domingo, novembro 28, 2010

O Rio que passa pelo Acre


O governo da Frente Popular importa umas boas merdas do Rio de Janeiro. A última bosta que boiará no rio Acre chama-se Latino; ele infectará o solo acriano com alienação.

De quem partiu a ideia de gastar dinheiro público com o excremento "Festa no Apê?"

Por que não contrataram O Rappa? Por que não contrataram Gabriel, o Pensador? Por que não contrataram o AfroRegge? Por que não contrataram Negra Ly? Por que não contrataram Túlio Dek? Por que não contrataram Marcelo D2? Por que não contrataram Fernandinha Abreu?

Será que nesta merda tem o dedo do Dudê?

Seja quem for do governo, eu penso que deveria morar no Rio de Janeiro durante uns meses para conhecer a autêntica música popular. Um pessoal alienado que está no governo deveria, primeiro, deixar de ser alienado para, depois, importar a boa cultura musical do Rio de Janeiro.

É uma gente deslumbrada com a Cidade Maravilhosa e que não entende porra nenhuma de cultura popular. Se gostam tanto de Latino, ouçam seus ruídos em suas casas. O povo do Acre merece algo melhor.

Uma dúvida: se o Acre exportou as belas e inteligentes letras do grupo Los Porongas, por que importar do Rio de Janeiro as fezes de Latino?

quinta-feira, novembro 25, 2010

Orai e vigiai... armado!

Nesses últimos dias, Jesus Cristo desarmado no Rio de Janeiro é inútil.

Só a fé não remove favelas e só as armas removem traficantes.

segunda-feira, novembro 22, 2010

Sobre tua face



De todas as montanhas,
De todas as planícies,
De todos os mares,

aqui, eu, nu sobre teu corpo,
instantes antes de meu gozo,
contemplo a mais bela paisagem:

teu rosto.

domingo, novembro 21, 2010

Jormais retalhados

1)
Entre todos os estados, o Acre fica na terceira posição como o mais dependente do Fundo de Participação dos Estados, o FPE.

O primeiro é Amapá (60,9%). O segundo, Roraima (57,9%). O Acre fica com 52,6% de dependência, ou seja, de cada R$ 100 das receitas do estado, R$ 52,6 são do FPE.

Hoje, 85% do fundo destinam-se às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A Constituição de 1988 determina que 21,5% da receita do IR e IPI sejam repassados aos estados.

O governo da Frente Popular estima que os cortes do FPE atingiram R$ 400 milhões nos últimos quatro anos, sendo R$ 200 milhões só em 20010.

2)
Hoje, Ferreira Gullar, poeta, escreveu em "O Globo" que não aceita na arte o vale-tudo. Literatura é arte, isto é, nem todos são escritores. No final, ele afirma: "As pessoas são iguais em direito, mas não em qualidades."

3)
Temos uma noção errada de elite. Pois bem, essa elite ameaça o futuro do governo de Dilma Rousseff com greve. Alega-se baixo salário. O salário dessa elite gira em torno de R$ 12,7 mil.

Boa parte desse pessoal está entre os 5% mais ricos do país. O nome dessa elite? Servidores da Justiça.

4)
Em São Paulo, sindicalistas desviam dinheiro de contratos de planos de saúde da categoria. No Acre, Sinplac e Sinteac não realizam auditorias em suas contas. Não sei o que fazem com o meu dinheiro.

sexta-feira, novembro 19, 2010

Deuses negros


Ao dia da Consciência Negra, ofereço minhas palavras.

Bendita seja a cor negra de deuses que dançam, cantam e riem. Se no passado o deus dos brancos chicoteava a carne negra na senzala com a verdade bíblica, bendita seja hoje a cor de teus antepassados que não leram a Tábua de Moisés.

Os terreiros são mais alegres que as igrejas.

Se não havia o corpo de Cristo como hóstia, havia o tronco. Se não havia o sangue de Cristo como vinho, havia o suor da escravidão.

