sexta-feira, julho 31, 2009

O Sinplac não foi criado para isso

Marcada para 30 de setembro, a eleição do Sindicato dos Professores Licenciados do Acre tem duas candidaturas: a da atual presidente, professora Luziele; e a da atual vice, professora Alcilene.

Criado por causa dos erros do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Acre (Sinteac), o Sinplac comete erros semelhantes e não aponta caminhos opostos do concorrente. Um erro, as brigas internas entre Luziele e Alcilene.

Quando a professora Rosane foi a primeira presidente, disse-lhe que ela deveria buscar um caminho que propusesse uma nova organização sindical para, por exemplo, escolher seus representantes. Em vão.

O processo eleitoral não pode ser o atual, porque ele acirra conflitos pessoais, empobrecendo a democracia sindical. Como a professora Rosane não se antecipou aos fatos, eles, hoje, apresentam-se em forma de acusações mútuas entre as professoras Luziele e Alcilene.

As duas estão erradas

Duas mulheres que não ergueram um Sinplac oposto ao modelo sindical criado pelos homens. Antes de sair do sindicato, a professora-presidente Alcilene não submeteu o Sinplac a uma auditoria, deixando, segundo a oposição, uma dívida de R$ 80 mil.

A professora Luziele sempre seguiu esse caminho errado. Em sua segunda gestão, jamais permitiu uma auditoria em sua administração. Nesse sentido, assemelha à gestão anterior.

Dinheiro de terceiro deve ser administrado com muita clareza, por isso existe auditoria. Não promover uma fiscalização imparcial e ética nas contas do Sinplac representa para mim uma desonestidade daqueles que administram o dinheiro dos outros.

Na condição de filiado, tenho o direito de saber o que fazem com a minha contribuição mensal.

Um procurador público pode...

terça-feira, julho 28, 2009

E a auditoria no Sinplac?

A presidente do Sindicato dos Professores Licenciados do Acre (Sinplac), professora Luziele Alvez Dias, candidata-se pela terceira vez para continuar na função. Até hoje, não houve uma auditoria nas contas do sindicato.

Como filiado que paga ao sindicato, eu deveria saber o que ocorre com o (meu) dinheiro administrado. Não submeter o Sinplac a uma auditoria é cair no mesmo erro do Sinteac. Luziele, nesse sentido, não aponta um caminho novo, reproduz o mesmo engano.

A eleição está marcada para 30 de setembro.
Lamentável.

domingo, julho 26, 2009

O exibicionismo de uma classe social

De Aldo Nascimento
Fotos de Debora Mangrich

Ontem, sábado, dia 25 de julho, abriram-se as porteiras da Expo-Acre com a tradicional calvagada. Donos de vastas terras bovinas, fazendeiros com suas famílias ricas e empresários ao galope do lucro exibiram as marcas da pecuária na avenida que leva o nome - que ironia! - Chico Mendes.














Por essa avenida, jamais assistiremos ao desfile do seringueiro. Em seu lugar, o pecuarista, o dono da festa, atravessa Chico Mendes com seus cavalos, caminhões, quadriciclos e caminhonetes em nome de uma festa que não é popular, por isso o povo humilde, à margem da avenida, só assiste à opulência daqueles que ostentam poder. Pobre não desfila a cavalo.









Quem conhece a avenida Chico Mendes sabe que se trata de um corredor de bairros periféricos e, justamente através desse corredor, os ricos pavoneiam-se com seus chapéus caros, suas botas de couro, suas calças bem-justas com seus cintos de cowboy. O pecuarista é country. Ele não tem nem o linguajar do homem do interior acriano.
Nesse momento, à margem da avenida, os pobres do Taquari não desejam justiça social, mas tão-somente o desejo (reprimido) de consumir a moda country. Ricos não só exploram - seduzem.

Quando a Expo-Acre chega a cavalo, lojas de roupa não expõem a moda seringueiro em vitrinas de Rio Branco, mas a moda norte-americanizada do pecuarista country. Seringueiro não tem bens culturais que possam circular em forma de roupa. Seringueiro tem museu, símbolo de sua imoblidade cultural.

Por causa disso - e mais -, não existe a Expo-Acre do seringueiro e, se não existe, ele não desfila na avenida Chico Mendes. O seringuerio não tem nada para mostrar, a não ser o seu museu, seu túmulo.

Muitos podem ver a Expo-Acre como uma festa - o deputado Moisés Dinis (PC do B) a viu, por exemplo, como festa popular -, mas eu a vejo com o lugar onde se sepulta um outro mundo rural - o do caipira, imagem oposta à do homem cowboy.








Em Xapuri, porque o gado se alimenta em reserva extrativista, os ideais de Chico Mendes pastam em uma reserva que leva seu nome. A festa do boi de rodeio não deixa de ser menos nociva do que um gado em uma reserva, porque, por meio dessa festa, o pecuarista country, sabemos, não derruba a floresta, mas substitui o homem rural caipira pelo homem rural das botas de couro, das calças com cinto e fivela, da música das duplas sertanejas.








A Expo-Acre é um processo de aculturação do homem simples do interior, uma forma alegre de se esquecer do caipira.

sábado, julho 25, 2009

"Feche a matraca, Carioca!"











Deputada comunista manda
Carioca (PT) fechar a matraca

Texto de Gleiciane Cunha

"Está na hora dele fechar a matraca e falar apenas do que conhece, porque de Cruzeiro do Sul esse nosso amigo não conhece nada", declarou ao jornalista Mariano Maciel, em entrevista nessa quinta-feira, a deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC). Ela referia-se ao assessor do governo estadual, Nepomuceno Carioca.

Ele teria dito a um jornal de Rio Branco que "não há estado de direito em Cruzeiro do Sul", segundo o assessor "o Partido dos Trabalhadores sofre represálias no município, porque cobra dos comerciantes o imposto devido".

"As pessoas precisam conhecer melhor Cruzeiro do Sul. Saber como os empresários de lá dão duro, e a população se esforça para que a cidade evolua", disse. Perpétua lembra que "há algum tempo uma deputada do PT (Naluh Gouveia) disse que na região de Cruzeiro do Sul a droga corria solta, e que as pessoas enriqueciam a custa de (venda) de drogas". Indignada ela conta que "dessa vez também um dirigente do PT diz que no município não existe estado de direito. Acho isso um absurdo" afirma a deputada.

