segunda-feira, outubro 15, 2007

A um bloguista (2)

Fico feliz em perceber essa sua vontade de melhorar a educação.

Uma pessoa não basta. Uma escola depende de um conjunto muito bem articulado.

Acho que a escola trabalha muito de forma unidirecional, isto é, o professor repassa conceitos e os alunos absorvem. Os alunos deveriam buscar o conhecimento.

"Deveriam" se as escolas públicas tivessem condições para tanto. O bom é combinar os dois procedimentos: o professor sistematizar e o aluno buscar.

Acho que a forma tradicional de usar as salas em fileiras causa inibição aos mais afastados. A forma de U como nos teatros antigos parece ser mais interativo.

Não pense que tudo é interação.

Certa vez, li um texto seu que mostrava a foto de uma menina dormindo na sua aula. Leitura é algo meio entediante para quem não é acostumado. Isso é culpa dela, entretanto, também um pouco sua. Afinal, você é o "dono" do espetáculo.

O espetáculo é saber o que se fala em sala. Não pense que é fácil realizar um espetáculo, pois isso exige tempo do professor; entretanto, meu caro, o professor não se dedica à escola em tempo integral. Ele tem seu tempo estilhaçado e a própria escola é fragmentada. Espetáculo exige elaboração, preparo anterior, isto é, tempo para criar.

Sem isso, a leitura é, por exemplo, para ser compreendida e para se interpretada. Para tanto, o aluno deve consultar o dicionário, marcar termos, conceitos. A leitura deve ser racionalizada para, depois, aí então, ser lúdica, ser espetáculo.

A leitura não deve ser algo de um professor, mas a proposta de uma escola muito bem articulada.

Você falou que os coodernadores deveriam assistir as aulas. Não acha que o ambiente dentro da sala mudaria tanto por parte dos alunos como por parte dos professores? O professor não iria querer "mostrar serviço"
?

Muitos não mostram serviço, porque fazem da solidão pedagógica um forma de desqualificar o ensino. O professor deve dialogar com quem coordena e, para isso, ele deve expor suas virtudes e seus limites diante da coordenação. Na escola pública, a liberdade é tamanha que se perdeu de vista a ética do conjunto. Não há liberdade se não houver ordem, noção de conjunto.

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