 68% da riqueza aqui produzida em um ano. Muito? Em 1917, o capital britânico acumulado atingiu 223,8 milhões de libra, para um PIB estimado em 259 milhões de libra. Isso correspondia a 86% da riqueza nacional, ou seja, a mais absoluta dependência econômica brasileira.


        3.      ELE, O ANALFABETISMO NA REPÚBLICA VELHA

            Bem antes da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), já havia em 1870 um crescente número de estrangeiros no Rio de Janeiro, onde circulavam 235.381 habitantes, cabendo 192.002 pessoas a 11 paróquias urbanas e 43.379 a 8 paróquias rurais. Na zona urbana, residiam 154.649 livres e libertos e 36.352 escravos. Havia, portanto, 118.296 habitantes livres. Na zona rural, eram 30.640 livres e libertos e 13.739 escravos. Desses 185.289 livres e libertos, 120.372 eram nacionais e 64.917, estrangeiros (48.438 homens e 16.479 mulheres).   
Com o declínio econômico do Vale do Paraíba, ocorrido na segunda metade do século 19, germina-se, nos últimos 20 anos desse mesmo século, no Rio de Janeiro, centro financeiro do país e abundante de força de trabalho, o processo de industrialização. No Censo de 1890, são 52.520 trabalhadores em atividade industrial e, no Censo de 1906, passa-se a 115.779 na capital federal, com 811.443 habitantes ao todo. Desse total de trabalhadores no Rio de Janeiro, 51.562 (44,5%) eram estrangeiros e 64.217, brasileiros (55,5%).       
Enquanto a nação inglesa escrevia seu domínio nos negócios industriais do Brasil, 13.009.071 brasileiros em 1900 não sabiam ler e escrever seus nomes, sendo que a população do Brasil era na época de 17.438.434 habitantes (17,3% na área urbana e 82,7% na rural). Os dados da Diretoria Geral de Estatística, criada em 1871, indicam que esses números representam 74,6% de analfabetos, somente 4.429.362 sabiam ler e escrever, ou seja, 25,4%. Por esse e por outros motivos, as fábricas empregam um contingente maior de estrangeiros. Pior: até 1920, o Brasil apresentaria um sistema educacional estagnado, consequência de uma elite formada durante o Império, cuja ação, conforme Anísio Teixeira, continuaria nos primeiro trinta ou quarenta anos da República.
Se havia alguma unidade nacional no país de Rui Barbosa, ela não era constituída pela leitura ou pela escrita, mas por uma doença social endêmica: o analfabetismo. A Constituição de 1891, em seu artigo 35, determinara que o ensino primário ficasse a cargo dos estados e dos municípios, que também administravam parte da educação secundária. Essa descentralização foi consequência do Ato Adicional da Constituição de 1834. Segundo o Censo de 1920, José Murilo de Carvalho calculou em 180 mil o números de coronéis espalhados pelo Brasil. Sob o manto protetor desses senhores, havia pelo menos 84% da população, compostos por aqueles que moravam em municípios de 20 mil habitantes ou menos. O artigo 35 da Constituição de 1891, portanto, deixou a educação primária e secundária a cargo não de instituições com interesse público, mas do poder de mando dos senhores de terra, com interesse privado. Assim, os dados da educação primária não melhoraram com o passar dos anos. Em 1907, 16 anos depois da Constituição de 1891, havia 638 mil alunos matriculados no ensino primário ou cerca de 20% da população de cinco a nove anos existente naquele ano, estimada em 3,1 milhões de crianças. Somando as matrículas do primário e do secundário, chegava-se a 700 mil crianças e adolescentes ou só 12,5% da população de 5 a 14 anos de idade, estimada em 5,6 milhões de almas. Em 1920, 65% da população de 15 anos ou mais eram analfabetos, taxa que ultrapassava 70% nos estados do Nordeste e chegava a 80% no Maranhão e na Paraíba.
Por outro lado, descentralizada a educação pública por meio do artigo 35 da Constituição de 1891 - consequência da Constituição de 1824 -, alguns estados implementaram reformas educacionais: em 1920, Sampaio Dória, de São Paulo, empreendeu-a no ensino paulista; em 1922-23, Lourenço Filho a iniciou no Ceará; em 1922-26, no Rio de Janeiro, foi com Carneiro Leão; Em 1925, no Rio Grande do Norte, José Augusto; em 1927-28, no Paraná, Lysímaco da Costa iniciou a reforma; em 1928, em Pernambuco, outra vez Carneiro Leão; na Bahia, em 1927-28, Anísio Teixeira; e, em 1927-28, em Minas Gerais, Francisco Campos. Somente entre 29 e 36 anos após a Constituição de 1891, essas reformas surgiram na República Velha. 
    