Para a parlamentar, a cidade não pode ser avaliada mediante aos fatos que ocorrem com algumas pessoas. "Porque um ou outro têm problema com a justiça, não se pode achar que todos têm o mesmo problema". Na sua opinião, a declaração de Carioca é uma falta de respeito, porque, segundo avalia, "aquela região tem um povo batalhador, que vive em uma área isolada do estado do Acre e até do país, e que luta para sobreviver e sustentar seus filhos".

Perpétua garante que a opinião de Carioca não é a mesma da Frente Popular (união de partidos que apóiam o governo estadual). "Esse cidadão deveria vir a público pedir desculpa às pessoas, e falar apenas do que conhece. Estamos todos unidos para melhorar Cruzeiro do Sul. O que queremos é unir esse estado de ponta a ponta", finaliza. De acordo com a comunista, a conclusão da estrada (referindo-se a BR-364) que liga Cruzeiro do Sul a capital, está prevista para 2010.

sexta-feira, julho 24, 2009

A turma A fora da pauta sindical













1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39 e 40.

Quarenta alunos. Eu disse, 40. Em uma sala de aula, QUARENTA jovens. Em 2010, com o fim da semestralidade, teremos 40 multiplicado por 4 turmas, ou seja, 160 alunos. Há também multiplicação por 5, total , 200 alunos. Contemos.

1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 101, 102, 103, 104, 105, 106, 107, 108, 109, 110, 111, 112, 113, 114, 115, 116, 117, 118, 119, 120, 121, 122, 123, 124, 125, 126, 127, 128, 129, 130, 131, 132, 133, 134, 135, 136, 137, 138, 139, 140, 141, 142, 143, 144, 145, 146, 147, 148, 149, 150, 151, 152, 153, 154, 155, 156, 157, 158, 159, 160, 161. 162, 163, 164, 165, 166, 167, 168, 169, 170, 171, 172, 173, 174, 175, 176, 177, 178, 179, 180, 181, 182, 183, 184, 185, 186, 187, 188, 189, 190, 191, 192, 193, 194, 195, 196, 197, 198, 199 e 200.

Imagine esses números transformados em estudantes entre 14 e 18 anos. Imagine ainda o professor de Português corrigindo 200 redações em um domingo, em sua casa. É possível haver qualidade de ensino (escrever) com esses números?

Sinteac &
Sinplac nunca colocaram em suas pautas 15 ou 20 alunos por sala, por quê?

Professores, subvertamos a ordem injusta imposta pelo poder, declarando a impossibilidade de lecionar Produção de Texto em sala por causa de 40 x 5= 200. A máquina deseja nos moer.

Professores de Língua Portuguesa, uni-vos!


Do Anônimo

O Anônimo, quando pode, deixa boas mensagens neste blogue. Leia esta dele:

Professor quero parabenizá pelo o seu blog. Espero que este canal de comunicação possa nos ajudar a desvendar o ministério da compra de um terreno pelo SINPLAC no valor R$ 80.000,00 sem o conhecimento e sem a autorização dos filiados, num local inadequado e fora do valor de mercado. Nos ajude a desvendar esse mistério.

Se isso for verdade, os filiados devem exigir que a atual presidente, antes de deixar seu cargo, submeta o sindicato a uma auditoria para que os verdadeiros números apareçam.

Por falar nisso, onde fica esse terreno?

quinta-feira, julho 23, 2009

Progresso

Estradas e pontes. Ruas asfaltadas. Pavimentação. Sobre esse chão, mercadorias e mais mercadorias. Políticos dizem que isso é progresso. Mercadorias. Televisões cruzam o Estado.
Que engano relacionar progresso a objetos. Progresso não está no aparelho de TV. Progresso é a programação a que assistimos.

quarta-feira, julho 22, 2009

O panfleto do Sinplac
















Não sou de ir a assembleias de sindicato. Às do Sinplac, poucas vezes. Se houvesse um encontro amplo sobre jornalismo sindical, o Sinplac teria minha presença para ouvir e sugerir ideias.

A questão, entretanto, é que jamais irei porque o Sinplac é incapaz de perceber a importância desse assunto.

Como não percebe, limita-se a gastar dinheiro (meu) com panfletos esporádicos. Como sabemos, por sua natureza, o panfleto apequena o jornalismo sindical.

Segundo a contabilidade do Sinplac, verba existe, o que não existe é ideia para formar uma equipe (muito criativa) e equidistante do aparelho sindical.

Criticam tanto o governo, mas falta autocrítica para novos caminhos esse jornalismo.

segunda-feira, julho 20, 2009

A entrevista do Carioca

Li com muita atenção a entrevista que o assessor político do governo do Acre, o Carioca, concedeu à TRIBUNA. Conheço Carioca desde 1993, quando participei de um congresso estadual do Partido dos Trabalhadores.

Quando vi esse acriano se expressando, logo percebi que eu estava diante de um petista arrogante, vaidoso, pedante, ou seja, diante de um ser político interessante. Ele tem suas falhas, mas bate um bolão por ser muito ético.




Hoje, mais velho, ele não perdeu o charme de ser um exímio provocador. Diante dele, a oposição e os sindicalistas não passam de Pateta.


Por causa de uma parte da entrevista, a oposição na Assembléia Legislativa espalha que Carioca falou contra o povo sul-cruzeirense. Sempre o apelo sentimentalesco.

Como me considero uma pessoa um pouco alfabetizada, Carioca afirmou na entrevista que, em 1999, comerciantes de Cruzeiro do Sul pagavam menos imposto à prefeitura do que o supermercado Araújo arrecadava. Ele disse comerciantes, não o povo.

Ele citou o exemplo dos taxistas. Impostos, eles não pagam à prefeitura. Em Cruzeiro do Sul, táxi não tem taxímetro.

Carioca, na entrevista, não fala contra acrianos humildes de Cruzeiro do Sul- é só ler o texto -, mas contra os que possuem poder econômico e político, contra os que não pagam impostos.

