segunda-feira, janeiro 18, 2010

Hai(de)ti!!!


Um livro retorna

Eu soube que “O Reino deste Mundo”, do cubano Alejo Carpentier, foi relançado. Antes de retornar ao Acre, comprarei suas palavras para compreender melhor meu continente.

O livro foi lançado em 1948, no México; mas, antes de sua publicação, Carpentier conheceu o Haiti em um jipe, em 1943. Fatos históricos e imaginados entrelaçam-se após os conflitos da independência haitiana, entre 1794 e 1808.

A narrativa situa o leitor nos anos de 1811 a 1820, época da monarquia de Henri Cristophe. O negro Ti Nöel, protagonista, luta contra as formas de poder.

Por falar em poder...

da França
Até início do século 19, a França metia a mão grande em 25% da agricultura haitiana, onde a terra não é tão fértil como na República Dominicana. Em 1804, derrotados por uma rebelião negra, os franceses foram embora do Haiti.

A França exigiu e recebeu reparação pela colônia perdida, deixando a economia da nova república debilitada por muitos anos.

Dos Estados Unidos
De 1957 a 1986, o Haiti viveu conforme as regras do governo de François Duvalier, o Papa Doc, apoiado pelos Estados Unidos da América.

Antes de Duvalier, a Estátua da Liberdade ocupou esse lugarejo de 1915 a 1934. Tio Sam tomou conta das finanças do Haiti até 1941, realizando obras de infraestrutura e pondo ordem na economia. Ordem.

Com Papa Doc e com seu filho, Baby Doc Duvalier, os Estados Unidos realizaram grandes negócios com a ordem econômica dos ditadores. Ordem.

Hoje, após a presença de norte-americanos, cerca de 55% da população vive com menos 1 dólar ou menos R$ 1,75 por dia. Ao lado, na República Dominicana, a renda diária de um dominicano está em média 7,4 dólares. Por mês, um haitiano recebe em média R$ 2.275, e um dominicano, R$ 12.950.

Hoje, após a presença dos norte-americanos, a população mais rica (?) fica com mais de 70% da renda. Os 20% mais pobres, com 1,4%.

Essa distribuição injusta de renda é uma das piores do planeta, semelhante à do Brasil nos anos de 1990.

Na época da ditadura militar, estudantes brasileiros escreveram esta frase muito criativa: “EE.UU sei quem me U.S.A.”. Durante décadas, a Estátua da Liberdade usou o Haiti.

A Águia

Segundo texto de Sérgio Dávila, os Estados Unidos enviaram vários navios da Guarda Costeira com helicópteros, o porta-aviões Carl Vinson, com 19 helicópteros, 51 leitos hospitalares, três centros cirúrgicos e capacidade de tornar potáveis centenas de milhares de litros de água por dia.

Nos próximos dias, chegarão mais dois navios com helicópteros e uma força-anfíbia com 2.200 fuzileiros e um navio-hospital. Além disso. isto: os Estados Unidos doaram 100 milhões de dólares.

A Águia ajuda o Haiti.

Fontes: Eduardo Fellipe, Elio Gaspari, Veríssimo e Cony