sábado, novembro 23, 2013

Gay é espancado no Acre

Um dia antes de sua morte, ele fez cara de desejo 

Ontem, às 24 horas, na rua 24 de Março, um corpo foi encontrado com vários hematomas.

Suspeita-se de que o espancamento tenha sido ação do grupo hiperevangélico radical Jesus Cristo perdoa mas é Macho.

Hoje, no Instituto Médico Gramatical de Rio Branco, o policial civil Pasquale declarou à imprensa acriana que o homem assassinado é Adjetivo dos Santos, de 24 anos, jovem rio-branquense que só dava para o Substantivo.

"Segundo testemunha de Advérbio Monteiro, Substantivo não queria que a sua igreja soubesse que ele recebia características de Adjetivo", revelou Pasquale.

Por causa disso, suspeita-se de que Adjetivo tenha sido queima de rosca, digo, queima de arquivo.

A polícia acredita que daqui a alguns dias toda verdade será revelada.

sábado, novembro 02, 2013

O português de O Globo

Em 12.10.2013, o jornal O Globo escreveu com enormes letras: "Advogado teria pago R$ 100 mil pela morte de três parentes de estilista."

Não se fala teria morto, teria falo, teria ando, teria corro, teria vivo, mas...

teria morrido,
teria falado,
teria andado,
teria corrido,
teria vivido.

Usa-se, portanto, o particípio regular: "Advogado teria pagado."

Não houve errata no dia seguinte.



terça-feira, outubro 22, 2013

A escola integral

No Acre, secretários de Educação, vez ou outra, propagam a ideia de escola integral como se fosse uma dádiva intelectual do atual grupo político.

Quando secretário de Educação da Bahia (1947-1950), Anísio Teixeira idealizou e planejou a Escola Parque ou Centro Educacional Carneiro Ribeiro, a primeira experiência de escola integral do Brasil (http://www.escolaparquesalvador.com.br/?page_id=32#), em que Darcy Ribeiro se baseou para criar o Ciep.

É preciso respeitar o passado, no caso, a memória de Anísio Teixeira antes de dizer, a serviço da política e não da educação, que escola integral é coisa nova.

 

Impossível pensar a educação brasileira sem ler Anísio Teixeira


1900-1971
A Universidade Federal do Rio de Janeiro lançou em 2005 os textos completos do professor Anísio Teixeira em 12 volumes. Comprei quatro e acabei de ler o volume 5, “A educação e a crise brasileira”.

Muito do que se fala hoje de educação encontra-se nesse pensador. Um conceito me chamou atenção:  sistema. Anísio não escreveu, pelo menos nesse volume, estrutura, mas sistema pode ser sinônimo, e, para compreender melhor o conceito de estrutura, inevitável a leitura de Pierre Bourdieu.

Escrevi um texto sobre estrutura, mas deixo uma parte em vários parágrafos por causa de eu estar na estética de um blogue. Ei-lo: 

    Na primeira página do capítulo 5, Anísio Teixeira afirma que o Estado brasileiro organizou-se para centralizar com a finalidade de exercer a forma do domínio político. 

    Para tanto, o Estado Novo elaborou um conjunto de leis centralizadoras na organização política, jurídica e administrativa. Essa força centrípeta distribuiu-se para estados e municípios, movendo tudo para o mesmo modo. 
    
    A centralização, portanto, uniformizou a educação, isto é, havendo uma única forma a orbitar o centro, anularam-se as diferenças em uma terra tão fertilizada pelas diferenças.

      Em 7 de julho de 1952, houve a sessão da Comissão de Educação e Cultura e Câmara dos Deputados a fim de debater o projeto da Lei de Diretrizes e Bases e, na parte referente a “Natureza do debate”, Anísio Teixeira pronuncia que o problema da educação é problema político por excelência. 


