segunda-feira, setembro 20, 2010

Meu pai, um livro

Os olhos de meu pai estão nas mãos do doutor Bruno Jogaib de Onofre, um dos cinco melhores do Brasil segundo revista especializada; entretanto, em uma de suas clínicas, justamente a de São Gonçalo, onde meu velho esteve, quebraram o aparelho de ultrassom. Disseram que em duas semanas tudo seria solucionado. Não foi.

Na terça, dia 21 de setembro, o doutor Bruno autorizará meu pai para ir a Niterói, Icaraí, a fim de ser submetido ao último exame pré-operatório. Depois, será marcado o dia da cirurgia.

À espera

Enquanto meu pai, de 76 anos, espera a operação, cuido dele com carinho, além de cuidar de minha mãe, de 69 anos, e de meu irmão, de 37, que tem problemas neurológicos e é surdo.

Minha família apresenta fragilidades. Com meu pai doente, minha mãe não tem habilidade para resolver problemas, anda muito esquecida. Meu pai, por sua vez, por causa de sua tradição patriarcalista, impede que eu solucione problemas familiares. Meu pai é pessoa difícil quando se trata de submeter a família a seu inteiro e absoluto controle. Paciência.

Um livro

“Tome, é seu”, estendeu a mão, segurando um presente. Abri e, para minha surpresa, uma publicação de frei Betto, Calendário do poder, editora Rocco. Ontem, ele tinha me convidado a ir a uma livraria em Maricá. Disse-lhe que não havia livraria nesse município. “Ela fica em local recolhido, vou te mostrar.”

Aconchegante o lugar. Meu pai me apresentou a Jorge, o proprietário. “Esse é meu filho.” Depois das apresentações e de uma breve conversa, fiquei perto da literatura nacional; e ele, dos livros de direito. Mas, para a minha surpresa, em casa, ele dedicou o livro de Betto.

“Espero que você, com esse livro, perca a sua inocência em relação ao PT e ao presidente Lula”, meu pai sempre foi contra petistas. Concluí a leitura. Na próxima postagem, comentarei de forma breve.