quarta-feira, abril 15, 2009

Texto jornalístico

Lixeiro de Redação de jornal, eu, um revisorzinho, não passo disso. Quando o vacilo gramatical do repórter passa, sou ridicularizado. "Olha só o que o Aldo fez" embora eu não tenha escrito.

Se sai tudo bem, texto limpo, as glórias pertencem ao jornalista que erra demais. O revisor existe, portanto, para sustentar a vaidade do jornalista: "Fui eu que escrevi." E o revisor retifica: "Fui eu quem escreveu."

Entre os textos corrigidos por mim e os erros que são publicados, há uma distância enorme. O revisor também existe para o jornalista não passar vergonha.

Abaixo, em dois parágrafos, muitos equívocos não foram publicados no jornal impresso, talvez poucos. Minha obrigação, e a obrigação do jornalista é escrever muito bem para eu ficar desempregado.

O Acre é o quinto Estado no ranking de exploração da mão de obra infantil. O Estado fica atrás apenas do Tocantins, Rondônia, Piauí e Maranhão. De acordo com dados revelados ontem durante entrevista coletiva com o procurador do trabalho, Bernardo Mata, mais de trinta mil crianças e adolescentes, com idades entre cinco e dezessete anos, são explorados, de forma direta ou indireta, no trabalho infantil.

De acordo com o procurador, a própria Constituição Federal proíbe que pessoas com menos de 17 anos exerçam qualquer tipo de trabalho, nos quais não estejam na condição de aprendiz. Só que essa norma não é respeitada, o que resulta em, aproximadamente, quatro milhões e oitocentos mil adolescentes e crianças inseridas no mercado de trabalho.