quinta-feira, maio 05, 2016

Filosofia: 1º ano do Ensino Médio (aula 1)


Conforme o Currículo Mínimo do Estado do Rio de Janeiro:

Mito e Filosofia

-  Identificar o discurso mítico;
-  Identificar o discurso filosófico;
- Articular as relações entre mito e filosofia; e
- Situar o surgimento da Filosofia e suas contribuições na Grécia Antiga.

I. A Palavra Mítica

1. Mínios
. 1) A vida social organizava-se ao redor e por causa de um centro, qual seja, o palácio, cujo papel é ao mesmo tempo religioso, político, militar, administrativo e econômico. Atraindo tudo para seu centro como se fosse uma força centrípeta, o palácio simboliza o lugar do rei, o representante do sobrenatural no mundo. Sua palavra, portanto, é divina. Amálgama entre a figura do governante e o poder, eis a identidade da lei existente nos impérios antigos; 2) “A vontade do governante, a sua vontade privada, a sua vontade pessoal, a sua vontade arbitrária, caprichosa, o que lhe desse na telha era ali, e era ela o critério para guerra, para paz, para vida, para morte, para justiça e para injustiça”, expressa Marilena Chauí no vídeo “O drama burguês”; 3) O germe desse poder encarna-se nos mínios, entre 2000 e 1900 a.C., quando invadem a Grécia continental e, com eles, surgem grandiosos palácios-cidades em Cnosso, Mália e Festo, na ilha de Creta. Dois séculos depois, o poder absoluto dos mínios se afirma, e, assim, em 1700 a. C., os palácios ampliam-se, é o período neopalaciano (1700-1450 a.C.).

2. Hititas
. Outra invasão paralela, a dos hititas, manifesta-se e se expande pelo platô Anatólio. Em 1900 a. C., eles edificam a Troia VI, com características palacianas semelhantes às dos mínios da Grécia.

3. Aqueus
ou micênicos. 1) Contemporâneo a esses povos, os aqueus ou micênicos se estabeleceram em Peloponeso e, posteriormente, entraram em contato com a Civilização Minoica de Creta; 2) Com uma cultura muito centralizadora, os micênicos têm uma hierarquia social sentenciada pelo soberano absoluto, uma classe rica e, unido a essa classe, um comandante militar;e 3) Por mais que tenhamos diferenças entre poder e política, uma me chama atenção por ser aquela que tece a realidade social, qual seja: a palavra. Na sociedade despótica, a palavra não passa de um instrumento objetivo para, conforme os escribas do rei divino, registrar todos os setores da vida econômica a fim de controlá-los e de regulamentá-los. A palavra, submetida ao poder palaciano, mantém-se nos grupos estritamente fechados, onde a palavra também se fecha nela mesma, pertencendo, portanto, ao espaço privado. Por isso faz sentido o termo déspota, porque, como ele significa “senhor da casa”, a palavra se limita a esse espaço “doméstico”, ao espaço de “oikos”.

II.
A Palavra Filosófica

1. Dóricos
. 1) Com a invasão dos dóricos em 1500 a.C., a palavra palaciana se desmancha para ressurgir, após o fim do domínio dórico, a palavra como política nas cidades-estados; 2) No lugar da força centrípeta do rei divino, a história conhece o espaço de “ágora” (praça pública), lugar onde a palavra chega a todos ou parte de todos. Não mais pertence ao poder sobrenatural, mas a palavra pertence à democracia. Ela é democrática, ou seja, a palavra é conflito, discussão no espaço público.

2. A Palavra em Ágora
. No entanto, essa palavra em estado de conflito na democracia grega não significa desunião. Vernant afirma que “a exaltação dos valores de luta, de concorrência, de rivalidade associa-se ao sentimento de dependência para com uma só e mesma comunidade, para com uma exigência de unidade e de unificação sociais”. Conflito e união, Eris-Phlilia.

3. A Palavra em Ágora
. Pulsa este estado de tensão, onde se discorda e reconhece a diferença na face do outro, o oponente. Bem antagônico ao mundo palaciano, onde não se reconhecia a diferença do outro, “o verdadeiro interesse pelos outros nasceu com os gregos”, escreve Cornelius Castoriadis em “A polis grega e a criação da democracia”, do livro “As encruzilhadas do labirinto – os domínios do homem, volume 2”.