sexta-feira, novembro 09, 2007

Matéria de Josafá Batista


Foto de Selmo Melo










Faltam agulhas,
e pacientes ficam sem hemodiálise na Fundhacre

Jorge Martins do Nascimento, 52, professor. Maria Antônia Moraes Souza, 40, agricultora. Maria Martins de Oliveira, 54, dona-de-casa (foto).

Os nomes, as idades e as profissões são diferentes, mas os três têm a mesma necessidade: o serviço de hemodiálise oferecido na Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre). Ontem, porém, os três ajudavam a aumentar uma fila de dezenas de pessoas. Motivo: faltaram agulhas no hospital.

Além de não terem dinheiro para pagar hemodiálises, Jorge, Maria Antônia e Maria Martins compartilham a mesma dificuldade para acessar o serviço público. Horas de caminhadas, ônibus superlotados, caronas mal-humoradas e outras humilhações são suportadas por esses e outros cidadãos que têm RG e CPF. A lembrança de horas de espera no hospital foi só um item a mais.

“Tenho que vir fazer esse tratamento três vezes por semana, quatro horas por sessão. Quando falta, sinto dores pelo corpo e vários problemas de saúde. O pior é que se a situação se normalizar muita gente vai perder a condução de volta pra casa. Muitas vezes, isso é feito como um favor de amigos mais próximos ou vizinhos”, revela Jorge Martins, que está de licença-prêmio para fazer o tratamento.

A possibilidade de publicação, nos jornais, de histórias de usuários do serviço como Jorge Martins ou Maria Antônia - que três vezes por semana caminha 22 quilômetros entre a sua casa, na zona rural, e a Fundhacre - mobilizou a diretoria do hospital. Por volta das 14 horas, o problema havia sido resolvido, e o subsecretário estadual de Saúde, Sérgio Roberto Gomes de Souza, atendeu gentilmente a reportagem.

Atraso no fornecimento

Perguntado por qual razão a Fundhacre não comprou agulhas suficientes para atender os pacientes da hemodiálise, Sérgio Roberto disse que houve um atraso para entregar parte do fornecedor do produto.

“A Fundhacre comprou agulhas em quantidade suficiente, o que houve foi uma demora no fornecimento do produto. Nós trabalhamos com um prazo máximo de entregas, numa quantidade suficiente para atender o intervalo até a próxima entrega, mas, infelizmente, nesse último caso, houve um atraso além do prazo máximo. Como resultado, faltaram agulhas”, justificou.

O subsecretário garantiu, mesmo assim, que todas as famílias serão atendidas.

“Não vamos deixar ninguém sem atendimento, é um compromisso que assumimos de atender todos os que estavam esperando”, afirmou.

As agulhas utilizadas desde ontem para suprir a deficiência fazem parte de um fornecimento especial. A estimativa do governo é que a entrega atrasada deve ser feita por volta do meio-dia desta segunda-feira.

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