Não desvie a conversa, oposição.

sexta-feira, julho 17, 2009

O senador e este blogue

Escrito pelo assessor do senador Tião Viana (PT), jornalista Tião Maia, o texto é uma consequencia do que escrevi neste blogue sobre "a conta mexicana de telefone" e sobre "a entrevista do senador na revista Veja".

O senador reconheceu seu erro - e isso é nobre. O senador José Sarney não admitiu um só, e olha que são muito mais graves. Quando vejo um Sarney ainda no Senado como se fosse imortal, compreendo que o jogo político ultrapassa o maniqueísmo do P-SoL. No poder, o PT não pôde ser maniqueísta, mas é preciso haver limites. Não pode ser refém de um vale-tudo.

Na Veja, o senador, bem mais do que criticar o vale-tudo do presidente Lula, publicou sua autocrítica, o PT olhou para si mesmo. Isso falta às vezes no PT acriano e na Frente Popular. No campo educacional, por exemplo, o PT acriano não promove grandes encontros com a sociedade civil ou com os atores da educação. Em termos de imprensa, o PT não deixou a marca da diferença, usando-a apenas como propaganda para suas realizações.

Não senti em meu estômago aquele Acre do "Sopão enche o Bucho", mas muitos pobres comeram aquela gororoba. Quando posso, meus olhos visitam jornais antigos. Em minha casa, guardo muitos.

O PT não distribui sopão, tudo bem, porém outros erros. Um deles: pensão vitalícia para ex-governadores. Sobre isso, um silêncio. Embora reconheça isso e outras coisas, ainda sim, opto pelo PT nas próximas eleições. Não gosto de sopão. Não gosto desse passado.

Contradição não é erro.

Abaixo, o texto do assessor do senador Tião Viana.
_________________________
Professor Aldo Nascimento;

De ordem do excelentíssimo senhor Senador Tião Viana (PT-AC), venho, por este, manifestar sinceros agradecimentos por seu comentário, no Blog que leva sua assinatura, em texto datado de sete de julho de 2009, no qual Vossa Senhoria, ainda que tecendo críticas sobre possíveis erros de Sua Excelência, manifesta pubicamente preferência pelo nome do Senador numa eventual disputa para o Governo do Estado nas eleições do ano que vem. Embora o debate sobre o assunto não tenha sido aberto, principalmente no âmbito próprio, o Partido dos Trabalhadores, o senador manifesta alegria por declarações como aquela sobretudo por reconhecer tratar-se de uma manifestação de um profissional conhecedor da realidade local e nacional, e por isso, em caso de vir a ser de fato o candidato ao Governo, espera poder continuar contando com sua lucidez e solidariedade nas lutas por um Acre melhor para todos quantos amamos este lugar e sua gente. No mais, um forte abraço e nos colocamos à disposição no endereço seguinte: Travessa Guaporé, número 67, Bairro da Cerâmica, com o telefone 3226-5607.

______________________________

terça-feira, julho 14, 2009

Em defesa de Brasiléia

Acho um absurdo injusto a Academia Acreana de Letras e a deputada federal Perpétua Almeida (PC do B) defenderem somente a grafia "acreano", permanecendo indiferentes a "Brasileia". Precisamos lutar contra a falta de acento em Brasileia.

Segundo a nova ortografia, palavras paroxítonas com ditongos (-ei) e (-oi) não são mais acentuadas, por exemplo, ideia, diarreia, paranoico, Brasileia. Sem esse acento, Brasileia não será a mesma, seu povo perderá sua identidade, sua história.

Apresentarei um documento ao professor Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, para expor a importância social, política, cultural e econômica do acento ( ´ ) em Brasiléia.

domingo, julho 12, 2009

O índio em Mâncio Lima

O texto abaixo foi publicado na Folha de São Paulo, caderno Mais!, ou seja, a escrita é conforme o jornalismo. Por causa disso, o jornal registra idioma poianaua e não idioma Poyanawas ou aldeia Poyanawas.
__________________________________
Com apenas uma falante fluente, o idioma poianaua
é em sala de aula para que próximas gerações possam reutilizá-lo

LUIZA BANDEIRA
ENVIADA ESPECIAL A MÂNCIO LIMA (AC)

Parecem intermináveis os 30 segundos em que Railda Manaitá, 79, interrompe a conversa para tentar lembrar, em silêncio, como se diz "bananeira" em poianaua. Para qualquer um, seria um "branco" trivial. Mas, quando uma língua tem só três falantes, uma palavra esquecida é mais do que isso.

Railda olha para cima e se concentra. A insistência traduz o espírito dos poianauas: em um esforço conjunto, o grupo indígena tenta recuperar um idioma que foi proibido há quase cem anos e resgatar, com isso, uma identidade que parecia perdida.

A tarefa é árdua. Até hoje, a única história conhecida de língua que ressurgiu é a do hebraico, que perdeu seu uso durante a diáspora judaica e ficou restrito às cerimônias religiosas por cerca de 1.800 anos. Foi recriado como língua oficial em Israel.

O poianaua começou a desaparecer por volta de 1910, quando os índios foram sequestrados e escravizados na extração de borracha. A primeira providência dos seringalistas foi proibir o uso do idioma indígena e criar uma escola para que todos aprendessem o português.

Quem falava poianaua era castigado. Tinha os olhos furados, dentes e unhas arrancados e era açoitado, de acordo com o linguista Aldir de Paula, da Universidade Federal de Alagoas. "Os patrões foram inteligentes. É pela língua que existe controle social", diz.

Nos últimos 20 anos, morreram quase todos os falantes da língua, que eram crianças à época do contato. Após a escravização, os índios passaram a ter vergonha do idioma, que ficou quase esquecido.

Hoje, os cerca de 500 índios poianauas vivem onde funcionava a fazenda, em Mâncio Lima (AC), quase na fronteira com o Peru. Quem ainda fala a língua aprendeu escondido: além de Railda, seu irmão, Luiz Manaitá, 85, e o ex-cacique Mario Puyanawa, 65. Mas Railda é a única que ainda é fluente na língua.

