sexta-feira, fevereiro 12, 2010

A TV Aldeia desconhece rei Momo



Imagem de Nêmesis, deusa da Vingança, irmã de Momo.











O Estado

Antes de deixar a prefeitura do Rio de Janeiro, César Maia (DEM ou ex-PFL, ou ex-PDS) propôs à escola de samba São Clemente uma verba pública para desfilar na Marquês de Sapucaí. Mas, para justificar tamanha generosidade, o prefeito impôs esta condição – a escola de Botafogo deveria se apresentar como as outras escolas de samba.

Entrave para o poder público carioca, a São Clemente sempre exibiu na avenida o “avesso” do Rio de Janeiro e do Brasil, o que Portela, Salgueiro, Mangueira, por exemplo, não exibem. A proposta de César Maia tentou colocar na ordem uma escola que representava a autenticidade da festa de Momo. A escola de Botafogo recusou a proposta.

Em Rio Branco, como o reino momesco não é organizado pela irreverência ou pela desobediência popular, o governo do Estado fala por rei Momo. Não apenas diz onde Momo deve estar; mas propaga, segundo seus interesses, quem ele é.

Aqui, o Carnaval, submetido à ordem do Estado, que define seu espaço público e sua simbologia, não manifesta uma de suas características históricas: o “avesso”.

A TV Aldeia


O Carnaval é muito sério para ser deixado para a TV Aldeia. As suas verborréias carnavalescas emitem uma ignorância bem comportada contra o significado original do reinado de Momo. Nesse aspecto, a TV Aldeia não se diferencia das outras emissoras.

Igual às outras, ela cumpre a função social de deformar essa festa porque deconhece, por exemplo, sua rede semântica. A TV Aldeia não sabe dizer quem é Momo.

Meu dedo desliga a TV, meus olhos leem Georges Minois. “Filho da noite, censor dos costumes divinos, Momo termina por tornar-se tão insuportável que é expulso do Olimpo e refugia-se perto de Baco. Ele zomba, caçoa, escarnece, faz graça, mas não é desprovido de aspectos inquietantes: ele tem na mão um bastão, símbolo da loucura, e sua máscara. O que quer dizer isso?”, pergunta o autor de História do riso e do escárnio, editora Unesp.

O que quer dizer isso?, eu pergunto à TV Aldeia.

O português do www.ac24horas.com



"Os poucos minutos de chuva que caiu (...)."

Defendo a ideia tradicional de que o verbo "caiu" deve concordar com o núcleo do sujeito, no caso, "poucos minutos".

Alguém poderia dizer que é a "chuva" que caiu, não "poucos minutos". No entanto, os termos "poucos minutos" prendem-se ao termo "chuva" por meio da preposição "de".

Não está errado, portanto, escrever "os poucos minutos de chuva que caíram".