segunda-feira, março 31, 2008

Uma crítica ao vereador Márcio Batista

O texto abaixo não foi escrito por mim, mas por um professor de História, ex-aluno do atual vereador Márcio Batista, do PC do B. Ele postou esta mensagem neste blog depois que o professor-vereador Márcio Batista chamou a oposição de "incivilizada" por ela ter distribuído pizza na Câmara de Vereadores de Rio Branco.

Quando o golpe militar faz 44 anos, este texto veste muito bem o que ocorreu entre os vereadores.

O NÁUFRGO E O AFOGADOO

Acre não tem oposição, tem opositores!

Há tempos que essa máxima invade nossas bocas. Aqui, no Acre, as experiências históricas mostram claramente que as conveniências miúdas e os interesses particulares fizeram bem mais que as gargantas inflamadas e arranhadas de algumas “lendas públicas”.

Intermitentes “marginalidades políticas”! Nos últimos dias, os opositores dos ex-opositores denunciaram os desmandos do Executivo Municipal ao relatarem que o transporte coletivo urbano está monopolizado.

O povo, sem usar a expressão de Aristides Lobos: “assistiu àquilo bestializado”, viu no episódio alguma coisa que confirmasse a certeza do péssimo serviço de transporte disponível.

Assim caminhamos!

O protesto dos opositores dos ex-opositores fez o líder do prefeito utilizar um termo por demais curioso. Entre pizzas e marmeladas, Márcio Batista chamou-os de “incivilizados”.

A particularidade do termo não se deve ao neologismo em si. Aliás, os dicionários qualquer dia irão adotá-lo - (É sempre assim!). A estranheza vem de onde o termo saiu. O preconceituoso adjetivo foi proferido por quem pertence a um partido que até pouco tempo era conhecido pela forma mirabolante de mudar o mundo.

Quem não se lembra dos planejamentos “made in Moscou” de pegar em armar e destruir a burguesia tapuia, conivente com a ordem financeira internacional e com os desideratos capitalistas de primeira ordem? Quem não se lembra do culto a um dos maiores assassinos da história humana, nomeadamente o georgiano Josef Stalin? Quem não se lembra dos protestos “civilizados” que faziam nos movimentos sindicais? Cuba e Albânia já não são mais o “Édem” comunista!

O PCdo B joga para debaixo do tapete o que restou de uma geração que juntava dinheiro para comprar uma camisa do “Tchê”, achava Enver Hoxha o maior administrador da terra e que torcia para o mundo vermelho mostrar sua superioridade nos Jogos Olímpicos (Não falemos dos escândalos de “Dopping” e sua indústria de fazer super-atletas).

Tive a honra de ter como professor de História, na escola Heloísa Mourão Marques, o elegante líder. Suas aulas eram contagiantes. O professor Marcio tinha um charme inconfundível ao falar dos esquemas financeiros mundiais, dos males do capitalismo e dos remédios heróicos de derrotá-lo. Emocionava-se e nos emocionava.

Nos corredores ou nos términos das aulas era comum sempre continuarmos os debates. Quantas vezes não o ouvi dizer que tínhamos um povo extremamente tímido, que não sabia protestar e de que a violência era um “mal necessário”, se caso quiséssemos efetivamente transpor a opressora conjuntura?

Tamanha foi a identificação com o que dizia, que este que escreve e mais alguns outros da sala de aula resolveram percorrer a academia de História, queriam compreender os códigos viabilizadores de uma possível transformação social. Nossa! Hoje um simples protesto, contrário à cartilha vermelha, recebe o nome de “incivilização”.

Não quero aqui dizer que não podemos mudar nossas opiniões, seria um absurdo pensar assim. Vejam Plutão! Passaram setenta anos afirmando ser ele um planeta. Não desejaria que o PC do B voltasse a cogitar o mundo sobre a ótica lunática de Fidel, tampouco utilizasse as fantasias de Regis Debray. Nossa experiência democrática está em plena construção.

Faço voto para que esse partido e os demais naturalizem em seus vocabulários a noção plena de democracia. A diferença, a discordância e os demais elementos que demonstram divergência precisam ser compreendidos. Pode ser que nem um nem outro adquiriram tal conceito. Uns porque sustentaram os longos anos de “ditadura Militar”, outros porque pretendiam destruí-la instalando outra.
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O autor deste texto não quis se identificar. É professor de História e foi aluno do atual vereador Márcio Batista.

sábado, março 29, 2008

Um acreano

Um juízo de valor sobre uma região depende de pessoas, não apenas de uma noção genérica de povo ou de sociedade. Um lugar é também individualidade. Meu amigo há 16 anos, tenho por João Bosco um respeito profundo e uma admiração sincera e leal, porque esse acreano de Xapuri nunca se submeteu à cirurgia plática para ter duas caras.

Quem o chamaria de canalha? quem afirmaria que ele é cínico? quem prova suas traições, suas falsidades? quem o queimaria?

Conheço alguns, gente que bajula poder e que adula a confortável aparência de sorrir para todos.

Professor dedicado, ser humano inquieto, o Acre tem muito valor para mim, porque, nesta tranqüila terra, conheci pessoas como João.

Senhor de uma escrita hábil, esgrimista das palavras e das sintaxes, João é um nobre em um mundo desencantado pela vulgaridade e pela ignorância.

A Secretaria da Educação acertou ao colocar esse profissional entre suas quatro paredes, porque esse cara sabe o que diz sobre língua portuguesa, além, é claro, de possuir um caráter inadequado aos medíocres.

Vida longa, meu amigo!!!

Gramática de Blog

Além de Ronda Gramatical e de Açeçôr di Inprençá, este espaço comentará sobre língua portuguesa em Gramática de Blog. O primeiro, ele: blog do Léo.

1. "Pelo jeito, esses meninos não têm nem bolsa nem escola. Falta menos de três anos para o governador Binho Marques transformar o Acre no melhor lugar para se viver. Desse jeito, será difícil."

2. "Esse julgamento havia sido interrompido por um pedido de vista do ministro Massami Uyeda. Até agora, dois ministros votaram ao contrário e um favorável. Por enquanto, a união entre homossexual é reconhecida sob o aspecto patrimonial."
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Vírgula azul, ele não colocou a vírgula. Vírgula vermelha, ele colocou a vírgula.