Se não havia sermão, havia gemido. Se não havia castiçal, havia grilhões. Se não havia missa, havia macumba. Se não havia Jesus, havia orixás.

Se não havia o perdão, havia o negro a cantar e a bailar.

Os terreiros são mais alegres que as igrejas.

quinta-feira, novembro 18, 2010

Uma [re]vista do que somos

O professor-doutor Carlos Alberto (foto), diretor das Faculdades Euclides da Cunha, idealizou a revista "Visões Amazônicas". Mas não existe só a idealização. "Visões Amazônicas" tem capital para sua independência.

A maioria de suas páginas, porém, carece ainda de palavras porque as pessoas não escrevem. Há mais de três meses, eu enviei a um professor universitário quatro questões e, até o momento, não li as respostas.

Temos independência e verba, mas não temos autores para escreverem seus artigos, suas matérias, suas monografias.

Colocar em páginas palavras questionadoras e inquietantes sobre o Acre, longe do lugar comum dos políticos e da padronização jornalística local, por isso uma [re]vista do que somos nesta parte da maior floresta do mundo, por isso "Visões Amazônicas".

Quantas monografias de recém-formados, quantas dissertações de mestres e quantas teses de doutores permanecem sepultadas em bibliotecas nunca visitadas pela maioria da população? Quantos saberes sobre o Acre conservam-se em páginas jamais lidas por uma gente simples?

As Faculdades Euclides da Cunha acreditam que monografias, dissertações e teses possam se transformar - sem que percam a qualidade - em textos simples para que sejam lidos por mais pessoas em vários locais da cidade, porque esse saber não pode ser demarcado somente pelas paredes de bibliotecas. Esse saber precisa estar também em consultórios médicos e dentários, em salões de beleza, em grades de supermercados, em clínicas de estética, em comércios da periferia.

Além de uma produção acadêmica adequada a uma revista popular, "Visões Amazônicas" edita textos jornalísticos desobedientes a padrões anacrônicos, por exemplo, página policial e entrevista. A página policial não tem o direito de marginalizar indivíduos conforme o boletim de ocorrência da delegacia. O repórter de "Visões" precisa transcender os fatos a ponto de inverter, por meio de investigação, a relação de valores entre marginal e autoridade. No caso da entrevista, o entrevistador da revista não pode manter um monólogo com o entrevistado. Um jornalismo comprometido, portanto, não com a verdade do senso comum, mas capaz de revelar a mentira que há por trás dessa verdade.

No Acre, precisamos de ideias, de outras falas. Precisamos de visões.

Resposta a Josafá

Meu amigo, se você estivesse no Rio de Janeiro durante um mês lendo jornal, teus olhinhos, que não são azuis, ficariam arregalados com as informações. Hoje, houve tiroteio na avenida Rio Branco, detalhe, em plena luz do dia. O PM morreu no local. Um pedestre foi mantido como escudo. O marginal foi executado por outros PM.

A Cidade Maravilhosa não é lugar para trabalhar, tudo aqui cheira a engarrafamento. Outra: quando comparam a violência em Rio Branco à do Rio de Janeiro, eu rio, eu rio, eu rio.

Claro que o Acre tem seu lado ruim, por exemplo, ausência de um bom cinema com filmes autorais, teatro fora do circuito nacional e pagamento em 20 vezes nas Casas Bahia; mas, para trabalhar, eu gosto muito, porque não há engarrafamento, meu deslocamento ainda é rápido.

Também não espero que as coisas melhorem mais ainda no Acre, faço minhas críticas neste blogue sem esperança de ver uma Frente Popular menos burra, de ver um PT menos viciado pelo poder. Na vida, Josafá, não existe esperança, só existe a morte, o fim de todas as esperanças.

A minha vida no meu Acre é tranquila, calma. O Rio, há muito tempo, deixou de ter paz. O Cristo Redentor, meu amigo, se não for cínico, é indiferente. Além disso, mesmo com o custo de vida mais caro no Acre, professor na terra de Galvez recebe melhor.