Ele declarou isso por causa do eixo organizador de tudo, o Estado, que, indiferente às realidades locais, impôs programas oficiais obrigatórios. 

Como consequência didática, livros foram aprovados conforme a determinação oficial. Diferenças regionais apagaram-se, quer dizer, problemas educacionais distintos do país “desapareceram” em nome da unidade nacional. 

Escolas e professores, sabemos, não são iguais, ou seja, “a uniformidade legal não produz a uniformidade real”, desiguala Anísio Teixeira. 

Entretanto, indiferente a isso, o Estado Novo criara quatro línguas estrangeiras para o ensino secundário, e Anísio Teixeira perguntou em 1952: “não seria muito melhor ensinar-se aquilo que, realmente, se podia ensinar do que impor um currículo e um programa, que são, pela sua impraticabilidade, a imposição da fraude?”. 

Assim, por causa de uma imposição externa à realidade social e cultural da escola, “inventaram-se” professores para lecionar línguas estrangeiras. Como o Estado nacional estruturou-se, também se estruturou a escola, determinando relações entre atores sociais.

Presa à estrutura de Estado, a educação não pode ser pensada sem que pensemos, primeiro, a estrutura que a determina. Impossível executar, por exemplo, a ideia de John Dewey sem pensar outra estrutura, porque, para seu pensamento ser materializado, é preciso alterar o tempo-espaço da escola. 

Anísio Teixeira visualizou isso quando questionou as 4 horas e os três turnos da escola pública. E não só: ao admitir a educação como o quarto poder, Anísio, por meio de um ato cirúrgico educacional, realizou a cisão precisa a fim de separar a estrutura do Estado, a serviço do domínio político, de uma nova estrutura da Educação. 

Assim como os outros três Poderes, o quarto Poder, a educação, também é independente, isto é, ele tem a sua própria estrutura.

Uma morte misteriosa[Wikipédia]

Diversas circunstâncias obscuras cercaram a morte de Anísio Teixeira. Dois meses antes de sua morte, ele escreveu: "Por mais que busquemos aceitar a morte, ela nos chega sempre como algo de imprevisto e terrível, talvez devido seu caráter definitivo: a vida é permanente transição, interrompida por estes sobressaltos bruscos de morte" (numa carta a Fernando de Azevedo).
Por intercessão do amigo Hermes Lima, Anísio candidatou-se a uma vaga na Academia. Iniciou-se assim a série de visitas protocolares aos Imortais.
Depois da última visita, ao lexicógrafo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Anísio desapareceu. Preocupada, sua família investigou seu paradeiro, sendo informada pelos militares de que ele se encontrava detido.
Uma longa procura por informações teve início — repetindo um drama vivido por centenas de famílias brasileiras durante a ditadura militar. Mas, ao contrário das desencontradas informações e pistas falsas, seu corpo foi finalmente encontrado no fosso do elevador do prédio do imortal Aurélio, na Praia de Botafogo, no Rio. Dois dias haviam se passado de seu desaparecimento. Seu corpo não tinha sinais de queda, nem hematomas que a comprovassem. A versão oficial foi de "acidente".
Calava-se, para um Brasil mergulhado em sombras, uma voz em defesa da educação — portador da "subversiva" ideia de um país melhor. Era o dia 14 de março de 1971.4
Em depoimento na UnB, em 10 de agosto de 2012, o professor João Augusto de Lima Rocha declarou:
"Em dezembro de 1988, Luiz Viana Filho me confessou que Anísio Teixeira foi preso no dia que desapareceu (11 de março de 1971) e levado para o quartel da Aeronáutica, em uma operação que teve como mentor o brigadeiro João Paulo Burnier, figura conhecida do regime militar e que tinha o plano de matar todos os intelectuais mais importantes do Brasil na época", disse João Augusto. 5

sexta-feira, outubro 18, 2013

À Mony, versos de Vinícius, e os meus

Enquanto você dorme, eu assisto na TV Educativa a um programa sobre Vinícius de Moraes.

Hoje, 19 de outubro, há 100 anos ele nasceu na Gávea, rua Lopes Quintas, em meio a um forte temporal.

Eu te amo, Mony, eu te amo tanto
Que o meu peito me dói como em doença
E quanto mais me seja a dor intensa
Mais cresce na minha alma teu encanto.