Para quem deseja expor sua escrita por meio de um blog, deve errar pouco, porque, se errar muito, revela que ignora seu ofício, este: escrever bem. No caso desse blog, Léo não sabe usar bem as vírgulas. Vacila muito.

"Dois ministros votaram ao contrário e um favorável." Vamos desmembrar:

1. Dois ministros votaram ao contrário; e
2. Um (ministro votou) favorável.

Em (1), há preposição "a" e, em (2), não há preposição. Deveria ter mantido uma simetria e, além disso, não soube usa a vírgula.

Melhor construção sintática é "dois ministros votaram contra e um, a favor". A vírgula deve ser mantida, porque o verbo (e um votou) foi retirado.

sexta-feira, março 28, 2008

Letramento


Nesta semana, a Secretaria de Educação do Acre iniciou a primeira etapa de letramento para os professores, que, usando outras palavras, quer dizer leitura e escrita para o ensino médio.

Não sei se adianta, mas são quase 20 anos lecionando Língua Portuguesa e Literatura, 16 dedicados ao Acre. Ouço há algum tempo que leitura e escrita dependem da sala de aula, ou seja, do professor. Trata-se de um erro.

O que ocorre em uma sala é extensão da gestão escolar. O diretor pode permanecer ausente sem que o corpo docente lute por qualidade de ensino. Como ele não cobra, como ele não é exemplo, tudo corre solto ou matém aparência de funcionamento.

Nossas escolas dependem de alguns que administram de forma séria e ética a escola, mas isso não é regra. Não há no sistema de ensino um modelo eficiente de gestão pública. Não pode haver qualidade enquanto não houver ótima administração.

A ação ensino-aprendizagem depende de organização escolar eficiente. Em outras palavras, não se qualifica o ensino sem uma nova estrutura. Como diz Bourdieu, estrutura implica relações humanas.

Na escola Heloísa Mourão Marques, coloquei a importância dos conselhos de disciplinas desde 2003 e, somente com a atual gestora, tornou-se uma realidade. Em literatura, conflitos bem específicos existem por causa de um espaço específico, o Conselho de Literatura.

Nesse microespaço, professores discordaram sobre história da literatura. Uns defendem a leitura de textos literários em sala de aula, mas outros não defendem. Ora, segundo minhas leituras, o historicismo literário implica a exclusão da leitura de romance, de poesias.

Sendo assim, como falar sobre letramento?

A revolução faltou ao encontro

No centro de Rio Branco, encontrei-me com um ex-aluno do atual vereador Márcio Batista (PC do B). "Fiquei decepcionado com o Márcio, porque ele chamou a oposição de incivilizada". O ex-aluno referia-se à distribuição de pizza. E continuou. "Quando professor, ele dizia que precisávamos parar os ônibus, a cidade. Hoje, ele chama a oposição de incivilizada, porque deu pizza na Câmara de Vereadores como forma de ironia."

Ele me disse que enviaria um texto a este blog. Estou à espera.

A foto!? Sim, dele: Selmo Melo, da TRIBUNA.

Ronda Gramatical

O Sinteac, quando se propõe a escrever, agride a língua portuguesa. Neste blog, outros cartazes do Sindicato dos Trabalhadores da (e não em) Educação expõem sua luta, que é maltratar a LÍNGUA.
Na foto, além de outros erros, começo a entender de o porquê do Sinteac não "paralizar" a categoria. O Sinteac precisa retornar à escola.

quinta-feira, março 27, 2008

Xuxa, maior educadora do país








Em seu programa muito educativo, o entrevistado Leonardo mostra a importância de seu cérebro aos jovens.

A maior pedagoga do Brasil














Referência para milhões de baixinhos, Xuxa é muito bem desmistificada no livro O Cabaré das Crianças, de Gilberto Felisberto Vasconcellos, editora Espaço e Tempo.

quarta-feira, março 26, 2008

Da repórter Angélica Paiva












"
O quadro operacional
da Polícia Militar contém
distorções neoliberais
."

Às vezes, quando posso, minha paciência tibetana ouve textos de alguns repórteres televisivos.

Confesso que a repórter Angélica Paiva surpreende-me em certos momentos. Ela foge a padrões, mas nem sempre sua pessoalidade textual acerta, por exemplo, "distorções neoliberais".

Influência comunista? Espero que a camarada repense alguns conceitos em sua suas matérias. Como exemplo, sugiro os textos da charmosa repórter Neide Duarte (foto). Aprecio muito sua forma por causa da pessoalidade. Suas matérias não se submetem ao fato objetivo, porque ela sabe muito bem dosar elementos poéticos.

Ganhadora de inúmeros prêmios nacionais, Neide surpreende com sua subjetividade textual na justa medida.

PMDB & DEM

Folha de São Paulo






A gestão de Cesar Maia não informou o orçamento de 2007 e 2008; já o governo de Sérgio Cabral aplicou apenas R$ 704 mil neste ano

RAPHAEL GOMIDEDA
SUCURSAL DO RIO

O governo Sérgio Cabral (PMDB) reduziu em 48,6% (R$ 19,2 milhões) a previsão de gastos em prevenção e combate à dengue para este ano no Rio. Passou de R$ 39,5 milhões (valores atualizados) em 2007 para R$ 20,3 milhões em 2008.

A prefeitura de Cesar Maia (DEM) não planejou nenhuma ação direta ou programa de trabalho específico contra a dengue no Orçamento de 2007, embora tenha previsto R$ 37 milhões para "ações indiretas".

Dos R$ 20,3 milhões orçados para 2008, o Estado aplicou só R$ 704 mil na área até 24 de março -na fase crítica da epidemia, que já matou 49 pessoas. Isso equivale a 3,5% do previsto. Mantido esse ritmo, até o fim do ano 14% da verba terá sido aplicada. Tanto o Estado quanto o município do Rio reduziram os valores aplicados no controle da dengue nos últimos anos.

No Estado, desde 2004, foram cortadas as verbas de "vigilância epidemiológica (de doenças)" e "vigilância em saúde", de R$ 45,6 milhões (valores corrigidos pelo IGP-M) para R$ 39,5 milhões (2007). O montante liquidado pela prefeitura caiu de R$ 48,2 milhões (2003) para R$ 23,9 milhões (2006), em valores atualizados. A prefeitura não revelou os gastos de 2007 e os de 2008.