DesobediênciaCriança nos anos de maior repressão, ela só lembra de ouvir falar na proibição uma vez. "Mas minha mãe não obedecia." Em casa, longe dos olhos dos patrões, Joana Manaitá continuava a falar poianaua. Foi devido a essa desobediência da mãe que ela e o irmão, Luiz, aprenderam o idioma.

Railda aprendeu a falar observando os mais velhos. Pegou os parentes de surpresa. "Ela vai falar nossa língua", comemoraram quando pronunciou as primeiras palavras, conta Railda, repetindo a frase em poianaua.

Mas a transmissão cessou aí. Nenhum filho de Railda aprendeu a língua. A neta Joana, 31, diz que não aprendeu porque, quando era criança, a identidade indígena não era valorizada. "A gente sabia que era índio, mas isso não mudava nada. Ninguém queria aprender poianaua".

Foi somente com o início do processo de demarcação da terra que a cultura poianaua começou a ser valorizada. Em 2002, um ano após o reconhecimento pela Funai [Fundação Nacional do Índio], a escola local passou a se chamar Escola Estadual Ixubãy Rabuy Puyanawa e adotou um modelo de ensino que valoriza a cultura indígena.A partir daí, o local criado para destruir o poianaua se tornou o principal foco de resistência à extinção do idioma.

A escola vai do ensino infantil ao médio. Todas as manhãs, os 232 alunos respondem à chamada em poianaua e dançam músicas indígenas. Eles aprendem nomes de animais, de partes do corpo, números e frases simples em poianaua.

O conteúdo das disciplinas é traduzido pelo professor Samuel Puyanawa, filho de Mario, de quem herdou um caderno com anotações em poianaua. Nas aulas de matemática, por exemplo, os nomes dos números são ensinados também em poianaua.

Mas, apesar do esforço, os resultados ainda são limitados. Nenhum aluno consegue manter um diálogo na língua. Uma gramática está sendo produzida, mas o sucesso do projeto dos poianauas ainda depende de Railda. Só ela sabe, por exemplo, a entonação das palavras.

ComplexidadeMorador da aldeia, Jósimo Constante, 20, fala inglês e espanhol e tenta aprender o poianaua. "Mas a lógica é bem mais complicada". A complicação à qual se refere é reflexo de um sistema linguístico que traduz uma forma diferente de enxergar o mundo. São essas riquezas, escondidas na diversidade dos idiomas, que desaparecem quando morrem as línguas. No poianaua, por exemplo, existem quatro formas diferentes de falar "nós": uma que inclui somente o interlocutor, outra para um grupo que não o inclui, uma terceira que inclui o interlocutor e todos os presentes e uma que significa todos os seres, todas as criaturas.

Tantas palavras para "nós" são reflexo da importância do coletivo para a etnia. "Eles fizeram várias assembleias até decidir escrever a língua e ensiná-la na escola. Levou muito tempo", diz a pedagoga Maristela Walker, da Universidade Federal do Acre.

Os poianauas sabem que também vai levar muito tempo até o projeto de recuperação dar resultado. Como os pais não falam, as crianças não têm como usar o conhecimento adquirido na escola em casa. Por isso, ninguém espera que os alunos comecem a falar a língua naturalmente.

"A ideia é que eles cresçam e ensinem o idioma para os filhos", diz a diretora da escola, Olinda dos Santos, 49.Mas paciência não parece ser problema para os poianauas. Depois de intermináveis segundos, Railda Manaitá lembra da palavra: "xiku", diz, aliviada. E volta a contar suas histórias.

Espetáculo da depressão



Maria Rita Kehl analisa os imperativos do consumo,
que negam ao sujeito o tempo necessário para se constituir

JURANDIR FREIRE COSTA
ESPECIAL PARA A FOLHA

"O Tempo e o Cão - A Atualidade das Depressões", de Maria Rita Kehl, é um livro empolgante. A leitura do trabalho é extremamente agradável, dada a qualidade literária da escrita da autora. Não se engane, entretanto, o leitor. A leveza do que é escrito é inversamente proporcional à densidade do que é dito. As numerosas referências conceituais mobilizadas e as hipóteses sustentadas exigem atenção e tempo para compreender. Portanto, qualquer resenha -inclusive esta- pode apenas fazer reverberar alguns aspectos da riqueza do tema abordado. É pouco, mas é o possível.

Maria Rita retomou o problema da depressão contemporânea pelo viés mais árduo: fazer [Jacques] Lacan dialogar com [Donald] Winnicott -dois herdeiros de Freud supostamente avessos um ao outro- e trazer a cultura para o interior da subjetividade. Como instrumento de análise, uma distinção nosológica e três grandes noções operativas: a distinção entre melancolia e depressão e as noções de gozo, tempo e vazio.

A descrição da melancolia, diz ela, permanece marcada pela tese freudiana da perda do objeto e do ataque ao próprio Eu, identificado em parte com o objeto perdido amado e odiado. Os sintomas melancólicos seriam, de um lado, a expressão da agressão ao Outro internalizado e, de outro, a resposta sintomática ao desinteresse do Outro pelo sujeito.

O fantasiado desinteresse é interpretado como sinal da vacuidade ou nulidade libidinal do indivíduo, donde a contrapartida do desinvestimento no mundo. O correlato cultural dessa organização psíquica seria o ethos da modernidade e da civilização burguesa oitocentista. A partir dos ensaios de Walter Benjamin sobre o barroco e sobre o mundo oitocentista de [Charles] Baudelaire, Maria Rita busca mostrar como a ordem socioeconômica reduplica, no nível simbólico, a vivência de superfluidade melancólica potencialmente inscrita em todos nós.

A depressão contemporânea é outra coisa. O deprimido, nesse caso, não sofre pela omissão do Outro, mas por sua intrusão. O protótipo desse tipo de trauma é a situação da mãe ansiosa ou obsessiva, que afoga o filho em cuidados constantes e excessivos. Como consequência, a criança não pode experimentar a falta -desilusão, na terminologia de Winnicott- que o leva a recriar na fantasia o objeto da carência, condição "sine qua non" da existência de seu desejo.

