quarta-feira, novembro 29, 2006

Maus-lençóis ou maus lençóis?

Hoje, na capa da TRIBUNA, publica-se "maus-lençóis".
Consultei os dicionários do Aurélio, do Houaiss e o da Academia Brasileira de Letras, além do manual ortográfico de Celso Pedro Luft, mas não encontrei o registro de "maus-lençóis".
No entanto, segui o texto de Celso Pedro Luft, escrito em Grande Manual de Ortografia Globo, que diz na página 133:
Condições para a hifenização em palavras compostas:
1.a) unidade semântica: significação global distinta da significação individual das parcelas.
Com essa observação, entendemos o porquê de "mau-olhado"; não encontrei, no entanto, "maus-lençóis".
Mau-olhado é causar melefício. Maus-lençóis é deixar "sem jeito", deixar em "situação perigosa", que se encontra "ameaçado".
Fiz a minha opção como fiz por "mesa-diretora".
Detalhes de um revisor.



O Mal - página 69



Há nomes que são eternos. Eu não sou. Você também não. Seremos pulverizados pelo tempo depois da missa de sétimo dia. Nós nunca existimos.
Mas meus olhos apreciam palavras eternas, a imensidão infinda de termos que dizem mais do que esta vidinha que levamos. Ler um ótimo autor, um dos maiores escritores do século 19, insulta a minha insignificante vida.
Leio para rir dos tolos, de mim, por exemplo. Leio, porque a realidade nada me diz. Assim, ele me diz "examinem a vida dos melhores e mais fecundos homens e povos e perguntem a si mesmos se uma árvore que deve crescer orgulhosamente no ar poderia dispensar o mau tempo e os temporais; se o desfavor e a resistência externa, se alguma espécie de ódio, ciúme, teimosia, suspeita, dureza, avareza e violência não faz parte das circunstâncias 'favoráveis' sem as quais não é possível um grande crescimento, mesmo na virtude? O veneno que faz morrer a natureza frágil é um fortificante para o forte - e ele nem o chama de veneno".
Fecho o livro. Amanhã, abraçarei a minha leitura como quem se entrega à amada - leitura, A Gaia Ciência, de Nietzsche.