O vereador Carlos Eduardo (PSB) entrou com representação ontem no Ministério Público contra o prefeito Cesar Maia por "desvio de finalidade". Maia, disse ele, aplicou em outros programas uma verba do Ministério da Saúde destinada ao setor de vetores (transmissores de doenças, como o mosquito da dengue, por exemplo).

O vereador diz que Maia desviou mais da metade da verba de R$ 12 milhões destinada em 2006 ao combate à dengue - para ações de repressão à doença - na locação de ambulâncias e na limpeza de hospitais. O prefeito não comentou.
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Se os números estiverem corretos, PMDB e DEM (ex-PFL) são os únicos responsáveis pelas mortes ocorridas no Rio de Janeiro. Espero que tais partidos jamais administrem o Acre, porque estamos muito bem sem eles.

Ele, Antônio, o Carlos


"Em seguida com um dos assaltantes no volante, dirigiram-se á Estrada do Amapá, já que a vítima mesmo com o rosto encoberto conseguiu ver quando passava pela terceira ponte e entrava na Via Verde."

O cara era paranormal.

Esses repórteres...

"As instituições responsáveis buscam junto às comunidades, que vivem dentro ou próximas as APA’s, parceiras para a preservação e ( ) proteção das unidades."

1. "Junto à" é "perto das" - Nossos jornalistas abusam. As instituições buscam "perto das" comunidades? Não. Elas buscam "com as" comunidades.

2. , que - Nesse caso, há vírgula antes de "que"?. Não são todas as comunidades, mas somente as que vivem dentro ou próximas. Não há vírgula.

3. Chega.

terça-feira, março 25, 2008

Eu & Maria

Hoje, à Maria, apresentei alguns problemas redacionais dos alunos do primeiro ano do ensino médio e que se repetem nos textos dos alunos do segundo e do terceiro ano.

Em suas introduções, há muita presença dos verbos "ser", "estar", "ter", por exemplo, e insistente presença incomoda-me, porque pertence a uma regra viciada, fácil.

Além de eles usarem dicionário em sala, precisamos criar exercícios específicos para uso adequado dos verbos, massificá-los. Sugeri à professora de Leitura-Literatura dez introduções bem escritas, mas sem os verbos e, uma vez compreendidos os textos, encontrar os verbos apropriados a partir de relações internas da introdução.

Esse material didático precisa ser criado por nós.

A Língua

Na escola Heloísa Mourão Marques, a professora-gestora Osmarina popôs a divisão de Língua Portuguesa e de Literatura. Para esta, Leitura e Literatura; e, para aquela, Produção Textual e Gramática.

A princípio, números surgiram, porque eu lecionaria para quatro turmas, 160 alunos, e não mais para duas, 80 alunos. Concordei por este motivo: uma experiência nova.

Por um lado, mesmo com mais alunos, eu me dedicaria a duas disciplinas, havendo mais tempo para elaborar material. Não se trata de mudar grade curricular, mas de alterar a forma. Por esse caminho, haveria, em tese, uma relação pedagógica entre o professor de Literatura-Leitura e o professor de Produção Textual-Gramática.

Entretanto, infelizmente, não foi assim que a Secretaria de Educação compreendeu. Segundo me informaram, esse caminho deverá ser rejeitado no próximo semestre.

Nossa Escrita (não é assim)



A Secretaria de Estado de Educação do Acre publica um informativo bimestral com ótima diagramação, mas, na capa do informativo de fevereiro-março deste ano, a imagem da língua portuguesa foi arranhada.

"Professora, Lenilda Soares, trafega em áreas de difícil acesso, e chega a passar 15 dias distante da família."

Quando meus alunos me perguntam se existe uma forma correta de falar, eu digo que não há, porque, caso existisse, o "ocê", que pertence à fala do mineiro, seria um erro. A gíria seria outro erro.

A língua, sabemos, é também marginal, desobediente, dependendo da situação.

Ora, para quem se dedica ao estudo da língua portuguesa, sabe que a preposição é conseqüência do "erro" popular, do latim vulgar, de sua desobediência.

A preposição surge do genitivo do latim clássico, negado pelo falar "errado" da população comum.

Entretanto, quando se trata de instituição, a gramática tradicional deve ser seguida à risca. Uma secretaria de educação deve escrever de forma exemplar. O uso errado de vírgula no informativo não pode ocorrer.

Informativo é mais que aparência, e a língua portuguesa, uma vez a serviço de uma instituição, deve sempre passar uma ótima imagem.

segunda-feira, março 24, 2008

Esses repórteres...

"Alguns funcionários da área de saúde também falaram sobre os riscos, os sintomas e a importância do tratamento para a população presente no local. No local, também foi disponibilizado um telescópio para que a população pudesse ver o bacilo de Koch, bactéria que causa a tuberculose."

Se não fosse a editora-chefe, o revisor teria deixado passar. Meu cérebro, confesso, não tem capacidade de corrigir o que nos assusta, o que nos surpreende e o que insulta a língua portuguesa no jornal.

Isso quer dizer que a população verá o bacilo na lua por meio de um telescópio. Esta a função do revisor: apagar a vergonha de quem escreve.

Obrigado, editora-chefe!!!

PMDB

DE Garotinho a Rosinha, o Rio de Janeiro submeteu-se há 12 anos da administração do PMDB. Cabral, outro modelo de PMDB, foi picado pelos mosquitos da dengue e ainda terá que solucionar uma problema gravíssimo na educação estadual - segundo o jornal O Globo, faltam 26 mil professores . Eis o legado da família Garotinho.

Para os professores que lecionam, Cabral deu a eles notebooks, cada um custou para o Estado R$ 1.903. Dos cofres, saíram R$ 70 milhões para o projeto. As máquinas são equipadas com placa de acesso à web sem fio. Cada educador recebeu um CD de ensino a distância com quatro módulos.

Segundo a secretária de Educação, Tereza Porto, os professores poderão levar os computadores para casa. Ironia: temos tecnologia, mas não há professores.

quarta-feira, março 19, 2008

Semana Profana 2

O que pode ser mais profano que a miséria, a pobreza? O que pode ser mais profano que a miséria, a pobreza? O que pode ser mais profano que a miséria, a pobreza? O que pode ser mais profano que a miséria, a pobreza? O que pode ser mais profano que a miséria, a pobreza? O que pode ser mais profano que a miséria, a pobreza? O que pode ser mais profano que a miséria, a pobreza? O que pode ser mais profano que a miséria, a pobreza? O que pode ser mais profano que a miséria, a pobreza? O que pode ser mais profano que a miséria, a pobreza? O que pode ser mais profano que a miséria, a pobreza? O que pode ser mais contra Deus?

