quinta-feira, junho 18, 2009

"Queremos ser professores"













Luan e Jamylle, dois ótimos alunos do segundo ano do ensino médio. Exijo, e eles respondem à altura. Poderia exigir mais porque eles, ainda sim, responderiam. Hoje, na aula, soube que os dois desejam lecionar. "Queremos ser professores", sonham.

O que responder? Antes de minha subjetiva manifestação, a realidade. Após quatro anos na faculdade, discursos, diploma, abraços, bebidas, salgadinhos, ou seja, formatura. Depois dela, o mercado de trabalho.

Onde lecionar? Para ser professor estadual ou municipal, o concurso público precisará bater à porta dos recém-formados, e pode demorar. Entre os dois últimos concursos, houve um abismo de 10 anos. Se o concurso fosse hoje, o Estado pagaria R$ 1.520 por mês, valor líquido de 30 horas.

Muito? Aluguel no Acre, R$ 400; supermercado, R$ 300; luz, R$ 100. Até aqui, são R$ 800. Sobram R$ 720. O que faremos com as sobras? É claro que há mais gastos domésticos. Pergunto outra vez: muito?

Só para quem concluiu o ensino médio, tem concurso público que oferece salário acima de R$ 5 mil. Eu disse concurso para ensino médio.

Com esse salário de um contrato, vocês lecionarão para seis turmas, ou melhor, para 240 alunos. Caso Jamylle seja professora de Língua Portuguesa, ela corrigirá 240 redações. E isso tem um nome: qualidade de ensino.

Bem, se vocês, Luan e Jamylle, não são ainda professores de escola pública, deverão lecionar na iniciativa privada enquanto o outro concurso do Estado não bate à porta, e aí, meus amigos, piora porque são mais turmas e salário menor.

Sejam médicos. Sejam advogados. Sejam políticos. Se vocês querem um conselho, não sejam professores.