Agora você me dá licença, porque uma bala perdida atingiu minha fé nos homens.





domingo, novembro 14, 2010

O tempo, as compras, Mony e as notícias

Região dos Lagos, Rio de Janeiro. Chove em Maricá. Pela manhã, comprei os jornais "O Globo" e "Folha de São Paulo", tudo por R$ 8.

No Acre, não há "O Globo", e "Folha de São Paulo" custa aos domingos R$ 7. Tudo é mais caro.

Ontem, comprei verduras e fruta para a minha amorosa mãe. Pela "Folha de São Paulo", adicionei à minha biblioteca "O Livro Vermelho", de Mao Tsé-Tung.

No dia 24, meu pai irá ao médico para saber o grau da vista direita.

Hoje, mais uma vez, almoçamos em paz. Meu irmão, à esquerda; e minha amada esposa, Mony, à direita. Na cabeceira, meu pai; diante de mim, Dilma, o espírito da casa. Depois das conversas, eu e Mony fomos dormir.

Às 17 horas, fomos assistir na sala ao belíssimo filme "O escafandro e a borboleta", do diretor Julian Schnabel, premiado em Cannes, em 2007. Filmes devem provocar a inteligência e sensibilizar, por isso essa película de Julian.

Amar também significa (com-par)tilhar momentos agradáveis à alma, por exemplo, filmes. Mony é este amor eterno com quem divido meu destino. Aprendemos o sabor de viver quando assistimos a filmes que educam.

Nesses quase seis anos de amor-paixão-amizade, muitos são os filmes.

Também dividimos as leituras de jornais. Destaco algumas:

A Frente Popular deveria aprender com o PMDB

1) No Rio de Janeiro, capital, a Unidade de Polícia Pacificadora não se compara ao que o PT acriano pensa sobre segurança pública. Na terra do Cristo Redentor, segurança não se limita a policiais.

Uma união entre governo, empresários e população tem transformado a realidade social das favelas. No jornal "O Dia" de hoje, uma foto destaca um PM tocando violão com jovens, isso quer dizer que policiais militares promovem encontros culturais.

Trata-se do projeto "Vozes & Acordes", com aulas gratuitas sob a batuta do soldado Fausto Oliveira da Cunha. No Acre, o PT, com uma concepção de segurança pública pífia, até hoje, após 12 anos, ignora a relação entre cultura e quartel.

O PT acriano é atrasado porque ainda pensa que segurança é caso de polícia.

Doze anos de pobreza

2) Leio na "Folha de São Paulo" que o Acre é um dos estados da Região Norte que mais precisam de dinheiro para acabar com a miséria. Ocupa a segunda posição. Por cada acriano, são R$ 9,55 por mês para a terra de Galvez e R$ 9,63 para o Amapá.

Será que as pensões dos ex-governadores ajudariam?

No Norte, temos 1,4 milhão de indigentes (renda familiar per capita de R$ 70) e 2,3 milhões de pobres (renda familiar per capita de R$ 140).

sexta-feira, novembro 12, 2010

Uma troca literária entre dois professores

Gleyson Moura, professor da escola estadual Leôncio Carvalho, realiza um projeto literário nesse espaço escolar, em Rio Branco, Acre. Ele pediu para eu comentar sobre o projeto depois de ler a matéria no sítio ac24horas. Li e questionei o projeto.

Depois, meu colega de profissão enviou algumas apreciações. Vamos a elas com meus comentários.

Há tanto por dizer que nem sei se caberá nesse espaço. Vamos, então, ao bom e velho sistema de enumeração.

1. Sempre gostei de um bom debate sobre literatura. Respeito as suas idéias e inteligência, por isso as provocações;

Gosto muito de uma boa provocação para que, neste caso, a realidade literária na escola seja repensada.