Assim, onde o desejo deveria advir, surge um arremedo de resistência ao gozo do Outro na forma passiva e reativa do esvaziamento de si. Essa predisposição se repete na etapa edipiana de rivalidade com o pai e redunda no retraimento do sujeito diante da vida pública ou privada. A montagem depressiva, assim, tem como premissa a onipresença do gozo do Outro, que sonega ao sujeito o tempo necessário à substituição metafórica ou metonímica do objeto ausente.

Tempo angustianteDe forma breve, faltou desilusão no passado; sobra desesperança no presente. Sem tempo para desejar, o sujeito se rende à louca injunção do supereu lacaniano: "Goza! Não goza!". Goza para não desejar; não goza para que o Outro goze. Essa é a alavanca que Maria Rita aciona para passar do registro pessoal ao registro cultural, pois os filhos do Outro invasivo são a versão psicanalítica do que [o pensador e cineasta francês] Guy Debord chamou de "filhos do espetáculo".

Na sociedade do espetáculo, o Outro da publicidade também assedia o sujeito com imagens da felicidade do consumo, sem deixar-lhe tempo para elaborar as perdas ou fruir os ganhos da vida. Mães atribuladas, pais privados de autoridade simbólica, sujeitos mesmerizados pelas promessas do estilo de vida drogado, todos vivem angustiadamente correndo contra o tempo ou paralisados na atemporalidade da depressão.

Em suma e em bom português, o tempo depressivo do espetáculo é, verdadeiramente, um tempo de cão. Como o tempo do filme "Corra, Lola, Corra" ou o de Jack Bauer [herói de série televisiva americana] e suas 24 horas. Contra isso, lembra Maria Rita, tempo é memória; memória é desejo e desejo é sujeito. Nem derrotista, nem ufanista, ela afirma que recobrar o direito ao tempo é restaurar a dignidade do desejo e a alegria de sentir que a vida vale a pena ser vivida. Pode-se pedir mais de uma psicanalista?

JURANDIR FREIRE COSTA é psicanalista e professor na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. É autor de "História da Psiquiatria no Brasil" (ed. Garamond), entre outros livros.

O TEMPO E O CÃO
Autora: Maria Rita Kehl
Editora: Boitempo (tel. 0/xx/11/3875-7250)
Quanto: R$ 39 (304 págs.)

sábado, julho 11, 2009

A chave da Biblioteca Estadual













Marcado com bastante antecedência, meus alunos chegaram à Biblioteca Estadual às 9h50 para assitir ao filme Escritores da Liberdade. A película começaria às 10 horas. Quando as portas se abriram, o relógio marcava 10h50.

Durante uma hora, os alunos esperaram por um objeto importantíssimo: a chave. Uma hora à espera do responsável pela chave, sr. Tota.

Assisto a filmes com meus alunos desde 1998 e sempre com ajuda de Tonivan, excelente pessoa que trabalha na Biblioteca Estadual até hoje. Em todo esse tempo, 11 anos, Tonivan jamais deixou de abrir a porta na hora certa, época em que a filmoteca não era tão confortável como hoje.

Reformada, com ambiente semelhante à cinema, muito confortável, a filmoteca foi aberta uma hora depois, e tudo isso porque uma só pessoa é responsável pela chave. Inacreditável. De quem foi a ideia centralizadora de deixar a chave com uma pessoa que não aparece?

Se for para deixar com um funcionário, deixem com Tonivan.

quinta-feira, julho 09, 2009

Freud na rádio

Talvez, na próxima segunda-feira, dia 13, a voz de Freud seja ouvida na rádio Gameleira (104.9), às 18 horas.

Evidente que não me refiro ao autor de Mal-Estar da Civilização, mas ao jornalista da TRIBUNA, o Freud Antunes.

O nome de seu programa? Freud explica. Essa, eu vou querer ouvir no divã.


Quem fará a autópsia do corpo sindical?

Há muito tempo, critico o Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Acre (Sinteac) e, recentemente, o Sindicato dos Professores Licenciados do Acre (Sinplac).

Quando surgiu o Sinplac, escrevi uma matéria no jornal Página 20 com 0 título "o fim do monopólio sindical". Na época, pensei que o hoje Sinplac fosse apontar novos rumos, mas os tolos vivem de ilusões. Enganei-me. Mulheres que sempre organizam o Sinplac cometem os mesmos erros dos homens sindicalistas. Elas também perderam o mouse da história.

Nietzsche disse que Deus está morto. Fukuyama afirmou que a história acabou. E os sindicalistas acrianos não sabem que o atual modelo sindical não passa de um cadáver. Quem fará a autópsia? quem terá coragem de tocar em suas vísceras? quem leverá esse corpo à análise?

Enquanto esse dia não chega, esse cadáver, que pensa estar vivo, assusta a inteligência de mortais.

Matéria de Freud Antunes

Trabalhadores da educação aceitam a proposta do governo

Os trabalhadores da educação aprovaram a proposta do governo do Estado na assembleia do final da tarde de ontem, no colégio estadual Barão do Rio Branco (CEBRB).

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sinteac), Manoel Lima, a categoria aceitou o acordo, pois houve avanços nos quatro pontos que tinham sido contemplados em negociações anteriores, entre eles, o reajuste da área administrativa das escolas, ou seja, níveis 1 e 2.

“Conseguimos contemplar, também, os aposentados e os assessores pedagógicos, além da implantação do piso nacional de R$ 1.132 até para os professores temporários”, explicou o sindicalista.

Com o fim da mobilização trabalhista, os trabalhadores começam a receber os aumentos de forma retroativa, sendo a partir de 1º de janeiro para os professores que tenham apenas o nível médio e, a partir de junho, para o setor administrativo.

“O nível 2 terá os R$ 50 de abono, além de 5% de aumento e o reenquadramento em outra letra, tendo até o final do ano 15% a mais no salário, então a categoria está sendo contemplada”, afirmou Manoel Lima.

segunda-feira, julho 06, 2009

Para muito além do senso comum

Quando o senso comum impera, um tipo de burrice coletiva nos coloca no pasto da superficialidade. Nunca ruminar o capim desse pasto é tarefa de poucos.

Tales Ab'sáber não pasta. Retirei o texto dele do caderno Mais!. Boa leitura.





