sábado, fevereiro 24, 2007

Matéria de Josafá Batista

Pena que o repórter não teve tempo para entrevistar pessoas. Faltou isso na matéria. Ele deveria ser melhor aproveitado para escrever sobre questões sociais e comportamento.
Considero o texto de Josafá um dos melhores do Acre. No entanto, sinta-se insatisfeito para buscar sempre o melhor.
Josafá, leia uns bons livros de Roland Barthes.
________________Vivendo para comer
Gasto de famílias com alimentos ultrapassa valor do salário mínimo em Rio Branco
Uma pesquisa da Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento Econômico-Sustentável (Seplands) traz um dado preocupante sobre a propalada qualidade de vida acreana.
Segundo a pesquisa, uma “família padrão” de Rio Branco, formada por dois adultos e por três crianças, precisa gastar R$ 435,34 por mês só com itens básicos de alimentação.
O estudo foi realizado em 51 estabelecimentos comerciais da capital, com duas visitas ao mês a cada local. O montante corresponde a mais de um salário mínimo e meio, denunciando o baixo poder de compra do piso salarial pago à classe trabalhadora.
De acordo com o IBGE, 129.568 acreanos sobreviviam com até um salário mínimo em dezembro de 2005.
“Uma família padrão precisaria ter uma renda de R$ 562,42 para suprir sua necessidade básica com alimentação, higiene pessoal e limpeza doméstica, representando 1,62 salários mínimos”, acrescenta a pesquisa Cesta Básica, cuja responsabilidade técnica é da Gerência de Estudos e Pesquisas Aplicadas à Gestão.
O documento tem como referência janeiro de 2007. Ele analisa em separado o impacto de três cestas básicas com diferentes itens na renda do trabalhador.
A principal delas, e também a mais conhecida, é a cesta básica alimentar. As outras são a cesta básica de limpeza doméstica e a cesta básica de higiene pessoal.
Ainda, segundo a pesquisa, as três cestas têm um impacto de R$ 161,55 no salário de cada trabalhador. “Esse valor representa aproximadamente 46,2% do salário mínimo vigente, sendo o restante do salário considerado para outros gastos”, informa o documento.
O acesso à pesquisa é livre e cópias podem ser requeridas na própria Seplands, que funciona no Palácio das Secretarias. O telefone é 3224 1240.

Cesta básica mais cara
Não bastasse não corresponder ao poder de compra das famílias, a cesta básica também está ficando mais cara a cada mês. De acordo com a pesquisa, o custo do conjunto de alimentos em janeiro foi de R$ 124,38 por pessoa. Em comparação a dezembro, houve uma alta de 0,56% nos preços.
O malabarismo necessário para equilibrar gastos com alimentação deve ficar maior nas próximas semanas, graças à volta às aulas e à recente polêmica do veto à carne acreana no Rio Grande do Sul.
Apesar disso, a carne foi um dos itens que apresentou queda de preços no período pesquisado (3,18%). O pão também ficou 3,18% mais barato.
Em compensação, itens de produção local como café, mandioca e até a banana puxaram a alta da cesta básica alimentar. A maior alta foi obtida pelo café, com 9,43% de reajuste. Em segundo lugar veio o tomate, com 3,76%. A mandioca e a banana ficaram em terceiro e quarto lugar, com 2,63% e 1,89% de reajustes, respectivamente.
Os percentuais se referem aos preços médios obtidos por outra pesquisa do mesmo tipo realizada em dezembro de 2006.

Limpeza e higiene
Nem tudo é negativo no mercado de consumo acreano. A pesquisa revela também queda de preços nas cestas básicas de limpeza doméstica (1,24%) e de higiene pessoal (1,43% em relação à coleta de preços anterior). Enquanto a cesta de limpeza doméstica chegou a 26,04 reais, a de higiene pessoal foi a 11,12 reais.
Dos nove produtos da cesta de limpeza doméstica, apenas a água sanitária teve aumento de preços entre dezembro e janeiro. O reajuste foi de 2,08%. Na cesta de higiene pessoal, todos os produtos apresentaram queda.
Segundo a metodologia da pesquisa, a cesta básica alimentar é composta por 14 itens, a cesta de higiene pessoal por cinco e a de limpeza doméstica por nove.
O objetivo da pesquisa é mensurar as variações mensais, informar a defasagem entre o salário mínimo e o valor da cesta e identificar o tempo necessário para a aquisição dos produtos da cesta.

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