Ela ainda sorri.

Foto de Selmo Melo, A TRIBUNA

Semana Profana 1









Foto de Selmo Melo, A TRIBUNA

Pela quantidade de peixe, 700 quilos, o comerciante Raimundo Micael não crê nenhum pouco em Jesus Cristo e muito menos põe fé nos devotos da Semana Santa.

Se Jesus sofreu na cruz, Raimundo botaria os consumidores cristãos a sofrer à mesa com peixe podre, tudo em nome do lucro mais diabólico.

Esse "milagre dos peixes podres multiplicados" ocorreu em Rio Branco, no Mercado Novo, tudo transportado por meio do batelão Irmãos Bruno.

Não sabemos se Raimundo pagará esse pecado na igreja mais próxima ou diante de Deus, mas, com certeza, pagará uma multa na sede da Vigilância Sanitária.

Ao Francisco

Meu querido, que belas palavras você jogou neste blog e são mais ainda porque nelas pulsa a intensidade de um caráter. Após alguns anos nesta Terra, tenho a mais pesada serena certeza de que a vida é deixar boas lembranças nos outros.

Um beijo em tua alma e um abraço fraterno em teu destino.

terça-feira, março 18, 2008

Exemplo de Negro (2)

Para você que debruça teus olhos sobre este insignificante blog, esta bolha, oferto estes versos de Cruz e Sousa. Hoje, 19 de março, 110 anos de sua morte carnal, prove de suas palavras.

Sorriso interior

O ser que é ser e que jamais vacila
Nas guerras imortais entra sem susto,
Leva consigo este brasão augusto
Do grande amor, da grande fé tranqüila.

Os abismos carnais da triste argila
Ele os vence sem ânsia e sem custo...
Fica sereno, num sorriso justo,
Enquanto tu em derredor oscila.

Ondas interiores de grandeza
Dão-lhe esta glória em frente à Natureza,
Esse esplendor, todo esse largo eflúvio.

O ser que é ser transforma tudo em flores...
E para ironizar as próprias dores
Canta por entre as águas do Dilúvio!




Exemplo de Negro (1)















Não sei se Matilde Ribeiro leu Cruz e Sousa, mas, se o poeta negro tivesse um cartão corporativo, não teria envergonhado a raça. Disse-me esse negro aos meus olhos: "Que importa que morra o poeta? Importa que não morra o poema!"

Hoje, 19 de março de 1898, faleceu João da Cruz e Sousa. Ele nasceu em 24 de novembro de 1861 em Nossa Senhora do Desterro, capital da Província de Santa Catarina, atualmente, Florianópolis.

Texto abaixo do portal http://www.spectrumgothic.com.br/

O nome João da Cruz é uma alusão ao Santo homenageado no dia de seu nascimento, San Juan de la Cruz. Filho dos escravos alforriados Guilherme, pedreiro; e de Eva Carolina da Conceição, cozinheira e lavadeira, João da Cruz foi criado pelo Coronel Guilherme Xavier de Sousa (que viria tornar-se Marechal) e sua esposa Clarinda Fagundes de Sousa, que não tiveram filhos.

Assim, acabou por herdar o nome Sousa e obteve uma educação proporcional à educação dos brancos abastados de seu tempo. Com apenas 9 anos de idade, já escrevia e recitava seus poemas para os familiares. Com o falecimento de seu protetor em 1870, as condições de vida tornaram-se menos confortáveis para o jovem João da Cruz.

Em 1871, entrou no Ateneu Provincial Catarinense. A partir de 1877, lecionava aulas particulares por necessidade financeira e impressionava seus companheiros de estudo pela capacidade intelectual.

Conhecedor profundo de francês, chegou a ser citado numa carta do naturalista alemão Fritz Muller. Nesta carta dirigida ao próprio irmão em 1876, o naturalista citava João da Cruz como um exemplo contrário das teorias de inferioridade intelectual dos negros.

No ano de 1877, suas obras poéticas passaram a ser publicadas em jornais de Santa Catarina. Ao lado dos amigos Virgílio Várzea e Santos Lostada, João da Cruz fundou um jornal literário intitulado "O Colombo", em 1881. No ano seguinte fundo a "Folha Popular".

Nesta mesma época, partiu em excursão pelo Brasil com uma companhia teatral e declamava seus poemas nos intervalos das apresentações. Também se engajou na luta social e passou a liderar conferências abolicionistas.

Em 1883, foi nomeado promotor da cidade de Laguna. Mas não chegou a assumir o cargo devido ao furor preconceituoso de chefes políticos da região.

Em 1885 publica seu primeiro livro de co-autoria de Virgílio Várzea, intitulado Tropos e Fantasias. Até 1888 atuou em jornais, revistas e no centro da Imigração da Província de Santa Catarina. Neste mesmo ano, viajou para o Rio de Janeiro a convite de Oscar Rosas.

Em 1891 transferiu-se definitivamente para a então capital da República, Rio de Janeiro. A partir daí entrou em contato com novos movimentos literários vindos da França. Neste caso, João da Cruz e Sousa identificou-se especialmente com o chamado Simbolismo. O negro sulista que se enveredava pelos caminhos do Simbolismo, sofria duras críticas do meio intelectual de sua época; já que nesse momento, o Parnasianismo era a referência literária emergente.

Em novembro de 1893 casou-se com Gavita Rosa Gonçalves, também descendente de escravos africanos. Deste matrimônio nasceram quatro filhos, Raul, Guilherme, Reinaldo e João. Mas todos faleceram de tuberculose pulmonar. Sua esposa, ainda sofreu de distúrbios mentais que chegaram a refletir até mesmo nos escritos do poeta.

Ainda em 1893 publicou dois livros: Missal (influenciado pela prosa de Baudelaire) e Broquéis; obras que marcaram o lançamento do movimento simbolista brasileiro. Em 1897, concluiu um livro de prosa poética denominado Evocações. Quando preparava-se para publicá-lo, viu-se abatido pela tuberculose e partiu para Minas Gerais em busca de tratamento. Faleceu em 19 de março de 1898 aos 36 anos de idade.

Seu corpo foi levado para o Rio de Janeiro num vagão para transporte de gado. O amigo José do Patrocínio pagou as despesas com o funeral e o enterro no cemitério São Francisco Xavier. No ano de sua morte ainda foi publicado Evocações. Em 1900, Faróis; e em 1905, o volume de Últimos Sonetos.