Ruínas do pop
Michael Jackson realizou em seu corpo, e levou ao limite, a lógica da indústria do entretenimento

TALES AB'SÁBER
ESPECIAL PARA A FOLHA

O mundo pop já conhece suas próprias ruínas. Toda ruína é semelhante na fisionomia, mas guarda uma história particular, perdida em suas lacunas.

A vida e a morte, e sua dança na dinâmica da vida pop -em que personalidade, expressão, imagem e mercadoria se imbricam de modo único-, já podem ser catalogadas em um conjunto de possibilidades, "topoi" existenciais dos que atuam no império da imagem espetacular.

Há muito se conhecem os suicídios desejados, atuados, da impossibilidade de sobreviver à contradição entre a arte e a negatividade social da crítica; o movimento da contracultura, moderno, versus o império do espetáculo e a imagem capital do ídolo, que se torna um reprodutor e também um responsável pelo sistema geral do fetichismo, do poder.

Os "war heroes" dos anos 1960 e 70 ou se mataram -Hendrix, Joplin, Morrison, Vicious- ou foram mortos, em um processo que revela a articulação de suicídio e assassinato, como o de Lennon; ou sobreviveram ao próprio suicídio protelado, como [Keith] Richards, ou [Eric] Clapton, ou o nosso Arnaldo Baptista; ou, ainda, aceitaram serem mortos simbolicamente ao reduzir o seu nível de conflito ao grau zero da mera reprodução do mundo como ele é.

O processo do apaziguamento histórico da ilusão de massas da contracultura foi muito violento, uma guerra simbólica, em que os ajustes foram feitos na carne e na vida, e à qual muitos não sobreviveram. A responsabilidade dessa violência foi totalmente transferida aos dionisíacos.

Michael Jackson representou outro modo de viver e de morrer no universo tanático dionisíaco do pop. Ele é um artista positivo, da afirmação do que existe, e da realização total desse próprio espaço social e histórico em seu corpo. Em primeiro lugar, tudo já foi dito sobre ele, e tocar outra vez no sistema explícito de suas formas e de seu dilema é simplesmente confirmar um clichê, uma reiteração do espetacular.

Mas, paradoxalmente, é este mesmo um dos aspectos mais importantes de sua forma humana e política: Jackson se transformou em um objeto de visibilidade total, ele passou a viver sob o signo daquilo que os psicanalistas chamam de "atuação", em uma escala de massas talvez jamais vista.

Isso quer dizer que apenas externalizando tudo o que sentia e vivia e passando ao ato, ao teatro da realidade exterior visível, o que portava em si, ele podia chegar a conhecer algo de si mesmo. Ao contrário de alguém que sonha, e preserva um ponto de mistério em seus sonhos, e uma relação de interioridade consigo mesmo, Jackson expulsava o sonho de si realizando-o na onipotência de seu lugar real de poder, no espetáculo e no dinheiro.

Zumbi
Sua atuação total dos anos 1980 e 90, seu espetáculo total, incluindo aí o próprio corpo, a ponto de virar uma coisa de si próprio, sinalizou mesmo a época de mudança do modo de orientar a subjetividade frente ao crescente poder do mercado e o falimentar valor da política: do humanismo do sujeito sonhador ao fetichismo e exibicionismo do psiquismo atuador, que busca se identificar com o poder crescente e total da coisa na cultura, a ação visível da própria forma mercadoria sobre os homens.

Seu sonho realizado, exposto ao voyeurismo desejante de milhões, totalmente projetado na realidade que o cercava, tornou-se de fato o pesadelo da regressão humana ao polimorfo perverso das origens de todos nós, metamorfoseado em espetáculo, hipervisível para todos, sem mais dimensão de intimidade ou interioridade.

Desde "Thriller" Jackson tornou-se o efeito especial por excelência, a imagem técnica da própria indústria atuando sem parar, encarnada.

O sonho foi acompanhado universalmente em tempo real.

Um travestismo total, estranhamente familiar, que invertia e suspendia o sentido de tudo: o bonito jovem negro tornou-se andrógino, mas também branco, não apenas Diana Ross, mas também Liz Taylor, mas também, à medida que envelhecia, tornou-se imune ao tempo, perpetuamente jovem, ou criança, mas também coisa, brinquedo, o próprio corpo da mercadoria, boneco do sonho pop americano, ou Barbie, que virou Chuck, ou ídolo pop que virou múmia, ou Michael Jackson que virou zumbi...

Este novo Frankenstein espetacular, que realizou em sua metamorfose milionária e sinistra o estatuto autoritário da técnica, do dinheiro e da mercadoria sobre o corpo humano e sobre as relações do sentido das coisas, acabou por virar, e revelar, o pesadelo americano e, se todos os seus consumidores contribuíram com seu gozo diante da degradação do jovem ídolo, no fim das contas Jackson simplesmente não poderia ser preso pela América, como deveria ter sido, quando passou a "devorar" criancinhas como em um conto de fadas bizarro, que vem do real.

Todos sabemos, e Michael Jackson teve a loucura (ou a sanidade?) de deixar isto explícito, que aquela criança linda que entrou para a indústria do espetáculo aos cinco anos de idade, com voz de "castrato" e o soul de Marvin Gaye, é que foi devorada pelo verdadeiro monstro do nosso tempo. Mas o seu próprio desejo também criou esse monstro.

No final dos anos 1960, quando os Jackson 5 assinavam seu contrato com a Motown, um outro gênio, de outra família da música negra e pop americana, Sly, com sua família Stone, cantava ironicamente aquilo que o lindo menininho Jackson, com seu canto e sua dança de fazer chorar, um dia representaria inteiramente, sacrificando a isso todo corpo e espírito: "All the plastic people" [Toda a gente de plástico].

O amor de Diana Ross por ele era ao mesmo tempo admiração pelo enorme talento da música negra e simples amor materno, numa preocupação limite sobre o destino humano daquele profissional bebê. Em 1989, Gilberto Gil sinalizava a conexão interior de transformismo, poder e morte, que todos intuímos no ídolo: "Bob Marley morreu/ Porque além de negro era judeu/ Michael Jackson ainda resiste/ Porque além de branco ficou triste".

