segunda-feira, novembro 02, 2015

O BRINCAR COMO ATO POLÍTICO


No filme "Tempo Modernos", de 1936, o capital industrial divide o mesmo espaço com Carlitos, o homo ludens, aquele que, por brincar, é antioperário.


Embora estejam no mesmo espaço, capital e a arte de brincar não se identificam. Nesse filme, brincar ainda é estranho ao capital.

Hoje, além de estarem no mesmo lugar, o capitalismo e o brincar se identificam. O capital cada vez mais se infiltra no mundo infantil. O capitalismo também brinca.
O que é Brincar?

Quem brinca se (vinc)ula a; brincar é laçar(-se) com, é unir(-se) a. Quem brinca apoda, isto é, não corta as relações internas do conjunto a fim de isolar as partes cortadas.

Cada parte pensa ser agora autossuficiente.

Mas brincar é apodar, porque cortar, sabemos, separa, impondo, à parte separada, nenhuma alteração, visto que a parte separada não se relaciona mais com. Repousada então em si mesma, ela agora é pura, limpa, estável.

Não quero ser chato, por isso termino.


Quem “poda” tem o “poder de cortar” a fim de tomar posse da parte cortada.

Posse e poder derivam de "pos", da raiz "pot", cujo significado é “senhor, assentar como dono ou como proprietário”, enfim, é aquele que exerce (“não dá folga”) o domínio sobre algum limite do que foi cortado, quer dizer, ao cortar, excesso ou extensão é interrompido, pois aquele que se assenta como dono delimita ou define a fim de que o excesso ou a extensão não escape, afinal, ninguém é senhor sobre o que escapa e, com efeito, por ser incapaz, não domina.

Brincar, portanto, é apodar.