O poeta colocou no verso Maria,
Mas eu, que nem sou Vinícius,


Não sei, Amor, o que seria
Se o teu nome, em mim,

não fosse vício.

domingo, outubro 13, 2013

Você se lembra da mensagem governamental nº 0001/2013?

Muito é dito e muito também é esquecido. No começo deste ano, em sua posse, o prefeito de Rio Branco, Marcos Também Viana, disse o seguinte:


TRANSPORTE COLETIVO

À direita, Marcus Também Viana, prefeito do PT, e o vice, PC do B

No transporte coletivo, inauguramos a primeiro central de monitoramento da frota por GPS, o que agora permite ao usuário acompanhar em tempo real a movimentação dos ônibus e o horário de chegada no Terminal Urbano. Instalamos esta central na OCA e até o final de fevereiro a cidade contará com estes painéis também nas plataformas do Terminal Urbano. Visando melhorar a fluidez do trânsito, iniciamos pela Avenida Antônio da Rocha Viana um conjunto de intervenções na infraestrutura dos principais corredores de transporte da cidade. Medidas como a redução de rotatórias, melhoria da sinalização e da acessibilidade, com a construção de calçadas e rampas adaptadas para cadeirantes, serão executadas ao longo de toda a nossa gestão.



Faltam dois meses e alguns dias para terminar

2013.


Algo foi feito? Melhor, o novo surgiu?

sábado, outubro 12, 2013

Apaixonei-me por um homem

Um homem para me seduzir precisa saber, somente, introduzir a palavra em meus olhos. 

Homem que é homem deve saber se servir da inteligência e da cultura para que meu olhar se debruce sobre suas palavras. Sem isso, seu verbo não cola em minhas retinas.

Ontem, ele sussurrou em meus olhos adjetivos, substantivos, frases, um jogo semântico que deixou meu juízo deslocado do senso comum.
 

Que homem!

Nos despedimos após dois meses de profunda relação entre as quatro paredes do meu quarto, sempre de 22 a 1 hora da madrugada. 

Ele partiu, mas deixou em mim a memória de um encontro que permite olhar para a vida com beleza. Guy Van de Beuque me fascina.

Encontrei-o entre tantos nomes organizados em linha horizontal, no templo sagrado dos livros.

Entregue ao silêncio, homem como Guy é raro, mas lá estava seu pensamento, lá estavam a virilidade sensível de suas páginas em uma livraria de Ipanema.

"Experiência do nada como princípio do mundo" segue a sinuosidade de Heráclito para falar da vida. Por causa de sua palavra, eu interpreto o pôr-do-sol com outras palavras.

Doutor, Guy faleceu em 2004, lecionou na Universidade Federal do Rio de Janeiro e, 18 dias antes de partir para sempre, lançou suas palavras no livro acima.

Estou apaixonado por uma homem, mais um entre tantos, como Raduan Nassar, Drummond, Espinosa, Heráclito, Cruz e Sousa.

Estou apaixonado!!! 
       

domingo, outubro 06, 2013

Criticar

Muitas palavras desviaram-se de sua origem, por exemplo, "crítica", cuja origem grega (krinein) significa "julgar".

Julgar, por sua vez, prende-se a "dividir", isto é, possibilita outro caminho, outra ideia.

Quem critica aponta para outra trilha, outra saída, ou seja, quem critica, por causa do sentido original da palavra, propõe outro conteúdo.

quarta-feira, setembro 25, 2013

Pensar

Pensar não é natural. Da mesma origem do verbo "pesar", pensar origina-se de "peso". Pensar é um peso.

E daí?

Imagino-me em uma planície, só vejo o que está sobre ela e vejo o que todos veem. Ao ver as coisas em uma planície, eu não penso, porque o meu pensar não é um peso, por isso só vejo o que a planície mostra.

Mas, se coloco um peso na superfície, a linha reta da planície se altera, sofrendo um desnível, uma descontinuidade.

Por causa do "peso", isto é, por causa do "pensar", a forma natural como eu via a planície modificou-se.

Não vejo mais a superfície que todos veem, porque, por causa do peso, vejo agora "a fundo".

Por isso que pensar é se (apro)fundar, é ir ao fundo das coisas, é ir ao encontro de suas causas. A causa não se encontra na planície. A superfície, na verdade, oculta as coisas.

