quinta-feira, agosto 23, 2007

A polícia e a escola



Hoje, mais uma vez, vi policiais militares na escola Heloísa Mourão Marques. Na foto, um dos alunos que fizeram desordem no espaço público.

Não quero aqui citar nomes de policias ou de alunos, mas tão-somente expor duas instituições: a escola e a Polícia Militar.

Evidente que os policiais portaram-se muito bem, realizando um trabalho que ajuda a escola. A questão, entretanto, é outra.

Da rua, os policiais conduziram os adolescentes à escola. Na coordenação de ensino, os estudantes calaram-se diante de dois homens que impuseram a ordem.

"Se isso se repetir, levarei vocês à delegacia", disse o policial.

O que representa a Polícia Militar em uma instituição de ensino? Bem, evidente que a escola deixou de educar, isto é, de colocar limites, porque a palavra na unidade escolar não se impõe como norma, como conduta, como disciplina, como ordem. A palavra na escola é desarticulada. No quartel, a palavra se articula enquanto ação de um conjunto.

Longe do policial, o aluno afronta professores, inibe servidoras. A escola não exige e nem cobra condutas. Não me refiro à escola Heloísa Mourão Marques. A crise da autoridade escolar espalha-se.

Diante disso, a ordem militar se impõe. Ironia, o policial militar é quem educa, isto é, impõe limites e pune. "Caso faça novamente, levarei você à delegacia." O aluno sente no policial que a palavra representa a lei e será cumprida. É como se a autoridade militar dissesse a ele "você não pode fazer na sociedade tudo que você deseja".

A ordem escolar não se iguala à ordem militar, eu sei, mas aquela ordem não se fundamenta na sala, na avaliação, porque professores e gestores perderam sua identidade no espaço escolar. A identidade de um policial não se perde em um quartel.

Como professor, percebo, portanto, que a escola não cumpre seu papel social e, por causa disso, recorre ao quartel. "Como dizem meus alunos, isso aqui é uma bagunça." Menos em minha sala de aula, e eles sabem disso.

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