Entre o menininho maravilhoso que foi invadido pela indústria tão radicalmente cedo e a coisa em si do espetáculo, e a cena perversa acompanhada por todos, do adulto que era pura visibilidade, temos a história da assimilação negra ao mercado e ao fetichismo industrial americano, que não se tornou libertária. Michael foi um verdadeiro cidadão Kane do momento avançado do capitalismo turbinado. De fato, um "cidadão quem?"; ou, melhor, "cidadão o quê?".
--------------------------------------------------------------------------------
TALES AB'SÁBER , psicanalista, é autor de "O Sonhar Restaurado" (Ed. 34).

sábado, julho 04, 2009

Crianças e idosos












Foto antiga, muito. Essas dançarinas infantis estão alegrando a vida de idosos. Meninas que ensaiam a sedução.

Esse fato ocorreu no Lar dos Vicentinos, um local em Rio Branco que acolhe velhinhos.

Veja o senador Tião Viana

Senador, neste pouco lido blogue, teci críticas a seu mandato na condição de seu eleitor. Não gostei daquela história do telefone mexicano. Passado esse tempo, li sua entrevista na revista Veja e, senador, hummmmm!, confesso que gostei muito de sua lucidez.

Esse exercício da crítica e da autocrítica pertence à natureza do Partido dos Trabalhadores. Gostei muito, senador. Não colocarei aqui a entrevista, melhor comprar a revista.

Comprei.

E, caso seja candidato a governo do Estado do Acre, votarei no senhor e ainda conseguirei alguns votos.

sexta-feira, julho 03, 2009

Sabe ou não sabe

É tradição o aluno copiar da internete trabalhos escolares (ctrl C e ctrl V). Há casos em que, depois de copiar e de colar, o aluno lê diante dos colegas e do professor o que a internete disse.

Na escola Heloísa Mourão Marques, professores de Literatura e de Língua Portuguesa, em uma reunião do Conselho de Disciplina, definiu que o trabalho escolar não seria mais uma cópia. Os alunos deverão escrever à mão.

No entanto, isso ainda seria pouco, porque um aluno poderia escrever por todos ou todos poderiam escrever, mas sem saber o que escreveram. Assim, além de escreverem à mão, definimos que eles deveriam saber o que escreveram por meio de perguntas do professor. Dessa forma, o trabalho vale 4 pontos.

Nesta semana, entregaram e responderam a perguntas sobre os trabalhos de Romantismo, Simbolismo e Modernismo. Quando começavam a falar, eu os interrompia para explicar sobre o que diziam.

Se liam a oposição entre o subjetivo do Romantismo e o subjetivo do Simbolismo, eram interrompidos para discursar sobre o subjetivo nas duas estéticas. Se ambas estéticas se opõem à revolução industrial, tinham que discursar sobre o conceito objetivo no processo industrial.

Os alunos precisam pensar a palavra, criar um discurso a partir delas. Não se fala o pensamento sem pensar a palavra.

Desde 16 de fevereiro, eles sabiam que na primeira semana de julho apresentariam um trabalho, porque um calendário foi apresentado por mim no primeiro dia de fevereiro, ou seja, sabiam com seis meses de antecedência o que apresentar.

Uns conseguiram ótimos resultados. É hora de mostrar se sabe ou não sabe. A universidade os espera.

quinta-feira, julho 02, 2009

De Josias de Souza

O PT e seu dilema: virar a mesa ou senta-se a ela?

Um moralista, como se sabe, é um degenerado que ainda não ficou preso no elevador com a Maitê Proença.

Do mesmo modo, um petista é um tucano que ainda não recebeu um pedido do Lula para apoiar o Sarney.

Poucas horas antes de um jantar em que Lula apelará por Sarney, a bancada de senadores do PT vive um dilema.

Assediado pela crise moral do Senado, o petismo não sabe se vira a mesa ou senta-se a ela, ao lado de Sarney e tudo o que ele representa.

Na noite de terça (30), sete dos 12 senadores do PT posicionaram-se a favor de um pedido de licença de Sarney.

Na quarta (1), informado acerca da novidade, Sarney disse que preferia renunciar a licenciar-se.

Do estrangeiro, onde se encontrava, Lula entrou em parafuso.

Pôs-se a telefonar para Brasília. Mobilizou ministros e assessores. Era preciso chamar o PT às falas.

A firmeza do petismo subiu no telhado. Ou, por outra, escalou um muro que, noutros tempos, era território exclusivo do tucanato.

Numa das peças de Nelson Rodrigues, ambientada num Rio de Janeiro que ainda era a capital do país, um personagem grita, em meio a uma suruba:

"Se Vinicius de Moraes existe, tudo é permitido!"

A frase é, na verdade, uma atualização de comentário de outro personagem, de Dostoievski: “Se Deus não existe, tudo é permitido”.

Pois bem, Lula sugere ao PT que reflita sobre outra máxima: Se Sarney existe, tudo é permitido. Inclusive apoiar o inaceitável, em nome da governabilidade.

Em 1959, o Partido Social Democrata alemão rejeitou os conceitos de “luta de classes” e “economia planificada”.

Em 1991, o Partido Socialista francês renegou o marxismo.

Em 2002, numa carta ao povo brasileiro, Lula pisoteou o passado e aceitou as regras do mercado.

Em 2009, Lula pede ao PT que renegue os princípios da moralidade pública. Na prática, mera formalização de algo que já ocorreu.

O PT de hoje, evidentemente, não é o PT de ontem. No governo, viu-se compelido a mimetizar o PSDB de FHC, abraçando-se a parceiros como o PMDB.

Um PMDB que frequenta as franjas do poder ameaçando romper com o governo, pleiteando, pedindo, querendo... E obtendo.

O apoio do PT a Sarney, exigido por Lula, será mais um exemplo das metamorfoses que o poder costuma operar.

Para que a hipocrisia possa funcionar, salvando o Senado do caos, é preciso que o PT faça o seu papel. O papel de otário.

Otário consciente, assumido, que reconhece a conveniência de sucumbir às amoralidades alheias em nome da governabilidade.

