segunda-feira, maio 29, 2006

Livro & Cinema

LETICIA DE CASTRO, da Folha de São Paulo

O que você prefere: encarar cerca de 400 páginas de leitura ou aguardar alguns meses e conferir a mesma história condensada em até três horas numa sala de cinema? Preguiça, falta de tempo ou de interesse são alguns dos motivos que levam muitos a escolher a segunda opção.
Juliano Balogh, 15, adora literatura, escreve poesia, mas confessa que, quando soube que "O Código Da Vinci", de Dan Brown, viraria um filme estrelado pelo Tom Hanks, desistiu de ler o livro.
"Tive vontade de ler porque o enredo é cheio de mistério e teorias da conspiração, mas quando soube do filme decidi esperar, porque o livro é muito grande e eu estava lendo outras coisas na época", admite Juliano.
A convite da reportagem, ele assistiu ao "Código" no cinema, na quarta-feira passada. "Valeu a pena esperar. Por enquanto, o filme saciou a minha curiosidade pelo assunto", comentou.
Bárbara Vieira, 14, trocou o livro de J.R.R. Tolkien pelos filmes dirigidos por Peter Jackson. Ela começou a ler "O Senhor dos Anéis", mas parou antes de chegar à metade. "O livro é legal, mas eu prefiro o filme", diz a estudante.
Principal "teenbuster", a série "Harry Potter" também facilitou a vida de muitos fãs do bruxinho, que optaram por conhecer a saga de Hogwarts nas telas em vez dos livros de J.K. Rowling.Flavia Sayeg, 16, começou a ler o primeiro, mas desistiu antes de chegar ao final.
Viu todos os longas da série e encontrou uma lógica curiosa para justificar a preferência: "Ler o livro antes deixa você cheio de expectativas e você acaba achando o filme ruim".
Já Carolina di Giácomo, 19, aluna do curso de rádio e TV, acha que livro e filme são coisas totalmente diferentes.
"O filme não precisa ser igual ao livro. As pessoas têm de assistir ao filme, tentar entender por que ele é dessa maneira e não se preocupar com o que faltou", diz.Fã de Harry Potter, ela leu todos os livros e viu todos os filmes.
"Os filmes têm o mais importante, que é o clima do livro. Os detalhes não importam."
Carolina garante que não embarcou na "febre Código Da Vinci" quando o livro foi lançado.
"Tenho preconceito mesmo, por ser best-seller [o livro já vendeu mais de 400 milhões de exemplares]. Tenho coisas mais importantes para ler", diz. Mas ao filme ela não resistiu.
"Eu estava com vergonha, porque é muito mainstream, mas ao mesmo tempo fiquei curiosa para saber a história. Dá para passar duas horas e meia no cinema com 'O Código Da Vinci'. O que não dá é perder semanas ou até meses lendo o livro", diz.

Arthur




Ontem, o carioca Arthur Moreira Lima tirou-me da rotina, ofertando aos meus ouvidos a música que sensibiliz a alma. Às 17h40, ele entrou no palco para tocar a grandeza barroca de Bach. À margem do rio Acre, sob o céu amazônico, Jesus, alegria dos homens, comoveu-me.
Do outro lado do rio, em um bar-restaurante, vinha o ruído de Calypso, um câncer sonoro que nos vulgariza. Jesus, alegria dos homens, elevou-se acima do comum, do ordinário.

Havia poucas pessoas no calçadão da Gameleira, talvez pelo fato do melhor destinar-se a alguns. A mó não cultua o belo. Depois de Bach, o romantismo de Beethoven. Outro momento, Villa-Lobos, com Trenzinho Caipira.

Ótimo momento cultural. Alguns são responsáveis por isso, por exemplo, Jorge Viana, Tião Viana, Raimundo Angelim, todos do PT. Que venha mais.

Ique, do Jornal do Brasil (RJ)