O negro que contrariou o preconceito racial e se pôs a liderança do Simbolismo brasileiro, é autor de uma obra que traz versos como: "Anda em mim, soturnamente / Uma tristeza ociosa / Sem objetivo, latente / Vaga, indecisa, medrosa" (Tristeza Do Infinito - Últimos Sonetos). Além de: "De dentro da senzala escura e lamacenta / Aonde o infeliz / De lágrimas em fel, de ódio se alimenta / Tornando meretriz" (Da Senzala – O Livro Derradeiro).

Percebe-se num primeiro momento o sofrimento de uma alma que ecoou diretamente em sua obra. Mas posteriormente, a consciência social e humanista de um cidadão. Cruz e Sousa, o Dante Negro ou Cisne Negro, foi um poeta Simbolista que ainda não obteve o reconhecimento literário devido, mas agrega em sua obra a essência única de um autor que cativa e comove por sua autenticidade.

"Amigo-urso"

Tempo atrás, chamaram-me de "amigo-urso". Sei que tenho um defeito: sou claro, muito mais do que a água do Saerb; não compactuo com o cinismo a fim de tirar proveito de algo ou de alguém. No meu trabalho, não articulo por trás para derrubar alguém. Sempre exponho idéias à luz do dia e, à noite, sempre levo vela ou lanterna.

Você que me chamou de "amigo-urso" deveria escrever para este blog, publicando quando e como fui falso com algum colega de profissão. O "amigo-urso" não fica em cima do muro. Minhas posições sempre foram evidentes.

Se eu fosse falso, acredite, seria tão perfeito que você nem perceberia, porque meus olhos leram mais de uma vez O Príncipe, de Maquiavel. Se eu fosse falso, faria um trabalho irreparável como fazem os canalhas.

segunda-feira, março 17, 2008

Entre Saquarema e Maricá (Ponta Negra)

Piratininga, Niterói

Ótimo Filme








Um modelo de socialismo não concebe a sociedade sem vigiar a individualiade. Nem tudo, entretanto, é conspiração.

Lírico, romântico, uma obra de arte.

A Cultura do DEM

O carioca não vê a hora de ver César Maia, prefeito do Rio de Janeiro, fora da administração pública após oito anos. Várias associações de bairro boicotaram o IPTU-2008, depositando em juízo o valor.
Fora isso, o DEM (antigo PFL, antiga Arena) projeta na Barra da Tijuca uma cultura magalômona, coisa do francês Christian de Portzamparc, premiado em 1994 com o Pritzker, o Nobel da arquitetura.

Para quem passa pela Avenida das Américas e Ayrton Senna, poderá contemplar em breve R$ 460 milhões em forma de cimento.

Trata-se da Cidade da Música, futura sede da Orquestra Sinfônica Brasileira e da cultura brasileira. Nessa cidade, haverá shows, óperas, balés e concertos. Serão 1,8 mil lugares para orquestra sinfônica. São 87 mil metros quadrados de cultura.

Muito dinheiro-cultura.

sábado, março 15, 2008

Produção de Texto

Lecionar Produção de Texto em uma sala de aula com 40 alunos exige paciência, muita paciência. São quatro turmas, 160 alunos. O texto abaixo pertence a uma aluna do primeiro ano do ensino médio.

Introdução 1 - 1º ano
A televisão faz parte da nossa vida há muito tempo atrás, ela é muito útil e nos mantem informado de tudo o que acontece no mundo, nós ajuda a passar os momentos vagos em novelas, desenhos, jornais...

Os alunos de nossas escolas chegam ao terceiro do ensino médio sem noção de pontuação. No primeiro ano, deveria haver um trabalho intenso só para que os alunos limitassem suas frases-oracionais com pontos contínuos.

Nesse texto, a turma teve que participar para pontuar.


Reconstrução 1
A televisão faz parte da nossa vida há muito tempo atrás. Ela é muito útil e nos mantem informado de tudo o que acontece no mundo. Nós ajuda a passar os momentos vagos em novelas, desenhos, jornais...

Com os pontos contínuos, reorganizamos as três partes.

Na primeira (A televisão faz parte da nossa vida há muito tempo atrás), pedi aos alunos que especificassem "muito tempo" e que encontrassem um verbo apropriado para "faz parte", considerando que a televisão está sempre conosco. Um aluno sugeriu "convivência", e isso foi o primeiro passo para que chegássemos ao verbo "habituar-se".

Na segunda parte (Ela é muito útil e nos mantem informado de tudo o que acontece no mundo), pedi que transformasse "mantem informado" em um verbo, além de evitar a generalização "acontece no mundo". Muito participativos, eles reescreveram.

Na terceira (Nós ajuda a passar os momentos vagos em novelas, desenhos, jornais...), a mais complicada, sugeri que encontrássemos um verbo conforme as palavras "novelas" e "desenhos".

No final, ficou assim:


Reconstrução 2
Desde a década de 50, no século 20, as pessoas habituaram-se à televisão. Ela nos informa sobre política. Nos ilude com suas novelas, com seus desenhos.

Na próxima aula, partiremos para a terceira reconstrução.

sexta-feira, março 14, 2008

Fui Fluminense

Neste dia, eu e Mony fomos Fluminense. O Mengão perdeu de 4. Foi o jogo onde se iniciou o "créu". No vídeo, momento de entrar no Mário Filho, o Maracanã.

Livros



Na Barra da Tijuca, em um shopping, livros e mais livros, um oásis fértil de palavras. Comprá-los em espaço charmoso. Cadeira. Mesa.

Aqui, comprei um livro muito bom sobre Desejo.

Jaconé












Depois de Maricá, no município de Saquarema, temos a praia linda e selvagem de Jaconé. Uma cadeira diante do mar.

Literatura 2

Defendo de forma intolerante a presença de narrativas e de poesias em sala de aula. O professor, comprometido com a Literatura, deve promover a leitura dramatizada diante de seus alunos como se fosse um sacerdote diante de seus fiéis à imaginação. A escola, um templo do saber.

Para quem deseja questionar o historicismo literário ou mantê-lo no ensino médio, ler e reler História da literatura: o discurso fundador, de Carmen Zink Bolognini (org.), é obrigação. Sem essa leitura, permanece impossível manter um debate sobre o historicismo literário no ensino médio.