Afinal, Se Sarney existe, tudo é permitido!

quarta-feira, julho 01, 2009

Professor não faz greve

O jornalista Freud Antunes publicou na TRIBUNA uma matéria sobre a paralisação dos trabalhos na rede estadual de ensino. Antes de seu texto, um comentário.

Em uma assembleia do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Acre (Sinteac) que não representou 10% dos professores do Estado, uma minoria votou a favor da "greve"(?) dos professores estaduais.

Aos que fazem do sindicalismo uma profissão, digo que deveriam ler a origem e o sentido autêntico da "greve". Se lerem, perceberão que, na condição de profissionais, estão equivocados, e muito. Senhores, não existe "greve de professores". É feio mentir. Professor repõe aula.

Se eu parar na segunda-feira, terei de repor as aulas. Ora, isso não cria nenhuma pressão contra a Secretaria de Educação. Se eu parar por 30 dias, só estou jogando para janeiro o término do ano letivo. Dessa forma, não existe "greve de professor", mas a reposição de aulas.

O Sinteac, que pega meu dinheiro sem minha autorização por meio do imposto sindical, não só envelheceu no tempo como se encontra enfermo no leito da história. O mundo mudou, menos ele. Diante de um espelho estilhaçado, ele fala para si mesmo a verdade infecunda dos retardados. É sempre a mesma decrépita prática previsível - a pseudogreve.

Na segunda-feira, a escola onde leciono negou a "reposição de aula". Por favor, deixem-nos em paz com o nosso direito de ir e de vir. “Quem furar a greve vai se dar mal com o sindicato, por isso é preciso fazer piquete e fechar as escolas até com correntes”, afirmou Manoel Lima, presidente do Sinteac.

A questão não é fechar a escola com correntes, mas abrir a mente de sindicalistas para outras possibilidades de organização sindical.

Enquanto essa possibilidade não dá sinais de vida inteligente na Terra, espero lecionar em paz na segunda-feira. Minhas aulas são mais significativas do que esse mazelento monólogo sindical.
___________________________________
Trabalhadores da educação entram em greve
De Freud Antunes


Na frente da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), os trabalhadores da educação recusaram na manhã de ontem em assembleia proposta do governo do Estado. A categoria prometeu entrar em greve por tempo indeterminado a partir de segunda-feira.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinteac), Manoel Lima, afirmou que houve avanços nas negociações, mas, como as vantagens não contemplaram aposentados e assistentes pedagógicos, todos decidiram organizar uma manifestação por melhorias.

Para os trabalhadores, o reajuste médio de R$ 80 também não alegrou os professores, além de críticas aos R$ 50 de abono para o setor administrativo.

Com a recusa da proposta do governo, o Sinteac convocou a categoria para a organização de um piquete, impedindo que as escolas funcionem.

Quem furar a greve vai se dar mal com o sindicato, por isso é preciso fazer piquete e fechar as escolas até com correntes”, afirmou Manoel Lima.

Enquanto os professores do Estado radicalizaram, a categoria da rede municipal de ensino rejeitou a proposta do município e ofereceu um prazo de 15 dias para uma contraproposta.

Os trabalhadores reivindicam o pagamento do piso nacional de R$ 1.132,40 para os professores que tenham nível médio.

Assembleia

Para hoje, o presidente do Sindicato dos Urbanitários, Marcelo Jucá, afirmou que os servidores do Serviço de Água de Rio Branco (Saerb) se reunirão para decidir se deflagram ou não uma greve por tempo indeterminado.

Os trabalhadores reivindicam 10% de reajuste, mas a direção da autarquia se recusa em conceder o benefício.

Morre o velho ensino médio

Conselho de Educação aprova fim de disciplinas
no ensino médio; cem escolas devem implantar

Da Redação do UOL
Em São Paulo

O CNE (Conselho Nacional de Educação) aprovou nesta terça-feira (30), em Brasília, a proposta do MEC (Ministério da Educação) de apoiar currículos inovadores para o ensino médio. Pelo projeto, será possível lecionar os conteúdos de maneira interdisciplinar, sem que sejam divididos nas tradicionais disciplinas como história, matemática ou química. O aluno também terá condições de escolher parte de sua grade de estudos.

A partir de 2010, cerca de cem escolas deverão receber financiamento da pasta para implantar mudanças curriculares com o objetivo de tornar a etapa de estudos mais atraente.

"Esperamos que essa proposta seja acompanhada e avaliada e possa se tornar uma política universal", disse a secretária de educação básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda.

De acordo com ela, a intenção é que o programa seja estendido e que todas as escolas que oferecem ensino médio possam adotar as mudanças curriculares. "Nossa intenção não é ter escolas modelos, mas que todas possam oferecer ensino de mais qualidade", disse o coordenador-geral do ensino médio da Secretaria de Educação Básica, Carlos Artexes Simões.

Como funciona a ideia
Pela proposta, o ministério financiará projetos de escolas públicas que privilegiem, entre outras mudanças, um currículo interdisciplinar e flexível para o ensino médio.

A intenção é que a atual estrutura curricular - organizada em disciplinas - seja substituída pela organização dos conteúdos em quatro eixos: trabalho, ciência, tecnologia e cultura, para que os conteúdos ensinados ganhem maior relação com o cotidiano e façam mais sentido para os alunos. Outra mudança a ser estimulada é a flexibilidade do currículo: 20% da grade curricular deve ser escolhida pelo estudante.

O texto prevê o aumento da carga horária mínima do ensino médio - de 2,4 mil horas anuais para 3 mil - além do foco na leitura, que deve passar por todos os campos do conhecimento. A proposta estimula experiências com a participação social dos alunos e o desenvolvimento de atividades culturais, esportivas e de preparação para o mundo do trabalho.

Segundo Artexes, a partir das recomendações do CNE à proposta, o ministério terá condições de organizar o programa e apresentá-lo aos estados e ao Distrito Federal. "Nos próximos 40 dias, o ministério definirá o volume de recursos disponível para o programa e a forma de financiamento, se diretamente à escola ou se por meio de convênio com as secretarias estaduais", afirmou.

* Com informações da Assessoria de Imprensa do MEC