2. Concordo que o grau de teorização sobre literatura em nossas escolas é muito baixo, existem degraus pelos quais é preciso ascender. Mas, para isso, é necessário pensar estratégias que desenvolvam nos alunos o gosto pelo texto literário. Trazer para a sala de aula pessoas apaixonadas por literatura para compartilhar conosco dessa paixão, falar sobre seus textos (consagrados ou não), suas relações com nosso espaço vivido e sobre o processo de composição, pareceu-me uma boa estratégia. É um começo.

A leitura na escola acriana inexiste, professor não lê para seus alunos. Há anos, desde quando lecionava no Rio de Janeiro, de 1990 a 1992, eu lia bons romances para meus alunos. Após 20 anos de sala de aula, aprimorei minha forma de lecionar literatura. Hoje, realizo uma comunhão entre ótimos filmes e ótimos textos literários. E para isso, Gleyson, não basta só a paixão, é fundamental uma sólida e flexível base teórica.

Toinho Alves e outros que se acham escritores podem ser apaixonados, mas isso não basta, é pouco. Sem leitura de autores básicos, como Roland Barthes, Blanchot, Iser, Deleuze, Antônio Cândido, Anazildo Vasconcelos, Luís Costa Lima e outros, a paixão é vazia.

Imagine Toinho falar sobre medicina ou direito, imaginou? Se ele não está credenciado para falar sobre direito, por que estaria para literatura?

Outra questão. Para aluno apreciar a leitura, alguém deve ler para ele, é preciso haver uma referência. Para muitas classes sociais, a única referência como leitor é o pastor da igreja. Além de o professor ler em sala, em uma lugar adequado, ele deve partir de alguma escolas ou escolas literárias para manter sua interpretação.

Na escola Heloísa Mourão Marques, eu leio no auditório, onde existe o conforto do silêncio. Se desejamos despertar nos alunos paixão por leitura, por exemplo, ficcional, a escola deve exercitar a leitura em sala, e não alguns escolhidos de forma não muito criteriosa falarem sem base teórica sobre literatura.

Por que a Secretaria de Educação não realiza seminário entre autores consagrados e alunos? Toinho Alves faz parte do poder, é amigo do poder, ele poderia viabilizar isso, mas... Agora entenda: realizar encontros bienais.

3. Nesse ponto, pergunte aos seus alunos o que eles pensam a esse respeito.

Posso saber o que pensam, mas eu queria que a SEE possibilitasse escritores nacionais na escolas públicas. Construir viadutos custa mais caro.

4. Aliás, se estiver na cidade, gostaria de contar com sua participação, em nosso projeto, como avaliador, entre outros avaliadores que estou convocando (data provável em 06 de dezembro, ainda por definir); Senão, como visitante. Também gostaria de levar dois ou três grupos para apresentar para os seus alunos, como uma forma de treino;

Olha, deveria entrar, na avaliação escolar, apresentação de filmes relacionados à literatura. Depois, debates entre alunos e professores. A escola poderia ser um espaço para o cinema-livro. Quanto à minha participação, não sou o mais indicado. Quanto a meus alunos receberem algum grupo, tudo bem.

5. Obviamente, uma interpretação subjetiva deve ser apoiada por argumentos que a comprovem, e isso não tem deixado de acontecer no projeto que estou ajudando a coordenar;

Você diz mas creio que tais não têm base teórica. Li o que Toinho Alves fala de poesia, e eu só lamento.

6. Não se trata de nivelar ou de banalizar a literatura. Trata-se da fruição do texto literário, independente do autor pertencer ou não à grande literatura. Como disse Octávio Paz, "as redes de pescar palavras são feitas de palavras.";

Só pesca bem quem sabe pescar. Precisamos pescar, primeiro, teóricos literários para depois fisgar as palavras corretas, adequadas, apropriadas.

7. É necessário primeiramente conhecer o texto, para só então poder-se avaliar seu mérito ou desmérito. Seu valor literário independe da maneira como foi publicado;

É preciso haver o reconhecimento nacional para colocar tais autores no currículo escolar. Para eu conhecer o Acre, não preciso de pseudoescritores acrianos; posso entender o Acre por meio de Mário de Andrade, de Ariano Suassuna, de Milton Hatoum.

