segunda-feira, dezembro 01, 2008

Orkut ou orcute?

Há mais de dez como jornalista, Francisco Costa, do blog reporter24horas.blogspot.com, não gostou quando escrevi em sua matéria "orcute" e não "Orkut". Ele tem a mais absoluta razão, pois o texto pertence a ele, não é verdade? Não. O texto pertence também ao revisor.

Ele não me elogiou quando coloquei vígulas nos lugares certos. "Tua obrigação", ele diria. Bem, se é minha obrigação retificar, eu retifico segundo o que penso sobre a LÍNGUA portuguesa. No caso de "orcute", eu defendo a idéia de uma escrita abrasileirada. A intenção, lembrando-me de Oswald de Andrade, é antropofágica. Além desse autor, baseio-me em outros autores para preferir "orcute" a "Orkut".

E ainda escrevem Orkut, caixa-alta. Trata-se de um substantivo próprio?

Retirei alguns trechos de seu texto.

"Site para o qual Venícios trabalha publicou várias reportagens sobre o assunto. Enquanto isso, o jovem e habilidoso repórter, tenta gravar uma entrevista com o agenciador. Foram vários dias de negociações e, finalmente, Ivan decidiu falar. Pepsi, como o agenciador também é conhecido, gravou uma entrevista de três horas de duração. Mas, com medo de represálias, não se deixou fotografar."

1. Retirei a vírgula, mas não fui elogiado.

"Ivan também revelou o perfil de seus clientes e a maneira como as meninas eram selecionadas. Contou, por exemplo, que usava a internet (blogs e comunidades do Orkut) para divulgar seu trabalho, a qual classificou de “cooperativa do sexo fácil”.

1. Por que a preposição "a" antes de "qual"? Mais uma correção, e não vieram os abraços e os doces.
Há outros erros, são humanos. Eu erro. Para falar a verdade, eu sou um erro.

Públicas x Particulares

Públicas x Particulares

Neste ano, mais uma vez, segundo o Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, as escolas privadas obtiveram um desempenho melhor do que as escolas públicas na média nacional. No Acre, seguindo a mesma tendência, as públicas não superaram as particulares quando o assunto é Redação.

O professor de uma particular pode chegar a lecionar para 11 turmas, e o professor-servidor público, para 4 ou 5. Se em média há 30 alunos em cada sala, aquele corrige 330 redações e este, 150. Além de os números registrarem menos trabalho, a escola pública estadual ainda paga melhor no Acre

Os salários, melhores. Em um passado não muito distante, verborréias sindicais acreditavam que bons salários equivalessem à qualidade de ensino, por exemplo, a boas aulas de Redação. Por trás dessa dissimulação sindicalesca, a prioridade não era a qualidade, mas tão-somente salário por ser ele mais fácil para unificar a categoria. Tamanha associação entre dinheiro e bom ensino, além de mentirosa, só serviu para mostrar que sindicalista não entende o que possa qualidade de ensino. Esse pretérito imperfeito elevou-se como falácia

Na outra ponta discursiva, a Secretaria de Educação do Estado, a fim de qualificar seu corpo docente, oferece aos professores cursos e mais cursos. No último, professoras-doutoras da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) falaram sobre letramento. A secretaria crê que, após concluir um curso de letramento, o professor, motivado pela causa pública (kkkkkkk), retornará à sala de aula para que alunos escrevam ótimas redações

Se há bons salários e se há qualificação profissional, por que a escola pública estadual não supera há anos a escola particular? Se professores recebem menos e se não são qualificados por meio de cursos, por que a iniciativa privada consegue há anos melhores notas

Há respostas que se combinam, mas uma é capital: o lucro. A escola particular lucra com o Enem, porque, por meio desse exame, o diretor-proprietário propaga a boa imagem de sua escola. Assim, para manter sua imagem, o lucro não admite desperdícios, por isso sabe administrar seus bens e seu patrimônio. Ora, como o diretor-proprietário precisa de bons resultados no Enem, o lucro se organiza e organiza seu espaço escolar, quer dizer, controla-se e controla. O dinheiro faz questão de manter a boa imagem e, para isso, sabe que, sem organização, sem boa administração, não há controle para obter resultados. A iniciativa privada não admite desperdício

E a escola pública? Como todo setor público deste “berço esplêndido”, o desperdício é a regra. Nesses meus 12 anos lecionando na rede pública estadual, nunca conheci um coordenador de ensino que tivesse metas para a Redação. Ocupa-se a coordenação segundo não o mérito muito bem posto, mas conforme a indicação de um gestor, que, por sua vez, foi escolhido por um processo democrático também sem mérito. Como pode haver qualidade de ensino quando a própria democracia escolar é desqualificada? Ela é um desperdício de tempo

Gestor escolar, uma vez formado em administração, deveria ocupar sua função por meio de concurso público. E mais: esse administrador público não deveria ter estabilidade de emprego, nem o professor. Quanto ao coordenador de ensino, escolhê-lo dependeria também de seus méritos como professor e como pessoa. Além disso, alunos deveriam avaliar esse professor por meio de questionário para que seu nome pudesse se candidatar a coordenador e, dessa forma, ser votado pelo corpo docente

Absurdo? Hoje, se o professor quiser, leciona Redação. Hoje, o coordenador de ensino, se quiser, busca metas. Hoje, o gestor, se quiser, administra. Hoje, lecionando bem ou mal, o salário é o mesmo com uma estabilidade de emprego que acomoda o desperdício.