sábado, outubro 24, 2009

O mal também sabe sorrir

Suspeitos da morte de professor ainda sorriem diante da imprensa
De Gilberto Lobo

Os acusados pela morte do professor de biologia Marcos Afonso Soares foram apresentados à imprensa na manhã de sábado, 24. Durantes as fotos, um dos suspeitos chegou a sorrir quando os jornalistas perguntaram a idade dele. Parte do dinheiro obtido com a venda do carro que pertencia à vítima foi gasto apenas com “farras”, como frisou o secretário de Polícia Civil, Emylson Farias.

Os acusados são Valdemir Soares da Silva (23) - serralheiro que fazia serviços para vítima-, os irmãos Jéferson da Silva Gonçalves (20) e Cláudio Sérgio da Silva Gonçalves (23). Todos são réus primários e fazem parte da mesma família.

Com os suspeitos, foram encontradas uma moto, R$ 1.354, um revólver e dois celulares. O carro de Marcos Afonso valia R$ 40 mil. Foi vendido em Cobija, na Bolívia, por R$ 7 mil.

O crime mostrou a fragilidade da fiscalização na fronteira. Os acusados passaram com o automóvel do professor – um Renault Sandero – pelo posto de fiscalização da Companhia de Trânsito (Ciatran), pelo posto de fiscalização em Senador Guiomard, onde foram registradas imagens do veículo pelas câmeras de vigilância da Polícia Militar, pela fiscalização na ponte Wilson Pinheiro e por fim pela “tranca” que separa Brasil-Bolívia.

Em nenhuma das barreiras de fiscalização, os criminosos foram parados. De acordo com informações dos delegados responsáveis pelas investigações, o crime aconteceu por volta das 18 horas, mas os familiares e as testemunhas só informaram à delegacia aproximadamente às 20 horas.

O carro foi filmado no trevo de Senador Guiomard às 19 horas. Conforme explicou o secretário, quando informaram do crime, imediatamente equipes da polícia saíram para fazer as buscas, e as delegacias do interior foram informadas. Mesmo assim, não foi possível interceptar os apontados como assassinos de Marcos Afonso.

Conforme foi revelado por Emylson, a faca utilizada para matar o professor não foi retirada do local do crime. Os peritos não a encontraram quando fizeram o isolamento da casa do docente, porque ela estava sob peças de roupas.

“Ninguém trabalhava com essa hipótese (do corpo ter sido enterrado na propriedade). A priori, não foi feita nenhuma perícia no local, porque as testemunhas disseram que ele havia sido levado”, disse o delegado.

Dinâmica do crime
A vítima foi rendida pelos três homens armados com um revólver 38 e uma faca. Os vigias da obra foram presos num quarto. Na versão da polícia, Valdemir teria matado o professor porque teve medo de ter sido reconhecido.

Eles o enterram num buraco onde seria plantada uma palheira imperial. Conforme informações ainda não confirmadas, as ferramentas usadas pelos suspeitos ficaram sobre o local onde estava o corpo.

No corpo da vítima, havia marcas de seis golpes de faca. O carro fora encomendado por criminosos bolivianos previamente, o que reforça a tese de um crime premeditado.

“Marcos foi escolhido pelos criminosos porque Valdemir, como já trabalhava para ele, sabia como poderia agir e o crime seria perfeito”, acrescentou Farias.

Medo
Quadrilhas de traficantes bolivianos estão encomendando carros no Brasil. Os veículos são levados para o país vizinho com negociação já fechada. (Gilberto Lobo)