sexta-feira, maio 09, 2008

Matéria do poder público

Não comentarei sobre vacilos textuais e gramaticais, mas sobre tal proposta. Para isso, retirarei de cada parágrafo a idéia principal para depois comentar.
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Educação quer promover mudanças na prática pedagógica

O objetivo é elevar o desempenho escolar dos estudantes

As aulas de Português e Matemática dos alunos de 5ª a 8ª série do ensino fundamental, da rede estadual, vão ficar mais atraentes e dinâmicas. A iniciativa é da Secretaria de Estado de Educação (SEE), que vai capacitar professores de 18 municípios acreanos, através do Programa Gestão da Aprendizagem Escolar - Gestar.

O primeiro passo para consolidar a ação foi dado na última quarta-feira, 7, com a entrega dos materiais pedagógicos, cadernos de teoria e prática, aos docentes de Rio Branco. Nos outros municípios já houve a distribuição.

Durante um ano, período do curso, os docentes terão seis encontros presenciais para receberem orientação pedagógica e vivenciarem com os tutores, as experiências da sala de aula. O primeiro encontro presencial acontecerá no mês de junho.

Nas oficinas presenciais, coordenadas por um formador da SEE, os professores vão trabalhar interativamente o conteúdo dos cadernos. Os encontros envolvem dinâmicas, que motivam os participantes a relacionar os aspectos teóricos às suas praticas cotidianas em sala de aula, além de avaliações por meio de atividades didático-práticas entre outros exercícios. No final do programa, os estudantes envolvidos realizarão provas diagnósticas, as quais proporcionarão uma visão da mudança da prática pedagógica do professor.

Na disciplina de Matemática, serão trabalhados os seguintes temas: Matemática na alimentação; nos esportes e seguros; nas formas geométricas e na ecologia, enquanto que em Português, as oficinas se concentram em temas sobre Linguagem e cultura; Análise lingüística e tipos textuais.

O Gestar é um programa orientado para a formação continuada de professores do ensino fundamental. Envolvem avaliação diagnóstica, reforço nas dificuldades específicas dos estudantes e mudanças na prática docente, que reflitam a superação da idéia do professor centrado na mera transmissão de conteúdos, informações e técnicas.

As ações visam elevar o desempenho escolar desta modalidade, assim como ocorreu nas séries iniciais do ensino básico, onde a ação contribuiu com a qualidade e melhoria do ensino, comprovado no exame Prova Brasil, em que o Acre obteve resultados significativos. O programa é baseado nos Parâmetros Curriculares Nacionais e acontece com momentos presenciais voltados para o acompanhamento da prática e o apoio à aprendizagem dos professores cursistas .

Para a professora da escola Maria Chalub Leite, Fátima Santos, o curso possibilita aos docentes conhecerem novas práticas de ensino.

"A educação está diferente e a maneira de ensinar continua a mesma. O Gestar serve para situar o professor na realidade atual do aluno", comentou Fátima.

Partilhando da mesma opinião, Rejane Maia, da escola Paulo Freire, ressaltou que, além do programa trabalhar os conteúdos e as metodologias, também revê a relação aluno-professor. "O importante é mudar nossos hábitos. E quando a gente faz isso, há melhorias nas avaliações", concluiu a professora.

A técnica da SEE, Iracema Alvarez, espera que, por meio da capacitação dos profissionais, os alunos consigam desenvolver competências como ler, escrever e ter um raciocínio lógico, e isto só ocorre, de acordo com a técnica, quando se muda a prática pedagógica por meio de novas estratégias. "O Gestar não se preocupa com o conteúdo, pois este item o professor já domina, mas com a prática pedagógica", concluiu a técnica.
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Comentário

Há tempo, escrevo neste blog sobre Língua Portuguesa. Nessa matéria, o texto governamental, mais uma vez, reduz a qualidade de ensino a uma nova prática do professor, como se qualidade se centralizasse no corpo docente. A matéria tem o peso da superficialidade.

Depois que a Frente Popular chegou ao poder, ocorreu uma transformação importantíssima na escola pública, a semestralidade. Essa transformação, estrutural. Antes, um professor lecionava para 9 ou 10 turmas. Hoje, com um contrato, leciona para duas ou para três turmas.

Eu, por exemplo, em 1998, lecionei para 11 turmas no Cerb. Isso significa mais de 300 alunos. Atualmente, na escola Heloísa Mourão Marques, leciono para duas turmas, menos de 80 alunos. Isso é significativo, porque, quando se altera a estrutura, as relações humanas, segundo Bourdieu, transformam-se.

Depois disso, dessa semestralidade, a Frente Popular não promoveu uma reorganização do espaço escolar. Precisamos redefinir, por exemplo, o papel pedagógico das coordenações de ensino. Precisamos criar nas escolas os conselhos de disciplina e de turma.

Sem isso, ainda leremos matérias superficiais sobre educação neste Estado.

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