No centro de Rio Branco, após passar pelo jornaleiro, o tempo deixou-me rever Bené Damasceno, o bom revisor do Página 20.
"Aldo, nós precisamos abrir o sindicato dos revisores", propôs Bené em tom de brincadeira.
Disse-lhe que não somos revisores. Somos, sim, pessoas que apagam as vergonhas de alguns repórteres que cometem e repetem os erros mais crassos contra a LÍNGUA.
Eu cometo erros, bem sei, mas busco aprender. Saber mais um pouco. No entanto, no Acre, há jornalistas que não precisam aprender, pois a relação entre amigos viabiliza não só um emprego, mas a estabilidade nele.
Repare este exemplo.
"Para o Ministério Público Estadual é inegável a preocupação da prefeitura com o combate à esses crimes."
"À esses" - Esse acento grave, indicador do fenômeno da crase, revela a vergonha por que o jornalista passa quando, em uma Redação, o revisor não apaga seu erro vexatório.
Outro.
"Páram"- Esse erro foi publicado em uma capa de jornal. Era uma manchete. A imagem de um jornal é o que escreve e como escreve.
Na TRIBUNA, há volume grande de notícias e, por isso, não consigo dar conta de tudo. Não faço o melhor trabalho, mas tenho certeza de que evito, dentro do possível, que colegas de Redação, alguns, passem vergonha. É minha obrigação.
Se houvesse a cultura de desejar ser melhor, poderíamos nos preocupar com outra natureza textual nos jornais, mas, quando alguém escrevinha "à esses" ou "páram", estamos longe do que é inteligente e culto.