domingo, julho 08, 2012

Onde não encontrar político acriano

Quando há ótimas peças de teatro no Acre, eu vou.

Na sexta, assisti a Instantâneos.

Nesses anos, no entanto, nunca vi um político acriano dentro de um teatro.

Eles são assim mesmo, incultos. Político acriano é de uma incultura espessa como uma porta de mogno.

O cinismo petista


Meu coleguinha de Jardim da Infância, o malhado Josafá Batista, enviou-me uma ótima entrevista do programa Roda Viva - tipo de entrevista bem diferente das perguntas desnecessárias e das respostas inúteis dos perguntadores Archibaldo, Allan Rick.

O entrevistado, a inteligência de Chico de Oliveira, sociólogo.

Logo no começo, ele diz a palavra "cinismo" por causa da união em São Paulo entre PT e Paulo Salim Maluf.







Tear. Teor. Teatro

Na peça, o suicida não consegue se livrar de si mesmo 
No palco, o suicida não é a cópia do real

Em Rio Branco, os bons filmes são escassos; e as peças de teatro, raras.



Na sexta, dia 6, meus olhos tocaram no que o realismo rejeita: o sensível. 

Em uma cidade onde cultura é ir à Expo-Acre, a peça Instantâneos ofertou a mim a vida transfigurada por meio de gestos, de cores, de som, de formas.

Na sexta, saí da realidade, fatigada de objetos, de matéria, de utilitarismo, de banalidade, para sentir a presença de outro ambiente, o da representação.

Ver o mundo como ele se apresenta, isto é, vê-lo em sua condição de superfície ou de aparência, é limitar-se à matéria fixa, à ordem domesticada das coisas, dos objetos.

Um suicida na calçada da Avenida Ceará não sensibiliza quem passa a seu lado. Sua face de moribundo, seu passo cambaleante e sua fala solitária não só são indiferentes aos seus "semelhantes" como sua loucura de matar-se enfeia o trânsito da cidade. 

Nesse realismo, o suicida é coisa, objeto, obstáculo, impedimento de qualquer ato de comoção. 

A matéria por si não sensibiliza. No máximo, o suicida irá atrapalhar o trânsito e, dessa forma, virar notícia em página policial.

Poderia dizer Drummond que...

prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Na peça "Instantâneos", instaura-se a desordem porque no palco pulsa o estranho, o confuso, a inadequação. Não vemos, portanto, a cópia da realidade.


"Eu não estou entendendo", diz alguém a si mesmo.

Depois, aos poucos, nenhum pouco objetivo, entende-se, e o suicida no palco nos comove, nos toca. E não menos: afeta-nos.

O teatro, com o seu poder das formas,        re-apresenta o suicida, agora, mistificado, isto é, transfigurado, isto é, livre da matéria fixa, livre da condição de coisa, livre do realismo da Avenida Ceará.

Saio do teatro mais humano.  
  
 

Ronda Gramatical

Repórter escreve...

Código volta para à discussão na segunda; setor ambiental tenta evitar 'radicais'

Neste domingo, a violência contra a língua portuguesa no jornal A Gazeta teve requintes de ignorância.

Não há limites para o leitor desaprender a usar o mesmo idioma dos jornalistas Pedro Bassan, Nelson Rodrigues, Paulo Francis.

Como sabemos, a língua de uma pátria, assim como os seres humanos, também morre, e o túmulo onde podemos encontrar os seus restos encontra-se nos jornais acrianos.

E eu, na condição de coveiro, desenterro esse corpo para sentir o odor fétido da ignorância. Enquanto jornalistas sujam páginas e mais páginas, os lixeiros limpam as ruas.

Escrever "para à discussão", bem mais do que um erro, eu chamo isso de falta de vergonha, prova de que a palavra no jornal é lixo; e o jornal, depósito de um exercício diário de patetice, de palurdice, de inaptidão.

Bastava escrever
 "volta à discussão".
Como escreveu Paulo Leminski,

vazio agudo
ando meio
cheio de tudo 
        

Leitor. Eleitor.



A saúde política do senador Jorge Viana (PT) não passa bem
pelas urnas eletrônicas desde as últimas eleições,
quando, ao colocar o dedo na tomada de sua seção eleitoral,
levou um choque de realidade 
  

Lendo as notícias dominicais, deparo-me com o proprietário dos jornais rio-branquenses, o senador e pensionista Jorge Viana, do PT, o mesmo que deu a maior força ao senador Demóstenes Torres quando este afirmou que não tinha nenhuma relação com Carlos Cachoeira, o mesmo que aceitou a união entre o PT de São Paulo e Paulo Salim Maluf.

Muito presente nos jornais da capital por causa também das eleições municipais deste ano, o senador, mais uma vez, surge em A Gazeta para afirmar, com alguns anos de atraso, o que muitos já sabiam:

1) que o tempo na para;

2) que o Natal é em dezembro;

3) que "a FPA precisa aprender a fazer com o povo e não só para o povo".

Com essa frase de efeito eleitoreiro, Jorge Viana admite com isso que o PT errou ao longo dos anos.

Por exemplo: há muito tempo, o orçamento participativo - um dos produtos da propaganda O Modo Petista de Governar - deixou de existir.

O PT concentrou o poder em nome de uma "democracia" que exclui a participação popular.

Em tempo de eleições, Jorge agora fala do óbvio. Ora, do já sabido, nós já sabíamos.

Senador, Agora é Tarde.

O programa do Danilo Gentili é mais original.