8. Sobre Gilles Deleuze, ainda estou lendo "A ilha deserta". depois falaremos sobre isso;

Não li "A ilha deserta". Sobre literatura, li alguns livros dele, por exemplo, "Proust e os signos".

9. Por fim, concluo que está na hora de ter o meu próprio blogue e parar de ocupar tanto espaço nos blogue dos outros.

Nada disso. Penso ser muito bom você colocar suas experiências profissionais. Quando ele estiver pronto, me avise para eu colocar no meu blogue.

Depois de minhas críticas, saiba que penso ser positiva a sua ideia. Discordo, mas respeito muito a sua iniciativa. Embora Toinho Alves não seja a pessoa mais indicada para falar de literatura para alunos, ainda sim, é válido.

quinta-feira, novembro 11, 2010

Meu colega de profissão Gleyson Moura (2),

não deixe que teus olhos leiam minhas palavras com (anti)patia, porque ideias devem estar muito acima de nomes. Recortarei teu texto e, uma vez assim, colocarei minhas apreciações.

"Na verdade, Toinho Alves não afirmou que Carlos Drummond de Andrade é romântico. Se assim pareceu, isso se deve a uma falha de redação do jornalista que publicou a matéria. Mesmo que tivesse afirmado isso, seria uma interpretação pessoal, subjetiva (o que também interessa ao projeto)."

Se eu admitir teu pensamento, um aluno poderá afirmar que Castro Alves é realista porque prevalece a interpretação pessoal. Ora, para interpretar, para criar um discurso, o falante deve dominar categorias analíticas ou conceitos. Se afirmo que Castro Alves é romântico, eu tenho de dominar os conceitos que habitam sua poesia.

Quero dizer com isso que não existe "interpretação pessoal", mas busca, por exemplo, por conceitos. Evidente que Drummond não é romântico; ele pode ser também romântico em uma poesia. Na escola, professores e livros didáticos afirmam que Olavo Bilac é poeta parnasiano. No entanto, já li poesia de Bilac com toda densidade romântica.

Gleyson, a interpretação precisa de base teórica. Existem estudos antes de minha opinião vazia sobre Carlos Drummond de Andrade.

Sobre o conceito "subjetivo", não pense que essa categoria significa o falante estar separado do conceito "universal". Oposta ao parnasianismo, a escola romântica é subjetiva, mas sua subjetividade cria uma ponte para o universal.

"Para alguém que defende o espírito livre e a subjetividade, você parece muito preso aos cânones da 'Grande Literatura'."

Espírito livre não quer dizer a afirmação do meu eu como se eu fosse um ser desagregado. Sou livre e subjetivo para buscar conceitos universais. Sim, defendo os clássicos na escola pública. Entre a escritora Clarice Lispector e o alfabetizado Alan Rick, meu aluno, para o bem de sua alma, deve ler Clarice Lispector. Entre o alfabetizado Toinho Alves e o escritor Raduan Nassar, meu aluno deve ler "Lavoura Arcaica".

Não sou simpático à ideia de que tudo se nivela, de que tudo é literário. Não é. Raduan Nassar é consagrado pelos críticos nacionais e internacionais. Até o relativismo tem seu limite. Literatura não é vale-tudo.

"Penso que a literatura é algo de todos, do cotidiano, de todos os lugares, a cada instante; deste lado da vida 'que amávamos com uma paixão insaciável que o senhor não se atreveu nem sequer a imaginar, com medo de saber o que nós estávamos fartos de saber que era árdua e efémera, mas que não havia outra, senhor general, porque nós sabíamos quem éramos'. (Gabriel García Márquez, O Outono do Patriarca). Agora, uma pergunta: Qual a sua concepção de literatura, professor?"

Eu tenho leituras ao logo de minha vida. E saiba: não li o suficiente. Meu limite me envergonha. Minha concepção parte de autores consagrados, eles me ensinam - Deleuze, um deles; outro, Blanchot; mais, Barthes.