Outra questão refere-se à televisão, isto é, às novelas. Como professores de Literatura, excluímos a novela nas escolas. Os alunos não estudam sua ideologia, sua estética a serviço da cultura de massa.

Precisamo, antes, definir nossa linha teórica sobre consolidados ensaios comuns à Literatura.

Literatura 1

Em uma Assembléia Legislativa ou no Senado, forças políticas se opõem em nome do erário. Podem usar ternos, podem até ser formais, mas não predomina no discurso de parlamentares o teor acrítico.

Literatura, caixa-alta

Há outras instâncias públicas, espaços mantidos pelo dinheiro da população menos favorecida, por exemplo, a escola. Mais: conselhos escolares. Ainda: conselhos de disciplinas. Os pais de meus alunos precisam de um ótimo serviço público, porque pagam para que seus filhos tenham ótimas aulas de Literatura.

No entanto, sabemos, certos profissionais transpiram péssima formação quando reduzem a Literatura ao historicismo. Não podem receber críticas? Se, em um Senado, homens públicos criticam idéias, por que servidores públicos de uma escola, seja ela qual for, não podem criticar e ser criticados sem que seus nomes sejam revelados?

Nomes neste blog não interessam, mas defesa de idéias sim. Ratifico, portanto, minha crítica quando professores submetem a Literatura ao historicismo, conseqüência de uma péssima formação teórica.

Que linha teórica vós defendeis? Qual lastro de leitura para se justificardes? Vós assistis ao filme Escritores da liberdade? Há professores que se assemelham à diretora da escola dessa película quando ela não possiblita leitura aos alunos, porque tais alunos são incapazes de compreender. Os livros originais permanecem trancados na biblioteca da escola enquanto os paradidáticos são oferecidos a eles. A professora, oposta à diretora, rompe com regras internas para que seus alunos leiam.

Por que professores não lêem uma obra universal em sala de aula? "Nossos alunos não têm condições de aprender", disse-me uma professora em uma reunião de área. Dizer nomes? Isso, aqui, menos importa. Não me interessa o nome do carteiro, mas a mensagem que insiste em ser verdadeira.

Negar o historicismo implica levar o texto à sala, e isso dá muito trabalho. Ler um romance em sala cansa alguns, porque "aluno de escola pública não tem condições de ler Clarice, Machado."

quinta-feira, março 13, 2008

Açeçoriá de Inpremçá

Escolhido a dedo de amigos internos, o açeçôr escreveu isto:

"Jogos Escolares 2008: homenagens e participação de pára-olímpicos"

Evidente que não sou nenhum Bechara ou Celso Cunha da língua portuguesa, mas procuro não permanecer dopado com o vício de erros.

Ganha-se muito bem como açeçôr para escrever tão mal.
Escrever pára-olímpico é coisa bruta. Já inventaram o dicionário.

Braga & Braga

Meu velho amigo Braga, você sabe o quanto aprecio seus traços como chargista. Sempre o motivei a rir da sociedade acreana e, principalmente, do poder. Sinto falta de teu talento corrosivo nos jornais.

Você pode ter ganhado três vezes o Chalub, mas cuidado com os prêmios que o poder oferece, são ilusões de uma vaidade que nos emudece.

O Riso, Braga Charges, cada vez perde força na sociedade. Passei os olhos sobre umas páginas do livro Felicidade Paradoxal, de Gilles Lipovetsky, e ele ensaia sobre isso. O Riso não busca mais o avesso na pós-modernidade.

No Carnaval (coloco em caixa-alta) carioca, o prefeito César Maia (DEM) ordenou que a São Clemente não alegorizasse contra a Família Real, porque o poder não pode ser visto pelo avesso.

Das escolas de samba, a São Clemente é a única que mantinha ainda um Carnaval crítico, risível. Isso acabou.

Lembro quando, no Página 20, o Oly, extensão de um micropoder, proibiu que você risse do governador Jorge Viana por meio de uma charge. Um modelo de esquerda precisa assistir aos filmes A vida dos outros e A culpa é do Fidel.

Sem charges, restou somente isto: pagar as contas, o aluguel. Restou pedir a sobrevivência ao Carioca. O poder venceu, Braga: não ria dele.

quarta-feira, março 12, 2008

Sobre uma disciplina

A escola Heloísa Mourão Marques não é a mesma. Hoje, a gestora se faz presente. No passado, funcionários não outros gestores, as faltas abusavam de nossa paciência.

Osmarina mudou a escola, mas sua vitória é a conseqüência responsável e ética de alguns professores, de alguns funcionários e de alguns alunos que não admitiam mais o descaso de certos gestores com a escola pública.

No entanto, alguns professores resistem ao novo, a transformações, por exemplo, nesta disciplina: Literatura. Esses sempre colocavam meu nome como obstáculo por causa de minhas posições, mas, em uma última reunião, problemas ocorreram. Estive ausente.

Um dos problemas é como certos profissionais questionam, mas, se for dada a responsabilidade para transformar, não colocarão a mão na massa. Não sabem fazer e não deixam que outros façam. O exemplo clássico, a Literatura.

Não sabem nem ler em sala, porque ignoram o que deve ser considerado no ato da leitura e a relação desse ato com a produção textual, por exemplo.

Assumir uma sala de aula com a Literatura não significa gesto menor do que ser promotor, do que ser médico ou do que ser juiz, a não ser para quem não tinha para aonde ir e foi para uma sala de aula reproduzir uma Literatura sem vida, com suas formas congeladas de Barroco, de Arcadismo, de Romantismo.

Com péssima formação intelectual, submetem a Literatura à infantilização, ao historicismo, negando em sala de aula a leitura de poesias e de romances. Literatura não é para tolos. Como escreveu Sarte, "a literatura é uma forma de perdermos a inocência".

Quando se fala em poesia, isto é, a linguagem do eu-lírico, infantilizam-na. Leiam Adorno para que o eu-lírico adquira uma dimensão política, ideológica - linguagem oposta à cultura de massa.

Sinto pena da LITERATURA na mão e na boca de quem a considera menor do que um atestado médico, do que um processo judicial.

