segunda-feira, março 31, 2008

Uma crítica ao vereador Márcio Batista

O texto abaixo não foi escrito por mim, mas por um professor de História, ex-aluno do atual vereador Márcio Batista, do PC do B. Ele postou esta mensagem neste blog depois que o professor-vereador Márcio Batista chamou a oposição de "incivilizada" por ela ter distribuído pizza na Câmara de Vereadores de Rio Branco.

Quando o golpe militar faz 44 anos, este texto veste muito bem o que ocorreu entre os vereadores.

O NÁUFRGO E O AFOGADOO

Acre não tem oposição, tem opositores!

Há tempos que essa máxima invade nossas bocas. Aqui, no Acre, as experiências históricas mostram claramente que as conveniências miúdas e os interesses particulares fizeram bem mais que as gargantas inflamadas e arranhadas de algumas “lendas públicas”.

Intermitentes “marginalidades políticas”! Nos últimos dias, os opositores dos ex-opositores denunciaram os desmandos do Executivo Municipal ao relatarem que o transporte coletivo urbano está monopolizado.

O povo, sem usar a expressão de Aristides Lobos: “assistiu àquilo bestializado”, viu no episódio alguma coisa que confirmasse a certeza do péssimo serviço de transporte disponível.

Assim caminhamos!

O protesto dos opositores dos ex-opositores fez o líder do prefeito utilizar um termo por demais curioso. Entre pizzas e marmeladas, Márcio Batista chamou-os de “incivilizados”.

A particularidade do termo não se deve ao neologismo em si. Aliás, os dicionários qualquer dia irão adotá-lo - (É sempre assim!). A estranheza vem de onde o termo saiu. O preconceituoso adjetivo foi proferido por quem pertence a um partido que até pouco tempo era conhecido pela forma mirabolante de mudar o mundo.

Quem não se lembra dos planejamentos “made in Moscou” de pegar em armar e destruir a burguesia tapuia, conivente com a ordem financeira internacional e com os desideratos capitalistas de primeira ordem? Quem não se lembra do culto a um dos maiores assassinos da história humana, nomeadamente o georgiano Josef Stalin? Quem não se lembra dos protestos “civilizados” que faziam nos movimentos sindicais? Cuba e Albânia já não são mais o “Édem” comunista!

O PCdo B joga para debaixo do tapete o que restou de uma geração que juntava dinheiro para comprar uma camisa do “Tchê”, achava Enver Hoxha o maior administrador da terra e que torcia para o mundo vermelho mostrar sua superioridade nos Jogos Olímpicos (Não falemos dos escândalos de “Dopping” e sua indústria de fazer super-atletas).

Tive a honra de ter como professor de História, na escola Heloísa Mourão Marques, o elegante líder. Suas aulas eram contagiantes. O professor Marcio tinha um charme inconfundível ao falar dos esquemas financeiros mundiais, dos males do capitalismo e dos remédios heróicos de derrotá-lo. Emocionava-se e nos emocionava.

Nos corredores ou nos términos das aulas era comum sempre continuarmos os debates. Quantas vezes não o ouvi dizer que tínhamos um povo extremamente tímido, que não sabia protestar e de que a violência era um “mal necessário”, se caso quiséssemos efetivamente transpor a opressora conjuntura?

Tamanha foi a identificação com o que dizia, que este que escreve e mais alguns outros da sala de aula resolveram percorrer a academia de História, queriam compreender os códigos viabilizadores de uma possível transformação social. Nossa! Hoje um simples protesto, contrário à cartilha vermelha, recebe o nome de “incivilização”.

Não quero aqui dizer que não podemos mudar nossas opiniões, seria um absurdo pensar assim. Vejam Plutão! Passaram setenta anos afirmando ser ele um planeta. Não desejaria que o PC do B voltasse a cogitar o mundo sobre a ótica lunática de Fidel, tampouco utilizasse as fantasias de Regis Debray. Nossa experiência democrática está em plena construção.

Faço voto para que esse partido e os demais naturalizem em seus vocabulários a noção plena de democracia. A diferença, a discordância e os demais elementos que demonstram divergência precisam ser compreendidos. Pode ser que nem um nem outro adquiriram tal conceito. Uns porque sustentaram os longos anos de “ditadura Militar”, outros porque pretendiam destruí-la instalando outra.
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O autor deste texto não quis se identificar. É professor de História e foi aluno do atual vereador Márcio Batista.

Um comentário:

Framarg disse...

A PONTE ESTAVA QUEBRADA

O ano de 1996 foi marcado por algumas ironias e tragédia no Brasil.
No futebol, o país se desencantava com uma Seleção de craques carregados de dólares, mas desprovida de força e coragem para bater uma sorridente e simples Nigéria. O sonho olímpico virou pesadelo.
Na política, o plano real dividia a audiência com o ET de Varginha. Ninguém sabia ao certo qual dos dois era mais confiável.
Na sociedade, amargávamos um triste desfile de violência e corrupção que tinha o Rio de Janeiro como modelo, um perfeito “abre alas” guiado e guiando o país inteiro ao caos. O Cristo teimava em não erguer os braços.
Na educação, um rapaz da escola Heloísa Mourão Marques concluía o antigo “segundo grau”, desorientado e perguntando se servia para ele a frase do Raul seixas: “por que foi tao fácil conseguir e agora eu me pergunto e daí?”.
Eram tempos escuros. Conclui o “ano” tendo três professores de Matemática, três de Física e dois de Química. As notas dos bimestres foram obtidas com trabalhos que tinha como “competências e habilidades” estimular a compreensão e o raciocínio do aluno. O magistério já era um mero “bico” para o chope do fim de semana. A fraqueza teórica e pedagógica era a marca de um ensino público pobre e descompromissado. Faculdade, vestibular, curso superior ou qualquer palavra desse feitio eram desconhecidos pela grande maioria dos alunos.
Confesso por tudo que é mais sagrado no mundo que não me lembro de ter ouvido de algum professor que existia vida fora do planeta escola. Nenhuma orientação, nenhuma voz que ajudasse um grupo de indecisos a entender os caminhos do mundo. Éramos convencidos a repetir o famigerado jargão: “já tenho o seguindo grau completo”.
Da turma que sai, fui uma das poucas exceções a chegar a uma faculdade pública. Cursei História. Dois motivos me levaram a isso: o primeiro o amor eterno que tenho por essa disciplina; o segundo porque sabia das minhas enormes limitações escolares advindas da má formação que tive e da minha conseqüente irresponsabilidade.
Hoje, percebo o quanto as coisas mudaram, ao ver o HMM preocupado em fornecer subsídios para os alunos que almejam um curso superior, oferecendo um pré-vestibular noturno de qualidade.
Agora temos mais professores compromissados com o futuro de seus alunos que não tem medo de expor quem é e o que sabe. Ampliamos aquela frase da Secretaria de Educação, tão repetida naquelas reuniões agonizantes que ocorriam na escola aos sábados; “a escola deve preparar o aluno para a vida”.
Fazer uma faculdade faz parte da vida da pessoa, concurso público, também. Fugir do imediatismo barato não é privar o aluno de suas necessidades mais prementes.
Precisamos correr! As estatísticas mostram o tamanho do hiato entre o ensino publico e o privado. A escola está no caminho certo. Uma nova geração de educadores junta-se àqueles que, há tempos, identificaram que a ponte estava quebrada.

FRANCISCO RODRIGUES PEDROSA é formado em História e formando em Direito pela UFAC. O resto meu velho você sabe. Ah! Por favor, se puder dá uma olhada nos erros da língua que me pariu. Valeu Aldo um abraço.