O livro "Proust e os signos", de Gilles Deleuze, defende uma concepção de literatura que me seduz por sua fina inteligência. Minha concepção de literatura encontra-se em Virgínia Woff, Oscar Wide, Clarice Lispector, Raduan Nassar, Rimbaud, Mallarmé, Cruz e Sousa, Ariano Suassuna.

Não o li ainda, mas Proust é outro.

Publicar [com dinheiro público] um ou dois, ou três, ou quatro, cinco livros no Acre não justifica eu dizer que sou escritor ou poeta. A arte exige mérito, e não amigos do poder.

quarta-feira, novembro 10, 2010

Meu colega de profissão Gleyson Moura,

você pediu para eu comentar sobre o projeto de literatura da escola pública Leôncio de Carvalho. Pois bem, estou aqui para não ser simpático. Como início, destaco o texto do sítio www.ac24horas.com:

"Talvez o grande problema de ensinar a literatura na escola esteja na garantia dos alunos conhecerem as obras literárias. Para vencer esse desafio, uma iniciativa dinâmica, liderada pelo professor de Língua Portuguesa, Gleisson Moura, trouxe para sala de aula, escritores como Mauro Modesto, Antônio Alves e Nilda Dantas."

Como o grande problema de ensinar literatura na escola é garantir aos alunos leitura de obras literárias, o projeto da escola traz escritores como Antônio Alves, Modesto de Abreu e Nilda Dantas.


Mais abaixo, leio "os escritores Alan Rick e Silvio Martinello. A proposta é trazer para a sala de aula, além da literatura universal, as experiências dos autores acreanos, suas formas de pensar, escrever e observar o mundo. Foi nesse contexto que o escritor e jornalista Antonio Alves [o Toinho] viajou, falando da literatura romântica de Érico Veríssimo, Carlos Drumond de Andrade e ouvindo seus próprios textos, escritos no blog Tempo Algum".

Além de Alan Rick ser escritor, além de Silvio Martinello ser escritor, Toinho afirmou que Carlos Drummond de Andrade é romântico. Aí você pede para eu comentar sobre esse projeto.

Devo ser simpático?

Mais tarde, quem sabe, escreverei sobre essa "literatura" em sua escola. Agora, o que tenho a dizer é que esse projeto merece um boletim de ocorrência. Não se trata de literatura. Trata-se de um crime contra a literatura. Esse projeto é caso de polícia.

sábado, novembro 06, 2010

Digo Dicas, Indico-as

Ontem, após um sol que mais se assemelhava a um verão intenso, chove muito hoje. Que lugar acolhedor quando estamos com saúde em casa, principalmente, com quem amamos -esposa, pai, mãe, irmão.

Em tempo de recolhimento, livros, afeto, carinho e bons filmes formam uma ótima paisagem com o frio.

Diferente do Acre, alugo aqui DVDs com preço bem menor. Na quinta, aluguei seis filmes. Preço: R$ 10. Se fosse no Acre, pagaria no mínimo R$ 24 pelos seis.

E não é só isso. Filme em cartaz no Rio de Janeiro encontra-se já em locadoras de Maricá. Hoje, assisti ao belíssimo "Vincere". Na sexta, ontem, emocionei-me com "Brilho de uma paixão", sobre a vida de John Keats, poeta romântico inglês do século 19. Na quinta, foi a vez de "O segredo de seus olhos", premiado filme argentino.

Não sei quando chegarão ao Acre - se é que chegarão -, mas, caso cheguem, embora mais caros em Rio Branco, vale a pena assistir a essas películas autorais, mais ainda com a mulher que tanto amo, Mony.

quarta-feira, novembro 03, 2010

Livres


Que a vida seja assim

espessa como brisa suave
livre como folha

desprendida do galho

Que a vida seja assim

entre mim e você
atalhos




A você, Mony, minha poesia.