Escola se nega a paralisar



Com suas anacrônicas práticas, o sindicato diz uma coisa, mas, no microespaço, nega-se o sindicato. No vídeo, professores discordam do Sinteac: lecionarão na sexta-feira.

terça-feira, março 11, 2008

Comentário sobre matéria

Texto do jornalista Freud Antunes, da TRIBUNA

Sinteac confirma paralisação na sexta-feira

O Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Acre (Sinteac) confirmou para sexta-feira a paralisação de todos os professores e servidores de escolas públicas no Estado. O objetivo é forçar o cumprimento dos acordos firmados no ano passado, como a segunda parcela do reajuste salarial.

De acordo com o presidente do Sinteac, Manoel Lima, as negociações foram iniciadas, mas dos oito pontos reivindicados pelos trabalhadores o governo concedeu apenas três.

“Uma paralisação de advertência é melhor que radicalizar, entrando em greve sem a possibilidade de um novo acordo. Queremos que o governo possa conceder os outros pontos levantados pela categoria”, afirmou.

Na lista de exigências dos trabalhadores, está o pagamento do adicional noturno, a gratificação por insalubridade, faculdade para os servidores de nível médio e o reenquadramento dos profissionais que apresentarem diploma de nível superior.

“São pontos que os técnicos do governo ainda não acenaram para um acordo, mas que precisam ser aplicados”, detalhou o sindicalista.

Os três itens atendidos em 2007 foram a convocação de concursados, a garantia de progressão de letras e o pagamento da primeira parcela da isonomia salarial, igualando a remuneração dos funcionários da educação com os de outras pastas.

Paralisação nacional

Segundo o sindicalista, os trabalhadores da educação do deverão realizar um dia de paralisação, exigindo a criação de um piso nacional para os trabalhadores com ensino médio e um valor mínimo para os professores com nível superior.
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Comentário

Na última greve fracassada dos professores - basta acessar neste blog -, argumentei que não existe greve na educação, mas reposição de aula. Uma pessoa que sabe contar de 1 até 2 reconhece que, como não há dente em galinha, também não há "greve" na educação.

Reposição de aula serve muito para interesses de uma esquerda obreira, a mesma que, por meio do sindicato, projeta a imagem de suas lideranças para a carreira política ou para o TCE. Sindicato nunca convocou seus filiados para qualificar o ensino ou para qualificar a gestão escolar.

Sou contra a reposição de aula.

Junto à

"O presidente da Assembléia Legislativa, Edvaldo Magalhães (PC do B), encaminhará a questão junto à Secretaria Estadual de Saúde. Somente a partir dessa conversa, é que será possível saber se é realmente possível o encaminhamento de um projeto de lei por parte do Executivo para a efetivação dos contratos desses profissionais."

Não encaminhará junto à, porque, caso seja assim, ele encaminhará perto da Secretaria Estadual de Saúde. Ora, ele encaminhará à Secretaria Estadual de Saúde.

Há cem anos no jornalismo escrevendo mal.

segunda-feira, março 10, 2008

O fenômeno da crase

"A chuva alagou tudo, até a casa do operário."

Facultativo o acento grave depois de "até"?

O "até" é preprosição 'extensão/movimento com limite determinado" ou partícula inclusiva "mesmo, inclusive".

1. A chuva alagou tudo, até à casa do operário.
Dessa forma, significa que alagou até junto da casa do operário.

2. A chuva alagou tudo, até a casa do operário.
Dessa forma, significa que alagou até mesmo a casa do operário.

Considero Decifrando a crase, de Celso Pedro Luft, editora Globo, um ótimo material para consulta. A observação acima retirei desse autor.

sexta-feira, março 07, 2008

Sinjac e o gênero feminino

Nesses últimas dias, meus ouvidos permaneceram atentos às bocas das mulheres que administram o Sindicato dos(as) Jornalistas do Acre. Uma delas falou sobre a importância de haver um grupo de gênero no sindicato. Tudo muito superficial. Tudo muito lugar-comum. Clichê. Todo ano, em 8 de março, a banalização sobre o dia da mulher exposta por mulheres, por exemplo, de sindicatos, no caso, Sindicato dos Jornalistas.

O que representa uma mulher em uma redação de jornal? Não importa mulher jogar futebol se o jogo (social) é igual ao jogo do homem. A mulher pode ocupar espaços do homem, mas a forma como se joga é a mesma, ou seja, a forma é masculina. Mais uma vez: o que representa uma mulher ocupar espaço em uma redação de jornal?

Na TRIBUNA, há duas repórteres; elas, entretanto, reproduzem as formas masculinas na Redação, por exemplo, quando escrevem. Suas escritas submeteram-se à escrita masculina. O Sinjac, por meio de suas jornalistas, orbitam em torno do gênero, porque não percebem suas metáforas, suas representações aqui: na escrita.

Essa é uma questão essencial, porque a produção em uma Redação é matéria textual, escrita. Existe uma escrita feminina que as jornalistas do Sinjac ignoram. A essas virgens intelectuais, sugiro a leitura de Fronteiras contaminadas, de Rildo Cosson, editora UnB. Nessa tese de doutorado, elas poderão conhecer a escrita masculina para que percebam o quanto a reproduzem nos jornais.

Estaque ou estoque?

Onde está isso?

quinta-feira, março 06, 2008

Ouça o som de Saquarema

Dia da Mulher







Mulher espanca marido
com barra de ferro

Presa, a dona-de-casa Maria Aparecida da Costa Bezerra (25) agora irá lavar prato na cadeia, porque, na madrugada de ontem, em sua residência, na Rua Judite Paiva, bairro Cadeia Velha, policiais muito homens a colocaram em seu devido lugar. Maria gosta de bater em seu frágil marido.

A mulher-macho, provavelmente uma feminista, medidndo pouco mais de um 1.50 metro de altura, é acusada de, maneira covarde, aplicar uma surra em seu delicado marido, o segurança Antônio Miranda da Silva (23), um grandalhão com quase dois metros de altura. Constrangido, esse pobre homem teve que denunciar sua masculinizada mulher à polícia.

"Não agüento viver com essa mulher que só sabe me maltratar, o pior é que a lei Maria da Penha não me protege nessas horas", desabafou Antônio, chorando.

Maria pegou uma barra de ferro e partiu para cima do marido, acertando-o várias vezes. Em seguida, complementou a agressão com uma cadeira.