Lancemos este peso sobre nós mesmos: pensar.   


O Congresso poderá votar PNE

Conheça as 20 metas do Plano Nacional de Educação

Projeto em análise no Congresso traça objetivos para o ensino no Brasil até 2020

iG São Paulo 
Em análise no Congresso desde 2011, o Plano Nacional da Educação (PNE) traça objetivos e metas para o ensino no País em todos os níveis (infantil, básico e superior) para serem cumpridos até 2020. A meta mais polêmica é a 20, que trata do percentual do PIB que deve ser investido em educação. Para garantir o que chama de " revolução no ensino"  e o cumprimento desta meta, a presidente enviou ao Congresso, paralelamente, um outro projeto para destinar  100% dos royalties do petróleo e recursos do pré-sal em educação . 

Saiba o que prevê o PNE:
Meta 1 
Universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de quatro a cinco anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 50% das crianças de até três anos até o final da vigência deste PNE.
Meta 2 
Universalizar o ensino fundamental de nove anos para toda a população de seis a 14 anos e garantir que pelo menos 95% dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de vigência deste PNE.
Meta 3 
Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85%.
Meta 4 
Universalizar, para a população de quatro a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na rede regular de ensino.
Meta 5 
Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até os oito anos de idade, durante os primeiros cinco anos de vigência do plano; no máximo, até os sete anos de idade, do sexto ao nono ano de vigência do plano; e até o final dos seis anos de idade, a partir do décimo ano de vigência do plano.
Meta 6 
Oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% dos alunos da educação básica.
Meta 7 
Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem de modo a atingir as seguintes médias nacionais para o Ideb :
Ideb2015201720192021
Anos iniciais do ensino fundamental5,25,55,76
Anos finais do ensino fundamental4,755,25,5
Ensino médio4,34,755,2

Meta 8 
Elevar a escolaridade média da população de 18 a 29 anos, de modo a alcançar no mínimo 12 anos de estudo no último ano de vigência deste Plano, para as populações do campo, da região de menor escolaridade no País e dos 25% mais pobres, e igualar a escolaridade média entre negros e não negros declarados à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE.)
Meta 9 
Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e, até o final da vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional.
Meta 10 
Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e adultos, na forma integrada à educação profissional, nos ensinos fundamental e médio.
Meta 11 
Triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% de gratuidade na expansão de vagas.
Meta 12 
Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta.
Meta 13 
Elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de educação superior para 75%, sendo, do total, no mínimo, 35% de doutores.
Meta 14 
Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores.
Meta 15 
Garantir, em regime de colaboração entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios, no prazo de um ano de vigência deste PNE, política nacional de formação dos profissionais da educação de que tratam os incisos I, II e III do art. 61 da Lei nº 9.394/1996, assegurando-lhes a devida formação inicial, nos termos da legislação, e formação continuada em nível superior de graduação e pós-graduação, gratuita e na respectiva área de atuação.
Meta 16 
Formar, até o último ano de vigência deste PNE, 50% dos professores que atuam na educação básica em curso de pós-graduação stricto ou lato sensu em sua área de atuação, e garantir que os profissionais da educação básica tenham acesso à formação continuada, considerando as necessidades e contextos dos vários sistemas de ensino.
Meta 17 
Valorizar os profissionais do magistério das redes públicas de educação básica de forma a equiparar seu rendimento médio ao dos demais profissionais com escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência deste PNE.
Meta 18 
Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para os profissionais da educação básica e superior pública de todos os sistemas de ensino e, para o plano de carreira dos profissionais da educação básica pública, tomar como referência o piso salarial nacional profissional, definido em lei federal, nos termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal.
Meta 19 
Garantir, em leis específicas aprovadas no âmbito da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, a efetivação da gestão democrática na educação básica e superior pública, informada pela prevalência de decisões colegiadas nos órgãos dos sistemas de ensino e nas instituições de educação, e forma de acesso às funções de direção que conjuguem mérito e desempenho à participação das comunidades escolar e acadêmica, observada a autonomia federativa e das universidades.
Meta 20 
Ampliar o investimento público em educação de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do País no quinto ano de vigência desta Lei e, no mínimo, o equivalente a 10% do PIB no final do decênio.