“Se fosse eu que tivesse dado uma surra nela, estaria no presídio. Ela apenas foi encaminhada ao Juizado Especial Criminal. Prefiro minha liberdade”, ele disse.
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Antes das férias, separei em uma pasta várias matérias policiais sobre mulheres que bateram ou mataram algum homem. Infelizmente, quando retornei, disseram-me que a placa-mãe de meu computador havia sido queimada. Paciência.

quarta-feira, março 05, 2008

Mony

Em meu aniversário, minha amada Mony sempre cria ótimas surpresas. Hoje, ela me ofertou este presente: sou notícia em seu jornal. Mas o presente mesmo é ela.

Que a nossa união nos dê paz até o fim da vida.




Tropa de Elite


Professoras de Literatura

Em reunião de área, professoras de Literatura desejam que o livro para ser lido em sala de aula seja de "expressão amazônica". Defende-se Empate, de Florentina Esteves.

Concordo que sua presença, por causa da lista da Ufac, manifeste-se no terceiro ano do ensino médio, mas, no primeiro e no segundo ano, rejeito a idéia, porque Empate não é obra literária, e Florentina não é escritora.

Escritor é Milton Hatoum, reconhecido três vezes pelo maior prêmio literário do país, o Jabuti. Escritor é Kafka; escritora, Clarice Lispector - nomes consagrados pelas críticas nacional e internacional.

Essas professoras deveriam ler Altas literaturas, de Leyla Perrone-Moisés, editora Companhia das Letras. O pessoal confunde literatura com paraliteratura.

terça-feira, março 04, 2008

Texto 1

Hoje, a jovens entre 13 e 15 anos, pedi que dissertassem. Escolhi este texto:



Aos 14 anos, o texto desse aluno apresenta muitos problemas. Até a oitava série, os avanços foram poucos. O que fazer? Precisamos, antes, delimitar nossa ação em sala de aula e isso implica "por parte", no caso, ela, a primeira: introdução.

Ora, por meio de minhas leituras, autores me ensinaram que o conteúdo manisfesta-se por meio de uma forma, de uma organização, de uma estrutura, neste caso, sintática. Precisamos, portanto, reorganizar; colocar esse conteúdo em uma nova ordem, e isso passa pela pontuação.

Introdução
A televisão faz parte da nossa vida há muito tempo atrás, ela é muito útil e nos matem informado de tudo o que acontece no mundo, nós ajuda a passar os momentos vagos em novelas, desenhos, jornais...

A ausência de ponto contínuo prolonga as frases, os períodos. Limitar essa extensão frasal importa muito para a organização do pensamento. Assim sendo, há três partes:

1. A televisão faz parte da nossa vida há muito tempo atrás.
TV em nossas vidas há muito tempo

2. ela é muito útil e nos matem informado de tudo o que acontece no mundo.
TV - tempo atrás - útil - informados sobre o mundo.

3. nós ajuda a passar os momentos vagos em novelas, desenhos, jornais...
TV - passar momentos vagos (novelas, desenhos, jornais)

Três pontos contínuos, porque considerei três momentos: 1) TV há muio tempo 2) a TV é útil e 3) a TV é momentos vagos.

Dessa forma, reescrevo.
Reorganização
A televisão faz parte da nossa vida há muito tempo atrás. Ela é muito útil e nos matem informado de tudo o que acontece no mundo. Nós ajuda a passar os momentos vagos em novelas, desenhos, jornais...

Para mim, em sala de aula, quando se trata de texto, é vital o aluno separar o que ele mistura em um único período. Agora, ainda pensando nas partes, observemos.

1) Reorganização
A televisão faz parte da nossa vida há muito tempo atrás.
A televisão faz parte da nossa vida há muito tempo.
A televisão pertence às nossas vidas há muito tempo.


2) Reorganização

Ela é muito útil e nos matem informado de tudo o que acontece no mundo.
Útil, ela nos mantém informados sobre o mundo.


3) Reorganização
Nós ajuda a passar os momentos vagos em novelas, desenhos, jornais...
Além disso, nos seduz com suas novelas, desenhos.

Introdução Reorganizada
A televisão pertence às nossas vidas há muito tempo. Útil, ela nos mantém informados sobre o mundo. Além disso, nos seduz com suas novelas, desenhos.

Evidente que cada parte será debatida em sala com os alunos. Mudar o verbo, por exemplo, depende desse verbo relacionado a outros termos na frase-oracional. Serei específico. O aluno precisa perceber que seduzir foi escrito por causa de novelas e de desenhos, muito mais apropriado do que ajuda a passar.

Poderia alterar mais. Paro aqui.

segunda-feira, março 03, 2008

No cinema

Em salas de projeção, pensei na oposição acreana para as próximas eleições. Indico os seguintes filmes para ela.

1. Senhores do crime, de David Cronenberg;
2. Conduta de risco, de Tony Gilroy;
3. O gângster, de Ridley Scoot;
4. Onde os fracos não têm vez, de Ethan Coen e Joel Coen;
5. O suspeito, de Gavn Hood; e
6. Estamos bem sem você, de Kim Rossi Stuart.

O Globo



Eles erram muito. "Reagirá a operação". Reagirá a algo ou a alguém. O verbo pede a preposição a.

Operação pode ter o artigo a.

Preposição + artigo =
à.

Isso ocorreu no Globo.
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Em 2 de fevereiro, o mesmo jornal publica R$ 171 mil reais, na capa.
Na edição anterior, estes erros (havia mais):

1. "Governo não descarta de recorrer"; e
2.
"Há pouco mais de um mês para as eleições".

Saquarema

Após dias chuvosos - e foram muitos -, o mar fica agitado. Saquarema é muito charmosa. A uma hora de Maricá, a igreja é detalhe diante de águas tão sagradas.

O correto é à uma hora (quando hora).
O correto é a uma hora de (quando distância).

Fiz o que pude

Desde que estou no Acre - e isso faz 16 anos -, essa minha última ida deixou-me muito triste. Meus pais dão sinais de fraqueza, mas a teimosia burra de meu pai me incomodou muito.

Seu médico disse que ele não pode dirigir; entretanto, mesmo assim, ele me proibiu de guiar o carro quando eu tinha que sair com a minha mãe à clínica médica.

O infarto que teve ocorreu ao volante. Com sua densa teimosia burra, ele coloca em risco a vida de todos. Saí do Rio de Janeiro sem falar com ele. Não quero mais conversa.

Poderia entrar com uma ação judicial, pedindo interdição, mas uma de minhas primas não aconselhou, poderia piorar a situação. Dar tempo ao tempo. Esperar que nada de pior ocorra por causa dele.

Lavo minhas mãos com o tempo.